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Introdução à Engenharia de Segurança contra Incêndios e Pânico

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SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 2 
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA ENGENHARIA DE PREVENÇÃO DE 
INCÊNDIOS ................................................................................................................ 4 
2.1 A ÁREA DE SEGURANÇA DE COMBATE A INCÊNDIO (SCI) E A FORMAÇÃO DO 
PROFISSIONAL NO BRASIL ........................................................................................... 5 
2.2 PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS DA ENGENHARIA DE COMBATE A INCÊNDIOS E PÂNICO .... 8 
2.3 ESTATÍSTICAS DOS INCÊNDIOS ............................................................................. 17 
2.4 OS GRANDES INCÊNDIOS E SUAS “LIÇÕES” ............................................................ 18 
UNIDADE 3 – OS INCÊNDIOS ................................................................................. 26 
3.1 O TRIÂNGULO DO FOGO ....................................................................................... 27 
3.2 CAUSAS DOS INCÊNDIOS ..................................................................................... 30 
3.3 A CLASSIFICAÇÃO DE INCÊNDIOS E DOS MATERIAIS ................................................ 31 
3.4 EQUAÇÕES DAS FASES DO INCÊNDIO .................................................................... 37 
UNIDADE 4 – A FUMAÇA NOS INCÊNDIOS .......................................................... 43 
4.1 A VISIBILIDADE NO AMBIENTE ENFUMAÇADO .......................................................... 43 
4.2 A TOXICIDADE .................................................................................................... 45 
4.3 O PROCESSO DE CONTROLE DA FUMAÇA ............................................................... 48 
UNIDADE 5 – MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO .......................... 52 
5.1 MEDIDAS PASSIVAS ............................................................................................. 53 
5.2 MEDIDAS ATIVAS................................................................................................. 55 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 58 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
Vamos começar nosso curso e módulo com uma palavra básica e essencial: 
o fogo! Definido no dicionário Aurélio como produto da combustão de matérias 
inflamáveis, mas também com o sentido figurado de ardor, paixão, entusiasmo, 
energia, excitação. Do latim “focu”, substantivo masculino, podemos interpretar a 
palavra fogo de várias maneiras, nos interessando, é claro, nesse momento, a sua 
capacidade de causar danos pessoais e 
patrimoniais ao ser humano. 
Acreditamos ser de conhecimento de 
todos que a descoberta do fogo pelo homem 
foi uma das condições essenciais para que 
ele sobrevivesse e evoluísse ao longo dos 
milênios, entretanto, numa via de mão dupla, 
o fogo é um dos nossos principais inimigos 
em situações adversas. 
Sabemos também que quando se 
trata de coletividade (mas não somente nesta condição, é claro!), a segurança contra 
incêndios é um dos primeiros pontos a se considerar nos projetos de edificações. 
Afinal de contas, o velho ditado cai muito bem: “antes prevenir do que remediar”! 
Partindo dessas premissas, o projeto de uma edificação pode ser 
considerado o primeiro passo para reduzir o risco de incêndio, pois nele já se pode 
antecipar e, evidentemente, contribuir para a redução das cargas de incêndio e de 
fumaça, tanto considerando sua estrutura, seus elementos de vedação e materiais 
de acabamento, quanto considerando seu conteúdo. 
O objetivo primário da segurança contra incêndio nas edificações é proteger 
a vida humana. Mas a proteção ao patrimônio, de objetivo secundário, também vem 
sendo requerida em edificações comerciais, uma vez que os danos estruturais 
resultantes do sinistro podem levar à paralisação das atividades econômicas e afetar 
a imagem das empresas, onerando significativamente seus proprietários (COSTA, 
2008). 
 
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A redução do risco de incêndio em uma edificação, pela limitação da carga 
de incêndio, ocorre de duas formas: 
- primeiro, pelo controle da quantidade de material disponível para a 
combustão – carga de incêndio propriamente dita; 
- segundo, pela redução da quantidade de fumaça produzida, o que depende 
das características específicas do material – carga de fumaça. 
Pois bem, neste módulo veremos os princípios e fundamentos da 
Engenharia de segurança contra incêndio e pânico, conceitos básicos, estatísticas e 
casos de incêndios que, além de terem chocado por sua extensão, trouxeram novos 
conhecimentos que possibilitaram inovações em termos de segurança. Também 
daremos algumas pinceladas nos elementos que fazem parte do triângulo do fogo, 
as medidas de segurança que são classificadas em ativas e passivas, certa ênfase 
será dada para a questão da fumaça e das equações das fases do incêndio. 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como 
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um 
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados 
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, 
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma 
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas 
opiniões pessoais. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, 
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos 
estudos. 
 
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UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA ENGENHARIA DE 
PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS 
 
Além de Campos e Conceição (2006), temos vários outros autores que 
convergem na definição para a engenharia de proteção (ou segurança) contra 
incêndios como sendo o campo da engenharia que trabalha na salvaguarda da vida 
e do patrimônio, bem como na atenuação de eventuais perdas devidas ao fogo e 
explosões e outros danos decorrentes do sinistro. Os objetivos fundamentais da 
segurança contra incêndio e pânico são minimizar o risco à vida e a perda 
patrimonial. 
A atividade de segurança contra incêndio e pânico relaciona diversos atores 
sociais: usuários, órgãos públicos de fiscalização, seguradoras, empresas 
fabricantes de equipamentos de segurança, empresas de instalação e de 
manutenção, profissionais de projeto e construtoras, além de entidades e 
laboratórios de pesquisa. 
As medidas de proteção contra incêndio e pânico podem ser englobadas em 
duas categorias: medidas de proteção passiva e medidas de proteção ativa, as quais 
veremos em uma unidade específica,de todo modo: 
 proteção passiva, de acordo com a NBR nº 14.432 da Associação Brasileira 
de Normas Técnicas (ABNT), é o conjunto de medidas incorporado ao 
sistema construtivo do edifício, sendo funcional durante o uso normal da 
edificação e que reage passivamente ao desenvolvimento do incêndio, não 
estabelecendo condições propícias ao seu crescimento e propagação, 
garantindo a resistência ao fogo, facilitando a fuga dos usuários e a 
aproximação e o ingresso no edifício para o desenvolvimento das ações de 
combate; 
 proteção ativa, também de acordo com a NBR nº 14.432, é o tipo de proteção 
contra incêndio que é ativada manual ou automaticamente em resposta aos 
estímulos provocados pelo fogo, composta basicamente das instalações 
prediais de proteção contra incêndio. 
 
 
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Um sistema de proteção contra incêndio e pânico consiste, então, em um 
conjunto de medidas ativas e passivas, que atuando em conjunto, têm como 
principais objetivos: 
 dificultar o surgimento e a propagação do incêndio; 
 facilitar a fuga das pessoas da edificação no caso de ocorrência de um 
sinistro, garantindo a integridade física das vítimas e; simultaneamente, 
 facilitar as ações de salvamento e combate das corporações de bombeiros, 
tornando-as rápidas, eficientes e seguras. 
Conhecer bem o incêndio conduzirá à proposição de medidas de proteção 
contra incêndio e pânico eficientes e adequadas aos propósitos de proteção à vida e 
ao patrimônio. Desse modo, a seleção dos sistemas de proteção adequados à 
edificação deve ser feita tendo por base os riscos de início de um incêndio, de sua 
propagação e de suas consequências. É necessário também identificar a extensão 
do dano que pode ser considerado tolerável. Entender o comportamento do incêndio 
numa edificação é, certamente, o primeiro passo para a efetivação da segurança 
contra incêndio e pânico, tema que também será discutido em outra unidade 
específica. 
Campos; Conceição (2006) ainda ressaltam que além do conhecimento 
técnico sobre os sistemas de proteção contra incêndio e pânico, faz-se necessária 
uma abordagem legalista do assunto que envolve as normas e instruções técnicas 
além, é claro, da legislação pertinente. 
 
