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SEMIOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR – TESTES ESPECIAIS Paulo Gabriel da Silva Mota. 2021. A semiologia ortopédica engloba todos os passos comuns à semiologia de outros aparelhos (inspeção, palpação, etc.) e adiciona a avaliação da movimentação articular, força muscular e alguns testes específicos. O exame deve ser metódico e realizado sempre na mesma sequência: 1. Inspeção estática 2. Inspeção dinâmica 3. Palpação 4. Testes especiais Nesse resumo, constam os principais testes especiais dos locais de avaliação ortopédica, desde a coluna vertebral até os membros superiores e inferiores. No entanto, é importante que, além desses testes, realize-se uma boa anamnese e as etapas iniciais do exame físico descritas anteriormente. Ademais, o conhecimento anatômico é indispensável para a correta interpretação do exame físico como um todo. 1) EXAME DA COLUNA VERTEBRAL Teste da Distração e Teste da Compressão Técnica: Com o paciente sentado e as mãos do examinador no queixo e na região posterior da cabeça do paciente, realiza-se a distração da região cervical. Significado: Ao abrir os forames neurais, essa manobra pode aliviar a dor consequente à compressão radicular nesse nível. Teste da extensão da raiz nervosa Técnica: O paciente tem seu braço estendido, abduzido e externamente rodado, com o cotovelo e punho estendidos e, em seguida, a cabeça é inclinada para o lado oposto. Significado: O teste pode reproduzir dor radicular causada pela irritação das raízes nervosas. Sinal de Lhermitte Técnica: Com o paciente na posição sentada, flete-se a cabeça de encontro ao tórax, podendo-se sensibilizar o teste pela flexão dos quadris. Significado: Usado para diagnóstico de irritação meníngea, sendo visualizado também na esclerose múltipla. O teste é positivo quando o paciente refere dor ou parestesias, podendo também se queixar de dor irradiada para as extremidades. Manobra de Valsalva Técnica: O paciente deve prender a respiração e fazer força como se quisesse evacuar. Significado: Com a manobra, ocorre aumento da pressão intratecal (canal raquidiano), agravando os sintomas de lesões que comprimem o canal, desde hérnias de disco cervicais até tumores. Teste da Deglutição Técnica: Realizar o movimento de deglutição. Significado: Dor e dificuldade à deglutição podem ser decorrentes de doenças na região anterior da coluna cervical, como protuberâncias ósseas, osteófitos e intumescência dos tecidos moles devido hematomas, infecções e tumores. Teste de Adson Técnica: Palpando-se o pulso radial, deve-se abduzir e rodar externamente o membro superior do paciente. Em seguida, o paciente deve prender a respiração e mover a cabeça em direção ao membro examinado. Significado: Qualquer compressão da artéria subclávia pode ser percebida pela redução ou desaparecimento do pulso radial. A a. subclávia pode ser comprimida pela costela cervical (costela extranumerária) ou contratura dos músculos escalenos anterior e médio. Testes Especiais da Coluna Lombar Teste da Elevação do Membro Inferior (Teste de Lasegue) Técnica: Elevação passiva do membro inferior com o joelho mantido em extensão. A elevação é feita pelo tornozelo em posição neutra e relaxada e é anotado o grau de flexão do quadril quando aparecem os sintomas (principalmente dor no membro inferior). Significado: Útil para localização de hérnias entre L4-L5 e L5-S1. A tensão no nervo ciático geralmente ocorre entre os 35 e 70º da flexão do quadril. A partir dos 70º, o estresse se localiza apenas na coluna lombar. Teste de Brudzinski Técnica: O paciente em decúbito dorsal é instruído para realizar a flexão ativa da coluna cervical. Significado: Pode significar meningite. O teste é considerado positivo quando a flexão desencadeia o aparecimento de sintomas e o paciente realiza a flexão dos joelhos e quadris para aliviá-los. Teste de Schober Modificado Técnica: Com o paciente na posição ortostática (de pé), é delimitado um espaço de 15cm (10cm acima e 5cm abaixo do processo espinhoso de L5. Significado: Limitação verdadeira dos movimentos da coluna lombar. O teste é positivo se não ocorrer aumento de pelo menos 6 cm na flexão máxima. Teste para detectar simulação Teste de Hoover Técnica: Na posição supina com o examinador sustentando todos os calcanhares, é solicitada a elevação de um dos membros inferiores. Significado: Normalmente, o paciente realiza força para baixo com o membro oposto ao que está levantando. A ausência dessa força para baixo no lado contrário ao da elevação sugere simulação. 