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SUMÁRIO UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 2 UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA ENGENHARIA DE PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS ................................................................................................................ 4 2.1 A ÁREA DE SEGURANÇA DE COMBATE A INCÊNDIO (SCI) E A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL NO BRASIL ........................................................................................... 5 2.2 PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS DA ENGENHARIA DE COMBATE A INCÊNDIOS E PÂNICO .... 8 2.3 ESTATÍSTICAS DOS INCÊNDIOS ............................................................................. 17 2.4 OS GRANDES INCÊNDIOS E SUAS “LIÇÕES” ............................................................ 18 UNIDADE 3 – OS INCÊNDIOS ................................................................................. 26 3.1 O TRIÂNGULO DO FOGO ....................................................................................... 27 3.2 CAUSAS DOS INCÊNDIOS ..................................................................................... 30 3.3 A CLASSIFICAÇÃO DE INCÊNDIOS E DOS MATERIAIS ................................................ 31 3.4 EQUAÇÕES DAS FASES DO INCÊNDIO .................................................................... 37 UNIDADE 4 – A FUMAÇA NOS INCÊNDIOS .......................................................... 43 4.1 A VISIBILIDADE NO AMBIENTE ENFUMAÇADO .......................................................... 43 4.2 A TOXICIDADE .................................................................................................... 45 4.3 O PROCESSO DE CONTROLE DA FUMAÇA ............................................................... 48 UNIDADE 5 – MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO .......................... 52 5.1 MEDIDAS PASSIVAS ............................................................................................. 53 5.2 MEDIDAS ATIVAS................................................................................................. 55 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 58 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 2 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO Vamos começar nosso curso e módulo com uma palavra básica e essencial: o fogo! Definido no dicionário Aurélio como produto da combustão de matérias inflamáveis, mas também com o sentido figurado de ardor, paixão, entusiasmo, energia, excitação. Do latim “focu”, substantivo masculino, podemos interpretar a palavra fogo de várias maneiras, nos interessando, é claro, nesse momento, a sua capacidade de causar danos pessoais e patrimoniais ao ser humano. Acreditamos ser de conhecimento de todos que a descoberta do fogo pelo homem foi uma das condições essenciais para que ele sobrevivesse e evoluísse ao longo dos milênios, entretanto, numa via de mão dupla, o fogo é um dos nossos principais inimigos em situações adversas. Sabemos também que quando se trata de coletividade (mas não somente nesta condição, é claro!), a segurança contra incêndios é um dos primeiros pontos a se considerar nos projetos de edificações. Afinal de contas, o velho ditado cai muito bem: “antes prevenir do que remediar”! Partindo dessas premissas, o projeto de uma edificação pode ser considerado o primeiro passo para reduzir o risco de incêndio, pois nele já se pode antecipar e, evidentemente, contribuir para a redução das cargas de incêndio e de fumaça, tanto considerando sua estrutura, seus elementos de vedação e materiais de acabamento, quanto considerando seu conteúdo. O objetivo primário da segurança contra incêndio nas edificações é proteger a vida humana. Mas a proteção ao patrimônio, de objetivo secundário, também vem sendo requerida em edificações comerciais, uma vez que os danos estruturais resultantes do sinistro podem levar à paralisação das atividades econômicas e afetar a imagem das empresas, onerando significativamente seus proprietários (COSTA, 2008). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 3 A redução do risco de incêndio em uma edificação, pela limitação da carga de incêndio, ocorre de duas formas: - primeiro, pelo controle da quantidade de material disponível para a combustão – carga de incêndio propriamente dita; - segundo, pela redução da quantidade de fumaça produzida, o que depende das características específicas do material – carga de fumaça. Pois bem, neste módulo veremos os princípios e fundamentos da Engenharia de segurança contra incêndio e pânico, conceitos básicos, estatísticas e casos de incêndios que, além de terem chocado por sua extensão, trouxeram novos conhecimentos que possibilitaram inovações em termos de segurança. Também daremos algumas pinceladas nos elementos que fazem parte do triângulo do fogo, as medidas de segurança que são classificadas em ativas e passivas, certa ênfase será dada para a questão da fumaça e das equações das fases do incêndio. Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 4 UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA ENGENHARIA DE PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS Além de Campos e Conceição (2006), temos vários outros autores que convergem na definição para a engenharia de proteção (ou segurança) contra incêndios como sendo o campo da engenharia que trabalha na salvaguarda da vida e do patrimônio, bem como na atenuação de eventuais perdas devidas ao fogo e explosões e outros danos decorrentes do sinistro. Os objetivos fundamentais da segurança contra incêndio e pânico são minimizar o risco à vida e a perda patrimonial. A atividade de segurança contra incêndio e pânico relaciona diversos atores sociais: usuários, órgãos públicos de fiscalização, seguradoras, empresas fabricantes de equipamentos de segurança, empresas de instalação e de manutenção, profissionais de projeto e construtoras, além de entidades e laboratórios de pesquisa. As medidas de proteção contra incêndio e pânico podem ser englobadas em duas categorias: medidas de proteção passiva e medidas de proteção ativa, as quais veremos em uma unidade específica,de todo modo: proteção passiva, de acordo com a NBR nº 14.432 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), é o conjunto de medidas incorporado ao sistema construtivo do edifício, sendo funcional durante o uso normal da edificação e que reage passivamente ao desenvolvimento do incêndio, não estabelecendo condições propícias ao seu crescimento e propagação, garantindo a resistência ao fogo, facilitando a fuga dos usuários e a aproximação e o ingresso no edifício para o desenvolvimento das ações de combate; proteção ativa, também de acordo com a NBR nº 14.432, é o tipo de proteção contra incêndio que é ativada manual ou automaticamente em resposta aos estímulos provocados pelo fogo, composta basicamente das instalações prediais de proteção contra incêndio. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 5 Um sistema de proteção contra incêndio e pânico consiste, então, em um conjunto de medidas ativas e passivas, que atuando em conjunto, têm como principais objetivos: dificultar o surgimento e a propagação do incêndio; facilitar a fuga das pessoas da edificação no caso de ocorrência de um sinistro, garantindo a integridade física das vítimas e; simultaneamente, facilitar as ações de salvamento e combate das corporações de bombeiros, tornando-as rápidas, eficientes e seguras. Conhecer bem o incêndio conduzirá à proposição de medidas de proteção contra incêndio e pânico eficientes e adequadas aos propósitos de proteção à vida e ao patrimônio. Desse modo, a seleção dos sistemas de proteção adequados à edificação deve ser feita tendo por base os riscos de início de um incêndio, de sua propagação e de suas consequências. É necessário também identificar a extensão do dano que pode ser considerado tolerável. Entender o comportamento do incêndio numa edificação é, certamente, o primeiro passo para a efetivação da segurança contra incêndio e pânico, tema que também será discutido em outra unidade específica. Campos; Conceição (2006) ainda ressaltam que além do conhecimento técnico sobre os sistemas de proteção contra incêndio e pânico, faz-se necessária uma abordagem legalista do assunto que envolve as normas e instruções técnicas além, é claro, da legislação pertinente. 