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TVP e Embolia CONCEITOS IMPORTANTES TROMBOSE VENOSA PROFUNDA (TVP) – formação aguda de trombos em veias profundas. Principais sítios: MMII e veias pélvicas OBS: trombofeblite – trombose de veias superficiais EMBOLIA PULMONAR (EP) – oclusão parcial ou completa das veias pulmonares, por êmbolos vindos de veias trombosadas TROMBOEMBOLISMO VENOSO (TEV) – trombose venosa profunda e embolia pulmonar INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA (IVC) – doença caracterizada pela hipertensão venosa crônica em MMII, nesse contexto secundária a TVP e chamada SÍNDROME PÓS TROMBÓTICA (SPT). EPIDEMIOLOGIA Quadro mais grave da insuficiência venosa crônica: úlcera venosa ativa (60% dos casos decorrem de TVP). Embolia pulmonar – 3ª causa de mortalidade cardiovascular 1ª causa de morte evitável intra-hospitalar TEV – causa importante de queda da qualidade de vida ANATOMIA – REVISÃO RÁPIDA Acomete mais comumente veias dos membros inferiores, porém acomete também veias de membros superiores (relacionados a acessos venosos/procedimentos) e veias de outros órgão (relacionados a câncer etc.). A EP acomete veias centrais do pulmão (hilares) ou veias lobares e segmentares – o local de acometimento define o quadro clínico do paciente. Sistema venoso profundo (responsável por 80% do retorno venoso) V. ilíaca V. femoral V. poplítea Sistema venoso superficial V. safena magna V. safena parva OBS: Quando o paciente está sentado/em pé, a pressão hidrostática diminui devido válvulas venosas, o que dificulta o retorno venoso. Além disso, as válvulas causam o turbilhonamento do sangue, predispondo o desenvolvimento de trombos. OBS²: o turbilhonamento causado pelas válvulas podem lesar o endotélio do vaso, levando à liberação de fatores pró-trombóticos. OBS³: os fatores da tríade podem ocorrer simultaneamente ou de forma isolada (ver mais abaixo do resumo) OBS4: casos de uma TVP causando doença trombótica arterial são apenas em casos de comunicação entre AD e AE por meio de forame oval patente; FISIOLOGIA RETORNO VENOSO – manutenção da hemodinâmica venosa. SISTEMA DE CAPACITÂNCIA VENOSA – controla o volume sanguíneo e o tônus do vaso. Mantem o débito cardíaco e compensa mudanças posturais. Paredes venosas são mais finais, com camada muscular pouco definida e adventícia mais desenvolvida - a veia que trombosa perde toda a capacidade de sua parede (de vasodilatar e vasocontrair). ENDOTÉLIO – camada interna dos vasos sanguíneos Determinante primário da fisiopatologia do TVP OU alvo de dano colateral na maioria dos processos patológicos. Regula a homeostase trombose X trombólise Ou seja: lesão endotelial predispõe a doenças trombóticas, uma vez que desregula a hemóstase entre trombose e trombólise. EQUILÍBRIO ENTRE FATORES PRÓ-COAGULANTES, FATORES ANTICOAGULANTES E FIBRINOLÍTICOS. CASCATA DE COAGULAÇÃO A trombose tem uma fase de iniciação (relacionado a lesão endotelial) levando a liberação de fatores tissulares, que ativa vias de coagulação. Essas vias, acionadas principalmente por fator VIII e X, formam o complexo pró- combinado, ativando a trombina (fator II) > transforma fibrinogênio e fibrina. A fibrina é responsável pela formação de trombos, por meio de rede de fibrina. Paralelo a isso, a mesma trombina que transformou fibrinogênio em fibrina, ativa a plasmina > responsável por degradar fibrina. OBS: os fatores de