2.1 A área de Segurança de Combate a Incêndio (SCI) e a formação do 
profissional no Brasil 
Internacionalmente, a Segurança de combate a incêndio (SCI) é encarada 
como uma ciência, portanto uma área de pesquisa, desenvolvimento e ensino. 
Vemos uma enorme atividade nessa área na Europa, nos EUA, no Japão e, em 
menor intensidade, mas em franca evolução, em outros países (DEL CARLO, 2008). 
As atividades nessa área do conhecimento envolvem milhões de pessoas, 
fazendo com que essa ciência cresça rapidamente, tanto que já é uma tendência 
internacional a exigência de que todos os materiais, componentes, sistemas 
construtivos, equipamentos e utensílios usados nas edificações sejam analisados e 
 
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testados do ponto de vista da SCI. Para alcançar um desempenho cada vez maior, a 
sociedade vem desenvolvendo novas soluções em todas essas áreas. 
Fernandes (2010) pondera que dentre as áreas abrangidas pela Engenharia 
Civil, sem dúvida nenhuma, a que tem despertado interesse considerável é a 
“Prevenção de Incêndio e Pânico”, pois possui um mercado de trabalho bastante 
amplo e com possibilidade de crescimento, pois as exigências dos órgãos públicos 
em assuntos de segurança preventiva, tem sido cada vez maiores. Destacando-se 
neste caso específico os Corpos de Bombeiros de todo o país, que tem aperfeiçoado 
cada vez mais as suas exigências quanto a sistemas preventivos. 
A legislação e os códigos de SCI vêm sendo substituídos para as 
edificações mais complexas pela engenharia de SCI, outra área também em 
expansão internacionalmente e, concomitantemente, as tecnologias que vêm se 
desenvolvendo, como eletrônica, robótica, informática, automação, entre outros, 
estão mais presentes em todas as áreas de conhecimento da SCI. 
A demanda por engenheiros, pesquisadores e técnicos em SCI é crescente, 
e ainda existe falta de mão de obra no mercado internacional (DEL CARLO, 2008). 
Em se tratando do Brasil, vimos nossa passagem de país rural para urbano 
e industrial num curto espaço de tempo, o que dentre possíveis consequências 
negativas encontramos o aumento de risco de incêndio. 
Números grosseiros nos mostram que de uma população de 8.400.000 mil 
pessoas em 1872 passamos para 80 milhões de pessoas por volta de 1995. 
Evidentemente que cidades mais densamente povoadas tendem igualmente 
a um aumento da possibilidade de incêndio, sem esquecermos as bacias petrolíferas 
que também apresentam alto risco de explosões como aconteceu recentemente na 
costa brasileira. 
Na opinião de Del Carlos (2008), em se tratando dos esforços de segurança 
em decorrência do aumento da população, nada foi realizado a contento, ou seja, 
falta: 
 melhorar a regulamentação; 
 aumentar os contingentes; 
 atender todos os municípios; 
 melhorar os equipamentos; 
 
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 melhorar a formação dos arquitetos, engenheiros, bombeiros, técnicos e 
população. 
Ele acredita que talvez a SCI tenha sido colocada em segundo plano dentro 
desse desenvolvimento desenfreado, por ser uma área complexa do conhecimento 
humano, envolvendo todas as atividades do homem, todos os fenômenos naturais, 
toda a produção industrial, ou seja, deve estar presente sempre e em todos os 
lugares e justifica que a pouca literatura nacional em SCI contribui para o pouco 
avanço da área, o que faz parte das deficiências naturais de um país em construção. 
Quanto à formação do profissional no Brasil, os currículos das faculdades de 
arquitetura e engenharia têm um conteúdo extenso e apertado, não permitindo 
absorver outros conhecimentos, sendo necessária uma profunda reformulação para 
que a SCI seja absorvida. 
Enquanto isso não acontece, mesmo porque não há professores 
suficientemente formados para a área, só temos cursos de pós-graduação, 
tornando-se assim uma especialização exigente porque estes profissionais precisam 
estar constantemente atualizados e perceberem a importância do desenvolvimento 
de projetos de SCI seguindo a legislação que cada dia se torna mais avançada e 
exigente. 
Voltando um pouco à SCI no Brasil, Fernandes (2010) elenca os seguintes 
acontecimentos evolutivos: 
 na década de 70 iniciou-se no Brasil os primeiros estudos relativos à 
segurança contra incêndio, tendo sido implantado o laboratório de segurança 
contra incêndios no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do Estado de 
São Paulo, patrocinado pela JICA – Japan International Cooperation Agency 
–, que resultou em instalações de ensaios de fumaça e teste materiais frente 
ao fogo, sendo este uma referência em nível nacional; 
 em Brasília, também com ajuda da JICA houve a implantação de umLaboratório de Investigação Científica e Incêndio; 
 na implantação dos laboratórios e na formação dos técnicos, houve apoio 
significativo do NBS – National Bureaux of Standards, hoje NIST – National 
Institute for Standards and Tecnology; 
 
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 nos últimos quarenta anos, a população brasileira dobrou e aliado a isto, ela 
migrou dos campos para a cidade, ocasionando um incremento industrial, a 
diversificação comercial e uma alta capacidade de prestação de serviços. 
 
2.2 Princípios e fundamentos da engenharia de combate a incêndios e pânico 
Complementando o que foi exposto anteriormente, pouco a pouco a 
segurança vem se convertendo numa ciência completa e multidisciplinar. No 
passado, os profissionais de segurança exerciam suas funções empiricamente, 
utilizando apenas treinamentos básicos adquiridos em suas ocupações. Atualmente, 
os diversos ramos da segurança (pessoal, patrimonial, do trabalho, contra incêndio) 
usam em larga escala recursos profundamente tecnológicos (CAMPOS; 
CONCEIÇÃO, 2006). 
Como ramo da engenharia que trabalha em prol da vida humana e do 
patrimônio, buscando a proteção contra incêndios, o engenheiro de proteção contra 
incêndios utiliza métodos científicos e matemáticos na análise do fogo e no projeto 
de instalações seguras. Porém, o engenheiro de proteção contra incêndios não só 
se preocupa com isso, mas também com a segurança da vida humana. É por isso 
que muitos se referem à profissão como a segurança contra incêndio e pânico, 
unindo, assim, a segurança da vida humana em ocorrências relacionadas ao fogo ou 
ao pânico com a proteção patrimonial contra incêndios. 
A segurança contra incêndio e pânico é uma área bastante dinâmica, uma 
vez que está intimamente relacionada à evolução dos conhecimentos técnico-
científicos. Mas, sua dinamicidade não está (nem pode estar) restrita ao 
conhecimento tecnológico, ela deve levar em consideração a forte inter-relação com 
os demais ramos do conhecimento. 
A segurança contra incêndio e pânico, portanto, resulta da interação positiva 
dos diversos ramos da engenharia (civil, elétrica, mecânica, entre outras) com as 
áreas físico-química, econômico-administrativas e comportamentais, ou seja, a 
consecução da segurança contra incêndio e pânico deve ponderar aspectos técnico-
materiais com aspectos socioeconômicos na dualidade homem-meio (CAMPOS; 
CONCEIÇÃO, 2006). 
 
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Vimos que a atividade de segurança contra incêndio e pânico relaciona 
diversos atores sociais. Cada um desses setores da sociedade tem interesses 
específicos, que, por vezes, entram em conflito. Esses interesses conflitantes muitas 
vezes são totalmente legítimos, logo, é preciso que os interesses de cada setor 
sejam equilibrados e respeitados. Nesse sentido está a atuação dos órgãos de 
fiscalização, em particular do Corpo de Bombeiros Militar, o qual tem dentre suas 
funções primordiais, a garantia da segurança da população. 
Vamos falar rapidamente sobre essa Corporação que é órgão integrante da 
segurança pública! 
De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 144, 
 
a segurança pública é dever do Estado e direito e responsabilidade de 
todos, sendo exercida por meio de alguns órgãos para a preservação da 
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Aos corpos 
de bombeiros militares cabe as funções de defesa civil e outras 
especificadas em lei. 
 
