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Conhecer a definição e a epidemiologia da artrite idiopática juvenil Definição A artrite idiopática juvenil (AIJ) é um grupo heterogêneo de vários distúrbios diferentes, que podem causar sinovite persistente, durante 6 semanas ou mais, em pacientes com menos de 17 anos de idade. Os subtipos de AIJ são doença de Still, de início sistêmico, artrite relacionada à entesite (ARE), artrite psoriática, oligoarticular, poliarticular soronegativa, poliarticular soropositiva e artrite indiferenciada. Epidemiologia Essa é a doença reumática crônica mais comum da infância e pode ser uma causa significativa de limitações físicas de curta e longa duração. Nos EUA, cerca de 294.000 crianças com menos de 18 anos têm artrite ou outros distúrbios reumáticos. A incidência da AIJ é de 1 a 22 casos por 100.000 habitantes e a prevalência é de 8 a 150 casos por 100.000 habitantes. As crianças afro-americanas são mais propensas a ter o tipo Poliarticular da doença, enquanto as caucasianas têm geralmente o Oligoarticular. O pico de incidência da AIJ foi observado entre 1 e 3 anos de idade, com um predomínio feminino nessa faixa etária. Um segundo pico de incidência foi observado entre 8 e 10 anos, com predomínio masculino e da AIJ Oligoarticular. A forma sistêmica mostra pouca ou nenhuma discriminação entre os sexos. Detalhar a fisiopatologia da artrite idiopática juvenil A patogênese da AIJ não é clara. Acredita-se que as interações entre fatores genéticos, mecanismos imunológicos e exposições ambientais contribuam na maioria dos casos. Vários alelos do HLA (Antígeno Leucocitário Humano) estão associados ao desenvolvimento da AIJ, com subtipos específicos de doenças sendo vinculadas a alelos específicos de HLA. As possíveis influências ambientais incluem infecção, uso de antibióticos, aleitamento materno, tabagismo materno e exposição à vitamina D. No caso da infecção vários patógenos em potencial foram propostos mas nenhum se mostrou definitivamente casual, entre os estudados estão o vírus da rubéola, vírus Epstein- Barr, Clamídia, Influenza, Mycoplasma e Parvovírus B19. A principal manifestação clínica da AIJ é o edema articular persistente, que resulta da combinação do acúmulo de líquido sinovial e espessamento sinovial. Esse edema pode causar deformidades nas articulações afetadas devido ao alongamento dos ligamentos e tendões periarticulares e pela ação de enzimas liberadas pelas células inflamatórias no interior do líquido sinovial que levam à degradação da matriz de colágeno e proteoglicano da cartilagem articular. A ativação de osteoclastos resultante da produção de citocinas pelo tecido inflamatório é a causa da desmineralização óssea articular. Uma das características da fisiopatologia da AIJ em comum com a Artrite Reumatoide é a presença do Pannus (resulta da proliferação do tecido sinovial e invasão do tecido sinovial por células inflamatórias, incluindo linfócitos, macrófagos e células dendríticas, recrutadas a partir da circulação periférica. A destruição final da cartilagem, ossos, ligamentos e tendões resulta, entre outros fatores, da produção local de enzimas proteolóiticas, como é o caso da colagenase secretada na interface entre o pannus e a cartilagem) que se espalha pelo tecido sinovial e adere à cartilagem intra-articular, causando grande parte do dano à articulação. A infiltração da sinóvia depende da interação de fatores vasculares, citocinas, moléculas de adesão e quimiocinas. Descrever o quadro clínico da aij (descrição focando nas manifestações clínicas da doença, incluindo articulares e extrarticulares) Articulares Os sintomas de inflamação articular com rigidez matutina podem começar a qualquer momento depois que a criança começa a andar. O padrão assimétrico de acometimento articular é comum e no máximo quatro articulações são afetadas. Rigidez matinal é uma queixa marcante e, embora a articulação afetada geralmente esteja edemaciada e muito aumentada, a criança em geral tem menos dor do que seria esperado. Os joelhos são as articulações afetadas mais comumente; também pode haver edema difuso de um dedo da mão ou pé e os tornozelos, os punhos e os cotovelos também são acometidos frequentemente. A articulação atlantoaxial (C1-C2) e a articulação temporomandibular (ATM) são estruturas relativamente ocultas, nas quais podem ocorrer inflamação articular e perda da mobilidade. Extrarticulares As crianças com AIJ oligoarticular, principalmente as meninas muito pequenas com teste positivo para fator antinuclear (FAN), são mais suscetíveis a desenvolver irite. Essa uveíte (ou iridociclite) não granulomatosa anterior crônica é indolor e, nos casos típicos, ocorre nas fases iniciais de evolução da doença. Poliartrite: A AIJ poliarticular com fator reumatoide negativo em geral acomete crianças mais jovens, principalmente meninas. A artrite pode ou não ser simétrica, mas afeta preferencialmente as grandes articulações, como joelhos, tornozelos e punhos. Os pacientes não têm manifestações extra- articulares associadas, e a irite é rara Psóriasica: O subgrupo da AIJ psoriática inclui pacientes com quaisquer dos seguintes sinais e sintomas: artrite de uma ou mais articulações, sacroileíte, sinovite das articulações interfalangianas distais, dactilite (“dedos de salsicha”) depressões ungueais e erupção psoriática ou história familiar positiva de psoríase (ou ambas). A história de psoríase em um familiar de primeiro grau pode ser suficiente para confirmar o diagnóstico de uma criança com artrite. A artrite psoriática está associada à uveíte