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SankaranKrishna-PostcolonialEncountersIslamic“Terrorism”andWesternCivilization

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Postcolonial Encounters: Islamic “Terrorism” and Western Civilization 
Krishna, Sankaran 
 
O autor inicia sua obra demonstrando o poder coercitivo utilizado pelas grandes potências, em 
especial os EUA, sobre os países do terceiro mundo, principalmente durante o período colonial. 
Nesse contexto, o processo de globalização contemporânea foi de grande impotância, no sentido de 
que este também se baseava no “punho visível” do poder militar e na “mão invisível” do mercado, 
reproduzindo, então, esses mesmos sistemas de dominação colonial. Daí, o autor pretende linkar o 
chamado “terrorismo islâmico” com a idéia de resistência pós-colonial à dominância ocidental. 
O autor parte do discurso moralista dos EUA a respeito do “terrorismo islâmico”, que denota o 
país como um “islamofascista”, sendo que boa parte desse preconceito parte da própria mídia norte-
americana, que desconsidera totalmente o contexto colonial pelo qual esses países passaram. Então, 
para Krishna, a adoção dessa perspectiva pós-colonial ajudaria a entender melhor a posição desses 
países frente às potências ocidentais. 
O orientalismo que marca a visão da população ocidental acerca dos povos orientais, isto é, a 
idéia de que se conhece profundamente algo ao qual não se tem contato e, então, se caricaturiza o 
caráter essencial deste. Assim, vemos que o “orientalismo diário” dos norte-americanos seria a idéia 
de que se conhece muito sobre os muçulmanos e, consequentemente, se perde sua verdadeira 
essência, o que uma grande demonstração de ignorância. Há algumas “regras” que se encaixariam 
para essa caracterização de “middle easterns”, compartilhando uma identidade estática e enrigecida 
que carece de maior informação. 
Essas percepções de orientalismo acabam por dirigir e informar as políticas desses países 
ocidentais, que, desprovidos de informações reais sobre a cultura oriental, se voltam para políticas, 
normalmente, coercitivas que supostamente viriam a trazer a democracia e liberdade a esses povos. 
Como exemplo disso, temos a guerra iniciada contra o Iraque, em 2003, em que automaticamente 
ligou-se os atentados de 11/9 ao país, afirmando que havia armas de destruição em massa no país, 
sendo que tal conflito teve um massivo suporte da população. 
A constituição do “self” se dá a partir da representação do “other”, e como nós nos 
diferenciamos desse outro. Nesse caso, partiria-se da idéia de que os EUA, berço da democracia, 
igualdade e liberdade, seria tão diferente das nações do Oriente Médio, autoritárias e restritivas. O 
problema, na maioria das vezes, é que essa construção do “self” é carregada de preconceito e 
ignorância. 
Tem-se a idéia de que a juventude oriental se alia a organizações terroristas, como a Al Qaeda, 
por não terem oportunidades de estudar ou de empregos. Esses países seriam inadequadamente 
modernizados, com governos autoritários, o que conferiria apenas tal caminho aos jovens. O que 
esses países necessitariam, então, seria de uma maior integração com a globalização neoliberal 
ocidental e a modernização de suas sociedades, o que forçaria os governos a sairem de seus modelos 
medievais e adotarem a democracia, além de diminuir o papel da religião na política, “salvando” essa 
juventude perdida. 
Porém, quando se analisa esse modelo democrático supostamente bem-sucedido dos países 
ocidentais, percebe-se que este muito se deve à intensa exploração colonial de décadas anteriores, 
em que as potências apoiaram os governos autoritários a fim de tirar maior proveito das mesmas. 
Então, países que apoiam regimes autoritários em outros países podem ser considerados totalmente 
democráticos? 
A verdade é que a herança colonial é muito forte nesses países orientais, em que as práticas 
coloniais marcaram os povos coloniais de maneira extremamente negativa, fazendo parte da 
educação e até mesmo da política desses países. A repressão e exploração colonial nessa região 
acabou por influenciar nessa vasta gama de países ditatoriais no Oriente Médio, podendo-se incluir 
também a influência do capitalismo global e da Guerra Fria nesse contexto. Em outras palavras, esses 
modelos autoritários refletem diretamente a forma que a modernidade tomou nos países dessa 
região. 
Assim, é impossível se pensar que, por mais brutal e repressora fosse Saddam Hussein, a idéia 
dos soldados norte-americanos serem aplaudidos ao chegarem em território iraquiano é 
inimaginável para qualquer cidadão tercer-mundista. As raízes culturais que ficaram de herança da 
época colonial falam mais alto. É importante ressaltar também que a longa história de colonialismo 
no Orienté Médio teria maior responsabilidade nos atentados de 11/9 do que a própria religiosidade. 
A própria idéia de jihad (guerra santa) é periférica à cultura muçulmana, sendo que esta era 
definida em termos de uma quest pessoal por salvação, e não como instrumento político. Na 
verdade, essa idéia de jihad atrelada à política é proveniente da Guerra do Afeganistão, nas décadas 
de 70-80, em que o próprio governo norte-americano financiou o conflito através dos mujahidin, 
contra a influência comunista. 
Há um necessidade de se ir além dos termos “terrorismo” ou “fundamentalismo islâmmico” 
para que se possa entender as políticas de resistência aos norte-americanos e sua política externa. 
Esse entendimento sempre deve partir da idéia de entendimento e atenção ao argumento do outro, 
não se recusando a ouvir o que o outro tem a falar. Não há a necessidade de concordância, mas pelo 
menos de debate. 
Vemos que a teoria pós-colonial lida com a idéia de que a globalização neoliberal detem uma 
relação muito problemáica com a história da colonização no terceiro mundo, e que o “terrorismo 
religioso” estaria diretamente atrelado a essas questões de resistência colonial.Em suma, podemos 
ver que o pós-colonialismo é composto por algumas idéias centrais: 
(1) o “orientalismo diário” que permite o comportamento ignorante e violento dos EUA, 
principalmente, contra o Oriente Médio; 
(2) os laços que ligam o orientalismo à dominação colonial, e um posterior neocolonialismo nos 
países de 3º mundo; 
(3) a centralidade desses laços na prosperidade dos países de 1º mundo; 
(4) as políticas de resistência dos países orientais focam principalmente nessa narrativa colonialista 
que tanto afetou os países de 3º mundo; 
(5) a recusa da narrativa de igualdade entre o Ocidente moderno e racional e o “resto” como 
irracional e retrógrado. 
Resumo feito por Érica Araripe 
IRiscool 2011.2

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