Se pensarmos no Estado de Minas Gerais, encontraremos a Lei nº 14.130, 
de 19 de dezembro de 2001, que dispõe sobre a prevenção contra incêndio e pânico 
no Estado e dá outras providências. 
 Art. 2º Para os fins do artigo 1º, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas 
Gerais – CBMMG, no exercício da competência que lhe é atribuída no inciso I do art. 
3º da Lei Complementar nº 54, de 13 de dezembro de 1999, desenvolverá as 
seguintes ações: 
I - análise e aprovação do sistema de prevenção e combate a incêndio e 
pânico; 
II - planejamento, coordenação e execução das atividades de vistoria de 
prevenção a incêndio e pânico nos locais de que trata esta lei; 
III - estabelecimento de normas técnicas relativas à segurança das pessoas 
e seus bens contra incêndio ou qualquer tipo de catástrofe; 
IV - aplicação de sanções administrativas nos casos previstos em lei. 
Parágrafo único: as normas técnicas previstas no inciso III do “caput” deste 
artigo incluirão instruções para a instalação de equipamento para detectar e prevenir 
 
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vazamento de gás (Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 17.212, de 
12/12/2007). 
No caso do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), a lei 
que define suas competências é a de nº 8.255 (LOB – Lei de Organização Básica), 
de 20 de novembro de 1991, regulamentada pelo Decreto nº 16.036 (RLOB – 
Regulamento da Lei de Organização Básica), de 4 de novembro de 1994. 
A LOB e o RLOB definem as diversas competências do CBMDF, como, por 
exemplo: 
 realizar serviços de prevenção e extinção de incêndios; 
 efetuar perícias de incêndios; 
 promover pesquisas técnico-científicas com vistas à obtenção de produtos e 
processos que permitam o desenvolvimento de sistemas de segurança contra 
incêndio e pânico; 
 realizar atividades de segurança contra incêndio e pânico com vistas à 
proteção das pessoas e dos bens públicos e privados; 
 fiscalizar o cumprimento da legislação referente à prevenção contra incêndio 
e pânico; e, 
 desenvolver na comunidade a consciência para os problemas relacionados 
com a segurança contra incêndio e pânico. 
 
Outro exemplo, agora o Estado de Pernambuco (1996), segundo seu Código 
de Segurança contra incêndio e pânico, o Corpo de Bombeiros Militar tem como 
competência: 
Art. 3º. [...] o estudo, a análise, o planejamento, a fiscalização e a execução 
das normas que disciplinam a segurança das pessoas e de seus bens contra 
incêndio e pânico em todo o Estado de Pernambuco, na forma prevista neste 
Código. 
Parágrafo único - Para o cumprimento do disposto neste artigo, o Estado, 
por intermédio do CBMPE, efetivará a celebração de convênios, ajustes ou outros 
instrumentos congêneres, com órgãos da administração direta e indireta federal, 
estadual ou municipal, bem como com entidades privadas. 
 
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Art. 4º Competirá, ainda, ao CBMPE, baixar normas técnicas objetivando o 
detalhamento de instalações dos sistemas de segurança contra incêndio e pânico 
previstos neste Código, em conformidade com o disposto no artigo 42,inciso III, da 
Constituição do Estado de Pernambuco. 
Como se observa, a segurança contra incêndio e pânico envolve a 
prevenção, o combate (consequentemente a extinção) e a perícia de incêndios, mas 
não somente em edificações urbanas, também incêndios florestais, os quais não 
veremos neste curso. 
Voltemos aos princípios da segurança contra incêndio, frisando sempre que 
o objetivo fundamental da segurança contra incêndio e pânico é minimizar o risco à 
vida e a perda patrimonial. 
 Entende-se como risco à vida a exposição severa dos usuários da edificação 
e das populações adjacentes ao incêndio e seus efeitos (fumaça, calor e 
pânico). 
 Entende-se como perda patrimonial a destruição parcial ou total da edificação, 
dos estoques, dos documentos, dos equipamentos ou dos acabamentos do 
edifício sinistrado ou da vizinhança, além dos prejuízos ambientais e dos 
danos indiretos decorrentes da interrupção das atividades desenvolvidas na 
edificação sinistrada. 
Uma forma de minimizar os riscos à vida e às perdas patrimoniais é evitar 
que um incêndio, caso iniciado, torne-se incontrolável, posto que, nessa situação, 
certamente ocorrerão perdas significativas. E, mais que isso, deve-se tentar impedir 
que o incêndio ocorra. Esse objetivo pode ser alcançado por meio de alguns 
princípios: 
a) Controle da natureza e da quantidade dos materiais combustíveis 
constituintes e contidos no edifício. 
b) Compartimentação horizontal e vertical dos edifícios. 
c) Dimensionamento da proteção e resistência estrutural ao fogo. 
d) Isolamento dos riscos (limitar a propagação entre edificações). 
e) Dimensionamento dos sistemas de detecção, alarme e extinção de incêndio. 
f) Criação de rotas de fuga sinalizadas, iluminadas e livres da fumaça e do 
calor. 
 
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g) Criação de acesso às equipes de combate a incêndio. 
h) Treino da população para combater princípios de incêndio e realização do 
abandono seguro do edifício. E, 
i) Manutenção dos sistemas de proteção contra incêndio instalados (VARGAS; 
SILVA, 2003; CAMPOS; CONCEIÇÃO, 2006). 
O incêndio inicia-se, em geral, a partir de materiais combustíveis 
depositados na edificação. Mas, à medida que as chamas se espalham sobre a 
superfície do primeiro objeto significado e, talvez, para outros objetos contíguos, o 
processo de combustão torna-se mais fortemente influenciado por fatores 
característicos do ambiente. Caso haja ventilação suficiente para sustentar o 
incêndio, a temperatura do ambiente irá se elevar, transportando camadas de gases 
quentes para a parte superior do compartimento e originando intensos fluxos de 
energia térmica radiante. Consequentemente, os materiais combustíveis ali 
presentes emitirão gases inflamáveis que se incendiarão, dando início à 
generalização do incêndio, momento em que todo o ambiente ficará envolvido pelo 
fogo. 
No intuito de dificultar a ocorrência do incêndio (mais propriamente de sua 
inflamação generalizada), limitar a sua propagação e reduzir a produção de gases 
tóxicos na fumaça de incêndio, é importante não só controlar a quantidade e a 
natureza de material combustível depositado na edificação (carga de incêndio 
temporal), como também controlar a quantidade e a natureza de materiais 
combustíveis incorporados aos elementos construtivos (carga de incêndio 
incorporada). Essa ação está relacionada com a reação ao fogo dos materiais, que é 
a contribuição para o desenvolvimento do fogo, ao sustentar a combustão e 
possibilitar a propagação superficial das chamas (VARGAS; SILVA, 2003; CAMPOS; 
CONCEIÇÃO, 2006). 
Ainda com vistas à limitação da produção e propagação de fumaça e calor 
no interior da edificação, a principal medida a ser adotada consiste na 
compartimentação horizontal e vertical, a qual visa dividir o edifício em células 
capacitadas a suportar a queima dos materiais combustíveis nelas contidos. Essa 
medida deve ser acompanhada de cuidados como a ventilação do ambiente de 
modo a controlar a severidade do incêndio e a extração de fumaça. 
 
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A capacidade dos elementos construtivos de suportar a ação do incêndio 
denomina-se resistência ao fogo e refere-se ao tempo durante o qual conservam 
suas características funcionais de vedação e/ou estabilidade estrutural. O correto 
dimensionamento da resistência ao fogo dos elementos estruturais proporciona uma 
fuga segura aos ocupantes da edificação, garante um tempo mínimo de ação para 
as equipes de socorro e minimiza danos à própria edificação, à vizinhança, à 
infraestrutura pública e ao meio ambiente. 
Mesmo que um prédio se incendeie é oportuno evitar a propagação do 
incêndio desse para os adjacentes. O isolamento entre riscos permite restringir o 
incêndio, fazendo com que as edificações próximas não sofram os efeitos do 
sinistro. O isolamento de risco pode ser obtido por meio de afastamento horizontal 
entre fachadas ou por barreiras (paredes corta-fogo) (NBR 9077; VARGAS; SILVA, 
2003; CAMPOS; CONCEIÇÃO, 2006). 
Quando a edificação dispõe de sistemas de proteção contra incêndio, a 
probabilidade de o incêndio sair de controle em edificações dotadas desses 
sistemas é menor, se comparadas com outras que não os possuam. 
Vejamos a tabela abaixo que relaciona alguns meios de detecção e extinção 
de incêndio com a probabilidade do seu controle. 
 
Efeito da extinção e detecção automáticas do incêndio 
Meios de proteção Probabilidade do incêndio sair 
de controle 
Corpo de bombeiros. 1:10 
Chuveiros automáticos. 2:100 
Corpo de bombeiros de alto padrão 
combinado com sistema de alarme. 
Entre 1:100 e 1:1000 
Corpo de bombeiros de alto padrão 
combinado com chuveiro automático. 
1:10000 
Fonte: Plank (1996 apud VARGAS e PIGNATTA, 2003). 
 