2.1 A área de Segurança de Combate a Incêndio (SCI) e a formação do profissional no Brasil Internacionalmente, a Segurança de combate a incêndio (SCI) é encarada como uma ciência, portanto uma área de pesquisa, desenvolvimento e ensino. Vemos uma enorme atividade nessa área na Europa, nos EUA, no Japão e, em menor intensidade, mas em franca evolução, em outros países (DEL CARLO, 2008). As atividades nessa área do conhecimento envolvem milhões de pessoas, fazendo com que essa ciência cresça rapidamente, tanto que já é uma tendência internacional a exigência de que todos os materiais, componentes, sistemas construtivos, equipamentos e utensílios usados nas edificações sejam analisados e Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 6 testados do ponto de vista da SCI. Para alcançar um desempenho cada vez maior, a sociedade vem desenvolvendo novas soluções em todas essas áreas. Fernandes (2010) pondera que dentre as áreas abrangidas pela Engenharia Civil, sem dúvida nenhuma, a que tem despertado interesse considerável é a “Prevenção de Incêndio e Pânico”, pois possui um mercado de trabalho bastante amplo e com possibilidade de crescimento, pois as exigências dos órgãos públicos em assuntos de segurança preventiva, tem sido cada vez maiores. Destacando-se neste caso específico os Corpos de Bombeiros de todo o país, que tem aperfeiçoado cada vez mais as suas exigências quanto a sistemas preventivos. A legislação e os códigos de SCI vêm sendo substituídos para as edificações mais complexas pela engenharia de SCI, outra área também em expansão internacionalmente e, concomitantemente, as tecnologias que vêm se desenvolvendo, como eletrônica, robótica, informática, automação, entre outros, estão mais presentes em todas as áreas de conhecimento da SCI. A demanda por engenheiros, pesquisadores e técnicos em SCI é crescente, e ainda existe falta de mão de obra no mercado internacional (DEL CARLO, 2008). Em se tratando do Brasil, vimos nossa passagem de país rural para urbano e industrial num curto espaço de tempo, o que dentre possíveis consequências negativas encontramos o aumento de risco de incêndio. Números grosseiros nos mostram que de uma população de 8.400.000 mil pessoas em 1872 passamos para 80 milhões de pessoas por volta de 1995. Evidentemente que cidades mais densamente povoadas tendem igualmente a um aumento da possibilidade de incêndio, sem esquecermos as bacias petrolíferas que também apresentam alto risco de explosões como aconteceu recentemente na costa brasileira. Na opinião de Del Carlos (2008), em se tratando dos esforços de segurança em decorrência do aumento da população, nada foi realizado a contento, ou seja, falta: melhorar a regulamentação; aumentar os contingentes; atender todos os municípios; melhorar os equipamentos; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 7 melhorar a formação dos arquitetos, engenheiros, bombeiros, técnicos e população. Ele acredita que talvez a SCI tenha sido colocada em segundo plano dentro desse desenvolvimento desenfreado, por ser uma área complexa do conhecimento humano, envolvendo todas as atividades do homem, todos os fenômenos naturais, toda a produção industrial, ou seja, deve estar presente sempre e em todos os lugares e justifica que a pouca literatura nacional em SCI contribui para o pouco avanço da área, o que faz parte das deficiências naturais de um país em construção. Quanto à formação do profissional no Brasil, os currículos das faculdades de arquitetura e engenharia têm um conteúdo extenso e apertado, não permitindo absorver outros conhecimentos, sendo necessária uma profunda reformulação para que a SCI seja absorvida. Enquanto isso não acontece, mesmo porque não há professores suficientemente formados para a área, só temos cursos de pós-graduação, tornando-se assim uma especialização exigente porque estes profissionais precisam estar constantemente atualizados e perceberem a importância do desenvolvimento de projetos de SCI seguindo a legislação que cada dia se torna mais avançada e exigente. Voltando um pouco à SCI no Brasil, Fernandes (2010) elenca os seguintes acontecimentos evolutivos: na década de 70 iniciou-se no Brasil os primeiros estudos relativos à segurança contra incêndio, tendo sido implantado o laboratório de segurança contra incêndios no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do Estado de São Paulo, patrocinado pela JICA – Japan International Cooperation Agency –, que resultou em instalações de ensaios de fumaça e teste materiais frente ao fogo, sendo este uma referência em nível nacional; em Brasília, também com ajuda da JICA houve a implantação de umLaboratório de Investigação Científica e Incêndio; na implantação dos laboratórios e na formação dos técnicos, houve apoio significativo do NBS – National Bureaux of Standards, hoje NIST – National Institute for Standards and Tecnology; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 8 nos últimos quarenta anos, a população brasileira dobrou e aliado a isto, ela migrou dos campos para a cidade, ocasionando um incremento industrial, a diversificação comercial e uma alta capacidade de prestação de serviços. 2.2 Princípios e fundamentos da engenharia de combate a incêndios e pânico Complementando o que foi exposto anteriormente, pouco a pouco a segurança vem se convertendo numa ciência completa e multidisciplinar. No passado, os profissionais de segurança exerciam suas funções empiricamente, utilizando apenas treinamentos básicos adquiridos em suas ocupações. Atualmente, os diversos ramos da segurança (pessoal, patrimonial, do trabalho, contra incêndio) usam em larga escala recursos profundamente tecnológicos (CAMPOS; CONCEIÇÃO, 2006). Como ramo da engenharia que trabalha em prol da vida humana e do patrimônio, buscando a proteção contra incêndios, o engenheiro de proteção contra incêndios utiliza métodos científicos e matemáticos na análise do fogo e no projeto de instalações seguras. Porém, o engenheiro de proteção contra incêndios não só se preocupa com isso, mas também com a segurança da vida humana. É por isso que muitos se referem à profissão como a segurança contra incêndio e pânico, unindo, assim, a segurança da vida humana em ocorrências relacionadas ao fogo ou ao pânico com a proteção patrimonial contra incêndios. A segurança contra incêndio e pânico é uma área bastante dinâmica, uma vez que está intimamente relacionada à evolução dos conhecimentos técnico- científicos. Mas, sua dinamicidade não está (nem pode estar) restrita ao conhecimento tecnológico, ela deve levar em consideração a forte inter-relação com os demais ramos do conhecimento. A segurança contra incêndio e pânico, portanto, resulta da interação positiva dos diversos ramos da engenharia (civil, elétrica, mecânica, entre outras) com as áreas físico-química, econômico-administrativas e comportamentais, ou seja, a consecução da segurança contra incêndio e pânico deve ponderar aspectos técnico- materiais com aspectos socioeconômicos na dualidade homem-meio (CAMPOS; CONCEIÇÃO, 2006). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 9 Vimos que a atividade de segurança contra incêndio e pânico relaciona diversos atores sociais. Cada um desses setores da sociedade tem interesses específicos, que, por vezes, entram em conflito. Esses interesses conflitantes muitas vezes são totalmente legítimos, logo, é preciso que os interesses de cada setor sejam equilibrados e respeitados. Nesse sentido está a atuação dos órgãos de fiscalização, em particular do Corpo de Bombeiros Militar, o qual tem dentre suas funções primordiais, a garantia da segurança da população. Vamos falar rapidamente sobre essa Corporação que é órgão integrante da segurança pública! De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 144, a segurança pública é dever do Estado e direito e responsabilidade de todos, sendo exercida por meio de alguns órgãos para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Aos corpos de bombeiros militares cabe as funções de defesa civil e outras especificadas em lei. Se pensarmos no Estado de Minas Gerais, encontraremos a Lei nº 14.130, de 19 de dezembro de 2001, que dispõe sobre a prevenção contra incêndio e pânico no Estado e dá outras providências. Art. 2º Para os fins do artigo 1º, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais – CBMMG, no exercício da competência que lhe é atribuída no inciso I do art. 3º da Lei Complementar nº 54, de 13 de dezembro de 1999, desenvolverá as seguintes ações: I - análise e aprovação do sistema de prevenção e combate a incêndio e pânico; II - planejamento, coordenação e execução das atividades de vistoria de prevenção a incêndio e pânico nos locais de que trata esta lei; III - estabelecimento de normas técnicas relativas à segurança das pessoas e seus bens contra incêndio ou qualquer tipo de catástrofe; IV - aplicação de sanções administrativas nos casos previstos em lei. Parágrafo único: as normas técnicas previstas no inciso III do “caput” deste artigo incluirão instruções para a instalação de equipamento para detectar e prevenir Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 10 vazamento de gás (Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 17.212, de 12/12/2007). No caso do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), a lei que define suas competências é a de nº 8.255 (LOB – Lei de Organização Básica), de 20 de novembro de 1991, regulamentada pelo Decreto nº 16.036 (RLOB – Regulamento da Lei de Organização Básica), de 4 de novembro de 1994. A LOB e o RLOB definem as diversas competências do CBMDF, como, por exemplo: realizar serviços de prevenção e extinção de incêndios; efetuar perícias de incêndios; promover pesquisas técnico-científicas com vistas à obtenção de produtos e processos que permitam o desenvolvimento de sistemas de segurança contra incêndio e pânico; realizar atividades de segurança contra incêndio e pânico com vistas à proteção das pessoas e dos bens públicos e privados; fiscalizar o cumprimento da legislação referente à prevenção contra incêndio e pânico; e, desenvolver na comunidade a consciência para os problemas relacionados com a segurança contra incêndio e pânico. Outro exemplo, agora o Estado de Pernambuco (1996), segundo seu Código de Segurança contra incêndio e pânico, o Corpo de Bombeiros Militar tem como competência: Art. 3º. [...] o estudo, a análise, o planejamento, a fiscalização e a execução das normas que disciplinam a segurança das pessoas e de seus bens contra incêndio e pânico em todo o Estado de Pernambuco, na forma prevista neste Código. Parágrafo único - Para o cumprimento do disposto neste artigo, o Estado, por intermédio do CBMPE, efetivará a celebração de convênios, ajustes ou outros instrumentos congêneres, com órgãos da administração direta e indireta federal, estadual ou municipal, bem como com entidades privadas. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 11 Art. 4º Competirá, ainda, ao CBMPE, baixar normas técnicas objetivando o detalhamento de instalações dos sistemas de segurança contra incêndio e pânico previstos neste Código, em conformidade com o disposto no artigo 42,inciso III, da Constituição do Estado de Pernambuco. Como se observa, a segurança contra incêndio e pânico envolve a prevenção, o combate (consequentemente a extinção) e a perícia de incêndios, mas não somente em edificações urbanas, também incêndios florestais, os quais não veremos neste curso. Voltemos aos princípios da segurança contra incêndio, frisando sempre que o objetivo fundamental da segurança contra incêndio e pânico é minimizar o risco à vida e a perda patrimonial. Entende-se como risco à vida a exposição severa dos usuários da edificação e das populações adjacentes ao incêndio e seus efeitos (fumaça, calor e pânico). Entende-se como perda patrimonial a destruição parcial ou total da edificação, dos estoques, dos documentos, dos equipamentos ou dos acabamentos do edifício sinistrado ou da vizinhança, além dos prejuízos ambientais e dos danos indiretos decorrentes da interrupção das atividades desenvolvidas na edificação sinistrada. Uma forma de minimizar os riscos à vida e às perdas patrimoniais é evitar que um incêndio, caso iniciado, torne-se incontrolável, posto que, nessa situação, certamente ocorrerão perdas significativas. E, mais que isso, deve-se tentar impedir que o incêndio ocorra. Esse objetivo pode ser alcançado por meio de alguns princípios: a) Controle da natureza e da quantidade dos materiais combustíveis constituintes e contidos no edifício. b) Compartimentação horizontal e vertical dos edifícios. c) Dimensionamento da proteção e resistência estrutural ao fogo. d) Isolamento dos riscos (limitar a propagação entre edificações). e) Dimensionamento dos sistemas de detecção, alarme e extinção de incêndio. f) Criação de rotas de fuga sinalizadas, iluminadas e livres da fumaça e do calor. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 12 g) Criação de acesso às equipes de combate a incêndio. h) Treino da população para combater princípios de incêndio e realização do abandono seguro do edifício. E, i) Manutenção dos sistemas de proteção contra incêndio instalados (VARGAS; SILVA, 2003; CAMPOS; CONCEIÇÃO, 2006). O incêndio inicia-se, em geral, a partir de materiais combustíveis depositados na edificação. Mas, à medida que as chamas se espalham sobre a superfície do primeiro objeto significado e, talvez, para outros objetos contíguos, o processo de combustão torna-se mais fortemente influenciado por fatores característicos do ambiente. Caso haja ventilação suficiente para sustentar o incêndio, a temperatura do ambiente irá se elevar, transportando camadas de gases quentes para a parte superior do compartimento e originando intensos fluxos de energia térmica radiante. Consequentemente, os materiais combustíveis ali presentes emitirão gases inflamáveis que se incendiarão, dando início à generalização do incêndio, momento em que todo o ambiente ficará envolvido pelo fogo. No intuito de dificultar a ocorrência do incêndio (mais propriamente de sua inflamação generalizada), limitar a sua propagação e reduzir a produção de gases tóxicos na fumaça de incêndio, é importante não só controlar a quantidade e a natureza de material combustível depositado na edificação (carga de incêndio temporal), como também controlar a quantidade e a natureza de materiais combustíveis incorporados aos elementos construtivos (carga de incêndio incorporada). Essa ação está relacionada com a reação ao fogo dos materiais, que é a contribuição para o desenvolvimento do fogo, ao sustentar a combustão e possibilitar a propagação superficial das chamas (VARGAS; SILVA, 2003; CAMPOS; CONCEIÇÃO, 2006). Ainda com vistas à limitação da produção e propagação de fumaça e calor no interior da edificação, a principal medida a ser adotada consiste na compartimentação horizontal e vertical, a qual visa dividir o edifício em células capacitadas a suportar a queima dos materiais combustíveis nelas contidos. Essa medida deve ser acompanhada de cuidados como a ventilação do ambiente de modo a controlar a severidade do incêndio e a extração de fumaça. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 13 A capacidade dos elementos construtivos de suportar a ação do incêndio denomina-se resistência ao fogo e refere-se ao tempo durante o qual conservam suas características funcionais de vedação e/ou estabilidade estrutural. O correto dimensionamento da resistência ao fogo dos elementos estruturais proporciona uma fuga segura aos ocupantes da edificação, garante um tempo mínimo de ação para as equipes de socorro e minimiza danos à própria edificação, à vizinhança, à infraestrutura pública e ao meio ambiente. Mesmo que um prédio se incendeie é oportuno evitar a propagação do incêndio desse para os adjacentes. O isolamento entre riscos permite restringir o incêndio, fazendo com que as edificações próximas não sofram os efeitos do sinistro. O isolamento de risco pode ser obtido por meio de afastamento horizontal entre fachadas ou por barreiras (paredes corta-fogo) (NBR 9077; VARGAS; SILVA, 2003; CAMPOS; CONCEIÇÃO, 2006). Quando a edificação dispõe de sistemas de proteção contra incêndio, a probabilidade de o incêndio sair de controle em edificações dotadas desses sistemas é menor, se comparadas com outras que não os possuam. Vejamos a tabela abaixo que relaciona alguns meios de detecção e extinção de incêndio com a probabilidade do seu controle. Efeito da extinção e detecção automáticas do incêndio Meios de proteção Probabilidade do incêndio sair de controle Corpo de bombeiros. 