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Profa. Me Sueli Julioti @EquipeMySete @JessicaJulioti A IMPORTÂNCIA DA LETRA CURSIVA NA ALFABETIZAÇÃO @pedagogiaporvocacao Nesta palestra, vamos entender o quanto é importante ensinar a letra cursiva na alfabetização, quais são as razões para ensinar, as diferenças entre a letra bastão e cursiva, como estimular as crianças nesta fase. Desde a Educação Infantil, antes de serem alfabetizadas, as crianças vivenciam e realizam muitas atividades com o objetivo de desenvolver habilidades que lhes possibilitarão o exercício da coordenação motora fina e viso-motora, a preensão adequada do lápis e a postura correta para sentar. São etapas importantes para que, no decorrer do processo de alfabetização, elas se apropriem do traçado correto das letras. A aquisição da escrita é um caminho bem extenso, passando por diferentes fases de aprendizagem. – Movimento de pinça O movimento de pinça começa a se desenvolver na criança a partir dos 9 meses. Isso é muito importante, pois futuramente vai ser necessário esse detalhe para exercitar a força e a capacidade de segurar objetos. O PROCESSO QUE ANTECEDE A LETRA CURSIVA – Desenvolvimento da mão Nos 3 primeiros anos, a criança precisa explorar as mãos, seja com massinhas e outros objetos que trabalhem essa habilidade. Então entre os 3 e 4 anos, começa a desenvolver linhas horizontais e verticais. Percebemos que os pequenos demonstram uma exploração que pende mais para essas formas. Seus desenhos passam a adotar contornos mais definidos. – Pontilhados para aprimorar os movimentos Por volta dos 5 anos, as crianças podem trabalhar com pontilhados para aperfeiçoar os movimentos. Já a partir dos 6 anos, o pequeno pode ser apresentado à letra cursiva para começar a exercitar movimentos um pouco mais complexos. A alfabetização é o processo de aprendizagem onde se desenvolve a habilidade de ler e escrever, já o letramento desenvolve o uso competente da leitura e da escrita nas práticas sociais. Diversos autores como Tfouni (1995); Kleiman (1995); Rojo (1998); Soares (1998), entre outros, compreendem que alfabetização e letramento são conceitos diferentes, uma vez que envolvem conhecimentos e habilidades distintas. Porém, são processos indissociáveis, simultâneos e que precisam caminhar juntos nos anos iniciais do ensino fundamental. ALFABETIZAÇÃO X NEUROCIÊNCIAS Em particular, a alfabetização é um campo cujos avanços científicos são bastante difundidos mundialmente, mas que ainda não ecoam no Brasil. Modernas técnicas usadas em medicina, especialmente neurologia e neurolinguística, vêm sendo empregadas para desvendar os mistérios da alfabetização e são aplicadas com rigor em países mais avançados do ponto de vista educacional. Os avanços da ciência estão por todas as partes e em diversos setores. Vários estados americanos estão retomando o ensino com a letra cursiva, prática que não fazia mais parte das escolas americanas e no Brasil, segundo o Programa Nacional de Alfabetização do Ministério da Educação, os alunos devem ter conhecimento dos vários tipos de letra, mas o uso da cursiva não é obrigatório. No primeiro ano, a letra bastão maiúscula, ou “caixa alta”, é a ideal, pois seu traçado é mais simples e os seus caracteres isolados, diferentemente das cursivas, emendadas umas às outras, ajudarão no processo de construção das hipóteses da escrita, pois nessa fase as crianças escrevem ... ... pensando quais e quantas letras são necessárias para registrar as palavras. A partir do segundo ano, com a alfabetização já consolidada, o aprendizado do traçado da letra cursiva é intensificado. No momento em que vivemos um ensino online, esse trabalho aconteceu por meio de vídeos para ensinar o traçado correto de cada letra e do treino da escrita em folhas com pautas próprias. No terceiro ano há necessidade de continuar esse investimento usando diferentes dinâmicas, nas quais os estudantes recebem orientações para treinar sozinhos, de forma assíncrona, ou com o acompanhamento ao vivo da professora, trabalhando habilidades que ... ... estão aliadas à escrita, retomando o movimento de pinça, a maneira correta de pegar no lápis e a coordenação viso-motora, que é a capacidade de controlar o movimento da mão guiado pela visão. A cada atividade possibilitamos novas vivências, analisando a letra mais difícil de traçar, as palavras mais difíceis de escrever e quais letras ficam acima e abaixo da linha. Todo esse processo é importante para que a criança assimile o movimento correto de cada letra. De acordo com especialistas, quando a criança está aprendendo a letra cursiva, o cérebro é estimulado a partir de determinadas áreas simbólicas e motoras. Uma curiosidade é que a letra cursiva é responsável por contribuir para a fluência da criança de maneira mais eficiente que a bastão. Além disso, a escrita a partir da técnica cursiva auxilia bastante no que diz respeito à coordenação motora. Há vários estudos que comprovam isso, já que o estudante vai depender de concentração para realizar os contornos que formarão as letras. QUAL A IMPORTÂNCIA DA LETRA CURSIVA NA ALFABETIZAÇÃO? Mesmo no tempo em que vivemos, de e-mails, mensagens de voz e whatts, é imprescindível que o estudante também tenha contato com as ideias que são colocadas no papel, em letra cursiva. O ato de escrever neste tipo de letra estimula o desenvolvimento de áreas no cérebro responsáveis pelo pensamento, pela linguagem e, mais importante ainda, memória de trabalho. A memória de trabalho é um componente da função executiva que armazena e retém temporariamente a informação enquanto uma determinada tarefa está sendo realizada, assim, esta memória dá suporte às atividades cognitivas como, por exemplo, a leitura. A memória de trabalho