Ressalte-se a importância da manutenção periódica dos sistemas de 
proteção que confere confiabilidade ao sistema e segurança à edificação e seus 
 
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ocupantes, além da educação que é medida essencial da segurança contra 
incêndio, uma vez que nos leva a inserir a cultura prevencionista na população. 
A cultura prevencionista pode ser disseminada pelos bombeiros, pelos 
brigadistas, pelos professores, pelos lojistas, enfim, por diversas pessoas 
capacitadas para tal fim. E pode ser feita por meio de palestras, cartilhas, 
treinamentos práticos, visitas, entre outros. Esta talvez seja a medida mais eficaz na 
obtenção do grau de excelência na segurança contra incêndio e pânico (CAMPOS; 
CONCEIÇÃO, 2006). 
Ao fazermos uma comparação entre incêndios e acidentes no trânsito com 
vítimas fatais, a segunda ocorrência apresenta trinta vezes mais probabilidade de 
ocorrer, mesmo assim, a segurança contra incêndio deve tratar prioritariamente dos 
fatores que influenciam a segurança da vida, os quais estão intimamente 
relacionados às medidas de proteção que visem à evacuação das pessoas da 
edificaçãosinistrada (VARGAS; PIGNATTA, 2003). 
Sobre o tempo de evacuação de uma edificação em situação de incêndio, 
podemos dizer que é função da: 
 estrutura da edificação (altura, área, saídas, entre outras); 
 quantidade de pessoas e de sua mobilidade (idade, estado de saúde, entre 
outros). 
Portanto, as medidas de segurança necessárias são diferentes quando 
aplicadas: 
 a edifícios altos em relação a edifícios térreos; 
 a edifícios com alta densidade de pessoas (escritórios, hotéis, lojas e teatros); 
 àqueles com poucas pessoas (depósitos); 
 a edifícios concebidos para habitação de pessoas de mobilidade limitada 
(hospitais, asilos); e, 
 àqueles com ocupantes saudáveis (complexos esportivos). 
Quanto à morte em incêndio, geralmente esta é provocada pela fumaça ou 
pelo calor, conforme pode ser observado na tabela abaixo. 
 
Causa de mortes em incêndios de edifícios 
País Calor e fumaça Outras causas 
 
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15 
França 95% 5% 
Alemanha 74% 26% 
Países baixos 90% 10% 
Reino Unido 97% 3% 
Suíça 99% 1% 
Fonte: Plank (1996 apud VARGAS e PIGNATTA, 2003, p. 10). 
 
O risco de morte ou ferimentos graves pode ser avaliado em termos do 
tempo necessário para alcançar níveis perigosos de fumaça ou gases tóxicos e 
temperatura, comparado ao tempo de escape dos ocupantes da área ameaçada. 
Isso significa que uma rota de fuga adequada, bem iluminada, bem sinalizada, 
desobstruída e estruturalmente segura é essencial na proteção da vida em casos de 
incêndio. 
Devem ser tomados os devidos cuidados para limitar a propagação da 
fumaça e do fogo, que podem afetar a segurança das pessoas em áreas distantes 
da origem do incêndio ou mesmo entre edifícios vizinhos. 
Para fecharmos esse tópico, vejamos no quadro abaixo um resumo dos 
fatores e suas influências na intensidade do incêndio e as exigências de resistência 
ao fogo. 
 
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Fonte: Vargas e Pignatta (2003, p. 11). 
 
 
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2.3 Estatísticas dos incêndios 
No Brasil, as estatísticas de incêndio não são feitas no âmbito nacional e, 
portanto, não se sabe o quanto se perde precisamente com os sinistros de incêndio 
e qual é o seu perfil (CUOGHI, 2006). 
Embora o dado seja de 20 anos atrás, vale a citação de Seito (1995), o qual 
estima que as perdas indiretas superam as perdas diretas dos sinistros de incêndio e 
mais de 30% das empresas que sofreram incêndio total, apesar de receberem 
indenização securitária e retomarem suas atividades, saem do mercado dentro de 2 
a 3 anos após seu retorno. 
O Instituto Sprinkler Brasil realiza estatísticas de incêndios em locais 
construídos e que poderiam ter sido contornados com o uso de sprinklers, excluídas 
as residências, a partir da compilação de dados de notícias sobre os chamados 
“incêndios estruturais”. Segundo o Instituto, em 2013, ocorreram 1.095 incêndios 
distribuídos entre galpões, comércio, indústrias, bancos, empresas públicas, 
escolas, hospitais, aeroportos, entre outros. Isto representa 91 ocorrências 
noticiadas, em média, por mês. Em 2012, foram noticiadas 755 ocorrências de 
incêndios estruturais, gerando a média de 40 matérias mensais sobre o tópico 
(INSTITUTO SPRINKLER BRASIL, 2013). 
O que sabemos, com certeza é que a manutenção de sistemas de coleta, 
tratamento e análise de dados sobre incêndios permitem organizar programas de 
proteção, prevenção contra incêndios e educação em nível local e nacional e que 
até mesmo na internet podemos encontrar, organizados por diversos países, dados 
sobre ocorrências de incêndios. 
Sabemos também que o incêndio deixa rastros tais como: motivos, origem, 
temperaturas, reações químicas incompletas, velocidade de propagação, materiais 
queimados, carga incêndio, entre outros, portanto, a pesquisa científica e 
investigativa pode nos levar a uma análise conclusiva dos fenômenos físicos, 
químicos e humanos envolvidos no incêndio. 
Os incêndios em sua maior parte são causados pelo que se chama de 
comportamento de risco, isto é, um conjunto de atos cometidos pelo ser humano, por 
imprudência, imperícia ou negligência, que vem desencadear a ocorrência de 
 
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incêndio. O desconhecimento dos reais riscos de incêndio e o descaso na previsão 
de medidas de segurança são as duas principais causas da ocorrência de incêndio. 
(MELO, 1999). 
O incêndio pode surgir por variadas razões, cujas causas mais comuns são: 
as causas fortuitas e as acidentais (GOMES, 1998). 
Uma ponta de cigarro ou fósforo incandescente, largada em cesto ou lata de 
lixo, tomada elétrica sobrecarregada, pano impregnado com álcool, éter, gasolina, 
cera, querosene e outros inflamáveis guardados sem o menor cuidado, fio elétrico 
energizado sem isolamento ou desprotegido, em contato com papel, tecido ou outro 
material combustível, equipamento elétrico funcionando regularmente, apresentando 
alta temperatura e/ou centelhamento são exemplos de causas fortuitas. 
Alguns exemplos de causas acidentais: vazamento de líquido inflamável em 
área de risco, concentração de gás inflamável em área confinada, curto circuito em 
aparelho elétrico energizado ou em fiação não isolada adequadamente, combustão 
espontânea, eletricidade estática, entre outros (GOMES, 1998). 
 
2.4 Os grandes incêndios e suas “lições” 
Que as experiências, os acontecimentos, as tragédias sempre nos trazem 
grandes lições/aprendizagens não há dúvidas e em relação aos incêndios urbanos, 
estes também tiveram e ainda têm a capacidade de alterar a maneira de encarar e 
operar a segurança contra incêndio da sociedade brasileira, destacando que tais 
eventos geraram vontade e condições políticas para as mudanças e o modo como 
essa vontade se consubstanciou (GILL; NEGRISOLO; OLIVEIRA, 2008). 
Vejamos alguns dos incêndios que abalaram o Brasil. 
a) Gran Circo Norte-americano: 
O maior incêndio em perda de vidas, em nosso País, e de maior perda de 
vidas ocorridas em um circo até nossos dias, aconteceu em 17 de dezembro de 
1961, em Niterói (RJ) no Gran Circo Norte-Americano, tendo como resultado 503 
mortos e 400 feridos. Vinte minutos antes de terminar o espetáculo, um incêndio 
tomou conta da lona. Em três minutos, o toldo, em chamas, caiu sobre os dois mil e 
quinhentos espectadores. A ausência dos requisitos de escape para os 
espectadores, como o dimensionamento e posicionamento de saídas, a inexistência 
 
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de pessoas treinadas para conter o pânico e orientar o escape, entre outros, foram 
as causas da tragédia. 
As pessoas morreram queimadas e pisoteadas. A saída foi obstruída pelos 
corpos amontoados. 
O incêndio teve origens intencionais, criminosas. Seu autor foi julgado e 
condenado, e a tragédia teve repercussão internacional, com manifestações do 
Papa e auxílio dos EUA, que forneceram 300 metros quadrados de pele humana 
congelada para ser usada no tratamento das vítimas. 
 