coagulação são produzidos no fígado, portanto, hepatopatas tem maior risco de desenvolvimento de TVP. FISIOPATOLOGIA TRÍADE DE VIRCHOW Determina fatores que contribuem para TVP: LESÃO ENDOTELIAL fatores externos (traumas, cirurgias) a lesão ativa células endoteliais por citocinas ou mediadores inflamatórios de liberação local ou à distância outro mecanismo de lesão: isquemia relativa secundária à estase e a hiperdilatação venosa dos seios valvares ESTASE VENOSA isoladamente é um fator incapaz de causar trombose a estase amplifica os efeitos trombogênicos por dificultar o clearance e por aproximar os elementos figurados do endotélio lesado. Fatores que dificultam o fluxo sanguíneo (lentifica), causa a aproximação dos elementos figurados do endotélio lesado, ativando-o mais ainda e formando trombos HIPERCOAGULABILIDADE Equilíbrio trombo-fibrinolítico alterado Liberação do fator tissular pelo endotélio lesado levando a formação do trombo Ativa a cascata de coagulação e fibrinólise, com o desequilíbrio pro-coagulante definido por condições permanentes (trombofilias) ou adquiridas (fatores de risco). FATORES DE RISCO Idade Aumento da incidência com a idade Aumento dos níveis dos marcadores da ativação da trombina – estado pró- trombótico >40 anos Imobilização Estase em veias da panturrilha (principalmente veias soleares e gastrocnêmicas) – estase associada as cúspides venosas dessas veias O pico acontece entre 3 dias e 2 semanas (tempo para desenvolvimento da TVP) Em necrópsias: 15% de TVP em imobilizações até 7 dias, e de 70 a 94% de 2 a 12 semanas Viagens Síndrome da classe econômica Principalmente associada a outros fatores de risco (TVP prévia, trauma recente, varizes, obesidade, imobilidade) e aumenta com o tempo de viagem. Indicação: uso de compressão elástica (meia elástica), movimentação ativa, principalmente da panturrilha (levantar- se e andar), hidratação. Malignidade 20% TVP – câncer em 1 ano Aumenta em 4x o risco de TVP Multifatorial (compressão tumoral, imobilidade, trombocitose ligada ao câncer, cateteres centrais, quimio e radioterapias) CA tem resposta sistêmica protombótica – citoquinas, inibidores da fibrinólise, procoagulantes, TNF e fator tissular Às vezes, a TVP pode ser o primeiro sinal de um CA. Doença inflamatória intestinal – Crohn Lúpus Associado a presença de anticorpos antifosfolípides, anticardiolipina e anticoagulante lúpico Tipo sanguíneo A>O Aumento do fator VIII – estudos sendo feitos Varizes Síndrome de May-thurner (Cockett) Hipertensão venosa de MIE associada ou não a TVP ileofemoral Trombofilias Desfiladeiro torácico Doenças cardíacas Cirurgias Dependente do tipo de cirurgia, extensão do trauma cirúrgico, duração do procedimento e da imobilidade pós- operatória 50% dos casos de TVP iniciam na sala cirúrgica 50% nos primeiros 3 a 5 dias 19% cirurgia geral 24% neurocirurgia 51% artroplastia de quadril 61% artroplastia de joelho Traumas Incidência variável, dependendo do estudo Gestação 6 a 10x mais que a população geral na mesma faixa etária 10% das causas de óbito materno No momento do parto > lesão endotelial muito grande > estado trombótico se mantem no puerpério 97% dos casos em MIE – útero é apoiado em cima das veias ilíacas, principalmente a esquerda (estreitamento fisiológico da gestação) Estado de hipercoagulabilidade da gestação Terapia hormonal – pílula ac Alteram a coagulação Fator isolado ou associado a