1:10 Chuveiros automáticos. 2:100 Corpo de bombeiros de alto padrão combinado com sistema de alarme. Entre 1:100 e 1:1000 Corpo de bombeiros de alto padrão combinado com chuveiro automático. 1:10000 Fonte: Plank (1996 apud VARGAS e PIGNATTA, 2003). Ressalte-se a importância da manutenção periódica dos sistemas de proteção que confere confiabilidade ao sistema e segurança à edificação e seus Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 14 ocupantes, além da educação que é medida essencial da segurança contra incêndio, uma vez que nos leva a inserir a cultura prevencionista na população. A cultura prevencionista pode ser disseminada pelos bombeiros, pelos brigadistas, pelos professores, pelos lojistas, enfim, por diversas pessoas capacitadas para tal fim. E pode ser feita por meio de palestras, cartilhas, treinamentos práticos, visitas, entre outros. Esta talvez seja a medida mais eficaz na obtenção do grau de excelência na segurança contra incêndio e pânico (CAMPOS; CONCEIÇÃO, 2006). Ao fazermos uma comparação entre incêndios e acidentes no trânsito com vítimas fatais, a segunda ocorrência apresenta trinta vezes mais probabilidade de ocorrer, mesmo assim, a segurança contra incêndio deve tratar prioritariamente dos fatores que influenciam a segurança da vida, os quais estão intimamente relacionados às medidas de proteção que visem à evacuação das pessoas da edificaçãosinistrada (VARGAS; PIGNATTA, 2003). Sobre o tempo de evacuação de uma edificação em situação de incêndio, podemos dizer que é função da: estrutura da edificação (altura, área, saídas, entre outras); quantidade de pessoas e de sua mobilidade (idade, estado de saúde, entre outros). Portanto, as medidas de segurança necessárias são diferentes quando aplicadas: a edifícios altos em relação a edifícios térreos; a edifícios com alta densidade de pessoas (escritórios, hotéis, lojas e teatros); àqueles com poucas pessoas (depósitos); a edifícios concebidos para habitação de pessoas de mobilidade limitada (hospitais, asilos); e, àqueles com ocupantes saudáveis (complexos esportivos). Quanto à morte em incêndio, geralmente esta é provocada pela fumaça ou pelo calor, conforme pode ser observado na tabela abaixo. Causa de mortes em incêndios de edifícios País Calor e fumaça Outras causas Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 15 França 95% 5% Alemanha 74% 26% Países baixos 90% 10% Reino Unido 97% 3% Suíça 99% 1% Fonte: Plank (1996 apud VARGAS e PIGNATTA, 2003, p. 10). O risco de morte ou ferimentos graves pode ser avaliado em termos do tempo necessário para alcançar níveis perigosos de fumaça ou gases tóxicos e temperatura, comparado ao tempo de escape dos ocupantes da área ameaçada. Isso significa que uma rota de fuga adequada, bem iluminada, bem sinalizada, desobstruída e estruturalmente segura é essencial na proteção da vida em casos de incêndio. Devem ser tomados os devidos cuidados para limitar a propagação da fumaça e do fogo, que podem afetar a segurança das pessoas em áreas distantes da origem do incêndio ou mesmo entre edifícios vizinhos. Para fecharmos esse tópico, vejamos no quadro abaixo um resumo dos fatores e suas influências na intensidade do incêndio e as exigências de resistência ao fogo. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 16 Fonte: Vargas e Pignatta (2003, p. 11). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 17 2.3 Estatísticas dos incêndios No Brasil, as estatísticas de incêndio não são feitas no âmbito nacional e, portanto, não se sabe o quanto se perde precisamente com os sinistros de incêndio e qual é o seu perfil (CUOGHI, 2006). Embora o dado seja de 20 anos atrás, vale a citação de Seito (1995), o qual estima que as perdas indiretas superam as perdas diretas dos sinistros de incêndio e mais de 30% das empresas que sofreram incêndio total, apesar de receberem indenização securitária e retomarem suas atividades, saem do mercado dentro de 2 a 3 anos após seu retorno. O Instituto Sprinkler Brasil realiza estatísticas de incêndios em locais construídos e que poderiam ter sido contornados com o uso de sprinklers, excluídas as residências, a partir da compilação de dados de notícias sobre os chamados “incêndios estruturais”. Segundo o Instituto, em 2013, ocorreram 1.095 incêndios distribuídos entre galpões, comércio, indústrias, bancos, empresas públicas, escolas, hospitais, aeroportos, entre outros. Isto representa 91 ocorrências noticiadas, em média, por mês. Em 2012, foram noticiadas 755 ocorrências de incêndios estruturais, gerando a média de 40 matérias mensais sobre o tópico (INSTITUTO SPRINKLER BRASIL, 2013). O que sabemos, com certeza é que a manutenção de sistemas de coleta, tratamento e análise de dados sobre incêndios permitem organizar programas de proteção, prevenção contra incêndios e educação em nível local e nacional e que até mesmo na internet podemos encontrar, organizados por diversos países, dados sobre ocorrências de incêndios. Sabemos também que o incêndio deixa rastros tais como: motivos, origem, temperaturas, reações químicas incompletas, velocidade de propagação, materiais queimados, carga incêndio, entre outros, portanto, a pesquisa científica e investigativa pode nos levar a uma análise conclusiva dos fenômenos físicos, químicos e humanos envolvidos no incêndio. Os incêndios em sua maior parte são causados pelo que se chama de comportamento de risco, isto é, um conjunto de atos cometidos pelo ser humano, por imprudência, imperícia ou negligência, que vem desencadear a ocorrência de Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 18 incêndio. O desconhecimento dos reais riscos de incêndio e o descaso na previsão de medidas de segurança são as duas principais causas da ocorrência de incêndio. (MELO, 1999). O incêndio pode surgir por variadas razões, cujas causas mais comuns são: as causas fortuitas e as acidentais (GOMES, 1998). Uma ponta de cigarro ou fósforo incandescente, largada em cesto ou lata de lixo, tomada elétrica sobrecarregada, pano impregnado com álcool, éter, gasolina, cera, querosene e outros inflamáveis guardados sem o menor cuidado, fio elétrico energizado sem isolamento ou desprotegido, em contato com papel, tecido ou outro material combustível, equipamento elétrico funcionando regularmente, apresentando alta temperatura e/ou centelhamento são exemplos de causas fortuitas. Alguns exemplos de causas acidentais: vazamento de líquido inflamável em área de risco, concentração de gás inflamável em área confinada, curto circuito em aparelho elétrico energizado ou em fiação não isolada adequadamente, combustão espontânea, eletricidade estática, entre outros (GOMES, 1998). 