b) Indústria Volkswagen 
Até dezembro de 1970, nenhum grande incêndio em edificações havia 
impactado a abordagem que o Poder Público e, especialmente, as seguradoras 
faziam do problema no Brasil. 
Era linguagem quase corrente que o padrão de construção – em alvenaria – 
aliado à ocupação litorânea de uma área com alta umidade relativa do ar, se não 
impediam, ao menos minimizavam, a possibilidade da ocorrência de grandes 
incêndios. 
O incêndio na Ala 13 da montadora de automóveis Volkswagen, em São 
Bernardo do Campo, ocorrido em 18 de dezembro de 1970, consumindo um dos 
prédios da produção (Ala 13), com uma vítima fatal e com perda total dessa 
edificação, além de ser um grande exemplo de um novo tipo de conflagração – o 
ocorrido em uma só edificação –, apontou que a apregoada ausência de risco não 
passava de crença ingênua. 
Efetuando-se uma única comparação, que reafirma o fato de não 
importarmos aprendizados e soluções, podemos destacar que em 12 de agosto de 
1953, incendiaram-se as instalações da General Motors, em Livonia, Michigan, EUA. 
Pela incapacidade de penetrar nas instalações, totalmente tomadas pela fumaça, as 
perdas materiais foram totais. As perdas humanas contabilizaram quatro mortes e 
quinze pessoas seriamente feridas. 
Após esse incêndio, iniciaram-se os estudos para a implantação de sistemas 
de controle de fumaça – ausentes nas instalações da Volkswagen – que somente 
 
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começaram a ser realmente exigidos no Brasil a partir de 2001, na regulamentação 
do Corpo de Bombeiros de São Paulo (GILL; NEGRISOLO; OLIVEIRA, 2008). 
 
c) Edifício Andraus 
O primeiro grande incêndio em prédios elevados ocorreu em 24 de fevereiro 
de 1972, no edifício Andraus, na cidade de São Paulo. Tratava-se de um edifício 
comercial e de serviços (Loja Pirani e escritórios), situado na Avenida São João 
esquina com Rua Pedro Américo, com 31 andares, estrutura em concreto armado e 
acabamento em pele de vidro. Acredita-se que o fogo tenha começado nos cartazes 
de publicidade das Casas Pirani, colocados sobre a marquise do prédio. 
Do incêndio resultaram 352 vítimas, sendo 16 mortos e 336 feridos. Apesar 
de o edifício não possuir escada de segurança e a pele de vidro haver 
proporcionado uma fácil propagação vertical do incêndio pela fachada, mais pessoas 
não pereceram pela existência de instalações de um heliponto na cobertura, o que 
permitiu que as pessoas que para lá se deslocaram, permanecessem protegidas 
pela laje e pelos beirais desse equipamento. 
Características do edifício: 
 não tinha chuveiros automáticos, sinalização das saídas de emergência, 
iluminação de emergência, alarme manual; 
 forros e acabamentos eram combustíveis. 
Muitos dali foram retirados por helicópteros, apesar de a escada do edifício 
estar liberada para descida, as pessoas optaram por procurar abrigo no heliponto 
por temerem retornar ao interior do edifício. 
Esse incêndio gerou Grupos de Trabalho (GTs), especialmente nos âmbitos 
da cidade e do Estado de São Paulo. 
Com o passar do tempo, esses trabalhos foram perdendo o seu ímpeto 
inicial, e mesmo aqueles que conseguiram levar a termo suas tarefas, viram seus 
esforços caminharem para um processo de engavetamento dos estudos e 
proposições. 
Estudou-se a reestruturação do corpo de bombeiros, criando-se Comandos 
de Corpo de Bombeiros dentro das Polícias Militares (PM), pois, até então, com 
 
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exceção do corpo de bombeiros do Rio de Janeiro e de Brasília, todos eram 
orgânicos às PM. 
A Prefeitura de São Paulo passou a estudar a reformulação de seu Código 
de Obras (oriundo de 1929, e atualizado em 1955). 
 
d) Edifício Joelma 
Esse edifício, também construído em concreto armado, com fachada 
tradicional (sem pele de vidro), situa-se na Avenida Nove de Julho, 22 (Praça da 
Bandeira), possuindo 23 andares de estacionamentos e escritórios. 
Ocorrido em 1º de fevereiro de 1974, gerou cento e setenta e nove mortos e 
trezentos e vinte feridos. 
Características do edifício: 
 assim como o Andraus, não possuía escada de segurança; 
 não tinha chuveiros automáticos, sinalização das saídas de emergência, 
iluminação de emergência, alarme manual, nem plano de evacuação; 
 forros e acabamentos eram combustíveis. 
Nesse incêndio, como ocorrera no da Triangle Shirtwait Factory, pessoas se 
projetaram pela fachada do prédio, gerando imagens fortes e de grande comoção (a 
maior parte das pessoas que se projetou do telhado caiu em pátio interno, longe das 
vistas da população). 
Muitos ocupantes do edifício pereceram no telhado, provavelmente 
buscando um escape semelhante ao que ocorrera no edifício Andraus. 
Somado ao incêndio do edifício Andraus, pela semelhança dos 
acontecimentos e proximidade espacial e temporal, o incêndio causou grande 
impacto, dando início ao processo de reformulação das medidas de segurança 
contra incêndios. 
Ainda durante o incêndio, o comandante do corpo de bombeiros da cidade 
de São Paulo, munido dos dados que embasavam os estudos da reorganização 
desse corpo de bombeiros, revela à imprensa as necessidades de aperfeiçoamento 
da organização. 
Mostram-se, portanto, igualmente falhos e despreparados para esse tipo de 
evento, os poderes municipal e estadual. 
 
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22 
O primeiro por deficiências em sua legislação e por descuidar do corpo de 
bombeiros, pelo qual era responsável solidariamente com o Estado. O segundo 
pelas deficiências do corpo de bombeiros (GILL; NEGRISOLO; OLIVEIRA, 2008). 
 
e) Boate Kiss – Santa Maria (RS) 
Em linhas gerais um artefato pirotécnico iniciou o incêndio ao atingir o forro 
composto de espuma e isopor, uma combinação típica para causar muita fumaça 
tóxica. 
Extintores de incêndio e outros equipamentos não funcionaram. 
Seguranças despreparados barraram a saída dos primeiros ocupantes que 
detectaram o incêndio, além da boate estar superlotada. 
A boate tinha apenas um acesso, usado tanto para entrada quanto para 
saída de pessoas, com porta de tamanho reduzido. Não havia saídas de 
emergência. A porta, quando totalmente aberta, chegava a uma largura de 3 metros. 
Os sistemas de ar condicionadoe de exaustão também contribuíram para o 
grande número de mortes, ao propagarem rapidamente a fumaça tóxica em vez de 
dissipá-la. De acordo com a perícia, os dutos de ar da casa noturna operavam de 
forma ineficiente e ainda estavam parcialmente obstruídos por janelas basculantes, 
impedindo que parte da fumaça saísse para o ambiente externo do prédio. 
A perícia de engenharia do local também constatou que faltavam itens de 
segurança como chuveiros automáticos para o caso de incêndio (já que a boate não 
tinha janelas), e mais luzes de emergência indicativas do local de saída. Sem 
enxergar em função da fumaça, o público acabou se dirigindo para os banheiros, 
onde a maioria das vítimas foi encontrada. 
Enfim, uma sequência de erros, omissões ou negligência se somaram para 
que ocorresse a tragédia. 
Não nos esquecemos dos inúmeros incêndios ocorridos em favelas de 
várias capitais brasileiras a título de exemplo, o de Vila Socó (Cubatão, 1984) e 
Belém do Pará, região metropolitana que tem o maior número de aglomerados 
subnormais em espaço urbano do Brasil, mas justificamos não explanar mais sobre 
o assunto porque acreditamos que os exemplos acima mostram a importância da 
preocupação com a prevenção e o combate. 
 
