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Análise RE 669 367 RG, Tribunal Pleno, Rel Min Rosa Weber

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Análise RE 669.367 RG, Tribunal Pleno, Rel. Min. Rosa Weber
Bruna Saraiva da Rocha1
A discussão começa com o Recurso Extraordinário 669.367 Rio de Janeiro, com o relator
o Min. Luiz Fux e a relatora do acórdão a Min. Rosa Weber.
Primeiramente, antes de fazer uma análise mais profunda do acórdão é necessário uma
melhor interpretação sobre o tema em questão. Entendimentos que são até mesmo utilizados
como argumentos e justificativas dos votos dos ministros no caso concreto.
Mandado de segurança, conhecido doutrináriamente como writ, é um remédio
constitucional, enunciado inicialmente na Constituição Federal de 1934. Com a CF de 1988
obteve título de direito e garantia fundamental, sendo considerado por alguns doutrinadores uma
cláusula pétrea, contudo a doutrina majoritária não considera todos os direitos e garantias
cláusulas pétreas, existindo a possibilidade de supressão de alguns, como o em discussão. Este
possui um rito mais célere e visa tutelar direitos líquidos e certos que foram violados por ações
de uma autoridade pública, ou entidade da qual aquela autoridade faça parte, ou na qual ela
exerce as suas funções. Possui assim a característica de ação urgente, em que não há mais
hipótese de se utilizar de habeas corpus ou de habeas data.
Art 5º: Todos são iguais perante a lei
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público; 2
O Sr. Min. Luiz Fux (relator) em seu voto expõe que quando já proferida decisão
definitiva no Mandado de Segurança é inviável o deferimento de um pedido de desistência da
ação. E ainda explica que mesmo que outras decisões tivessem sido proferidas pela mesma Corte
ao único pedido, essa questão nunca havia sido discutida mais profundamente e que muitos
provimentos foram dados antes da prolação das sentenças nos casos, diferenciando do caso
concreto em questão. Em sua opinião contesta tamanha autonomia e autoridade do impetrante,
2 Artigo 5º da Constituição Federal de 1988.
1 Bacharela em Direito pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa – IDP.
podendo ele aceitar ou não a sentença que lhe dada, podendo desistir da ação, eliminando a
sentença de mérito proferida; em outras palavras o impetrante possuiria o poder, e a
jurisprudência não poderia ficar a mercê da vontade das partes. Além disso, mesmo quando
levantado a questão do princípio da isonomia, explicou que os órgãos não estão vinculados a
decidir da mesma forma em outros processos. Para resolver determinada questão, exibi que
apenas poderia pedir a renúncia ao direito, extinguindo tanto o processo quanto a própria relação
com o direito material. Devido essas fundamentações negou o provimento ao Recurso
Extraordinário.
A ideia de impedir o seguimento de pedidos assim é baseado, em poucas palavras, na
“necessidade de prestigiar a boa-fé processual, a coisa julgada, a eficácia preclusiva, o direito do
réu à resolução da lide, a própria estabilidade das decisões judiciais e, à própria previsão do art.
485, § 5º, do CPC” - especifica que a desistência deve ser apresentada até a sentença.
Após um longo debate entre os Magistrados, apresentando fundamentos jurisprudenciais
e aplicando ao caso concreto outras decisões que já havia sido dadas em que se dava provimento
a desistência de mandado de segurança, unilateralmente, mesmo depois da prolação da sentença,
iniciou-se o colhimento de votos.
A Sra. Min. Rosa Weber (relatora do acórdão) introduz o relatório já indicando sua
contraposição ao acórdão prolatado com base no art. 102, III, ‘a’, da Lei Maior.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a
guarda da Constituição, cabendo-lhe:
[...]
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em
única ou última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;3
Abrindo assim na abertura de divergência vencedora, na mesma sessão que o Min. Luiz
Fux negou provimento ao recurso extraordinário, sob alegações de que:
Primeiramente, a única lei que está sendo realmente utilizada para contrariar o pedido são
as estabelecidas e aprovadas pelo Código Processual Civil - CPC -, caso contrário estaria
ofendendo a jurisdição. Contudo, o CPC, como uma lei geral, estaria agora suprindo toda e
3 Artigo 102 da Constituição Federal de 1988.
qualquer necessidade que a lei do mandado de segurança, como lei especial, poderia requisitar.