2.4 Os grandes incêndios e suas “lições” Que as experiências, os acontecimentos, as tragédias sempre nos trazem grandes lições/aprendizagens não há dúvidas e em relação aos incêndios urbanos, estes também tiveram e ainda têm a capacidade de alterar a maneira de encarar e operar a segurança contra incêndio da sociedade brasileira, destacando que tais eventos geraram vontade e condições políticas para as mudanças e o modo como essa vontade se consubstanciou (GILL; NEGRISOLO; OLIVEIRA, 2008). Vejamos alguns dos incêndios que abalaram o Brasil. a) Gran Circo Norte-americano: O maior incêndio em perda de vidas, em nosso País, e de maior perda de vidas ocorridas em um circo até nossos dias, aconteceu em 17 de dezembro de 1961, em Niterói (RJ) no Gran Circo Norte-Americano, tendo como resultado 503 mortos e 400 feridos. Vinte minutos antes de terminar o espetáculo, um incêndio tomou conta da lona. Em três minutos, o toldo, em chamas, caiu sobre os dois mil e quinhentos espectadores. A ausência dos requisitos de escape para os espectadores, como o dimensionamento e posicionamento de saídas, a inexistência Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste materialpode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 19 de pessoas treinadas para conter o pânico e orientar o escape, entre outros, foram as causas da tragédia. As pessoas morreram queimadas e pisoteadas. A saída foi obstruída pelos corpos amontoados. O incêndio teve origens intencionais, criminosas. Seu autor foi julgado e condenado, e a tragédia teve repercussão internacional, com manifestações do Papa e auxílio dos EUA, que forneceram 300 metros quadrados de pele humana congelada para ser usada no tratamento das vítimas. b) Indústria Volkswagen Até dezembro de 1970, nenhum grande incêndio em edificações havia impactado a abordagem que o Poder Público e, especialmente, as seguradoras faziam do problema no Brasil. Era linguagem quase corrente que o padrão de construção – em alvenaria – aliado à ocupação litorânea de uma área com alta umidade relativa do ar, se não impediam, ao menos minimizavam, a possibilidade da ocorrência de grandes incêndios. O incêndio na Ala 13 da montadora de automóveis Volkswagen, em São Bernardo do Campo, ocorrido em 18 de dezembro de 1970, consumindo um dos prédios da produção (Ala 13), com uma vítima fatal e com perda total dessa edificação, além de ser um grande exemplo de um novo tipo de conflagração – o ocorrido em uma só edificação –, apontou que a apregoada ausência de risco não passava de crença ingênua. Efetuando-se uma única comparação, que reafirma o fato de não importarmos aprendizados e soluções, podemos destacar que em 12 de agosto de 1953, incendiaram-se as instalações da General Motors, em Livonia, Michigan, EUA. Pela incapacidade de penetrar nas instalações, totalmente tomadas pela fumaça, as perdas materiais foram totais. As perdas humanas contabilizaram quatro mortes e quinze pessoas seriamente feridas. Após esse incêndio, iniciaram-se os estudos para a implantação de sistemas de controle de fumaça – ausentes nas instalações da Volkswagen – que somente Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 20 começaram a ser realmente exigidos no Brasil a partir de 2001, na regulamentação do Corpo de Bombeiros de São Paulo (GILL; NEGRISOLO; OLIVEIRA, 2008). c) Edifício Andraus O primeiro grande incêndio em prédios elevados ocorreu em 24 de fevereiro de 1972, no edifício Andraus, na cidade de São Paulo. Tratava-se de um edifício comercial e de serviços (Loja Pirani e escritórios), situado na Avenida São João esquina com Rua Pedro Américo, com 31 andares, estrutura em concreto armado e acabamento em pele de vidro. Acredita-se que o fogo tenha começado nos cartazes de publicidade das Casas Pirani, colocados sobre a marquise do prédio. Do incêndio resultaram 352 vítimas, sendo 16 mortos e 336 feridos. Apesar de o edifício não possuir escada de segurança e a pele de vidro haver proporcionado uma fácil propagação vertical do incêndio pela fachada, mais pessoas não pereceram pela existência de instalações de um heliponto na cobertura, o que permitiu que as pessoas que para lá se deslocaram, permanecessem protegidas pela laje e pelos beirais desse equipamento. Características do edifício: não tinha chuveiros automáticos, sinalização das saídas de emergência, iluminação de emergência, alarme manual; forros e acabamentos eram combustíveis. Muitos dali foram retirados por helicópteros, apesar de a escada do edifício estar liberada para descida, as pessoas optaram por procurar abrigo no heliponto por temerem retornar ao interior do edifício. Esse incêndio gerou Grupos de Trabalho (GTs), especialmente nos âmbitos da cidade e do Estado de São Paulo. Com o passar do tempo, esses trabalhos foram perdendo o seu ímpeto inicial, e mesmo aqueles que conseguiram levar a termo suas tarefas, viram seus esforços caminharem para um processo de engavetamento dos estudos e proposições. Estudou-se a reestruturação do corpo de bombeiros, criando-se Comandos de Corpo de Bombeiros dentro das Polícias Militares (PM), pois, até então, com Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 21 exceção do corpo de bombeiros do Rio de Janeiro e de Brasília, todos eram orgânicos às PM. A Prefeitura de São Paulo passou a estudar a reformulação de seu Código de Obras (oriundo de 1929, e atualizado em 1955). d) Edifício Joelma Esse edifício, também construído em concreto armado, com fachada tradicional (sem pele de vidro), situa-se na Avenida Nove de Julho, 22 (Praça da Bandeira), possuindo 23 andares de estacionamentos e escritórios. Ocorrido em 1º de fevereiro de 1974, gerou cento e setenta e nove mortos e trezentos e vinte feridos. Características do edifício: assim como o Andraus, não possuía escada de segurança; não tinha chuveiros automáticos, sinalização das saídas de emergência, iluminação de emergência, alarme manual, nem plano de evacuação; forros e acabamentos eram combustíveis. Nesse incêndio, como ocorrera no da Triangle Shirtwait Factory, pessoas se projetaram pela fachada do prédio, gerando imagens fortes e de grande comoção (a maior parte das pessoas que se projetou do telhado caiu em pátio interno, longe das vistas da população). Muitos ocupantes do edifício pereceram no telhado, provavelmente buscando um escape semelhante ao que ocorrera no edifício Andraus. Somado ao incêndio do edifício Andraus, pela semelhança dos acontecimentos e proximidade espacial e temporal, o incêndio causou grande impacto, dando início ao processo de reformulação das medidas de segurança contra incêndios. Ainda durante o incêndio, o comandante do corpo de bombeiros da cidade de São Paulo, munido dos dados que embasavam os estudos da reorganização desse corpo de bombeiros, revela à imprensa as necessidades de aperfeiçoamento da organização. Mostram-se, portanto, igualmente falhos e despreparados para esse tipo de evento, os poderes municipal e estadual. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 22 O primeiro por deficiências em sua legislação e por descuidar do corpo de bombeiros, pelo qual era responsável solidariamente com o Estado. O segundo pelas deficiências do corpo de bombeiros (GILL; NEGRISOLO; OLIVEIRA, 2008). e) Boate Kiss – Santa Maria (RS) Em linhas gerais um artefato pirotécnico iniciou o incêndio ao atingir o forro composto de espuma e isopor, uma combinação típica para causar muita fumaça tóxica. Extintores de incêndio e outros equipamentos não funcionaram. Seguranças despreparados barraram a saída dos primeiros ocupantes que detectaram o incêndio, além da boate estar superlotada. A boate tinha apenas um acesso, usado tanto para entrada quanto para saída de pessoas, com porta de tamanho reduzido. Não havia saídas de emergência. A porta, quando totalmente aberta, chegava a uma largura de 3 metros. Os sistemas de ar condicionadoe de exaustão também contribuíram para o grande número de mortes, ao propagarem rapidamente a fumaça tóxica em vez de dissipá-la. De acordo com a perícia, os dutos de ar da casa noturna operavam de forma ineficiente e ainda estavam parcialmente obstruídos por janelas basculantes, impedindo que parte da fumaça saísse para o ambiente externo do prédio. A perícia de engenharia do local também constatou que faltavam itens de segurança como chuveiros automáticos para o caso de incêndio (já que a boate não tinha janelas), e mais luzes de emergência indicativas do local de saída. Sem enxergar em função da fumaça, o público acabou se dirigindo para os banheiros, onde a maioria das vítimas foi encontrada. Enfim, uma sequência de erros, omissões ou negligência se somaram para que ocorresse a tragédia. Não nos esquecemos dos inúmeros incêndios ocorridos em favelas de várias capitais brasileiras a título de exemplo, o de Vila Socó (Cubatão, 1984) e Belém do Pará, região metropolitana que tem o maior número de aglomerados subnormais em espaço urbano do Brasil, mas justificamos não explanar mais sobre o assunto porque acreditamos que os exemplos acima mostram a importância da preocupação com a prevenção e o combate. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 23 Abaixo temos uma lista de incêndios relevantes, com vítimas fatais, ocorridos no mundo e no Brasil: Hotel Royal, Jomtien (Tailândia), 1987 (91 mortes); Clube noturno de Gotemburgo, Suécia, em 1998 (63 mortos); World Trade Center (EUA), 2001 (de 2146 a 2163 pessoas mortas). Outros vários incêndios relevantes ocorridos em hotéis (edifícios altos) com vítimas fatais, a partir de 1971: 26/12/71, Seul/Coréia do Sul (166 mortos); 01/09/73, Dinamarca (35 mortos); 25/02/77, Moscou/Rússia (42 mortos); 09/05/77, Amsterdam/Holanda (33 mortos); 14/11/77, Filipinas (no mínimo 47 mortos); 12/07/79, Zaragosa/Espanha (76 mortos); 20/11/80, Kawaji/Japão (45 mortos); 21/11/80, Las Vegas/EUA (85 mortos); 07/05/83, Istambul/Turquia (36 mortos); 14/01/84, Pusam/Coréia do Sul (36 mortos); 23/01/86, índia (38 mortos); e 29/01/97, China (39 mortos) (www.nfpa.org apud ALVES, 2005). No Brasil, dentre outros eventos, temos: Gran Circus Norte-Americano (RJ), em 1961, com 503 mortes; Edifício Joelma (SP), em 1974, mais de 180 pessoas; Vazamento em Cubatão (SP), em 1984, 93 mortos; Lojas Renner em Porto Alegre, 1976, 41 pessoas mortas; Edifício Andorinha (RJ), em 1986, 21 mortos; Edifício Grande Avenida (SP), 1982, 17 mortos; Edifício Andraus (SP), 1972, 16 mortos; Creche Uruguaiana (RS), em 2000, morreram 12 crianças; Show no Canecão Mineiro (Belo Horizonte - MG), matou 21 pessoas em 2001; Boate Kiss, Santa Maria (RS), 231 mortos. Para quem quer conhecer detalhes de alguns grandes incêndios ocorridos ao longo do mundo nas últimas décadas, vale a pena conferir a Dissertação de Mestrado de Alessandra Alves (2005) que se encontra disponível em: http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/5485/1/alessandra_alves.pdf Guarde... A Segurança Contra Incêndio pode ser encarada pela divisão entre os seguintes grupos de Medidas de Proteção Contra Incêndio (MPCI): a) Prevenção – abrange as medidas de segurança contra incêndio que objetivam “evitar” incêndios (união do calor com combustíveis), as quais serão Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 24 mais importantes quanto maior a quantidade e mais fracionado o combustível (gases, vapores, poeira). Em síntese: são as medidas que trabalham o controle dos materiais combustíveis (armazenamento/quantidade) das fontes de calor (solda/eletricidade/cigarro) e do treinamento (educação) das pessoas para hábitos e atitudes preventivas. b) Proteção – são as medidas que objetivam dificultar a propagação do incêndio e manter a estabilidade da edificação. Normalmente são divididas em proteções ativas e passivas, conforme trabalhem, reagindo ou não em caso de incêndio. Exemplos de medidas de proteção passiva: paredes e portas corta-fogo; diques de contenção; armários e contentores para combustíveis; afastamentos; proteção estrutural, controle dos materiais de acabamento. Exemplos de medidas de proteção ativas: sistema de ventilação (tiragem) de fumaça; sistema de chuveiros automáticos (sprinkler). c) Combate – compreende tudo o que é usado para se extinguir incêndios, tais como: equipamentos manuais (hidrantes e extintores) complementados por equipes treinadas; sistemas de detecção e alarmes; sistemas automáticos de extinção; Planos de Auxilio Mútuo – PAMs; corpo de bombeiros públicos e privados, condições de acesso à edificação pelo socorro público; reserva de água (e hidrantes públicos), entre outros. d) Meios de escape – normalmente constituído por medidas de proteção passiva, tais como escadas seguras, paredes, portas (corta-fogo), podem incluir proteção ativa, como sistemas de pressurização de escadas e outros. Dependem ainda dos sistemas de detecção, alarme e iluminação de emergência e, em alguns casos, de uma intervenção complementar de equipes treinadas para viabilizar o abandono, especialmente nos locais de reunião de público. Destacamos essa medida de proteção contra incêndio das demais devido a sua importância fundamental para a vida humana e por sua ação básica nos trabalhos de resposta a emergências, visto que as equipes de resposta normalmente acessam a edificação e as vítimas por meios de escape. e) Gerenciamento – nessa medida de proteção contra incêndio estão incluídas todas as medidas administrativas e de dia-a-dia, como o treinamento e Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 25 reciclagem das equipes de resposta a emergências, a existência de um plano e um procedimento de emergência, a manutenção dos equipamentos instalados, a adequação dos meios instalados com o risco existente (o qual muitas vezes se altera sem que se efetue a necessária adequação dos meios), entre outros. Em síntese, abrange a manutenção dos sistemas e a administração da resposta às emergências, nelas inclusos o treinamento do pessoal e sua ação fundamental em locais de reunião de público (GILL; NEGRISOLO; OLIVEIRA, 2008). Podemos também resumir os fatores que levam aos incêndios em duas grandes expressões: “vulnerabilidade por ausência de desenvolvimento e vulnerabilidade devido a um desenvolvimento não sustentável” (GUIMARÃES; GUERREIRO; PEIXOTO, 2008). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 26 UNIDADE 3 – OS INCÊNDIOS As definições abaixo traduzem exatamente o que é o incêndio. Brasil NBR 13860: O incêndio é o fogo fora de controle. InternacionalISO 8421-1: Incêndio é a combustão rápida disseminando-se de forma descontrolada no tempo e no espaço. Essas conceituações deixam claro que o incêndio não é medido pelo tamanho do fogo. No Brasil, quando o estrago causado pelo fogo é pequeno, diz-se que houve um princípio de incêndio e não um incêndio (SEITO, 2008). O incêndio produz três produtos, que são utilizados nos sistemas de detecção e chuveiros automáticos (sprinklers), os quais veremos ao longo dos módulos: calor; fumaça; chama. Existem dois aspectos básicos que precisamos compreender quando se trata da proteção contra incêndios, para segurança pessoal e de terceiros. O primeiro aspecto é o da prevenção de incêndios, isto é, evitar que ocorra fogo, utilizando-se certas medidas básicas, que envolvem a necessidade de se conhecer, entre outros itens: a) características do fogo; b) propriedades de riscos de materiais; c) causas de incêndios; d) estudo dos combustíveis. Quando, apesar da prevenção, ocorre um princípio de incêndio, é importante que ele seja combatido de forma eficiente, para que sejam minimizadas suas consequências. Para tanto, é necessário: a) conhecer os agentes extintores; b) saber utilizar os equipamentos de combate a incêndios; c) saber avaliar as características do incêndio, o que determinará a melhor atitude a ser tomada. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 27 3.1 O triângulo do fogo Pode-se definir o fogo como consequência de uma reação química denominada combustão, que produz calor ou calor e luz. Para que ocorra essa reação química, dever-se-á, ter no mínimo dois reagentes que, a partir da existência de uma circunstância favorável, poderão combinar-se. Os elementos essenciais do fogo são: combustível, comburente e calor. a) Combustível Combustível é todo material ou substância que possui a propriedade de queimar, ou seja, de entrar em combustão. Os combustíveis podem apresentar-se em três estados físicos: sólido (madeira, papel, tecidos, entre outros); líquido (álcool, éter, gasolina, entre outros); Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 28 gasoso (acetileno, butano, propano, entre outros). Quanto à volatilidade, os combustíveis podem ser: - voláteis – não necessitam de aquecimento para desprenderem vapores inflamáveis. Exemplo: gasolina, éter, entre outros; - não voláteis – precisam de aquecimento para desprender vapores inflamáveis. Exemplo: madeira, tecido, entre outros. b) Comburente Normalmente, o oxigênio combina-se com o material combustível, dando início à combustão. O ar atmosférico contém, em sua composição, cerca de 21% de oxigênio (não existirá chama em ambientes na faixa de 8% a 16% de O2 e não haverá combustão abaixo de 8%). O carvão é uma das exceções, queima com 9% de oxigênio. c) Calor É o elemento que possibilita a reação entre o combustível e o comburente, mantendo e propagando a combustão, como a chama de um palito de fósforos. O calor propicia: - elevação da temperatura; - aumento de volume dos corpos; - mudança no estado físico das substâncias. Há casos de materiais em que a própria temperatura ambiente já