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23 
Abaixo temos uma lista de incêndios relevantes, com vítimas fatais, 
ocorridos no mundo e no Brasil: 
Hotel Royal, Jomtien (Tailândia), 1987 (91 mortes); Clube noturno de 
Gotemburgo, Suécia, em 1998 (63 mortos); World Trade Center (EUA), 2001 (de 
2146 a 2163 pessoas mortas). 
Outros vários incêndios relevantes ocorridos em hotéis (edifícios altos) com 
vítimas fatais, a partir de 1971: 26/12/71, Seul/Coréia do Sul (166 mortos); 01/09/73, 
Dinamarca (35 mortos); 25/02/77, Moscou/Rússia (42 mortos); 09/05/77, 
Amsterdam/Holanda (33 mortos); 14/11/77, Filipinas (no mínimo 47 mortos); 
12/07/79, Zaragosa/Espanha (76 mortos); 20/11/80, Kawaji/Japão (45 mortos); 
21/11/80, Las Vegas/EUA (85 mortos); 07/05/83, Istambul/Turquia (36 mortos); 
14/01/84, Pusam/Coréia do Sul (36 mortos); 23/01/86, índia (38 mortos); e 29/01/97, 
China (39 mortos) (www.nfpa.org apud ALVES, 2005). 
No Brasil, dentre outros eventos, temos: Gran Circus Norte-Americano (RJ), 
em 1961, com 503 mortes; Edifício Joelma (SP), em 1974, mais de 180 pessoas; 
Vazamento em Cubatão (SP), em 1984, 93 mortos; Lojas Renner em Porto Alegre, 
1976, 41 pessoas mortas; Edifício Andorinha (RJ), em 1986, 21 mortos; Edifício 
Grande Avenida (SP), 1982, 17 mortos; Edifício Andraus (SP), 1972, 16 mortos; 
Creche Uruguaiana (RS), em 2000, morreram 12 crianças; Show no Canecão 
Mineiro (Belo Horizonte - MG), matou 21 pessoas em 2001; Boate Kiss, Santa Maria 
(RS), 231 mortos. 
Para quem quer conhecer detalhes de alguns grandes incêndios ocorridos 
ao longo do mundo nas últimas décadas, vale a pena conferir a Dissertação de 
Mestrado de Alessandra Alves (2005) que se encontra disponível em: 
http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/5485/1/alessandra_alves.pdf 
 
Guarde... 
 
A Segurança Contra Incêndio pode ser encarada pela divisão entre os 
seguintes grupos de Medidas de Proteção Contra Incêndio (MPCI): 
a) Prevenção – abrange as medidas de segurança contra incêndio que 
objetivam “evitar” incêndios (união do calor com combustíveis), as quais serão 
 
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mais importantes quanto maior a quantidade e mais fracionado o combustível 
(gases, vapores, poeira). Em síntese: são as medidas que trabalham o 
controle dos materiais combustíveis (armazenamento/quantidade) das fontes 
de calor (solda/eletricidade/cigarro) e do treinamento (educação) das pessoas 
para hábitos e atitudes preventivas. 
b) Proteção – são as medidas que objetivam dificultar a propagação do incêndio 
e manter a estabilidade da edificação. Normalmente são divididas em 
proteções ativas e passivas, conforme trabalhem, reagindo ou não em caso 
de incêndio. Exemplos de medidas de proteção passiva: paredes e portas 
corta-fogo; diques de contenção; armários e contentores para combustíveis; 
afastamentos; proteção estrutural, controle dos materiais de acabamento. 
Exemplos de medidas de proteção ativas: sistema de ventilação (tiragem) de 
fumaça; sistema de chuveiros automáticos (sprinkler). 
c) Combate – compreende tudo o que é usado para se extinguir incêndios, tais 
como: equipamentos manuais (hidrantes e extintores) complementados por 
equipes treinadas; sistemas de detecção e alarmes; sistemas automáticos de 
extinção; Planos de Auxilio Mútuo – PAMs; corpo de bombeiros públicos e 
privados, condições de acesso à edificação pelo socorro público; reserva de 
água (e hidrantes públicos), entre outros. 
d) Meios de escape – normalmente constituído por medidas de proteção 
passiva, tais como escadas seguras, paredes, portas (corta-fogo), podem 
incluir proteção ativa, como sistemas de pressurização de escadas e outros. 
Dependem ainda dos sistemas de detecção, alarme e iluminação de 
emergência e, em alguns casos, de uma intervenção complementar de 
equipes treinadas para viabilizar o abandono, especialmente nos locais de 
reunião de público. Destacamos essa medida de proteção contra incêndio das 
demais devido a sua importância fundamental para a vida humana e por sua 
ação básica nos trabalhos de resposta a emergências, visto que as equipes 
de resposta normalmente acessam a edificação e as vítimas por meios de 
escape. 
e) Gerenciamento – nessa medida de proteção contra incêndio estão incluídas 
todas as medidas administrativas e de dia-a-dia, como o treinamento e 
 
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25 
reciclagem das equipes de resposta a emergências, a existência de um plano 
e um procedimento de emergência, a manutenção dos equipamentos 
instalados, a adequação dos meios instalados com o risco existente (o qual 
muitas vezes se altera sem que se efetue a necessária adequação dos 
meios), entre outros. Em síntese, abrange a manutenção dos sistemas e a 
administração da resposta às emergências, nelas inclusos o treinamento do 
pessoal e sua ação fundamental em locais de reunião de público (GILL; 
NEGRISOLO; OLIVEIRA, 2008). 
Podemos também resumir os fatores que levam aos incêndios em duas 
grandes expressões: “vulnerabilidade por ausência de desenvolvimento e 
vulnerabilidade devido a um desenvolvimento não sustentável” (GUIMARÃES; 
GUERREIRO; PEIXOTO, 2008). 
 
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26 
UNIDADE 3 – OS INCÊNDIOS 
 
As definições abaixo traduzem exatamente o que é o incêndio. 
 Brasil NBR 13860: O incêndio é o fogo fora de controle. 
 InternacionalISO 8421-1: Incêndio é a combustão rápida disseminando-se de 
forma descontrolada no tempo e no espaço. 
Essas conceituações deixam claro que o incêndio não é medido pelo 
tamanho do fogo. No Brasil, quando o estrago causado pelo fogo é pequeno, diz-se 
que houve um princípio de incêndio e não um incêndio (SEITO, 2008). 
O incêndio produz três produtos, que são utilizados nos sistemas de 
detecção e chuveiros automáticos (sprinklers), os quais veremos ao longo dos 
módulos: 
 calor; 
 fumaça; 
 chama. 
 
Existem dois aspectos básicos que precisamos compreender quando se 
trata da proteção contra incêndios, para segurança pessoal e de terceiros. O 
primeiro aspecto é o da prevenção de incêndios, isto é, evitar que ocorra fogo, 
utilizando-se certas medidas básicas, que envolvem a necessidade de se conhecer, 
entre outros itens: 
a) características do fogo; 
b) propriedades de riscos de materiais; 
c) causas de incêndios; 
d) estudo dos combustíveis. 
Quando, apesar da prevenção, ocorre um princípio de incêndio, é importante 
que ele seja combatido de forma eficiente, para que sejam minimizadas suas 
consequências. Para tanto, é necessário: 
a) conhecer os agentes extintores; 
b) saber utilizar os equipamentos de combate a incêndios; 
c) saber avaliar as características do incêndio, o que determinará a melhor 
atitude a ser tomada. 
 
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27 
 
 
3.1 O triângulo do fogo 
Pode-se definir o fogo como consequência de uma reação química 
denominada combustão, que produz calor ou calor e luz. 
Para que ocorra essa reação química, dever-se-á, ter no mínimo dois 
reagentes que, a partir da existência de uma circunstância favorável, poderão 
combinar-se. 
Os elementos essenciais do fogo são: combustível, comburente e calor. 
 
 
 
a) Combustível 
Combustível é todo material ou substância que possui a propriedade de 
queimar, ou seja, de entrar em combustão. 
Os combustíveis podem apresentar-se em três estados físicos: 
 sólido (madeira, papel, tecidos, entre outros); 
 líquido (álcool, éter, gasolina, entre outros); 
 
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28 
 gasoso (acetileno, butano, propano, entre outros). 
Quanto à volatilidade, os combustíveis podem ser: 
- voláteis – não necessitam de aquecimento para desprenderem vapores 
inflamáveis. Exemplo: gasolina, éter, entre outros; 
- não voláteis – precisam de aquecimento para desprender vapores 
inflamáveis. Exemplo: madeira, tecido, entre outros. 
 
b) Comburente 
Normalmente, o oxigênio combina-se com o material combustível, dando 
início à combustão. 
O ar atmosférico contém, em sua composição, cerca de 21% de oxigênio 
(não existirá chama em ambientes na faixa de 8% a 16% de O2 e não haverá 
combustão abaixo de 8%). 
O carvão é uma das exceções, queima com 9% de oxigênio. 
 
c) Calor 
É o elemento que possibilita a reação entre o combustível e o comburente, 
mantendo e propagando a combustão, como a chama de um palito de fósforos. 
O calor propicia: 
- elevação da temperatura; 
- aumento de volume dos corpos; 
- mudança no estado físico das substâncias. 
Há casos de materiais em que a própria temperatura ambiente já serve 
como fonte de calor. 
 