trombofilias (fator V de Leiden) Independe do tempo de uso e normaliza após a suspensão Estrógeno – diminui a PAI-1 (enzima de fibrinólise), aumenta a viscosidade sanguínea, fibrinogênio, fator II (trombina) e X, adesão e agregação plaquetária Ou seja: estrógeno em geral altera a coagulação Tipo sanguíneo Fatores geográficos e étnicos TVP pós-op – 2x mais na europa do que na américa do norte EUA central > EUA costeiro Aprisionamento de veia poplítea Associado ou não aprisionamento da artéria poplítea Anomalias anatômicas da inserção da cabeça medial ou lateral do gastrocnêmio 70% em mulheres Cateteres venosos centrais Anomalias de VCI ObesidadeDIAGNÓSTICO – TVP CLÍNICO OBS: 50% dos casos são assintomáticos DOR INSIDIOSA, dependente do esforço HIPERSENSIBILIDADE EDEMA ASSIMÉTRICO Cordão palpável Descoloração (vermelha para a inflamação e purpúrea para estase venosa) Dorsiflexão dolorosa (SINAL DE HOMANS – propedêutica) Empastamento muscular da panturrilha (SINAL DA BANDEIRA) – panturrilha endurecida ao toque Dor à compressão da musculatura da panturrilha sobre o osso (SINAL DE BANCROFT) Distensão e proeminência das veias superficiais (VEIAS SENTINELAS DE PRATT) – circulação venosa colateral, uma vez que as veia profundas não estão drenando suficientemente Febre baixa, mal estar inespecífico São todos sintomas inespecíficos. PHLEGMASIA ALBA DOLENS – hipertensão venosa pela obstrução venosa profunda Edema difuso e intenso Dor moderada – o processo trombótico aciona inflamação Palidez – devido vasoconstrição PHLEGMASIA CERULEA DOLENS – complicações da TVP Exacerbação da alba dolens Cianose, petéquias, diminuição de pulsos e síndrome compartimental – 4 compartimentos principais; a TVP causa distensão dos componentes do compartimento Choque Gangrena venosa – amputação DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 1º pensar na TVP; Sinais específicos; OUTROS DIAGNÓSTICOS Distensão muscular, trauma fechado Rotura muscular (hematoma subfacial) Rotura de cisto sinovial Artrite, sinovite, miosite Celulite, linfangite Flebites Insuficiência arterial (phlegmasia) Linfedema Lipedema Insuficiência venosa crônica Compressão venosa extrínseca Edema sistêmico Edema postural Fistulas arterio-venosas DIAGNÓSTICO – EP Dispneia Dor torácica (irritação pleural ou tipo angina) Sincope ou pré-síncope Hemoptise Taquipneia Taquicardia Turgor jugular Febre Choque cardiogênico DIAGNÓSTICO LABORATORIAL TPV D-Dímero Inespecífico Marcador de fibrinólise Pode estar aumentado em câncer, inflamação, trauma, cirurgia, sangramentos e varia com a idade. Em casos de baixa e intermediária probabilidade pode ajudar a excluir Para >50 anos = idade x 10mg/L ▪ Escore de Wells ▪ Duplex Scan Análise morfofuncional Compressibilidade do vaso Material intravascular Ecogenicidade intraluminal Aumento do diâmetro do vaso Fasicidade respiratória Faz o diagnóstico diferencial de outras patologias ▪ Flebografia Padrão ouro Porém, invasivo e doloroso EP D-dímero DHL TGO Troponina Peptídeo natriurético Leucocitose Hipoxemia – oximetria de pulso ou gasometria ▪ Escore de Wells ▪ CT protocolo TEP Multislice – angiotomografia venosa (protocolo da TEP) ▪ RX ▪ Cintilografia V/Q ▪ Angiografia ▪ RNM ACHADOS DE IMAGEM: PROFILAXIA anticoagulação fibrinólise cuidados locais, analgesia compressão elástica deambulação lembrar que a trombose, a síndrome pós- trombótica e até a embolia pulmonar são diferentes