2) EXAME DO OMBRO As queixas clínicas nas doenças do ombro podem ser divididas em dois grupos: a) ligadas à dor e à limitação da mobilidade relacionadas com alterações dos tendões e dos mecanismos de deslizamento; b) ligadas à estabilidade relacionadas com as alterações dos mecanismos de estabilidade estática e dinâmica. Assim, pode-se dividir os testes para esses dois grupos. Grupo 1: Testes relacionados com a síndrome do impacto e avaliação do manguito rotador Teste do Impacto de Neer Técnica: O membro superior (MS), em sua extensão e rotação neutra, é elevado passiva e rapidamente no plano da escápula, pelo examinador. Nessa situação o tubérculo maior do úmero (TM) projeta-se contra a face ântero-inferior do acrômio e reproduz o impacto, com a dor característica provocada pela compressão da bursa (bolsa sinovial) e do tendão supraespinhal. Significado: O teste de Neer é considerado positivo se a dor for relatada no aspecto anterior- lateral do ombro. Indica choque subacromial (síndrome do impacto). Teste do Impacto de Hawkins-Kennedy Técnica: O membro superior é colocado em 90º de elevação, em rotação neutra e com o cotovelo fletido a 90º, e é passivamente rodado rapidamente para dentro (pelo examinador). Nessa posição, o tubérculo maior do úmero é projetado contra o ligamento coracoacromial e o tubérculo maior se aproxima da ponta do processo coracoide, podendo reproduzir o impacto coracoide. Significado: O teste é positivo se houver dor, sendo indicativo de lesão no tendão supraespinhal, na articulação acromioclavicular e, menos frequentemente, na cabeça longa do tendão do bíceps. Teste do impacto de Yocum Técnica: O paciente coloca a mão sobre o ombro oposto ao afetado e procura fletir o braço elevando ativamente o cotovelo, sem elevar o cíngulo escapular. Nesse movimento, o tubérculo maior do úmero se desloca sob o ligamento coracoacromial e sob a articulação acromioclavicular. Significado: Esse teste poderá acusar lesão da articulação acromioclavicular. Teste do Supraespinhal Técnica: É testado pela elevação ativa do membro superior no plano da escápula, com extensão e rotação neutra, contra a resistência oposta pelo examinador. Significado: Indica alteração do músculo supraespinhal. A dor na face ântero-lateral do ombro acompanhada ou não da diminuição da força indicam desde tendinites até rupturas completas ou parciais do tendão. Teste de Jobe Técnica: Semelhante ao SE, mas é feito com o membro superior em rotação interna, potencializando a tensão no tendão do m. supraespinhal. Significado: Indica alteração do músculo supraespinhal. A dor na face ântero-lateral do ombro acompanhada ou não da diminuição da força indicam desde tendinites até rupturas completas ou parciais do tendão. Teste do Infraespinhal Técnica: É feito com o MS ao lado do tórax e o cotovelo em 90º de flexão, pedindo-se para o paciente fazer ativamente a rotação externa do braço contra a resistência oposta pelo examinador. Significado: Dor podeindicar alteração no músculo infraespinhal. Grupo 2: Testes relacionados com a estabilidade glenoumeral Teste da Instabilidade Anterior ou da Apreensão Técnica: O examinador coloca-se atrás do paciente, executa com uma mão a abdução, rotação externa e extensão passivas forçadas do braço do paciente, ao mesmo tempo que posiciona com o polegar da outra mão a face posterior da cabeça do úmero, tentando deslocá-la. Significado: Denota instabilidade anterior (insuficiência do mecanismo estabilizador). Quando há instabilidade anterior, há iminente sensação de luxação, o que provoca apreensão e temor no paciente. Teste da Instabilidade Posterior (Teste de Fukuda) Técnica: O examinador faz a adução, flexão e rotação interna passivas do braço do paciente, procurando deslocar posteriormente a cabeça do úmero com a outra mão. Significado: Denota instabilidade posterior. Quando