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Teorias Contemporâneas I - Institucionalismo Neoliberal - Keohane (22.09)

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A existência tá relacionada com uma certa noção de ordem e como ela vai ser 
mantida. A preocupaçao dele no fundo é essa. Ele afirma que os regimes tem uma certa 
repercussão nisso. Por que existe essa demanda por regimes internacionais? E no final 
das contas, ele vai tentar mostrar o que os Estados ganham com isso, o que eles ganham 
e porque eles decidem aderir. Baseado nisos, como esses regimes vão se relacionar com 
a ordem. 
 Ele considera a existência de regimes internacionais. Um conjunto de princípios 
normas, regras e procedimentos de tomadas de decisão que vão fazer com que as 
expectativa dos atores em uma determinada área sejam convergentes. 
 Quando você parte da concepção de um sistema anárquico, com atores racionais 
e maximizadores. Na maioria das vezes, a interação gera uma série de externalidades 
que ele chama de externalidades negativas e diante disso, por não haver um controle 
central, vai levar a uma situação de auto-ajuda. Os atores tem um interesse exógeno, é 
formada fora do processo de interação. Quando dois Estados interagem eles já tem uma 
bagagem de interesses formados e derivados de uma série de questões. 
 A grande diferença que o Keohane vai falar do seu raciocínio é que pra ele: que 
tipo de cooperação vai surgir? 
 Todos os problemas do sistema internacional (as caracteristicas) somadas a uma 
situação de interdependência, atores racionais, interesses exógenos, sistema de auto-
ajuda. Ele vai dizer que isso gera uma demanda por cooperação, uma demanda que está 
condicionada a possibilidade de mitigar os riscos dessa cooperação. 
 Vai existir um interesse dos Estados em cooperar, que eles não conseguiram 
ganhar sozinhos. Essa cooperação se torna difícil. Diante da interdependência, seria 
bom pra eles cooperarem para resolverem problemas específicos. (Ex: pasto quantidade 
de bois). 
 Que tipo de coisas podem mitigar os riscos da cooperação? Os REGIMES. Eles 
vão ser formas de regular a conduta para um resultado agregado que traga benefícios 
mútuos. Os regimes vão trabalhar para suprir essa tal demanda da cooperação em um 
sistema anárquico. Vai existir uma série de demandas para criaçao de regimes. 
 As premissas são iguais do Realismo, mas pro institucionalismo o resultado é a 
demanda por regimes para levar a cooperação internacional com benefícios mútuos. 
 A existência dos regimes é um fato do sistema e seria uma anomalia que os 
Realistas não explicam no sistema internacional. A tentativa dele é construir uma forma 
de analisar (teoria) que de conta de explicar a demanda, de onde existe, de onde vem, 
para regimes internacionais, como funcinonam, o que eles vão ajudar etc. 
 A demanda por regimes internacionais encontra uma explicação que tá vinculada 
a tal teoria da estabilidade hegemônica. De acordo com essa teoria, um Estado 
hegemônica no SI vai acabar arcando com os custos dos regimes internacionais. Os 
autores dessa teoria vão dizer que o ator hegemônico no SI, por mais que possuam um 
poder desproporcional em relação aos oturos atores, o que vai acontecer é que eles não 
podem impor esse poder o tempo todo, ou é muito custozo. Seria mais fácil ele usaar 
esses recursos de poder para poder criar uma série de regras que sejam vinculantes aos 
outros Estados, levar os Estados a firmarem esses compromissos. Uma vez que ele usou 
seus recursos para criar esses regimes e os Estados adotaram, ele não precisaria ficar 
usando seus recursos toda hora. O Keohane vai dizer que o grande problema é que ela 
não explica a durabilidade desses regimes em caso da alteração da estrutura de poder no 
SI. O Keohane vai dizer que no final das contas, mesmo diante do declínio de uma 
hegemonia ou da alteração da distribuição de poder, isso não leva ao fim e um regime. 
Ele vai colocar, por que será que isso não acontece? Ele vai colocar isso como uma 
deficiência da teoria da estabilidade econômica. Ela não explica a durabilidade, 
especialmente em situações de mudança. Ex: a ONU continua a existir. 
 Como essa teoria não explica bem, o Keohane vai buscar otura forma para 
analisar essa situação no sistema internacional. E a forma que ele vai encontrar é 
vinculada a microeconomia. Baseado nessa abordagem ele vai dizer que as relações do 
SI se assemelham a um esquema de competição no mercado, como se os Estados se 
comportassem como firmas que vão competir em um determinar mercados, com todos 
os problemas e tal. Ele vai fazer essa analogia entre o SI e o mercado e a partir disso ele 
vai usar essa lógica da microeconomia pra explicar a demanda pelos regimes 
internacionais e o próprio funcionamento deles. Essa lógica da microeconomia vai 
explicar o que que determina o tamanho, a quantidade de questões, e a força, se os 
Estados vão respeitar e tal. 
 A partir do momento que os Regimes criam regras, espera-se que os Estados 
adotem tal comportamento e é mutio menos custozo para a cooperação. Ou seja, um 
regime facilita a cooperação, porque é muito mais fácil existir um padrão do que 
cooperação "ad hoc". Por exemplo, é mais fácil eu ter um padrão de como 
comercializar, as tarifas e tal, do que ter que negociar com cada Estado, pois envolve 
todo um custo (a exemplo da confiança com aquele Estados; com regimes facilita isso 
da confiança). 
 No final das contas, ele adota essa abordagem da microeconomia e pensa essa 