serve como fonte de calor. d) Condições propícias Precisamos de um quarto elemento que podemos chamar de ‘reação em cadeia’. É importante notar que, para o início da combustão, além dos elementos essenciais do fogo, há a necessidade de que as condições em que esses elementos se apresentam, sejam propícias para o início do fogo. Pensando em um escritório iluminado com uma lâmpada incandescente de 10 watts, tem-se no ambiente: Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 29 a) combustível – mesa, cadeira, papel, entre outros; b) comburente – oxigênio presente na atmosfera; c) calor – representado pela lâmpada incandescente ligada; Caso se aproxime, porém, uma folha de papel da lâmpada, quando esta estiver acesa, haverá o aquecimento do papel e este começará a liberar vapores que, em contato com a fonte de calor (lâmpada), combinarão com o oxigênio e ocorrerá a combustão. Portanto, somente quando o combustível apresentar-se sob a forma de vapor ou gás, ele poderá entrar em ignição. Se esse combustível estiver no estado sólido ou líquido, haverá a necessidade de que seja aquecido, para que comece a liberar vapores ou gases. Esquematicamente, pode-se considerar vários casos: 1. sólido > aquecimento > vapor: exemplo: papel. 2. sólido > aquecimento > líquido > aquecimento > vapor: exemplo: parafina. 3. líquido > aquecimento > vapor exemplo: óleos combustíveis. d) gás apresenta-se no estado físico adequado à combustão: exemplo: acetileno (ALVES, 2005). Quanto ao oxigênio, ele deverá estar presente, no ambiente, em porcentagens adequadas. Se ele estiver reduzido a porcentagens abaixo de 16%, diz-se que a mistura combustível-comburente está muito rica, e não haverá combustão (JORDÃO; FRANCO, 2002). Guarde... O calor e os incêndios se propagam por 3 maneiras fundamentais: a) por condução, ou seja, através de um material sólido de uma região de temperatura elevada em direção a outra região de baixa temperatura; b) por convecção, ou seja, por meio de um fluído líquido ou gás, entre 2 corpos submersos no fluído, ou entre um corpo e o fluído; c) por radiação, ou seja, por meio de um gás ou do vácuo, na forma de energia radiante. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 30 Num incêndio, as três geralmente são concomitantes, embora em determinado momento uma delas seja predominante. Quando os três elementos (calor, combustível e comburente) apresentam-se em um determinado ambiente, sob condições propícias, tem-se o chamado triângulo do fogo, mas existe variações na sua forma de apresentação, como uma pirâmide com o acréscimo do termo “condições propícias”. Teoricamente, para extinguirmos um incêndio, precisamos atacar pelo menos um dos lados do triângulo. Ao retirarmos um dos três elementos do triângulo do fogo, automaticamente estaremos extinguindo a combustão, ou seja, o incêndio. 3.2 Causas dos incêndios Segundo Assis (2001), um incêndio tem seu início a partir do instante onde, provocada uma ignição, o desenvolvimento da reação de combustão se torna autossustentável. Para tal, a fonte de ignição é geralmente pequena e com pouca energia. Porém, se essa é capaz de iniciar uma pirólise de algum material combustível, será suficiente para iniciar um incêndio na presença de oxigênio. Notam-se três formas de início de ignição: as acidentais, as intencionais e as espontâneas (CLARET, 1999). Portanto, a ignição sedará: a) com uma chama-piloto de um fósforo ou de uma faísca elétrica; b) com uma ignição espontânea (autoignição), onde as chamas se desenvolvem espontaneamente em face do aumento de temperatura do ambiente; c) com uma combustão espontânea de certa massa de um corpo combustível sólido, em geral decorrente da elevação da temperatura causada por processos químicos e/ou biológicos, ou ainda da oxidação de óleos internos e próprios da estrutura. Para esse caso, a combustão é do tipo sem chamas (fogo morto) iniciando-se no interior da massa. Em palavras mais simples podemos dizer que chamas abertas como de um fogão, equipamentos elétricos que não foram projetados para funcionar ininterruptamente, cigarros, fiações e tomadas desencapados, aquecedores elétricos oferecem algumas das condições e causas mais comuns de incêndios. Logo, para se ter sucesso na detecção e extinção de um incêndio, é necessário que sejam observados os seguintes aspectos: Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 31 a) descobrir o foco de fogo logo que ele surja; b) dar imediato alarme; c) iniciar rápida ação de controle de extinção; d) manter contínua atuação sobre o fogo até sua extinção ou chegada do socorro eficiente (GOMES, 1998). Assim, poderá ser alcançado êxito na proteção da vida humana e dos bens materiais envolvidos diretamente no sinistro. 3.3 A classificação de incêndios e dos materiais O incêndio é classificado observando-se o grau de periculosidade apresentado. Para isso, são observadas principalmente as quantidades de materiais combustíveis envolvidas (mobílias, decoração, acabamentos de pisos, paredes, forros, entre outros). Gomes (1998) propõe duas formas de classificação: pela natureza e pela quantidade de materiais (mas existem outras). a) Classificação pela Natureza dos Materiais: Quase todos os materiais são combustíveis, no entanto, devido à diferença de composição, queimam de formas diferentes e exigem maneiras diversas de extinção (LIMA; ENCARNAÇÃO, 2010). Por este motivo, convencionou-se dividir os incêndios em quatro classes: A, B, C e D. Incêndios de classe A: fogo em sólidos combustíveis mais comuns e de fácil combustão, tais como algodão, fibras, madeiras, papel, tecidos e similares. Incêndios de classe B: fogo em líquidos inflamáveis e petrolíferos (álcool, gasolina, graxas, vernizes e similares). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 32 Incêndios de classe C: fogo em equipamentos elétricos energizados (motores, circuladores de ar, aparelhos de ar condicionado, televisores, rádios e outros similares). Incêndios de classe D: fogo em materiais pirofóricos e suas ligas, assim como o alumínio em pó, zinco, magnésio, potássio, titânio, sódio e zircônio. Obs.: Os combustíveis da classe “A” são identificados por um triângulo verde com a letra “A” no centro. Os combustíveis da classe “B” são identificados por um quadrado vermelho com a letra “B” no centro. Os combustíveis da classe “C” são identificados por um círculo azul com a letra “C” no centro. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 33 Os combustíveis da classe “D” são identificados por uma estrela amarela de cinco pontas com a letra “D” no centro. b) Classificação pela Quantidade dos Materiais: Esta classificação está diretamente relacionada à carga que é definida pelo produto entre a quantidade de material combustível e o seu poder calorífico. Dividindo a carga pela área de piso do compartimento, obtém-se a carga de incêndio específica ou densidade de carga de incêndio, utilizada internacionalmente para classificar o incêndio. Logo, a classificação por intermédio da carga de incêndio (termo simplificado e utilizado para representar a carga de incêndio específica) será: a) risco leve ou risco 1 – fogo em pequena carga de incêndio, cujo desenvolvimento se faz com fraca liberação de calor – carga de incêndio até 270 MJ/m2; b) risco médio ou risco 2 – fogo em média carga de incêndio, cujo desenvolvimento se faz com moderada emissão de calor – carga de incêndio de 270 a 540 MJ/m2; c) risco pesado ou risco 3 - fogo em grande carga de incêndio, com elevada liberação de calor – carga de incêndio acima de 540 MJ/m2. A primeira classificação tem uma utilidade intrínseca porque a partir dela se pode concluir, ainda que superficialmente, o tipo mais adequado do material usado em combate. A segunda classificação, porém, visa dar uma ideia da severidade dos incêndios em função da densidade da carga de incêndio. Sabe-se que o desenvolvimento do incêndio depende igualmente da carga de incêndio e da ventilação ambiente. Assim, esta classificação resulta ser incompleta, a não ser que se admitisse incêndio em ambiente aberto (ASSIS, 2001). Por outro lado, a classificação de Gomes (1998) apresenta um escalonamento das densidades da carga de incêndio em uma amplitude tal que situaria a maioria dos incêndios nas classes de risco 2 ou 3. Com efeito, na maioria das ocupações, densidades da carga de incêndio superiores a 300 MJ/m2 são comuns. Além disso, esta classificação não considera a influência das medidas ativas que, ainda que não tenham tido sucesso na extinção de incêndio, podem contribuir significativamente na redução de sua severidade (ASSIS, 2001). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 34 Assis (2001) fala ainda que uma classificação moderna da severidade dos incêndios deveria considerar necessariamente os seguintes parâmetros: a) a densidade da carga de incêndio e a ventilação ambiente, bem como a natureza da carga de incêndio; b) a existência de medidas ativas que atuem como atenuantes; c) a existência de fatores externos e a geometria da edificação ou do compartimento que atuem como agravantes ou atenuantes dos efeitos do incêndio. Trata-se, portanto, de uma tarefa complexa, pois a severidade dos incêndios leva em conta o seu efeito sobre a edificação e os seus ocupantes, o que depende de grande número de parâmetros. Alguns desses são evidentemente culturais, o que reafirma a importância de se desenvolver uma engenharia de incêndio genuinamente brasileira. No entanto, Seito (2008) amplia consideravelmente essa lista de fatores, justificando que não existem dois incêndios iguais, pois são vários os fatores que concorrem para seu início e desenvolvimento. Vejamos: a) forma geométrica e dimensões da sala ou local; b) superfície específica dos materiais combustíveis envolvidos; c) distribuição dos materiais combustíveis no local; d) quantidade de material combustível incorporado ou temporário; e)características de queima dos materiais envolvidos; f) local do início do incêndio no ambiente; g) condições climáticas (temperatura e umidade relativa); h) aberturas de ventilação do ambiente; i) aberturas entre ambientes para a propagação do incêndio; j) projeto arquitetônico do ambiente e ou edifício; k) medidas de prevenção de incêndio existentes; l) medidas de proteção contra incêndios instalada. O incêndio inicia-se, na sua maioria, bem pequeno. O crescimento dependerá: do primeiro item ignizado, das características do comportamento ao fogo dos materiais na proximidade do item ignizado e sua distribuição no ambiente. A figura abaixo ilustra a evolução de um incêndio celulósico na edificação. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 35 Fonte: ISO/TR3814:1989(E) Tests to measuring reaction to fire of buildings materials – Their development and application apud SEITO (2008, p. 44). A curva possui três fases distintas: a primeira fase é o incêndio incipiente tendo-se um crescimento lento, em geral de duração entre cinco a vinte minutos até a ignição, em que inicia a segunda fase caracterizada pelas chamas que começam a crescer aquecendo o ambiente. O sistema de detecção deve operar na primeira fase do combate a incêndio e consequente extinção tem grande probabilidade de sucesso. Quando a temperatura do ambiente atinge em torno de 600ºC, todo o ambiente é tomado por gases e vapores combustíveis desenvolvidos na pirólise dos combustíveis sólidos. Havendo líquidos combustíveis, eles irão contribuir com seus vapores, ocorrerá a inflamação generalizada (flashover) e o ambiente será tomado por grandes labaredas. Caso o incêndio seja combatido antes dessa fase (por exemplo, por chuveiros automáticos) haverá grande probabilidade de sucesso na sua extinção. A terceira fase é caracterizada pela diminuição gradual da temperatura do ambiente e das chamas, isso ocorre por exaurir o material combustível. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 36 Martin e Peris (1982 apud MITIDIERI, 2008) relacionam as fases de evolução de um incêndio com a contribuição que os materiais combustíveis podem ocasionar em função das características de reação ao fogo que apresentam. Também consideram a importância da resistência ao fogo1 que os elementos construtivos devem possuir, conforme aparece na tabela. Fases de um incêndio e sua relação com os materiais Fonte: Martin, Peris (1982 apud MITIDIERI, 2008, p. 61). Se observarmos um incêndio desde a sua primeira fase, notaremos que a reação ao fogo dos materiais é a grande protagonista do sinistro. O odor liberado, a fumaça desenvolvida, a solicitação de socorro aos bombeiros, entre outros, ocorrem em função da reação ao fogo dos materiais. Já na segunda fase de desenvolvimento do incêndio, tanto a reação como a resistência ao fogo desempenham papéis importantes devido à propagação de chamas pelos ambientes do edifício de origem e pelos edifícios adjacentes, por meio de portas, janelas, chafts ou qualquer outra abertura constante nas paredes e/ou tetos. 1 Habilidade com que um elemento atende, por um período de tempo requerido, a suas funções portantes, integridade e/ou isolamento térmico, especificados em método de ensaio de resistência ao fogo, conforme descrito na norma ISO 834 – Fire resistance tests – Elements of building construction (ISO/GUIDE52/TAG5, 1990). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 37 Na terceira fase, a reação dos materiais ao fogo já produziu seus efeitos, e o local incendiado fica à mercê da resistência ao fogo dos elementos que constituem o edifício (elementos estruturais, elementos de compartimentação horizontal e vertical, tetos, pisos, entre outros). Nessa fase, a resistência ao fogo dos elementos tem um papel decisivo no salvamento de bens e pessoas. Em resumo, pode-se dizer que as chamas, a fumaça, o calor desenvolvido, o número de vítimas, o pânico dos usuários e a severidade do incêndio estão relacionados com a reação ao fogo dos materiais combustíveis contidos no edifício e os agregados ao sistema construtivo. Já a integridade dos elementos e estruturas, a dificuldade de propagação do fogo entre compartimentos, a eficácia da atuação dos elementos de extinção e as possíveis vidas resgatadas e bens salvados dependem da resistência ao fogo dos elementos que compõem o edifício e da sua própria estrutura (MITIDIERI, 2008). 3.4 Equações das fases do incêndio A Norma BS 3974/2001 nos dá subsídios para calcular cada fase da ilustração anterior (evolução do incêndio celulósico na edificação) tanto para o incêndio controlado pela ventilação quanto para o controlado pela carga de incêndio. Seguindo os conceitos e ensinamentos de Seito (2008), serão mantidos os símbolos das equações da norma BS 3974 “Application of fire safety engineering principles to the design of buildings – Code of practice” a) Primeiro estágio: pré-ignição Nesse estágio podem ser consideradas duas fases: abrasamento e chamejamento. No abrasamento, a combustão é lenta, sem chama e produção de pouco calor, mas com potencial para preencher o compartimento com gases combustíveis e fumaça. Essa combustão pode ter a duração de algumas horas antes do aparecimento de chamas. As formas físicas dos materiais que queimam por abrasamento são diversas. Por exemplo: serragem de madeira, pilhas de sacos de papel ou de fibras naturais, palhas, folhas secas, capim seco e alguns tipos de material sintético expandido (espuma plástica). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 38 Devido à produção de pouco calor, a força de flutuação da fumaça e/ou dos gases gerados é pequena e seus movimentos serão determinados pelo fluxo do ar ambiente. O chamejamento é a forma de combustão que estamos acostumados a ver, ou seja, com chama e fumaça. O desenvolvimento do calor e da fumaça/gases é mais rápido que a combustão por abrasamento. A razão de liberação do calor na fase de crescimento do incêndio é dada por: São dados os seguintes valores de α: Razão de crescimento do incêndio Razão de crescimento do incêndio Valor de α (kj/s 3 ) Lento 0,0029 Médio 0,012 Rápido 0,047 Ultrarrápida 0,188 Fonte: Seito (2008, p. 45). b) Segundo estágio: crescimento do incêndio Nesse estágio ocorre a propagação do fogo para outros objetos adjacentes e/ou para o material da cobertura ou teto. A temperatura do compartimento se elevará na razão direta do desenvolvimento do calor dos materiais em combustão. Nessa fase, a elevação da temperatura
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