anterior aguda com fotofobia e eritema ocular, e os pacientes devem ser instruídos a procurar um oftalmologista se apresentarem esses sintomas oculares. Listar os principais métodos complementares envolvidos no diagnóstico, bem como os achados esperados Artrite Idiopática Juvenil é um diagnóstico de exclusão. O início da doença deve ocorrer antes dos 16 anos, deve haver artrite em uma ou mais articulações e as manifestações devem durar pelo menos 6 semanas. As crianças nos quais se considera a possibilidade de AIJ devem ser avaliadas por hemograma completo, HBV, proteína C-reativa, provas de funções hepática e renal e pesquisas de FAN e fator reumatoide. Atualmente, o anticorpo anti- peptídeos citrulinados cíclicos é pesquisado nessa faixa etária para avaliar seu potencial como indicador do diagnóstico de AIJ. O teste para HLA- B27 pode ajudar a investigar pacientes com sintomas sugestivos de AIJ associada à entesite, mas não permite firmar o diagnóstico em definitivo. O nível de ácido úrico e a atividade da desidrogenase láctica devem ser determinados como rastreamento geral para uma possível neoplasia maligna, principalmente nas crianças com febre cotidiana e sintomas articulares. Nos pacientes sob suspeita de AIJIS, também é necessário determinar o nível de ferritina sérica, o tempo de protrombina, o tempo de tromboplastina parcial e o nível do D-dímero para detectar indícios da SAM. As radiografias simples das articulações afetadas facilitam a investigação inicial da dor e do edema das articulações das crianças, principalmente com o objetivo de excluir outros diagnósticos além da AIJ. A cintilografia óssea pode detectar focos desconhecidos de inflamação nos pacientes com diagnóstico duvidoso de artrite, ou nos pacientes cujos sintomas são difíceis de avaliar. A TC e a RM podem mostrar erosões articulares em um estágio inicial, antes que se tornem detectáveis nas radiografias simples. A RM contrastada com gadolínio intravenoso pode demonstrar sinovite ativa nas articulações inflamadas. Diferenciar aij de febre reumática, lúpus, artrite reativa e artrite da Chikungunya Chikungunya:O padrão da artralgia é errático, embora haja uma tendência para que seja mais intensa pela manhã e piore com atividade física mais agressiva. Quando a dor articular persiste além do período de recuperação, tem-se a fase crônica da doença. Nesta, a poliartralgia prolonga-se por semanas a anos e compromete a qualidade de vida (QV) do paciente. Na artrite associada a chikungunya os níveis de fator reumatoide e anticorpo anti-CCP não são elevados, entretanto é fundamental enfatizar que estudos demonstram que um terço dos pacientes portadores de chikungunya preenchem os critérios do Colégio Americano de Reumatologia para o diagnóstico de artrite reumatoide. Febre reumática: ARTRITE: É a manifestação mais comum da FR. Ocorre uma a três semanas após a infecção pelo estreptococo. As grandes articulações (joelhos, quadril, punhos, cotovelos e ombros) são mais comumente envolvidas e a artrite geralmente é migratória, assimétrica, associada a sinais flogísticos. O edema articular e as limitações de movimento associadas devem estar presentes. Não deixa sequelas e melhora com o tratamento, que é a base de um anti-inflamatório.Pode haver cardite, coreia, nódulos subcutâneos e eritema marginado. O diagnóstico da febre reumática é clínico, não existindo sinal patognomônico ou exame específico. Artrite reativa: Ocorrem subsequentes à infecção extra-articular, caracterizada como uma artrite não supurativa e asséptica. Inicia cerca de 1 a 4 semanas após o quadro infeccioso, que pode ou não passar despercebido, geralmente autolimitadas durando de 4 a 5 semanas. Clinicamente se apresenta pela tríade clássica de artrite, conjuntivite e uretrite. No diagnóstico laboratorial os achados são inespecíficos e denotam inflamação, FR negativo, liquido sinovial de padrão inflamatório de grau variável. Lúpus: Doença crônica remitente e recidivante. Sintomas constitucionais são bastante frequentes: mal-estar, fadiga (90%), queda do estado geral, febre (80%), perda ponderal (60%). Apesar de comuns são inespecíficos e de modo isolado não configuram diagnóstico da doença. Pode revelar o comprometimento de apenas um sistema orgânico ou já se exteriorizar de forma completa, envolvendo vários órgãos e sistemas. Lesões de pele específicas: presença de dermatite de interface na biópsia de pele (infiltrado inflamatório distribuído ao longo da junção dermoepidérmica). Pode haver comprometimento cardíaco, pulmonar, renal, psiquiátrico, neurológico, TGI, ocular e hematológico. Artrite lúpica geralmente segue um padrão simétrico, distal e migratório com os sintomas durante 1 a 3 dias em cada articulação. Apresenta- se associada a rigidez matinal inferior a 1 hora e, geralmente, possui pouco ou nenhum derrame articular. Extramapa: conhecer a classificação das artrites ▪ Aguda: 0-6 semanas ▪ Crônica: 6 ou mais semanas ▪ Periférica: grandes (joelho, cotovelo e ombro) e pequenas ▪ Axial: coluna cervical, dorsal, lombar e sacroilíaca (e articulação coxofemoral) ▪ Aditiva→somativo; ex: pct tem um acometimento articular em um punho o qual “passa” para o outro punho. Comum na artrite reumatoide. ▪ Migratória→ ex: pct tem um comprometimento articular em um punho, ocorre uma melhora total ou parcial e ocorre o comprometimento do outro punho. Comum na febre reumática. ▪ Simétrico→ ex: pct apresenta acometimento articular nos 2 joelhos. ▪ Assimétrico→ ex: pct apresenta acometimento articular só em um punho.
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