ideia da competição. Ele vai pensar no nível de análise e escolhe o nível sistêmico. Ele 
vai dizer que os constrangimentos do sistema ou aquela estrutura do sistema é ela que 
vai determinar os rumos da interação sistêmica. Quando ele adota essa perspectiva, 
fatores que estão relacionados ao modo de organização do Estado vai ser deixado de 
fora. Não quer dizer que você vai desconsiderar o peso de um governante, por exemplo 
de Churchill na Segunda Guerra. Ainda que os grandes líderes podem ter um grande 
efeito, o tipo de governo, a cultura, possam ter peso na dinâmica internacional, ele deixa 
de lado essas coisas. Ele se preocupa com a distribuição de poder do sistema. Sendo 
assim, ele reduz os números de variáveis, sua teoria é parcimoniosa. Ele não tá se 
preocupando em construir uma representação perfeita da realidade e sim construir um 
modelo que vai ser no fundo uma simplificação dessa realidade e a partir desse modelo, 
você tem a indicação de uma série de tendências de comportamento no sistema 
internacional. Ele não vai ter certeza desse comportamento, ele não é determinista. 
Nesse modelo, além dos atores serem racionais, as escolhas desses atores são escolhas 
voluntárias, porque ainda que no SI exista uma grande desigualdade entre os Estados, 
ele não é hierárquico. A existência de atores mais poderosos pode até gerar uma série de 
pressões para o comportamento dos outros Estados, mas de forma alguma tira a 
autonomia dos Estados de terem suas escolhas, ou seja, as escolhas são voluntárias. 
 Ele vai tentar traçar uma diferença que existe entre os regimes internacionais e 
relações de governo, porque a ideia de relações de governo está associada, 
normalmente, a uma centralização do poder, o que no sistema internacional não 
existiria. O que regimes produzem são padrões de comportamento e uma expectativa, 
uma coordenação de condutas. Ao invés de um governo com a centralização desse 
poder, o que acontece é um processo de coordenação de condutas no sistema. O Regime 
tá associado a ordem, a manutenção da ordem. Quando se cria canais de negociação e 
tal, a necessidade de recorrer a violência, por exemplo, vai ser menor. 
 Além da estabilidade padrão da coordenação de condutas, os regimes vão gerar 
expectativas de benefícios mútuos e também a ideia de escolhas contínuas, com a 
possibilidade de comunicação entre esses atores. Esses atores vão atuar fazendo um 
cálculo e esse cálculo vai resultar em um curso de ação, os regimes vão ser, como 
dizerm alguns autores, uma variável interveniente. Os interesses são exógenos, mas osregimes estão como uma variável interveniente que intervém no processo da geração de 
um cálculo para escolha de um curso de ação. A estrutura de payoffs pode ser 
modificada devido aos regimes. 
 Os regimes conseguem como um resultado: acordos. Se eu tenho uma 
expectativa de escolha contínua, ampliar uma espécie de durabilidade de 
comportamento, amplio o horizonte de tempo, se eu ou interagir todos os dias, você 
conhece mais ou menos as intenções, as variações, os interesses e tal, eu vou poder 
gerar uma confiança assim como um desconfiança, e mais do que isso é gerada uma 
expectativa de trocar em rodadas futuras. Os regimes são capazes de transformar uma 
escolha que era ad hoc em padrões de comportamentos, ampliando o horizonte de 
tempo. 
 Um regime internacional iria intervir no cálculo, alterando a estrutura de 
payoffs, no caso do Dilema dos Prisioneiros. Por exemplo, você vai ter 5 minutos para 
conversar com o outro jogador e vocês podem combinar e tal. Com a comunicação, 
você pode gerar confiança e pode existir a cooperação. A expectativa é que possa levar 
a acordos e que possa levar a um equilíbrio melhor. 
 O Keohane vai dizer que o tipo de estrutura que é semelhante a estrutura do 
mercado, possui falhas de mercado. A primeira delas envolve os custos de transação, os 
custos de se firmar acordos entre Estados soberanos, sem que haja alguém a cima deles, 
tem um custo alto. A outra falha é o problema da informação incompleta. É muito difícil 
em um sistema de Estados soberanos que você consiga as informações completas sobre 
o interesses desses Estados, sob os possíveis cursos de ações que esses Estados vão 
tomar. Dessa forma, gera-se incerteza e risco. Além disso, falta um framework para 
ação (um quadro de referência de como agir). O framework para ação seria uma espécie 
de Detran em feirões de carros vendidos, você ter um órgão que vai te dar informações, 
que vai te dizer as coisas do carro que você quer comprar, se tem multa, se foi batido, se 
os documentos estão em dia etc. 
 Os regimes vão tentar diminuir essas três coisas. Os Estados são obrigados a 
periodicamente a fornecer informações, como por exemplo para a OMS. No caso da 
gripe suína, os Estados são obrigados a enviar relatórios periódicos e com isso facilita-
se ter informações. É mais fácil do que manter o contato com cada país pra saber. Sendo 
assim, a informação é mais completa, diminui a incerteza, sendo assim vai diminuir os 
custos de transação, já que não é preciso ficar entrando em contato com cada Estado 
para ter essa informação. Você diminui os custos, aumenta a informação, cria um 
framework, cria links e cria uma sombra do futuro. Esse regime é então estabilizar o 
comportamento, estabelecer padrões e com isso você gera cooperação e todos os 
benefícios esperados. Não se pode ignorar que pra isso existir, existe todo um custo por 
trás disso, tanto econômico (gastos com o orçamento da ONU) quanto político (assinar 
tratados e adaptar sua legislações interna a eles). 
 
