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Edem� - Síndrom� Edemigênic� o� Edemat�s� CONCEITO Edema é definido como inchaço palpável, produzido pelo aumento do fluido intersticial, geralmente é perceptível quando há aumento de ao menos 2,5 a 3 litros no espaço intersticial e pode ser localizado - restrito a um segmento do corpo; ou generalizado - chamado de anasarca, é ocasionado por causas sistêmicas, como insuficiência cardíaca, cirrose e síndrome nefrótica FISIOPATOLOGIA: A água corpórea total no adulto corresponde, em média, de 50 a 60% do peso corpóreo e está distribuída em dois compartimentos principais: intracelular (⅔ do total) e extracelular (⅓ do total). O espaço extracelular é subdividido em intersticial (60% do espaço extracelular) e em intravascular A fisiologia normal do organismo impede que se formem edemas, por meio da ação do balanço de forças hidrodinâmicas ao longo da parede capilar, e do funcionamento adequado dos vasos linfáticos. Porém, quando mais de um mecanismo sofre alterações, pode gerar edemas. No entanto, quando se trata de anasarca, a retenção de sódio e água constitui um mecanismo importante ● LEI DE STARLING: Descreve o movimento do fluido através dos capilares, sendo proporcional à permeabilidade capilar e às diferenças de ph e forças transcapilares Pressão hidrostática capilar (phc): Força a saída do líquido e as substâncias nele dissolvidas através dos poros capilares para os espaços intersticiais Pressão hidrostática intersticial (phi): Força o líquido para dentro através da membrana capilar quando for positiva, ou pra fora quando for negativa Pressão oncótica capilar (πc): Pressão exercida nas paredes dos capilares pelas proteínas plasmáticas (albumina principalmente) para que o líquido se movimente por osmose dos espaços intersticiais para o sangue, pela membrana capilar Pressão oncótica intersticial (πi): Tende a provocar osmose de líquido para fora através da membrana capilar Equação da lei de Starling: Fluxo do fluído capilar para o interstício = Kf [(phc - phi) -(πc - πi)] Kf: coeficiente de ultrafiltração capilar = permeabilidade x área de superfície → Se a soma dessas forças for positiva, ocorrerá filtração de líquido pelos capilares - em condições normais, é ligeiramente positiva → Se a soma for negativa, ocorrerá absorção de líquido → Alteração da hemodinâmica capilar que favoreça o movimento do fluido do espaço vascular para o interstício gera alteração nas forças de starling (aumento da phc, diminuição da πc e/ou aumento da permeabilidade capilar), causando edema ● SISTEMA LINFÁTICO: Traz de volta para a circulação pequenas quantidades de proteínas e de líquido em excesso que extravasam do sangue para os espaços intersticiais → Defeito no transporte linfático por obstrução, disfunção ou desenvolvimento anormal dos vasos linfáticos ou quando a pressão do líquido intersticial ultrapassa a capacidade de absorção de líquido pelos vasos linfáticos pode afetar o retorno do líquido intersticial para o sistema vascular central, gerando edema ● RETENÇÃO DE SAL E ÁGUA PELOS RINS: A partir da redução inicial do volume plasmático, os rins passam a reter água e sódio (Ingeridos ou administrados por via intravenosa), visando manter esse volume, entretanto essa ação alimenta o próprio edema, em razão do extravasamento do líquido → Pode ser por um evento primário, como na insuficiência renal → Ou secundário, resultante da redução do débito cardíaco (ICC) ou da resistência vascular sistêmica (como na cirrose), hiperaldosteronismo secundário, etc. FORMAÇÃO DO EDEMA: ANGIOEDEMA: Na alergia → é um tipo de edema gerado pela liberação de mediadores que aumentam a permeabilidade vascular, ocasionado por substâncias como a histamina. Ou é causado por injúria vascular que aumenta a permeabilidade vascular, resultando em extravasamento de líquido para dentro do interstício, como em infecções. QUEIMADURAS: Causa injúria microvascular que pode ser induzida por histaminas e radicais livres de oxigênio, gerando aumento da permeabilidade vascular MIXEDEMA: No hipotireoidismo, há acúmulo intersticial de albumina e outras proteínas. Nesses casos pode haver aumento da permeabilidade capilar e, também, há dificuldade para que o excesso de líquido e proteínas do interstício volte para a circulação sistêmica pelos vasos linfáticos INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA - CIRROSE: As principais manifestações clínicas da anasarca no cirrótico são a ascite e o edema periférico. Ascite surge devido ao underfilling (baixo enchimento) devido a obstrução ao fluxo sanguíneo intra-hepático, o overflow (hiperfluxo) devido a retenção de água e sódio que gera aumento do volume vascular, e a vasodilatação devido a expansão do volume plasmático INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: IVE - Edema pulmonar sem a presença de edema periférico; IVD - Edema periférico, estase jugular a 45º e hepatomegalia e, em casos graves, anasarca com ascite e edema da parede abdominal. IVE + IVD - Paciente apresenta os dois quadros SÍNDROME NEFRÓTICA: O edema surge devido a queda da pressão oncótica plasmática por proteinúria (hipoalbuminemia) e a