d) Condições propícias 
Precisamos de um quarto elemento que podemos chamar de ‘reação em 
cadeia’. É importante notar que, para o início da combustão, além dos elementos 
essenciais do fogo, há a necessidade de que as condições em que esses elementos 
se apresentam, sejam propícias para o início do fogo. 
Pensando em um escritório iluminado com uma lâmpada incandescente de 
10 watts, tem-se no ambiente: 
 
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29 
a) combustível – mesa, cadeira, papel, entre outros; 
b) comburente – oxigênio presente na atmosfera; 
c) calor – representado pela lâmpada incandescente ligada; 
Caso se aproxime, porém, uma folha de papel da lâmpada, quando esta 
estiver acesa, haverá o aquecimento do papel e este começará a liberar vapores 
que, em contato com a fonte de calor (lâmpada), combinarão com o oxigênio e 
ocorrerá a combustão. 
Portanto, somente quando o combustível apresentar-se sob a forma de 
vapor ou gás, ele poderá entrar em ignição. Se esse combustível estiver no estado 
sólido ou líquido, haverá a necessidade de que seja aquecido, para que comece a 
liberar vapores ou gases. 
Esquematicamente, pode-se considerar vários casos: 
1. sólido > aquecimento > vapor: exemplo: papel. 
2. sólido > aquecimento > líquido > aquecimento > vapor: exemplo: parafina. 
3. líquido > aquecimento > vapor exemplo: óleos combustíveis. 
d) gás apresenta-se no estado físico adequado à combustão: exemplo: 
acetileno (ALVES, 2005). 
Quanto ao oxigênio, ele deverá estar presente, no ambiente, em 
porcentagens adequadas. 
Se ele estiver reduzido a porcentagens abaixo de 16%, diz-se que a mistura 
combustível-comburente está muito rica, e não haverá combustão (JORDÃO; 
FRANCO, 2002). 
 
Guarde... 
O calor e os incêndios se propagam por 3 maneiras fundamentais: 
a) por condução, ou seja, através de um material sólido de uma região de 
temperatura elevada em direção a outra região de baixa temperatura; 
b) por convecção, ou seja, por meio de um fluído líquido ou gás, entre 2 
corpos submersos no fluído, ou entre um corpo e o fluído; 
c) por radiação, ou seja, por meio de um gás ou do vácuo, na forma de 
energia radiante. 
 
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30 
Num incêndio, as três geralmente são concomitantes, embora em 
determinado momento uma delas seja predominante. 
Quando os três elementos (calor, combustível e comburente) apresentam-se 
em um determinado ambiente, sob condições propícias, tem-se o chamado triângulo 
do fogo, mas existe variações na sua forma de apresentação, como uma pirâmide 
com o acréscimo do termo “condições propícias”. 
Teoricamente, para extinguirmos um incêndio, precisamos atacar pelo 
menos um dos lados do triângulo. Ao retirarmos um dos três elementos do triângulo 
do fogo, automaticamente estaremos extinguindo a combustão, ou seja, o incêndio. 
 
3.2 Causas dos incêndios 
Segundo Assis (2001), um incêndio tem seu início a partir do instante onde, 
provocada uma ignição, o desenvolvimento da reação de combustão se torna 
autossustentável. Para tal, a fonte de ignição é geralmente pequena e com pouca 
energia. Porém, se essa é capaz de iniciar uma pirólise de algum material 
combustível, será suficiente para iniciar um incêndio na presença de oxigênio. 
Notam-se três formas de início de ignição: as acidentais, as intencionais e as 
espontâneas (CLARET, 1999). Portanto, a ignição sedará: 
a) com uma chama-piloto de um fósforo ou de uma faísca elétrica; 
b) com uma ignição espontânea (autoignição), onde as chamas se 
desenvolvem espontaneamente em face do aumento de temperatura do ambiente; 
c) com uma combustão espontânea de certa massa de um corpo 
combustível sólido, em geral decorrente da elevação da temperatura causada por 
processos químicos e/ou biológicos, ou ainda da oxidação de óleos internos e 
próprios da estrutura. Para esse caso, a combustão é do tipo sem chamas (fogo 
morto) iniciando-se no interior da massa. 
Em palavras mais simples podemos dizer que chamas abertas como de um 
fogão, equipamentos elétricos que não foram projetados para funcionar 
ininterruptamente, cigarros, fiações e tomadas desencapados, aquecedores elétricos 
oferecem algumas das condições e causas mais comuns de incêndios. 
Logo, para se ter sucesso na detecção e extinção de um incêndio, é 
necessário que sejam observados os seguintes aspectos: 
 
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31 
a) descobrir o foco de fogo logo que ele surja; 
b) dar imediato alarme; 
c) iniciar rápida ação de controle de extinção; 
d) manter contínua atuação sobre o fogo até sua extinção ou chegada do 
socorro eficiente (GOMES, 1998). 
Assim, poderá ser alcançado êxito na proteção da vida humana e dos bens 
materiais envolvidos diretamente no sinistro. 
 
3.3 A classificação de incêndios e dos materiais 
O incêndio é classificado observando-se o grau de periculosidade 
apresentado. Para isso, são observadas principalmente as quantidades de materiais 
combustíveis envolvidas (mobílias, decoração, acabamentos de pisos, paredes, 
forros, entre outros). 
Gomes (1998) propõe duas formas de classificação: pela natureza e pela 
quantidade de materiais (mas existem outras). 
a) Classificação pela Natureza dos Materiais: 
Quase todos os materiais são combustíveis, no entanto, devido à diferença 
de composição, queimam de formas diferentes e exigem maneiras diversas de 
extinção (LIMA; ENCARNAÇÃO, 2010). Por este motivo, convencionou-se dividir os 
incêndios em quatro classes: A, B, C e D. 
Incêndios de classe A: fogo em sólidos combustíveis mais comuns e de 
fácil combustão, tais como algodão, fibras, madeiras, papel, tecidos e similares. 
 
 
 
Incêndios de classe B: fogo em líquidos inflamáveis e petrolíferos (álcool, 
gasolina, graxas, vernizes e similares). 
 
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32 
 
 
 
 
Incêndios de classe C: fogo em equipamentos elétricos energizados 
(motores, circuladores de ar, aparelhos de ar condicionado, televisores, rádios e 
outros similares). 
 
 
Incêndios de classe D: fogo em materiais pirofóricos e suas ligas, assim 
como o alumínio em pó, zinco, magnésio, potássio, titânio, sódio e zircônio. 
 
 
Obs.: 
Os combustíveis da classe “A” são identificados por um triângulo verde com a letra 
“A” no centro. 
Os combustíveis da classe “B” são identificados por um quadrado vermelho com a 
letra “B” no centro. 
Os combustíveis da classe “C” são identificados por um círculo azul com a letra “C” 
no centro. 
 
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33 
Os combustíveis da classe “D” são identificados por uma estrela amarela de cinco 
pontas com a letra “D” no centro. 
 
b) Classificação pela Quantidade dos Materiais: 
Esta classificação está diretamente relacionada à carga que é definida pelo 
produto entre a quantidade de material combustível e o seu poder calorífico. 
Dividindo a carga pela área de piso do compartimento, obtém-se a carga de incêndio 
específica ou densidade de carga de incêndio, utilizada internacionalmente para 
classificar o incêndio. Logo, a classificação por intermédio da carga de incêndio 
(termo simplificado e utilizado para representar a carga de incêndio específica) será: 
a) risco leve ou risco 1 – fogo em pequena carga de incêndio, cujo 
desenvolvimento se faz com fraca liberação de calor – carga de incêndio até 270 
MJ/m2; 
b) risco médio ou risco 2 – fogo em média carga de incêndio, cujo 
desenvolvimento se faz com moderada emissão de calor – carga de incêndio de 270 
a 540 MJ/m2; 
c) risco pesado ou risco 3 - fogo em grande carga de incêndio, com elevada 
liberação de calor – carga de incêndio acima de 540 MJ/m2. 
A primeira classificação tem uma utilidade intrínseca porque a partir dela se 
pode concluir, ainda que superficialmente, o tipo mais adequado do material usado 
em combate. A segunda classificação, porém, visa dar uma ideia da severidade dos 
incêndios em função da densidade da carga de incêndio. Sabe-se que o 
desenvolvimento do incêndio depende igualmente da carga de incêndio e da 
ventilação ambiente. Assim, esta classificação resulta ser incompleta, a não ser que 
se admitisse incêndio em ambiente aberto (ASSIS, 2001). 
Por outro lado, a classificação de Gomes (1998) apresenta um 
escalonamento das densidades da carga de incêndio em uma amplitude tal que 
situaria a maioria dos incêndios nas classes de risco 2 ou 3. Com efeito, na maioria 
das ocupações, densidades da carga de incêndio superiores a 300 MJ/m2 são 
comuns. Além disso, esta classificação não considera a influência das medidas 
ativas que, ainda que não tenham tido sucesso na extinção de incêndio, podem 
contribuir significativamente na redução de sua severidade (ASSIS, 2001). 
 