há instabilidade posterior, a cabeça do úmero resvala na cavidade posterior da cavidade glenoide e luxa. 3) EXAME DO COTOVELO Testes para Epicondilite Lateral (“Cotovelo do Tenista”) Teste de Cozen Técnica: Com o cotovelo em 90º de flexão e o antebraço em pronação, pede-se ao paciente que faça extensão ativa do punho contra a resistência que será imposta pelo examinador Significado: O teste será positivo para epicondilite lateral quando o paciente referir dor no epicôndilo lateral, origem da musculatura extensora do punho e dos dedos. Teste de Mill Técnica: Realizado com o cotovelo em 90º de flexão e o antebraço em pronação com a mão fechada, o punho em dorsiflexão ou com o cotovelo em extensão. O examinador forçará o punho em flexão e o paciente é orientado a resistir ao movimento. Significado: A presença de dor no epicôndilo lateral será sugestiva de epicondilite lateral. Teste para Epicondilite Medial (“Cotovelo do Golfista”) Técnica: O cotovelo é fletido, o antebraço mantido em supinação e o punho em extensão. Em seguida, o cotovelo será estendido vagarosamente. Significado: Se o paciente apresentar dor no epicôndilo medial ou na flexão do punho, será sugestivo de epicondilite medial. 4) EXAME DO PUNHO Teste de Finkelstein Técnica: Consiste em fazer um desvio ulnar do punho paciente, mantendo o polegar aduzido e fletido. Significado: Tenossinovite estenosante do primeiro compartimento dorsal (tendões do abdutor longo do polegar e do extensor curto do polegar). O teste é positivo se o paciente refere dor no processo estiloide do rádio. Teste de Phalen (e Phalen invertido) Técnica: Consiste em manter os punhos na flexão máxima por 1 minuto. O teste de Phalen invertido é o mesmo, mas com os punhos em extensão máxima. Significado: Dagnóstico da síndrome do túnel do carpo. O teste é positivo quando sensação de formigamento ou dormência é relatada no território do nervo mediano, principalmente no dedo médio - compressão do nervo mediado pelo canal estreito do carpo. Teste de Tinel Técnica: É a percussão suave de um nervo. Consiste em percutir o nervo de distal para proximal. Significado: A percussão de um nervo lesado ou em regeneração ou em crescimento axonal causa sensação de choque elétrico que se irradia distalmente, sugerindo bom prognóstico. Teste de Allen Técnica: É feito comprimindo-se as artérias radial e ulnar do punho com ambas as mãos do examinador. Em seguida, solicita-se ao paciente que abra e feche fortemente os dedos, seguidamente, retirando o sangue da mão - a qual ficará pálida. Nesse momento, o paciente relaxa os dedos, o examinador libera uma das artérias e observa se houve reperfusão imediata, está confirmada a patência da artéria liberada. Do contrário, o teste será positivo. Repete-se o teste para avaliar a outra artéria. Significado: Teste positivo significa alteração da patência do fluxo arterial testado. 5) EXAME DA MÃO Teste para o tendão flexor superficial dos dedos Técnica: O tendão se comporta como uma massa muscular única. Ao bloquear um dedo, impede-se a ação do tendão para os outros dedos. Bloqueia-se os dedos adjacentes e pede- se para o paciente fletir o dedo. Somente o tendão flexor superficial irá agir, fletindo a articulação interfalangiana proximal (IFP). Significado: A flexão indica integridade no flexor superficial dos dedos. Teste para o tendão flexor profundo dos dedos Técnica: Bloqueia-se a articulação interfalangiana proximal em extensão e pede-se para o paciente fletir o dedo. Apenas o flexor profundo irá agir, fletindo a articulação interfalangiana distal (IFD) Significado: A flexão indica integridade do tendão flexor profundo dos dedos. 