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FISIOPATOLOGIA: DOENÇAS PULMOANRES 1 Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica É um processo de bronquite crônica ou enfisema que pode levar à obstrução fixa das vias aéreas. Esse processo resulta em sintomas respiratórios persistentes, limitação do fluxo aéreo e alterações nas vias aéreas e nos alvéolos. Tais condições são principalmente causadas por exposição significativa a partículas e gases nocivos. Vale ressaltar que existem outras condições que podem ser determinantes do desenvolvimento da DPOC, como fatores genéticos, infecções, condição socioeconômica e envelhecimento pulmonar. A espirometria de uma pessoa com DPOC vai apresentar VEF1/CVF < 0,70, independente da causa primária do DPOC (bronquite crônica ou enfisema). Classificação da DPOC (mMRC) A classificação da DPOC é dividida em escalas de 1 a 4: 1. Paciente apresenta VEF1 > ou = a 80 → apresenta falta de ar quando apressa o passo ou sobe escadas/ladeiras 2. VEF1 entre 50-79 → ando mais devagar que pessoas da minha idade 3. VEF1 entre 30-49 → precisa parar muitas vezes devido a falta de ar quando ando perto de 100 metros ou poucos minutos de caminhada 4. VEF1 < 30 → sente falta de ar quando sai de casa, precisa de ajuda para tomar banho e se vestir Uma outra classificação para a DPOC vai determinar a pessoa em algum grau de risco (de A à D) de acordo com a classificação mMRC e a quantidade de exacerbações (de internações) que o paciente teve em 1 ano devido à DPOC. No lado direito do quadrado está o número de exacerbações do paciente naquele ano, podendo se 0, 1 ou maior que 2; na parte inferior está a classificação mMRC; dessa forma, você deve juntar essas duas informações e achar a letra que tem a confluência dessas duas informações no diagrama. A letra A corresponde ao menor risco e a letra D ao maior risco. Apresentação clínica Bronquite crônica Definida por uma tosse produtiva por 3 meses do ano em 2 anos consecutivos. Dispneia e obstrução das vias aéreas estão presentes de forma intermitente ou contínua. Nessa condição ocorre inflamação das vias aéreas, acompanhado de espessamento da mucosa e hipersecreção de muco; a inflamação nos bronquíolos menores é o principal local de obstrução do fluxo de ar. O tabagismo é a principal causa, mas outros irritantes podem ter o mesmo efeito. Enfisema Condição em que ocorre aumento irreversível dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais, com destruição de suas paredes. Essa destruição causa da retração apropriada durante a expiração e da complacência pulmonar. Isso causa dispneia progressiva, hipóxia e obstrução irreversível, sem hipersecreção de muco ou tosse produtiva. Etiologia e epidemiologia Bronquite crônica Os principais aspetos patológicos são inflamação das vias aéreas pequenas e hipertrofia das glândulas mucosas das vias aéreas grandes, com de muco e obstrução conseguinte. Células inflamatórias infiltram na mucosa das vias aéreas, o que causa o estreitamento do lúmen brônquico (com uma inflamação crônica, o epitélio colunar ciliado é substituído por áreas de metaplasia escamosa → função mucociliar ). A hipertrofia e hiperplasia de glândulas submucosas e músculos lisos ocorrem consideravelmente, estreitando o lúmen também. Acompanhado disso tudo, a hipersecreção de muco e a falta de movimento ciliar potencializa a obstrução. FISIOPATOLOGIA: DOENÇAS PULMOANRES 2 Logo, o resultado dessas alterações causa a obstrução crônica das vias aéreas acompanhado de deficiência de limpeza de muco; geralmente não ocorre destruição do parênquima pulmonar (se não tiver uma infecção). A obstrução não uniforme das vias aéreas na bronquite crônica tem efeitos sobre o V/Q, causando hiperinsuflação e responsável por hipoxemia em repouso. Enfisema O enfisema vai ser resultado de um desequilíbrio entre lesão oxidante local e atividade proteolítica (particularmente relacionado às fibras elásticas), causada por uma deficiência de inibidores de protease (enzimas que inibem a destruição do parênquima → liberadas por neutrófilos e macrófagos). Oxidantes endógenos (ânion superóxido) ou exógenos (fumaça de cigarro) podem inibir a função dos inibidores de protease, possibilitando a destruição tecidual progressiva. As consequências desse processo são: • Destruição de unidades respiratórias terminais • Perda de leito capilar alveolar • Perda das estruturas de suporte do pulmão ( da complacência pulmonar) → colapso expiratório prematura das vias aéreas O quadro patológico de enfisema é de destruição progressiva de unidades respiratórias terminais ou de parênquima pulmonar distal aos bronquíolos terminais. Alterações inflamatórias das vias aéreas são mínimas, se presentes, embora alguma hiperplasia de glândulas mucosas possa ser observada em vias aéreas condutoras grandes. Além disso, é visto perda dos capilares alveolares, resultando em difusão e hipoxemia progressiva. As bolhas são grandes espaços aéreos confluentes formados por destruição local maior, ou distensão progressiva de unidades pulmonares. Elas são importantes devido ao efeito compressivo que podem ter sobre o pulmão circundante e ao grande espaço morto fisiológico associado com essas estruturas. Manifestações clínicas Bronquite crônica • Tosse com produção de escarro: causada pela inflamação contínua e probabilidade de infecção bacteriana (muco fica parado). A viscosidade do escarro é devido à presença de DNA livre de células lisadas. Com a viscosidade do muco e estreitamento do lúmen, a tosse se torna ineficaz. • Sibilância: estreitamento das vias aéreas e obstrução por muco; responde a broncodilatadores • Estertores bolhosos inspiratórios e expiratórios: causada pela grande quantidade de muco acumulada • Exame cardíaco: taquicardia é comum devido à exarcebações de bronquite ou com hipoxemia. Se a hipoxemia for significativa e crônica, pode resultar em hipertensão pulmonar. • Estudos de imagem: volumes pulmonares aumentados e diafragmas rebaixados pela hiperinsuflação. Tamanho cardíaco pode estar pela sobrecarga do coração direito (perfusão vai estar ). • Policitemia: a hipoxemia crônica está associada com um aumento variável de hematócrito mediado por eritropoietina. Com a hipoxia mais grave e prolongada, o hematócrito pode aumentar até bem acima de 50%. Enfisema • Ruídos respiratórios : em decorrência do fluxo de ar , tempo expiratório prolongado e hiperinsuflação pulmonar. • Exame cardíaco: taquicardia pode estar presente devido à hipoxemia. • Hipertensão pulmonar: é uma consequência comum de obliteração vascular pulmonar (perda dos capilares sanguíneos). O exame cardíaco pode revelar fechamento proeminente da valva pulmonar (aumento de P2, componente pulmonar da segunda bulha cardíaca). Pressão venosa jugular elevada e edema periférico são achados menos comuns que na bronquite crônica • Estudos de imagem - hiperinsuflação é comum, com hemidiafragmas retificados e um aumento do diâmetro anteroposterior do tórax. A destruição de parênquima produz marcas vasculares periféricas pulmonares atenuadas, frequentemente com dilatação da artéria pulmonar proximal, resultante de hipertensão pulmonar secundária. Alterações císticas ou bolhosas também podem ser observadas. • Policitemia: como na bronquite crônica, a hipoxemia crônica está associada frequentemente com hematócrito elevado
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