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34 
Assis (2001) fala ainda que uma classificação moderna da severidade dos 
incêndios deveria considerar necessariamente os seguintes parâmetros: 
a) a densidade da carga de incêndio e a ventilação ambiente, bem como a 
natureza da carga de incêndio; 
b) a existência de medidas ativas que atuem como atenuantes; 
c) a existência de fatores externos e a geometria da edificação ou do 
compartimento que atuem como agravantes ou atenuantes dos efeitos do incêndio. 
Trata-se, portanto, de uma tarefa complexa, pois a severidade dos incêndios 
leva em conta o seu efeito sobre a edificação e os seus ocupantes, o que depende 
de grande número de parâmetros. Alguns desses são evidentemente culturais, o que 
reafirma a importância de se desenvolver uma engenharia de incêndio 
genuinamente brasileira. 
No entanto, Seito (2008) amplia consideravelmente essa lista de fatores, 
justificando que não existem dois incêndios iguais, pois são vários os fatores que 
concorrem para seu início e desenvolvimento. Vejamos: 
a) forma geométrica e dimensões da sala ou local; 
b) superfície específica dos materiais combustíveis envolvidos; 
c) distribuição dos materiais combustíveis no local; 
d) quantidade de material combustível incorporado ou temporário; 
e)características de queima dos materiais envolvidos; 
f) local do início do incêndio no ambiente; 
g) condições climáticas (temperatura e umidade relativa); 
h) aberturas de ventilação do ambiente; 
i) aberturas entre ambientes para a propagação do incêndio; 
j) projeto arquitetônico do ambiente e ou edifício; 
k) medidas de prevenção de incêndio existentes; 
l) medidas de proteção contra incêndios instalada. 
O incêndio inicia-se, na sua maioria, bem pequeno. O crescimento 
dependerá: do primeiro item ignizado, das características do comportamento ao fogo 
dos materiais na proximidade do item ignizado e sua distribuição no ambiente. 
A figura abaixo ilustra a evolução de um incêndio celulósico na edificação. 
 
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35 
 
Fonte: ISO/TR3814:1989(E) Tests to measuring reaction to fire of buildings materials – Their 
development and application apud SEITO (2008, p. 44). 
 
A curva possui três fases distintas: a primeira fase é o incêndio incipiente 
tendo-se um crescimento lento, em geral de duração entre cinco a vinte minutos até 
a ignição, em que inicia a segunda fase caracterizada pelas chamas que começam a 
crescer aquecendo o ambiente. O sistema de detecção deve operar na primeira fase 
do combate a incêndio e consequente extinção tem grande probabilidade de 
sucesso. Quando a temperatura do ambiente atinge em torno de 600ºC, todo o 
ambiente é tomado por gases e vapores combustíveis desenvolvidos na pirólise dos 
combustíveis sólidos. Havendo líquidos combustíveis, eles irão contribuir com seus 
vapores, ocorrerá a inflamação generalizada (flashover) e o ambiente será tomado 
por grandes labaredas. Caso o incêndio seja combatido antes dessa fase (por 
exemplo, por chuveiros automáticos) haverá grande probabilidade de sucesso na 
sua extinção. A terceira fase é caracterizada pela diminuição gradual da temperatura 
do ambiente e das chamas, isso ocorre por exaurir o material combustível. 
 
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Martin e Peris (1982 apud MITIDIERI, 2008) relacionam as fases de 
evolução de um incêndio com a contribuição que os materiais combustíveis podem 
ocasionar em função das características de reação ao fogo que apresentam. 
Também consideram a importância da resistência ao fogo1 que os elementos 
construtivos devem possuir, conforme aparece na tabela. 
Fases de um incêndio e sua relação com os materiais 
 
 
 
Fonte: Martin, Peris (1982 apud MITIDIERI, 2008, p. 61). 
 
Se observarmos um incêndio desde a sua primeira fase, notaremos que a 
reação ao fogo dos materiais é a grande protagonista do sinistro. O odor liberado, a 
fumaça desenvolvida, a solicitação de socorro aos bombeiros, entre outros, ocorrem 
em função da reação ao fogo dos materiais. 
Já na segunda fase de desenvolvimento do incêndio, tanto a reação como a 
resistência ao fogo desempenham papéis importantes devido à propagação de 
chamas pelos ambientes do edifício de origem e pelos edifícios adjacentes, por meio 
de portas, janelas, chafts ou qualquer outra abertura constante nas paredes e/ou 
tetos. 
 
1
 Habilidade com que um elemento atende, por um período de tempo requerido, a suas funções 
portantes, integridade e/ou isolamento térmico, especificados em método de ensaio de resistência ao 
fogo, conforme descrito na norma ISO 834 – Fire resistance tests – Elements of building construction 
(ISO/GUIDE52/TAG5, 1990). 
 
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37 
Na terceira fase, a reação dos materiais ao fogo já produziu seus efeitos, e o 
local incendiado fica à mercê da resistência ao fogo dos elementos que constituem o 
edifício (elementos estruturais, elementos de compartimentação horizontal e vertical, 
tetos, pisos, entre outros). Nessa fase, a resistência ao fogo dos elementos tem um 
papel decisivo no salvamento de bens e pessoas. 
Em resumo, pode-se dizer que as chamas, a fumaça, o calor desenvolvido, o 
número de vítimas, o pânico dos usuários e a severidade do incêndio estão 
relacionados com a reação ao fogo dos materiais combustíveis contidos no edifício e 
os agregados ao sistema construtivo. Já a integridade dos elementos e estruturas, a 
dificuldade de propagação do fogo entre compartimentos, a eficácia da atuação dos 
elementos de extinção e as possíveis vidas resgatadas e bens salvados dependem 
da resistência ao fogo dos elementos que compõem o edifício e da sua própria 
estrutura (MITIDIERI, 2008). 
 
3.4 Equações das fases do incêndio 
A Norma BS 3974/2001 nos dá subsídios para calcular cada fase da 
ilustração anterior (evolução do incêndio celulósico na edificação) tanto para o 
incêndio controlado pela ventilação quanto para o controlado pela carga de incêndio. 
Seguindo os conceitos e ensinamentos de Seito (2008), serão mantidos os 
símbolos das equações da norma BS 3974 “Application of fire safety engineering 
principles to the design of buildings – Code of practice” 
a) Primeiro estágio: pré-ignição 
Nesse estágio podem ser consideradas duas fases: abrasamento e 
chamejamento. 
No abrasamento, a combustão é lenta, sem chama e produção de pouco 
calor, mas com potencial para preencher o compartimento com gases combustíveis 
e fumaça. Essa combustão pode ter a duração de algumas horas antes do 
aparecimento de chamas. 
As formas físicas dos materiais que queimam por abrasamento são diversas. 
Por exemplo: serragem de madeira, pilhas de sacos de papel ou de fibras naturais, 
palhas, folhas secas, capim seco e alguns tipos de material sintético expandido 
(espuma plástica). 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
38 
Devido à produção de pouco calor, a força de flutuação da fumaça e/ou dos 
gases gerados é pequena e seus movimentos serão determinados pelo fluxo do ar 
ambiente. 
O chamejamento é a forma de combustão que estamos acostumados a ver, 
ou seja, com chama e fumaça. 
O desenvolvimento do calor e da fumaça/gases é mais rápido que a 
combustão por abrasamento. 
A razão de liberação do calor na fase de crescimento do incêndio é dada 
por: 
 
São dados os seguintes valores de α: 
Razão de crescimento do incêndio 
Razão de crescimento do 
incêndio 
Valor de α (kj/s
3
) 
Lento 0,0029 
Médio 0,012 
Rápido 0,047 
Ultrarrápida 0,188 
Fonte: Seito (2008, p. 45). 
 
b) Segundo estágio: crescimento do incêndio 
Nesse estágio ocorre a propagação do fogo para outros objetos adjacentes 
e/ou para o material da cobertura ou teto. 
A temperatura do compartimento se elevará na razão direta do 
desenvolvimento do calor dos materiais em combustão. 
Nessa fase, a elevação da temperatura

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