retenção de sódio pelos rins (taxa de excreção de sódio muito baixa) - anasarca SÍNDROME URÊMICA: Devido ao funcionamento inadequado dos rins, há acúmulo de substância tóxicas, como uréia, fosfatos, FGF-23, PTH, AGEs, indoxil sulfato, etc, que são tóxicas ao organismo e geram, entre outras coisas, o edema, DESNUTRIÇÃO - KWASHIORKOR: O edema surge por aumento da permeabilidade capilar - hipoalbuminemia (anasarca) OBSTRUÇÃO LINFÁTICA: O edema surge por aumento da pressão oncótica intersticial - É uma causa incomum de edema, que recebe o nome linfedema. O aumento ganglionar devido a tumores é uma das causas principais OUTRAS CAUSAS DE EDEMA: Medicamentos vasodilatadores potentes utilizados no tratamento da pressão arterial, principalmente o minoxidil e o diazóxido, e os bloqueadores de canal de cálcio, como nifedipina, lodipina e felodipina; Gravidez, principalmente no segundo trimestre da gestação, devido ao aumento do volume plasmático, retenção renal de sódio, menor concentração das proteínas plasmáticas, aumento da pressão hidrostática em membros inferiores pela compressão da veia cava e veias ilíacas, etc ANAMNESE: - Deve-se avaliar o tempo de instalação e de duração, a localização e se houve ganho recente de peso - Antecedentes Pessoais: Há história de alguma doença ou uso de medicação que possa causar doença cardíaca, hepática ou renal? Analisar histórico de alergia medicamentosa - Analisar hábitos e vícios - Qual a localização do edema? - pode dar uma pista sobre a etiologia EXAME FÍSICO: Se o paciente apresentar dificuldade respiratória, a insuficiência cardíaca ganha destaque → além disso, haverá congestão pulmonar (IVE) e/ou edema periférico vespertino, devido ao acúmulo ao longo do dia, quando os pacientes assumem mais a posição ortostática (IVE e IVD) A presença de ascite pode indicar cirrose hepática Fácies características de algumas doenças, como a nefrótica (DRC), a mixedematosa (hipotireoidismo) Características do edema: - Localização: Pode ser generalizado (anasarca) - fundamental realizar a aferição do peso corporal - Tempo de instalação: Pode ser agudo (minuto a dias) - como o angioedema; ou pode ser crônico (ocorre ao longo de meses ou anos) - Compressibilidade: Realizar a digitopressão no tecido edematoso de encontro com uma estrutura firme, como a superfície óssea, por pelo menos 5 segundos. Após a descompressão digital, observa-se uma área da pele que permanece deprimida, o que caracteriza o sinal de cacifo ou godet - Intensidade: Pode ser classificada subjetivamente por meio de uma escala de cruzes, variando de + (edema de pequena intensidade) a ++++ (edema de intensidade máxima). Em caso de anasarca, pode ser realizada a aferição diária do peso Em caso de edemas localizados de membros, pode-se medir a circunferência do membro edemaciado e compará-la com o membro contralateral - Consistência: Grau de resistência encontrado ao comprimir a região edemaciada. A mesma manobra utilizada para avaliara compressibilidade permite a avaliação da consistência Mole: Facilmente depressível - traduz retenção hídrica recente. O tecido celular subcutâneo está infiltrado por água Duro: Mais resistente à formação do cacifo - traduz edema de longa duração. O tecido celular subcutâneo encontra-se infiltrado por proliferação fibroblástica - Elasticidade: Se, ao realizar o teste da compressibilidade, a pele retornar rapidamente à posição original, diz-se que o edema é elástico; Se a pele demorar a retornar, ficando deprimida por mais tempo, diz-se que é inelástico - Alterações da Pele: Coloração - pode-se notar vermelhidão (rubor), indicando processo inflamatório; cianose, indicando distúrbio venoso localizado; palidez, indica insuficiência arterial Temperatura - comparar a área edemaciada com área sadia com o dorso da mão dominante. Pele quente indica edema de origem inflamatória e pele fria indica insuficiência arterial Sensibilidade - Na manobra de compressibilidade, se o paciente sentir dor, diz-se que é doloroso, o que traduz edema de origem inflamatória; se não ocorrer dor, é indolor Brilho - pele brilhante sugere edema recente e intenso Textura e espessura - Pele lisa indica edema recente; pele espessa indica edema crônico → a pele torna-se enrugada quando o edema está em regressão INVESTIGAÇÃO: Investigação laboratorial ou com exames de imagens com base nos achados iniciais do exame clínico e da anamnese - Avaliação da função renal: uréia, creatinina sérica e urinária, urina tipo I - Testes de função hepática: albumina sérica, tempo de protrombina - Dosagem de TSH e T4 livre para afastar hipotireoidismo - Avaliação cardiopulmonar inicial para avaliar a função cardiopulmonar e ecocardiograma, se necessário - Dosagem de eletrólitos: sódio sérico e urinário para avaliação da fração de excreção de sódio e dosagem de potássio sérico - Exames de imagem na hipótese de distúrbio hepático: ultrassonografia de abdome, ultrassonografia venosa com Doppler para avaliação de veias profundas e exclusão de trombos no trajeto venoso, etc. TERAPÊUTICA: Reversão da doença de base, restrição de sódio na dieta e uso de diuréticos
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