6) EXAME FÍSICO DO QUADRIL Teste de Trendelenburg (Realizado na Inspeção Estática) Técnica: É feito em apoio monopodálico e avaliando-se o paciente de costas. Caracteriza-se pela queda do quadril para o lado oposto ao que está apoiado. Para sensibilizar ainda mais esse teste, orienta-se realizá-lo em frente à parede, mantendo o quadril em extensão e retirando, assim, possível ação coadjuvante do grupamento muscular flexor do quadril, e com o membro inferior apoiado por pelo menos 6 segundos. Significado: A queda do quadril para o lado oposto ao que está apoiado deve-se à fraqueza da musculatura abdutora ipsilateral (glúteos). Teste da contratura do m. retofemoral (Teste de Ely / Teste de Nachlas) Técnica: É avaliado realizando-se a flexão do joelho em direção ao glúteo máximo Significado: Qualquer elevação da pelve é indicativa de contratura. Teste de contratura em flexão do quadril (Teste de Thomas) Técnica: Estende-se o quadril a ser avaliado e mantém-se o outro em flexão sendo segurado pelo paciente, evitando assim a inclinação pélvica compensatória. O grau de contratura em flexão deve ser anotado. Significado: Encurtamento dos músculos flexores do quadril. A adição da flexão do joelho auxilia na diferenciação entre a contratura ser proveniente do músculo iliopsoas versus reto femoral. Neuropatia femoral e doenças abdominais também podem causar contratura em flexão do quadril. Teste de Patrick-Fabere Técnica: Esse teste pode ser feito de duas formas com o paciente em decúbito dorsal, membro contralateral em extensão e o membro a ser examinado em posição de “4”, sobre a mesa, ou sobre o joelho. O examinador apoia a mão sobre o joelho fletido e coloca a outra sobre o quadril oposto, verificando o desencadeamento de dor. Significado: O teste de Patrick (flexão + abdução + rotação externa) é útil para diagnosticar doenças no quadril examinado e pode também provocar dor na articulação sacroilíaca contralateral. Caso a dor seja referida na região anterior da virilha, a doença pode ser derivada do quadril examinado (artrite de quadril, patologia do ílio) e, se for na região da sacroilíaca contralateral, indica patologia sacroilíaca. Sinal de Lasegue Técnica: Com a pessoa em decúbito dorsal e os braços e pernas esticadas, imobiliza-se o osso ilíaco e o tornozelo e o paciente levanta a perna até aproximadamente 40º. Os sintomas costumam aparecer depois dos 30º de elevação do membro inferior. O quadril pode ser flexionado até 90º ou o limite do paciente. Significado: Caso a dor se apresente somente com a flexão do quadril, pode-se pensar em síndrome do piriforme, afastando-se assim causas lombares. Também é útil para localização de hérnias entre L4-L5 e L5-S1. A tensão no nervo ciático geralmente ocorre entre os 35 e 70º da flexão do quadril. A partir dos 70º, o estresse se localiza apenas na coluna lombar. 7) EXAME FÍSICO DO JOELHO Teste da apreensão patelar Técnica: Realiza-se o deslocamento lateral da patela com o joelho em extensão. Significado: É usado para avaliar instabilidade fêmoro-patelar. Em joelhos com instabilidade,o teste pode causar a sensação de que a patela irá luxar, trazendo apreensão ao paciente. Nota-se expressão de ansiedade à flexão do joelho com a patela (rótula) sub- luxada externamente; Teste de McMurray Técnica: Com o paciente deitado em posição supina, os quadris a 90º e os joelhos em flexão máxima, o examinador ao lado do joelho a ser examinado palpa as interlinhas articulares com uma das mãos e, com a outra, segura o pé do paciente, provocando movimentos de rotação interna e externa da perna, alternadamente Significado: Dor na interlinha articular medial - lesão do menisco medial; Dor na interlinha articular lateral - lesão do menisco medial. Teste de Apley (modificação do teste de McMurray) Técnica: Realizado com o paciente deitado em posição pronada, inicia-se a flexão do joelho com o quadril em extensão, aplica-se compressão axial junto ao pé e rotação externa da perna até o ponto da angulação em que o paciente refira dor. A manobra é repetida com a rotação da perna oposta e realizada novamente aplicando força de distração em vez de compressão. Significado: As lesões meniscais são caracterizadas pela presença de dor ou estalidos junto às interlinhas articulares durante a fase de compressão de teste, para o menisco medial em rotação externa da perna e para o lateral em rotação interna. A contraprova da positividade do teste faz-se quando se repete a manobra aplicando força de distração, quando a dor desaparece ou diminui de intensidade. Sinal de Smillie Técnica: Palpação das interlinhas articulares para avaliação das lesões meniscais. Significado: As lesões do corno posterior do menisco medial frequentemente causam dor junto à interlinha medial, ao