Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
JOSÉ SA NTA NA FA RIA S NE TO - UES B 1 Dermatologia DIAGNÓSTICO É eminentemente CLÍNICO. Através da curetagem metódica de Brocq obtêm-se dois achados clínicos bastante sugestivos dessa dermatose: 1. Sinal da vela → pela raspagem da lesão, destacam-se escamas esbranquiçadas, semelhantes à raspagem da parafina de uma vela. 2. Sinal do orvalho sangrante ou sinal de Auspitz → pequenos pontos de sangramento quando a escama é removida. HALO OU ANEL DE WORONOFF → zona clara perilesional; bastante característico da patologia, porém raramente é observado. ACHADOS LABORATORIAIS → em geral, não há necessidade de exames de sangue para o diagnóstico. • Crises pustulosas de psoríase durante a GRAVIDEZ podem estar associadas à HIPOCALCEMIA. EXAME HISTOPATOLÓGICO → auxilia a diagnose nos casos de dúvida diagnóstica. Diagnósticos diferenciais → dermatite seborreica, eczema, micoses superficiais, sífilis secundária, pitiríase rubra pilar, líquen plano, lúpus eritematoso, pitiríase liquenoide crônica, linfoma cutâneo de células T, doença de Bowen, acrodermatite enteropática, pênfigo foliáceo eritrodérmico, eritrodermia por drogas, pustulose subcórnea de Sneddon-Wilkinson, pustulose exantemática aguda generalizada e impetigo bolhoso. • Sífilis → pode, no período secundário, apresentar lesões psoriasiformes, porém a presença de outros achados, como adenopatia, placas mucosas e a sorologia específica, confirma a infecção luética. • Lúpus eritematoso cutâneo subagudo → a localização das lesões em áreas fotoexpostas e o exame histopatológico podem definir o diagnóstico. • Psoríase no couro cabeludo → costuma se manifestar por placas bem delimitadas, o que diferenciam das lesões de dermatite seborreica. A delimitação das lesões é também critério para diferenciar a dermatite seborreica da psoríase invertida. Psoríase Parte III JOSÉ SA NTA NA FA RIA S NE TO - UES B 2 Dermatologia • A curetagem metódica de Brocq geralmente permite diferenciar a psoríase em gotas da pitiríase liquenoide em que a descamação não é estratificada. • Psoríase eritrodérmica → deve ser distinguida das eritrodermias encontradas em atópicos, nas erupções medicamentosas e nos linfomas; a histologia pode ser necessária para a diagnose. • Psoríase pustulosa palmoplantar → deve ser diferenciada da disidrose, que se localiza, em geral, somente nas mãos. A presença de vesículas em vários estágios evolutivos pode definir a psoríase pustulosa palmoplantar. • A diagnose com dermatofitose não tem dificuldade pela presença de lesões descamativas e intertriginosas e pelo exame micológico direto. HISTOPATOLOGIA O quadro histológico NÃO é específico, porém é bastante característico. As primeiras alterações evidenciadas são a vasodilatação e o infiltrado inflamatório perivascular. Esse infiltrado invade a epiderme, onde surge discreta espongiose, invasão de neutrófilos e paraqueratose. 1. Paraceratose (aparecimento de núcleo nas células da camada córnea); 2. Ausência da camada granulosa; 3. Acantose (espessamento da camada espinhosa); 4. Atrofia das áreas suprapapilares; 5. Papilomatose (projeção das papilas dérmicas sobre a epiderme); 6. Infiltrado inflamatório misto na derme papilar; 7. Acúmulo de neutrófilos dentro do estrato córneo (microabscesso de Munro) e formando coleções na epiderme (pústula espongiforme de Kogoj), esta última envolvida na psoríase pustulosa. ÍNDICES DE SEVERIDADE De maneira geral, são empregados em protocolos de pesquisa e estudos clínicos e não na prática diária de atendimento aos doentes com psoríase. Nenhum deles é ideal para monitorizar a resposta terapêutica. Entre os inconvenientes destacam-se o tempo gasto na sua realização e o fato de os resultados dependerem excessivamente do examinador que realiza o método. CRITÉRIOS DE GRAVIDADE Psoríase Leve: • Engloba até 2% da área corporal; • Não prejudica a qualidade de vida do paciente. Psoríase Moderada: • Engloba cerca de 2 a 10% da área corporal; • Prejudica a qualidade de vida. Psoríase Grave: • Engloba mais de 10% da área corporal; • Prejudica a qualidade de vida do paciente de forma significativa; • Devido à doença o paciente pode aceitar tratamentos mesmo com a possibilidade de sérios efeitos colaterais. CURSO E PROGNÓSTICO A evolução da psoríase é IMPREVISÍVEL e extremamente VARIÁVEL de indivíduo para indivíduo. • Psoríase do Tipo I → habitualmente mais resistente às diferentes opções de tratamento e as recidivas são frequentes. • Psoríase do Tipo II → lesões tendem a ser localizadas, com menor tendência a exacerbações e recorrências; a resposta terapêutica tende a ser mais favorável. Eminentemente CRÔNICA, com FASES de acalmia e recidiva, sem cronologia precisa, trata-se de uma doença que compromete negativamente a qualidade de vida dos pacientes. Pode ser incapacitante nos casos de artropatia psoriásica. Raramente, ocorrem infecções nas placas e, ocasionalmente, na forma eritrodérmica. Complicações excepcionais como a síndrome de extravasamento capilar sistêmico e a síndrome do desconforto respiratório agudo ocorrem nos casos de manifestação pustulosa generalizada e