fases da mesma doença. TRATAMENTO HEPARINA NÃO FRACIONADA INTRAVENOSA • Inativação da trombina e do fator Xa, redução da ativação plaquetária mediada pela trombina ( ativação da antitrombina). • Dose de ataque = 80 UI/kg • Dose de manutenção = 18 UI/kg/h Monitorar TTPA (45 a 70 segundos) HBPM VIA SUBCUTÂNEA • Enoxiparina ( Clexane ®) • peso em mg = dose de 12/12 h • peso em mg X 1,5 = dose 1 x ao dia • Não precisa de monitorização laboratorial ANTAGONISTA DA VITAMINA K VIA ORAL • Warfarina ( Marevam ®) • Ação pela inibição da produção dos fatores vitamina K dependentes ( fator II, fator X, proteína C e S). • Ação pró-coagulante nos primeiros 3 dias. • Monitorização contínua pelo TP ( INR entre 2 e 3) DOAC - DIRECT ORAL ANTICOAGULANTS VIA ORAL • Ação direta no Fator Xa ou no fator II. • Mais estáveis, com menor taxa de sangramento. • Ajuste na Insuf. renal ( Cl < 30 ml/min) - menos para a apixaban Droga mais utilizada: xarelto (rivaroxabana) FIBRINÓLISE • Sistêmica ou local • 48h do início dos sintomas até 14 dias. • 50/100mg RTPA em 2 horas. TROMBECTOMIA ASPIRATIVA TROMBECTOMIA CIRÚRGICA HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA • Organização do trombo - trombólise - recanalização - recorrência. • Recanalização - primeiros 3 meses • 56% completam em 09 meses • Recorrência - 30 % em 10 anos!! SÍNDROME PÓS TROMBÓTICA REFLUXO VENOSO - OBSTRUÇÃO VENOSA - HIPERTENSÃO VENOSA • TVP inicia em veias da perna, com 50% evoluindo para resolução espontânea, porém 20% com extensão proximal. • 20 a 50 % SPT - Piora com a recorrência. • Alterações progressivas: 17% 2 anos 24% 5 anos 30% 08 anos 4% Úlceras em 20 anos. • 50% Recanalização completa em 6 a 9 meses. SINAIS E SINTOMAS • Cãibras • Prurido • Fadiga • Claudicação venosa • Parestesias • Edema com piora vespertina • Dor intratável • Úlcera venosa 5 a 9 – LEVE 10 a 14 – MODERADO 15 a 33 – GRAVE PROFILAXIA Todo paciente hospitalizado DEVE ter aferido seu grau de risco de TEV e receber a respectiva profilaxia. Estratificar: RISCO DE TEV X RISCO DE SANGRAMENTO! Quando? • Ambulatorial • Na admissão hospitalar • No pós alta • Conforme a patologia TABELAS E ESCORES QUE AUXILIAM NA CLASSIFICAÇÃO DO RISCO: IMPROVE BLEDING SCORE ESCORE DE CAPRINI ( pacientes cirúrgicos) ESCORE DE PADUA ( pacientes clínicos) IMPROVE DD VTE O RISCO PERMANECE POR 90 DIAS. ACIMA DE 04 PONTOS O RISCO É CONSIDERADO ALTO, COM TAXA DE TVE ACIMA DE 7,2% ISTH BLEEDING DEFINITIONS MEDIDAS GERAIS: • Hidratação adequada • Analgesia • Deambulação precoce • Movimentação ativa dos membros • Deambulação progressiva e precoce do que Angulação precoce! MECÂNICA • PASSIVA - Compressão elástica • ATIVA - Compressão pneumática intermitente; Foot Pump FARMACOLÓGICA • Heparinas • AAS • DOACS MEIA ELÁSTICA • Meia antitrombótica. • Reduz a área das veias e aumenta a velocidade de fluxo. • 18 a 23 mmHg no tornozelo - diminui 8 mmHg na fossa poplítea. • Contraindicado em doença arterial periférica ( ITB<0,8), dermatite, ICC. • Dificuldades no tamanho e na padronização da compressão graduada. COMPRESSÃO PNEUMÁTICA INTERMITENTE • Sequencial, fixa ou através de pletismografia. • Melhora hemodinâmica. • Aumenta a ação fibrinolítica local, reduzindo a hipercoagulabilidade. • Problemas dermatológicos, Paresia do nervo fibular, desconforto. • Contraindicada em edema secundário a ICC e a TVP aguda.
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