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PODER CONSTITUINTE E LEGITIMIDADE DEMOCRÁTICA

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PODER CONSTITUINTE E LEGITIMIDADE DEMOCRÁTICA 
 
O poder constituinte, titularizado pelo povo e 
exercido mediante um procedimento especial, 
elabora a Constituição. A Constituição institui os 
órgãos do poder constituído e impõe limites de forma 
e de conteúdo à sua atuação. O poder constituinte, 
como intuitivo, é superior ao poder constituído, assim 
como a Constituição desfruta de supremacia em 
relação à legislação ordinária. Os valores 
permanentes inscritos na Constituição têm primazia 
sobre as circunstâncias da política ordinária. 
Embora tenha atravessado os séculos recebendo 
grande reconhecimento, a lógica da construção 
teórica aqui exposta é um pouco mais problemática 
do que se poderia supor à primeira vista. 
Em primeiro lugar, porque tanto a política 
constitucional como a política cotidiana ou 
ordinária procuram reconduzir sua atuação, em 
última análise, para o povo. O argumento de que o 
povo exerce o poder constituinte e de que o 
Parlamento exerce o poder legislativo não resiste à 
constatação de que, em muitos casos, é o mesmo 
órgão, quando não as mesmas pessoas, que exerce 
ambos os poderes. Esta é, por exemplo, como já 
acentuado, a tradição brasileira na matéria, do que 
é ilustração inequívoca a Constituição de 1988. Sendo 
assim, o que justificaria a superioridade de um poder 
sobre o outro? Em segundo lugar, por qual razão o 
povo de ontem deve ter poder de ditar os destinos do 
povo de hoje? Por que uma geração deve ter o poder 
de submeter a vontade das gerações futuras? Não são 
questões singelas, mas as respostas têm sido 
procuradas pela filosofia constitucional 
contemporânea. 
A legitimidade democrática do poder 
constituinte e de sua obra, que é a 
Constituição, recai, portanto, no caráter especial da 
vontade cívica manifestada em momento de grande 
mobilização popular. As limitações que impõe às 
maiorias políticas supervenientes destinam-se a 
preservar a razão republicana – que se expressa por 
meio de valores e virtudes – das turbulências das 
paixões e dos interesses da política cotidiana. A 
adaptação da Constituição às demandas dos novos 
tempos e das novas gerações dar-se-á por via da 
interpretação, da mutação e da reforma 
constitucionais. Esse esforço de atualização tende a 
funcionar como uma renovação permanente do pré-
compromisso original, uma manifestação de 
reiterada aceitação da ordem constitucional e dos 
limites por ela impostos. 
 
Referência Bibliográfica: 
Barroso, Luís Roberto ; Curso de direito constitucional 
contemporâneo: os conceitos fundamentais e a 
construção do novo modelo / Luís Roberto Barroso. – 
9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.

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