Assim, contraria-se, utilizando dos ensinamentos de Cássio Scarpinella Bueno que:
O que se verifica (...) é a existência de certa predisposição para
entender que o art. 20 da Lei n. 1.533/51 é capaz de evidenciar
que a legislação do mandado de segurança é auto suficiente e
que afasta, por completo, o sistema do Código Processual
Civil.4
A solução mais adequada não é utilizada apenas o CPC, ou apenas a Constituição, ou
apenas a Lei do mandado de segurança, mas sim fazer uma integração. Entende-se que deveria
haver apenas uma aplicabilidade subsidiária do CPC nos pontos em que a Lei n. 1.533/51 deixar
expresso que há a possibilidade.
Utilizando-se de diversos exemplos da jurisprudência do TST a Min. faz uma análise
crítica encontrando os pontos em comum entre as decisões. Concluiu que os magistrados do
tribunal citado (i) analisaram cada caso concreto e suas situações processuais especificamente;.
(ii) relacionaram as leis gerais e especiais; (iii) utilizaram os princípios do direito do trabalho e
do processo de trabalho, analisando e adquirindo as possibilidades de convergência. Logo, “a
solução se dava por causa da lei especial, não apesar dela”.
Ainda apresentando seus argumentos, deixa-se, um pouco, levar-se para o lado mais
humano. Por ser um remédio constitucional, uma ação que protege o cidadão do Estado, a
desistência do impetrante, unilateralmente, não causa nenhum desequilíbrio na igualdade das
partes, não ofendendo o princípio da isonomia.
Em conclusão determina que “é lícito ao impetrante desistir da ação de mandado de
segurança, independentemente de aquiescência da autoridade apontada como coatora ou da
entidade estatal interessada ou, ainda, quando for o caso, dos litisconsortes passivos necessários;5
a qualquer momento antes do término do julgamento; mesmo após a eventual sentença6
concessiva do writ constitucional, não se aplicando a norma inscrita no art. 267, § 4º, do CPC .7 8
8 RE 255.837-AgR/PR, 2ª Turma, Ministro Celso de Mello, Dje de 27.11.2009
7 CPC/73. Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: § 4o Depois de decorrido o prazo para a
resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.
6 MS 24.584- AgR/DF, Pleno, Ministro Ricardo Lewandowski, Dje de 20.06.2008.
5 MS 26.890- AgR/DF, Pleno,Ministro Celso de Mello, Dje de 23.10.2009.
4 Bueno, Cássio Scarpinella, Mandado de segurança. Comentários às Leis 1.533/51, 4.348/64 e 5.021/66. São
Paulo: Saraiva, 5ª edição, 2009, pp. 213-5.
Dando provimento ao recurso extraordinário para restabelecer o acórdão homologatório
da desistência proferido pelo TRF da 2ª Região.
O Sr. Min. Dias Toffoli em poucas palavras explicou o que seria o mandado de
segurança utilizando-se da CF, sendo esse um remédio constitucional, logo uma proteção dada ao
cidadão contra o Estado. Dessa forma, não se trata de uma “via de mão dupla”, não gera direito à
autoridade. Assim, acompanha a divergência.
A Sra. Min. Cármen Lúcia concorda sobre a peculiar natureza constitucional do
mandado de segurança como instrumento dado ao cidadão, podendo este desistir da ação em
qualquer tempo sem gerar qualquer agravo para a autoridade tida como coatora. Acompanhando
a divergência.
O Sr. Min. Gilmar Mendes coloca em questão algo que não havia sido dito antes, que na
verdade discutiam mais sobre a natureza institucional do mandado de segurança,indo, então,
muito mais além da disciplina processual. Concordando com a divergência.
O Sr. Min. Ricardo Lewandowski (presidente) aborda o tema apenas concordando com
os argumentos já apresentados, incluindo um próprio precedente. Pedindo pelo acompanhamento
da divergência e do provimento do recurso.
Assim, o Tribunal, por maioria, deu provimento ao recurso.
Conclui-se pela análise feita que, pelo entendimento do STF, podendo sim, o impetrante
desistir, unilateralmente, do mandado de segurança a qualquer tempo, ainda que proferida
decisão de mérito. Enquanto considerado ação constitucional não se reveste de lide, não
podendo, dessa forma, aplicar a condição expressa do art. 267, § 4º, do CPC. Ainda que esteja de
má-fé processual, pode este, desistir, contudo haverá punições. E mesmo que o impetrante,
desista da ação, após a sentença de mérito, este não precisa renunciar ao direito. Entretanto, cada
caso deve ser analisado separadamente, sem uma regra explícita que nega ou não todos os casos.

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