Então a adoção dos regimes está atrelado a uma série de coisas: 
1. Os benefícios tem que ser maiores ao custos que estão atrelados em "criar" esses 
regimes. 
2. Quanto mais densa é a área, quanto mais link você consegue, mais forte é esse 
regime. Por exemplo, um regime de comércio que não regula só comércio de carros, 
mas de várias coisas. Ou seja, é mais denso e então é bom adotar esse regime. 
3. Questão do spill-over. Regras de reciprocidade. Em muitos casos vira norma. É a 
questão de ter vários Estados em um regime e um fora e trazer ele pra dentro do regime 
que já existe, o que é menos custozo. Ou então, criar um regime parecido com aquele 
que a maioria está dentro. É o transbordamento do regime. 
4. Institucionalização: tá ligado a força e o tamanho do regime. 
Tem a questão de não mudar os regimes, devido aos custos de se fazer novos costumes. 
 
 Keohane sabe que nesses regimes alguns Estados vão ter mais benefícios, 
normalmente os Estados mais fortes, que tentam adaptar esses regimes aos seus 
interesses. 
 Os regimes podem acabar virando até mesmo um valor. 
 A interdependência não gera harmonia de interesses, muito pelo contrário. 
 
 Regime está ligado a 4 coisas: princípios, normas, regras e procedimento 
decisórios. 
 A reciprocidade pode ser um princípio, uma intuição geral de como as coisas 
devem funcionar. 
 A norma é o padrão de conduta, um princípio como o de reciprocidade pode 
virar uma norma. 
 A regra é algo mais específico. Ex: a tafica pra exportar giz nao pode ser maior 
que 5% para aquele conjunto de paíse. 
 Procedimento Decisório: na Assembleia Geral cada um tem direito a um voto e 
ninguém tem veto. 
 
 O Keohane vai tentar lidar com certos riscos inerentes a cooperação que vão ser 
a assimetria de informações, porque além de ser incompleta, ela pode ser assimétrica. 
Há o risco de o ator não querer respeitá-la e há também o risco de favorecer um acordo 
irresponsável. 
 
 Ainda que o regime mitigue esses efeitos, ele não anula esses problemas. Não 
impede que um determinado ator resolva violar. O estabelecimento do regime gera um 
custo muito grande em ficar de fora. Na grande maioria dos casos, os Estados vão 
procurar participar desses regimes já que trazem benefícios mútuos. 
 Os regimes vão regular de duas maneiras: regulação interna é regular as 
interações entre os membros. A regulação situacional é tentar regular por exemplo uma 
área específica e tentar regular a relação entre o membro do regime e os não-membros. 
 No final, o Keohane coloca um resumo das premissas que ele apresentou. A 
primeira é dizer que os regimes facilitam acordos e eles corrigem essas falhas de 
"mercado". A expectativa de benefícios e o desejo de diminuir essas falhas gera essa 
demanda pelos regimes internacionais. O terceiro ponto é que quanto maior for a 
densidade e a efetividade dos regimes pra regular alguma coisa, maior a demanda para 
entrar e por manter esse regime, mais ou menos estável. Em função disso, o quarto 
ponto é que as mudanças estruturais não significam o desaparecimento desses regimes 
(questão da inércia). O quinto ponto é que os Estados percebendo as vantagens que eles 
tem, eles podem tentar compensar esse declínio. A sexta é que os regimes de controle de 
uma determina área são diferentes dos que procuram diminuir algum risco pontual na 
interação. Por fim, a existência de um regime é absolutamente diferente de uma 
conversa sobre harmonia de interesses, ele gera convergência de expectativas e padrões 
de comportamentos. O interesse continua sendo exógeno e não se altera. E a segunda 
coisa é que não gera igualdade entre os Estados. Os regimes não mexem na estrutura do 
sistema internacional, mudam a estrutura de payoffs. 
 
 
Resumo feito por Victor Miranda 
IRiscool 2012.1

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