contrário das afecções patelares que podem causar dor nas regiões anterior e medial. As lesões do menisco lateral, por sua vez, podem causar dor junto às regiões anterior e lateral do joelho. A dor à palpação da interlinha correspondente é o sinal de Smillie para a lesão meniscal. Teste da gaveta anterior Técnica: O pesquisado com o paciente na mesa de exame em decúbito dorsal horizontal, com o joelho em 80º de flexão. O examinador apoia o pé do paciente e, com ambas as mãos colocadas na região posterior do terço superior da tíbia do paciente, traciona-a para a frente provocando deslizamento anterior da perna sobre a coxa. Nesse movimento, movimento da gaveta, usando os dois polegares sobre o rebordo tibial medial e lateral o examinador mensura o avanço anterior da tíbia nos dois lados, sensibilizando o sinal da gaveta como predominantemente medial ou lateral. O teste da gaveta anterior deve ser pesquisado nas três rotações da perna (interna, neutra e externa) e, para mantê-las na posição, o examinador pode sentar sobre o pé do paciente, estabilizando, dessa forma, a tíbia e a rotação. Significado: Usado para detectar lesão do ligamento cruzado anterior e, eventualmente, a associação com eventual componente periférico. Teste da gaveta posterior Técnica: Pesquisa-se em rotação neutra da perna e com o paciente posicionado da mesma forma que para o teste da gaveta anterior, com o joelho em 80º ou 90º de flexão, e o examinador apoiando o pé do paciente. Nessa posição, o examinador empurra para trás a perna e, com ambas as polpas digitais colocadas sobre o rebordo anterior dos planaltos tibiais, sente os movimentos posteriores dos dois lados, medial e lateral Significado: Verifica a integridade do ligamento cruzado posterior. Sinal da tecla (ressalto) Técnica: A manobra é realizada com o paciente deitado em decúbito dorsal, joelho estendido e com o quadríceps relaxado. O avaliador aplica uma pressão acima da patela comprimindo a expansão capsular (bolsa suprapatelar) e na presença de muito derrame articular o líquido irá fazer a patela perder o contato com os côndilos femorais (flutuar). Em seguida, o avaliador com os dedos, aplica uma leve pressão sobre a patela. Na presença de grandes derrames articulares, o avaliador irá sentir a batida da patela nos côndilos femorais (tecla - ressalto). Significado: O sinal da tecla ou ressalto é uma manobra realizada para verificar presença de muito líquido (derrame articular) na articulação do joelho. Teste da abdução (estresse em valgo) Técnica: É muito importante nesse teste que o paciente esteja totalmente relaxado, com o quadril em 0º de extensão, e a coxa, totalmente apoiada sobre a mesa de exame. Quando se faz a manobra de abdução da perna provocando valgo do joelho, a abertura da interlinha articular, patológica, poderá ser detectada pela palpação digital. Significado: A positividade desse teste em hiperextensão pode significar lesão do LCP; e em 0º e em 30º, lesão periférica medial. Teste da adução (estresse em varo) Técnica: Pesquisado de forma análoga ao teste anterior em hiperextensão, em 0º e em 30º de flexão do joelho. O examinador, segurando com uma das mãos o pé ou o tornozelo e com a outra apoiada na face medial do joelho sobre o côndilo femoral medial, força a adução da perna e do pé e avalia a abertura da interlinha articular. Esse teste também poderá ser classificado, como no anterior, em leve, moderado e grave Significado: Na maioria das vezes, esse teste, quando pesquisado em 30º, reflete positividade fisiológica para o joelho valgo normal do homem. Teste de Lachman (Teste de Richey) Técnica: Com o paciente posicionado em decúbito dorsal horizontal (DDH) e com o joelho fletido a 30º, o examinador segura com uma das mãos a região supracondilar do fêmur e, com a outra, a região superior da tíbia e provoca movimento antagônico com cada uma das mãos, uma para a frente e a outra para trás, a fim de fazer o deslizamento de uma superfície articular sobre a outra. Significado: Quando a tíbia se desloca para a frente, o sinal é positivo para lesão do ligamento cruzado anterior (LCA), e quando se desloca para trás, para lesão do ligamento cruzado posterior (LCP). Dial Test Técnica: Com o