Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Capítulo 1 Objetivo de situar o significado sócio histórico da profissão no processo de reprodução das relações sociais na formação social capitalista. 1. Produção capitalista enquanto produção e reprodução das relações sociais de produção Vida em sociedade →→→ Produção (atividade social) →→→ Vínculos e relações mútuas Ou seja, é na vida em sociedade que ocorre a produção, que por sua vez é entendida enquanto atividade social. Para que possa ocorrer a produção e reprodução dos meios de vida e produção, é necessário que os indivíduos estabeleçam vínculos e relações mútuas, para que assim possam realizar uma “ação transformadora da natureza”, em outras palavras realizam a produção. Por não ser algo individual, entendemos que a produção social é histórica e não se trata da produção de objetos materiais, mas sim de relação entre pessoas e classes sociais. Situando então a sociedade atual enquanto capitalista, Iamamoto e Raul destacam que o capital é a relação social que rege todo o processo de vida social. Nessa relação está o trabalho assalariado, sendo assim o capital pressupõe o trabalho assalariado “um se expressa no outro, um recria o outro, um nega o outro.” Sendo assim, o capital não é uma coisa material (assim como a produção social), é uma determinada relação social de produção →→→ em uma determinada formação histórica da sociedade. Então, a reificação do capital nada mais é do que reduzir sua identificação a coisas materiais, porém o capital se expressa de forma mais complexa e integrada a sociedade, “se expressa através de mercadorias (sendo estas os meios de produção e de vida) e do dinheiro”, embora não sejam mais que expressões de relações entre classes sociais antagônicas. Em resumo: A reificação do capital é, pois, a forma mistificada em que a relação social do capital aparece na superfície da sociedade. 2. O Capital como Relação Social 2.1 O capital e a forma mercadoria Capital (enquanto forma de mercadoria) = meios de produção + meios de vida Mercadorias →→→ São objetos úteis, que atendem a necessidades sociais. →→ Valores enquanto materialização de força humana de trabalho. → Os produtos assumem a forma de mercadoria porque são produtos de trabalhos privados, que possuem um caráter social. Duplo caráter social do trabalho: atender determinada função social, ao mesmo tempo em que satisfaz a necessidade do seu produtor, para que possa ser trocado por outras mercadorias. Estabelecendo uma relação de troca de trabalho equivalentes, materializados em objetos. Em resumo: o trabalho aparece como relação entre produtos/coisas →→→ Mas o que aparece como relação entre objetos materiais é uma relação social concreta entre homens, oculta por trás das coisas. Mistificação do capital →→→ o homem acaba meramente por se tornar o que produz. 2.2 A transformação da mercadoria em Capital O valor do capital se expressa em mercadorias: meios de produção + meios de subsistência. (mas nem toda soma de mercadorias é capital). O capital supõe o trabalho assalariado e este, o capital. O dinheiro →→→ soma de valores constante Capital →→→ soma de valor crescente Desse modo, a função específica do capital é a produção de um sobrevalor (mais-valia) maior do que aquele existente no início do ciclo produtivo. →→→ a mais valia é o fim e o resultado do processo capitalista de produção, é o trabalho excedente e não pago, apropriado pela classe capitalista. A transformação do dinheiro em capital, se dá a partir de 3 processos: I. Compra e venda dos meios de produção e da força de trabalho; II. Produção e reprodução do capital (esfera da circulação); III. Transformação da mercadoria em dinheiro (esfera da circulação). A condição histórica para o surgimento do capital e o pressuposto essencial para a transformação do dinheiro em capital é a existência no mercado da força de trabalho como mercadoria. - Esfera da circulação (relação de compra e venda) O processo de produção do capital é um processo de trabalho. Em resumo: O processo de produção do capital é um processo de trabalho, pois cria valores de uso, que por sua vez aparece mediante ao consumo da força de trabalho. Características específicas →→→ as mercadorias compradas pelo capitalista são sua propriedade; →→→ o consumo da FT pertence ao capitalista, assim como os meios de produção; →→→ O trabalho é propriedade do capitalista, assim como o produto do trabalho. É necessário compreender o processo de produção capitalista enquanto processo de trabalho, considerar o capital como coisa é abstrair de sua historicidade. O processo de produção capitalista não é apenas processo de trabalho. É também o processo de valorização [criação e conservação do valor], em suma o valor de troca do capital. O valor de troca da mercadoria força de trabalho se expressa no salário. Já o seu valor de uso [o próprio trabalho] se expressa no seu consumo. No entanto, o trabalho vivo não só conserva os valores dos meios de produção [trabalho acumulado], mas reproduz o valor do capital variável e gera um incremento de valor: a mais valia. Por isso interessa ao capitalista aumentar a duração e intensidade do trabalho: 1. Prolongando a jornada de trabalho (mais valia absoluta); 2. Ou potenciando o trabalho acima do grau médio (mais-valia relativa). O trabalho vivo é mero meio de valorização dos valores existentes expressos nos meios de produção ----> Quanto mais tem, mais é necessário produzir. Em resumo: O trabalho vivo se torna meio para a valorização do capital. Sendo assim, o capitalista passa a ser visto como capital e o trabalhador como trabalho, ocorrendo a personificação destes. Com isso, entendemos que na formação social capitalista, o processo de trabalho é meio do processo de valorização [já que o primordial é a valorização do capital]. IMPORTANTE: À medida que o valor capital se expressa sob forma de mercadorias, tem que cumprir as funções destas: têm que ser vendidas, convertidas em dinheiro, para que o valor passe a circular, e reiniciar o ciclo produtivo sob novas formas. VALOR → DINHEIRO [realização do valor] → ESFERA DA CIRCULAÇÃO 3. As relações sociais mistificadas e o ciclo do capital No ciclo do capital produtivo ocorre a verdadeira transformação do dinheiro em capital, isto é, em valor que se valoriza, em valor que gera valor. IMPORTANTE: O que nos interessa aqui é destacar as relações sociais através das quais este processo se realiza. Desse modo consideramos o conjuntos dos capitalistas e dos trabalhadores [não mais o enxergamos de forma individualizada] enquanto CLASSES SOCIAIS. O ponto de partida do processo capitalista é a separação entre a FT e os meios de produção: →→→ A classe trabalhadora vende o valor de uso de sua força de trabalho, mediante a isso, o capital se reproduz: a mais valia criada se converte em meios de consumo da classe capitalista. EM RESUMO: A classe trabalhadora cria, pois, em antítese consigo mesma, os próprios meios de sua dominação, como condição de sua sobrevivência
Compartilhar