Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 3 – Farmacologia do Sistema Nervoso Central Farmacologia do Sistema Nervoso Central Classificação geral dos fármacos que agem no sistema nervoso central Alguns anticonvulsivantes e antidepressivos são utilizados na odontologia como analgésicos. É importante salientar que muitos pacientes que vão fazer consultas odontológicas já fazem utilização de algum fármaco que não foi prescrito pelo odontólogo, que foi prescrito por um médico. E vários destes fármacos com ação no SNC podem influenciar o funcionamento dos fármacos prescritos pelos odontólogos. Farmacologia das benzodiazepinas Os efeitos clinico das benzodiazepinas dependem da sua concentração plasmática e doses utilizadas. Em doses baixas: Produzem efeitos ansiolítico, reduzem a ansiedade. Em doses altas: Produzem efeitos anticonvulsivante, reduzem as convulsões. Aumentando a dose: Produzem efeito sedativo. Aumentando ainda mais a dose: Produzem efeitos amnésicos, ocorrendo problemas de memória. Aumentando ainda mais a dose: Produz efeito hipnótico. Farmacodinâmica de benzodiazepínicos: mecanismos de ação Os benzodiazepínicos são agonistas alostéricos do receptor GABAa. O receptor GABAa é um canal iônico ativado por ligante, também chamado de receptor ionotrópico, cujo agonista endógeno é o aminoácido inibitório ácido gama-aminobutírico ou GABA. O receptor GABAa possui um sítio para a ligação do GABA, mas também possui um sítio de ligação de vários fármacos e substâncias tóxicas, como: um sítio para ligação das benzodiazepínicas, um sítio para a ligação de esteroides, sítio para ligação de barbitúricos, entre outros como o sítio de ligação do etanol. Em 2019 a estrutura tridimensional do receptor GABAa foi elucidada, mostrando que este receptor é uma proteína multimérica formada por três subunidades alfa, beta e gama. Sendo 5 subunidades unidas para formar o centro poro desse canal. O poro do receptor GABAa é permeável ao cloreto, que normalmente opera em influxo pro meio intracelular após o receptor GABAa estiver aberto. Então em uma situação de repouso, quando o neurônio não está sendo estimulado o receptor GABAa está com seu poro fechado e não permite a passagem do cloreto. Após a ligação do GABA ao receptor GABAa existe um influxo de cloreto e este influxo faz aumentar ainda mais a quantidade de carga negativa no lado intracelular das membranas promovendo o fenômeno de hiperpolarização. Quando as benzazepinas são usadas elas aumentam a ligação do GABA no receptor GABAa, aumentando ainda mais o influxo de cloreto. Essa entrada do cloreto vai hiperpolarizar os neurônios fazendo com que seja mais difícil a despolarização e consequentemente produzindo uma redução da estabilidade neuronal. Salienta-se do ponto de vista terapêutico, a janela terapêutica que é a relação entre a dose letal e a dose efetiva, é ampla. É seguro, raras vezes o paciente vai à óbito e é difícil ocorrer uma overdose. Farmacocinética de benzodiazepínicos: vias de administração e meia vida Diazepan, lorazepan e midazolan são os principais utilizados na odontologia. Detalhes e informações na imagem abaixo: Comparação entre midazolam e diazepam Diazepam: Tem um tempo de vida longo. Isso ocorre pois, quando ele é administrado por via venosa, por exemplo, ele age diretamente no sistema nervoso central promovendo ações muito rápidas. Quando ele passa pelo fígado ele começa a sofrer metabolismo, mas o metabolito formado são ativos (nordiazepam e oxazepam) e vão sendo produzidos em sequência, até um ponto em que os metabólitos do oxazerpam conseguem ser conjugados com glucoronideos para formar um metabólito inativo que é excretado pela urina. Então como o Diazepam forma muitos metabólitos ativos que ficam na circulação por bastante tempo, o tempo de ação biológica é muito mais longo do que o midazolam. Midazolam: Tempo de meia vida muito curto. O midazolam quando administrada por via intravenosa sofre o metabolismo por reação de fase 1, mediada pelo citocromo P4503A formando um metabolito inativo que pode ser conjugado com o glucoronideo, uma reação de fase dois, sendo excretado pela urina. Salienta-se que quando o midazolam é administrado por via hora, ele sofre um grande metabolismo de primeira passagem, cerca de 50% é metabolizado pela CYP3A formando então um metabólito ativo, só metade dele consegue chegar ao sistema nervoso central pra produzir os seus efeitos biológicos. Uso clínico de benzodiazepínicos em odontologia: sedação consciente Muitos pacientes desenvolve uma ansiedade ou medo aos procedimentos dentários. Podem ter medo da dor, medo de uma situação desconhecida, medo de algum trauma da infância e até mesmo medo dos custos do tratamento. Isso leva uma formação de um ciclo vicioso, onde um paciente com medo e ansiedade vai evitar o tratamento oral, levando a uma saúde oral pobre, fazendo com que ele se submeta a tratamentos mais complexos e de maior custo o que irá gerar ainda mais ansiedade dentária. Para evitar esse ciclo, pode-se utilizar a sedação consciente. A sedação consciente é um nível mínimo de depressão da consciência, mantendo-se a habilidade do paciente respirar independentemente e continuamente e responder de forma apropriada à estimulação física e ao comando verbal. A sedação consciente é um nível intermediário de sedação que fica entre a sedação mínima e a sedação profunda com analgesia e anestesia geral. Na sedação consciente, o paciente tem uma ventilação adequada não sofrendo alteração cardiovascular, não precisa de uma intervenção para as vias aéreas e ainda pode responder a estimulação tátil ou verbal. Existem três principais benzodiazepínicos utilizados na odontologia no Brasil, sendo eles: Diazepam, Lorazepam e Midazolam. Latência é quanto tempo demora para o fármaco começar a exercer seu efeito. A sedação consciente NÃO é um efeito adverso. Benzodiazepinas: Efeitos adversos Da maneira qual é conduzida em situação pré-cirurgica em odontologia, é seguida de raros efeitos adversos, sendo os mais comuns a sonolência, sedação excessiva, perturbação da coordenação motora, confusão e perda transitória de memória. Efeitos quando usada cronicamente: - Redução da neurocognição - Dependência fisiológica: tolerância e síndrome de retirada - Adição e síndrome de intoxicação por super dosagens (não é fatal, mas pode ser perigoso) Efeitos agudos: - Sedação (quando no tratamento de ansiedade) - Desinibição Recomendações pós uso: - Não se envolver em tarefas potencialmente perigosas como: dirigir e operar máquinas. - Evite o consumo de bebidas alcoólicas durante o tratamento - Diminuir dose em pacientes idosos, pois idosos normalmente tem função hepática e renal mais lenta. - Contraindicado para grávidas e lactentes.
Compartilhar