paciente em decúbito ventral com os joelhos fletidos a 90º, o examinador deve segurar os pés do paciente e rodar lateralmente o máximo possível ambas as tíbias. Deve-se repetir o mesmo procedimento com o joelho agora em 30° de flexão e então observar em ambas as posições, e se um membro rodar cerca de 10°-15° a mais do que o outro o teste é considerado positivo. Significado: Instabilidade posterolateral. Teste de rotação externa-recurvado (RRE) Técnica: Pesquisa-se com o paciente em posição supina na mesa de exame. O examinador toma primeiro um dos pés e depois o outro, pelo hálux, e eleva ambos os pés em posição de hiperextensão do joelho, e cada joelho é observado quanto ao grau de recurvado, de rotação externa da perna e aparente tíbia vara. Significado: No RRE positivo, a tíbia está rodada externamente com aparente subluxação posterior do rebordo tibial lateral em relação ao côndilo femoral lateral, característico da instabilidade posterolateral. Marcha de Pato Técnica: Com o paciente agachado no chão, pede-se que ele dê alguns passos. Significado: Na lesão do corno posterior do menisco medial, há dor que impede o paciente de executar o movimento. 8) EXAME FÍSICO DO TORNOZELO E PÉ Avaliação da articulação tibiotarsal e do encurtamento do m. tríceps sural Técnica: o examinador segura com uma das mãos o calcanhar do paciente e, com a outra, o dorso do pé. Realiza o movimento completo de flexão e extensão do tornozelo anotando sua liberdade e amplitude. Significado: Limitação da extensão indica encurtamento do tríceps sural e do tendão calcâneo. Nesse caso, realiza-se a mesma manobra com o joelho estendido e fletido a 90º. Com o joelho estendido, diagnostica-se o encurtamento do tríceps sural como um todo. Se a dificuldade persistecom o joelho fletido, fica confirmado o encurtamento do sóleo, já que os ventres dos gêmeos estão inativos nessa posição. Teste do m. tríceps sural Técnica: Solicita-se ao paciente que fique na ponta dos pés. A prova pode ser potencializada ao solicitar que o paciente permaneça na ponta de apenas um dos pés. Significado: A incapacidade de ficar na ponta dos pés indica lesão do m. tríceps sural, o principal músculo flexor do tornozelo. Teste do m. tibial anterior Técnica: Fixando-se a perna com uma das mãos e com a outra a porção anterior do pé, solicita-se ao paciente que realize dorsiflexão do tornozelo. Significado: Uma vez que o músculo tibial anterior é o principal m. extensor do tornozelo (auxiliado pelo extensor longo do hálux e pelo extensor longo dos dedos), constatar sua presença por meio da impressão que seu tendão imprime sob a pele durante o esforço. Teste do m. extensor longo do hálux Técnica: É realizado ao solicitar ao paciente que faça a extensão do hálux, enquanto o examinador procura mantê-lo imóvel a partir de sua extremidade distal. Significado: Esse tendão, quando acionado corretamente contra a resistência, determina o aparecimento de silhueta bastante visível na região dorsal do pé. Teste do m. flexor longo do hálux Técnica: O paciente é solicitado para realizar a flexão da articulação interfalângica do hálux ao mesmo tempo que o examinador aplica resistência contra esse movimento na polpa digital. Significado: A ação adequada do músculo flexor longo do hálux faz-se principalmente sobre a falange distal do hálux. Teste do m. extensor longo dos dedos Técnica: O paciente é solicitado a realizar a extensão das articulações interfalângicas distais dos quatro pequenos dedos laterais (II ao V), e o examinador aplica força contrária a esse movimento na face dorsal das extremidades dos pequenos artelhos – região das falanges distais. Significado: Ação adequada é a extensão dos dedos. Teste do m. flexor longo dos dedos Técnica: Mantém-se, com uma das mãos, estabilizadas as articulações metatarsofalângicas dos quatro artelhos laterais, o examinador aplica força extensora nas polpas desses mesmos dedos solicitando ao paciente que realize flexão de suas articulações interfalângicas. Significado: Ação adequada é a flexão dos dedos. REFERÊNCIA: BARROS FILHO, Tarcicio E. P.; LECH, Osvandré. Exame físico em ortopedia. 3. ed. São Paulo: Sarvier, 2017.
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