eritrodérmica. CURSO E PROGNÓSTICO As características da doença devem SEMPRE ser esclarecidas ao enfermo: • Doença cutânea crônica, recorrente e não contagiosa. • Possibilidade de comprometimento articular. • Necessidade de exames laboratoriais prévio para a identificação de comorbidades e para a monitorização de efeitos colaterais que eventualmente podem ocorrer com o tratamento. • Conhecimento dos fatores que podem desencadear ou exacerbar o quadro, como manipulação das lesões e uso de medicações. Não existe um tratamento definitivo da psoríase, sendo o seu objetivo o CONTROLE clínico da doença, utilizando fármacos tópicos e/ou sistêmicos com propriedades antiproliferativas e anti-inflamatórias. Como a psoríase é JOSÉ SA NTA NA FA RIA S NE TO - UES B 3 Dermatologia uma doença crônica, que pode durar muitos anos, é importante avaliar o paciente de forma cuidadosa para fazer um bom planejamento de tratamento → dependerá não só do TIPO da psoríase como também da EXTENSÃO da doença cutânea e articular. Em caso de envolvimento articular, é importante trabalhar em conjunto com o reumatologista. ➔ TRATAMENTO TÓPICO É usado para as formas localizadas (psoríase leve a moderada). Opções: • CORTICOIDES TÓPICOS (ex.: betametasona 0,05%). • COALTAR (alcatrão), em preparações 2-5% em vaselina ou óxido de zinco 20%. • ANTRALINA (ditranol) 0,1-0,5% + ÁCIDO SALICÍLICO 1-2%, aplicado 1x/dia ou 1-3% em veículo aquoso, aplicar por 20-30min e retirar, 1x/dia (terapia de contato curto). • CALCIPOTRIOL (análogo da vitamina D) a 0,005% 1x/dia. • TAZAROTENO (retinoide) em gel 0,1%. Existem tópicos para psoríase sob a forma de creme, pomada e xampu. No tratamento facial, podemos utilizar ainda TACROLIMUS ou PIMECROLIMUS como alternativa ou para poupar os corticoides. ➔ FOTOTERAPIA É uma opção para a terapia da doença moderada a grave ou refratária às medidas tópicas. A terapia tópica geralmente é necessária de forma adjuvante e para alívio sintomático. A fototerapia utiliza a aplicação da RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA nas lesões psoriásicas. Existem dois métodos: 1. PUVA (Psoraleno + UVA) → consiste na aplicação de doses progressivas (2-3x/semana) de radiação UVA, aplicadas após 2h da ingestão do Metoxipsoraleno (MOP), uma substância fotossensibilizante. A combinação do psoraleno com os raios UVA inibe a síntese do DNA da lesão, determinando progressiva regressão. Após cada aplicação, é fundamental a proteção contra a luz solar por 24h, sendo necessário também o uso de óculos escurosneste período. Além dos efeitos colaterais imediatos, geralmente leves, múltiplas sessões de PUVA podem aumentar o risco de envelhecimento cutâneo e carcinoma espinocelular da pele. 2. Método de Goeckerman (coaltar + UVB) → uma pomada de coaltar é aplicada em todas as lesões e o paciente é submetido a doses diárias de UVB. Possui eficácia semelhante à PUVA. ➔ TERAPIA SISTÊMICA Indicada nos pacientes REFRATÁRIOS ou com contraindicação à fototerapia e nos casos graves e extensos de psoríase (particularmente, a psoríase eritrodérmica e forma pustulosa generalizada, bem como na forma artropática). • ACITRETINA → este derivado do ácido transretinoico substituiu o etretinato na terapia da psoríase, por ter meia-vida mais curta e, portanto, melhor risco de teratogenia em mulheres. Principal indicação = PSORÍASE PUSTULOSA GENERALIZADA, na qual age rapidamente! A dose é de 0,5-1,0 mg/kg/dia por 3-4 meses. Pode ser usado em combinação com PUVA (RePUVA). • METOTREXATE → trata-se de um agente citotóxico inibidor da síntese de DNA por antagonismo da diidrofolato redutase. É feito na dose de 15 mg/semana (5 mg 12/12h por três tomadas). A dose cumulativa do metotrexate deverá ser sempre calculada, já que, a partir de 1,5 g, deverá ser considerada a realização de biópsia hepática para prevenir a grave hepatotoxicidade (cirrose hepática). Outros efeitos adversos são: leucopenia, mucosite, intolerância gastrointestinal. • CICLOSPORINA → imunossupressor que inibe a produção de IL-2 pelos linfócitos T. Pode ser usado no lugar do metotrexate em casos selecionados. A dose inicial é de 2,5-3 mg/kg/dia. A função renal deve ser monitorizada e a droga suspensa se houver aumento de mais de 50% da creatinina. • BIOLÓGICOS → proteínas ligantes derivadas de células vivas que objetivam bloquear moléculas/citocinas (TNF-alfa) da ativação inflamatória mediadoras da resposta Th1, no caso da psoríase. Os principais exemplos são etanercept, infliximab e adalimumab. Outras opções seriam o ustekinumab, cujos alvos são IL- 12 e IL-23; bem como o secukinumab, JOSÉ SA NTA NA FA RIA S NE TO - UES B 4 Dermatologia ixekinumab e brodalumab, anticorpos anti-IL- 17A. • APREMILAST → agente oral inibidor de fosfodiesterase tipo 4, capaz de reduzir algumas citocinas envolvidas na patogênese da psoríase. É importante marcar que o uso de CORTICOSTEROIDE SISTÊMICO pode levar ao REBOTE da psoríase se não usado adequadamente, sendo em geral evitado. Só seria recomendado em casos de EMERGÊNCIA em que não se disponha de outro recurso, devendo ser acompanhado de medicações que permitam a sua retirada gradual.
Compartilhar