é uma das memórias que recebe grande ênfase na aprendizagem pois ela, além de manipular informações novas advindas das vias sensoriais, faz a ligação com a memória de longo prazo, ou seja, com o conhecimento já armazenado. O ato de escrever fisicamente em cursiva aumenta a compreensão e participação da criança em relação aos textos que lê e escreve. O fato de a letra cursiva ter detalhes como segmentação clara entre as palavras, uso de letras maiúsculas e minúsculas, delonga no movimento, por ter maiores detalhes do seu design, criam uma interação que ainda não é possível quando utilizada a letra bastão ou a letra imprensa, ou até mesmo ... ... quando usamos de recursos como digitar. O resultado não é o mesmo. A maior prova de que a cursiva pode fazer a diferença, tornando o ensino melhor e a aprendizagem mais efetiva são os resultados de exames de avaliação, como o PISA, por exemplo, que comprovam como houve piora no item “interpretação de textos” em nossas crianças e o panorama deste fato é bastante generalizado, com poucas exceções. Não há problema que mais tarde o estudante abandone o uso da cursiva! O importante é que ele tenha acesso a ela na idade adequada, que é a faixa de alfabetização. Um mito que foi criado em relação a cursiva em relação à alfabetização, era que se o aluno não era alfabetizado, não deveria usar. Digo mito, porque mesmo antes da alfabetização, se o aluno não atribui significado ainda às letras, não há problema o treino do desenho, pois ele será já preparado para quando tiver o conhecimento necessário para sua identificação. A cursiva, em resumo, é vital para auxiliar a criança na criação de novas conexões de interpretação em seu cérebro, novas sinapses. Ajuda na expressão escrita, pensamento crítico e suas habilidades vão muito além do que curvas num papel, serão usadas na vida além da escola. A escrita cursiva ajuda a conectar os pensamentos A escrita cursiva favorece a concentração, o foco, e auxilia na produção de textos mais coesos. Estudos mostram que redações escritas com letra cursiva tendem a obter notas maiores do que as escritas com letra bastão. Embora isso não signifique que uma pessoa que prefira a letra de fôrmanão possa produzir textos coesos, a maior eficiência proporcionada pela letra cursiva é, sem dúvida, um ponto a seu favor. MOTIVOS PARA SE MANTER O APRENDIZADO DA ESCRITA CURSIVA A escrita cursiva favorece uma velocidade à escrita As constantes paradas da letra de fôrma seriam responsáveis por torná-la mais lenta. Especialistas estimam que, enquanto um estudante é capaz de anotar 100 palavras legíveis por minuto para acompanhar uma aula típica de universidade, um aluno escrevendo com letra de fôrma consegue registrar apenas 30 palavras. A escrita cursiva é um componente importante no desenvolvimento de uma escrita pessoal Mesmo os defensores da extinção do ensino da letra cursiva admitem que os escritores mais hábeis se valem de uma escrita híbrida, em que algumas letras são unidas e outras são separadas. Ou seja, a cursiva é um componente no desenvolvimento de uma escrita pessoal. Eliminá-la seria empobrecer esse processo, limitando as ferramentas expressivas do indivíduo. O aprendizado da escrita cursiva contribui para a auto-estima da criança O processo de dominar a escrita cursiva envolve imitação de modelos, repetição e persistência. A criança que, gradualmente, conquista a destreza necessária para dominar a escrita cursiva experimenta uma sensação de capacidade, de ter passado a um outro nível. Essa é uma constatação que dispensa pesquisas científicas: crianças com “letra bonita” tendem a se orgulhar dessa habilidade, o que tem um impacto positivo em sua auto-estima. O aprendizado da escrita cursiva desenvolve a coordenação motora O traçado da escrita cursiva recruta habilidades sensoriais, noções de orientação espacial, ajuda a criança a “adestrar” a mão para a execução dos movimentos corretos etc. A familiaridade com a escrita cursiva facilita a compreensão de textos escritos em letra cursiva Muitos originais de documentos, manuscritos de obras literárias e cartas que compõem nosso acervo histórico-cultural foram escritos em letra cursiva. Não aprendê-la representaria um obstáculo à compreensão desses importantes documentos. Evidentemente, a perda de uma habilidade, dificultando o acesso a obras de cultura, não pode ser considerada um “avanço” da educação. Seja qual for a decisão que você, educador, pais ou pesquisador, tomar em relação à letra cursiva é importante que o ensino seja flexível e permita que a criança crie a identidade da sua própria letra e não associe seu sucesso à qualidade da caligrafia. Dois pontos importantes para você que trabalha com crianças: Aprenda a lidar com o estresse e Seja resiliente em seu cotidiano. FIRMINO, Laís Chrystina da Silva; BRAZ, Maria Natália dos Santos. Neurociência: Uma Revisão Bibliográfica de como o Cérebro Aprende. Id on Line Rev.Mult. Psic., Dezembro/2020, vol.14, n.53, p. 999-1009. ISSN: 1981-1179. http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2012/04/ensinodaletracursivaparacriancas.html http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u736314.shtml MEDEIROS, Mário; BEZERRA, Edileuza de Lima. Contribuições das Neurociências à Compreensão da Aprendizagem Significativa. Artigo da Revista Diálogos, n. 10, p. 180-197, 2013. STUTZ, Patricia; RELVAS, Marta Pires. A Motivação Aliada ao Processo de Pesquisa na Sala de Aula: Uma Observação à Luz da Neurociência. Rio de Janeiro, 2011. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MUITO OBRIGADO!!!! O conteúdo desse curso foi oferecido pelo Centro Educacional Sete de Setembro em parceria com a Professora Me Sueli Julioti
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