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AULA 4
TEMA: A persuasão política. 
OBJETIVOS: Analisar as estratégias e visadas discursivas usadas pelos sujeitos políticos em seus discursos.
 Compreender o conceito e as estruturas da Retórica Política e da Persuasão Política.
4. As estratégias do discurso político. 
 
Apresentar como se articula e se dá a persuasão dos discursos políticos. Vale lembrar que tais questões estão devidamente desenvolvidas no material de apoio do aluno.
 
4.1. A Persuasão Política.
 
“Sendo a política um domínio de prática social em que se enfrentam relações de força simbólicas para a conquista e a gestão de um poder, ela só pode ser exercida na condição mínima de ser fundada sobre uma legitimidade adquirida e atribuída. Mas isso não é suficiente, pois o sujeito político deve também se mostrar crível e persuadir o maior número de indivíduos de que ele partilha certos valores. É o que coloca a instância política na perspectiva de ter que articular opiniões a fim de estabelecer um consenso. Ela deve, portanto, fazer prova da persuasão para desempenhar esse duplo papel de representante e de fiador do bem-estar social. O político encontra-se em dupla posição, pois, por um lado, deve convencer todos da pertinência de seu projeto político e, por outro, deve fazer o maior número de cidadãos aderirem a esses valores. Ele deve inscrever seu projeto na “longevidade de uma ordem social”, que depende dos valores transcendentais fundados historicamente. Ao mesmo tempo, ele deve se inscrever na volátil regulação das relações entre o povo e seus representantes. O político deve, portanto, construir para si uma dupla identidade discursiva; uma que corresponda ao conceito político, enquanto lugar de constituição de um pensamento sobre a vida dos homens em sociedade; outra que corresponda à prática política, lugar das estratégias da gestão do poder: o primeiro constitui o que anteriormente chamamos de posicionamento ideológico do sujeito do discurso; a segunda constrói a posição do sujeito no processo comunicativo. Nessas condições, compreende-se que o que caracteriza essa identidade discursiva seja um Eu-nós, uma identidade do singular-coletivo. O político, em sua singularidade, fala para todos como portador de valores transcendentais: ele é a voz de todos na sua voz, ao mesmo tempo em que se dirige a todos como se fosse apenas o porta-voz de um Terceiro, enunciador de um ideal social. Ele estabelece uma espécie de pacto de aliança entre estes três tipos de voz – a voz do Terceiro,  a voz do Eu, a voz do Tu-todos – que terminam por se fundir em um corpo social abstrato, freqüentemente expresso por um Nós que desempenha o papel de guia (“Nós não podemos aceitar que sejam ultrajados os direito legítimos do indivíduo”). Nesse aspecto, as instâncias dos discursos político e religioso têm qualquer coisa em comum: o representante de uma instituição de poder e o representante de uma instituição religiosa supostamente ocupam uma posição intermediária entre uma voz-terceira da ordem do sagrado (voz de um deus social ou de um deus divino) e o povo (povo da Terra ou povo de Deus). Em contrapartida, vêem-se no que diferem, apesar do que dizem alguns, as instâncias política e publicitária. As duas são provedoras de um sonho (coletivo ou individual), mas a primeira está associada ao destinatário-cidadão e constrói o sonho (um ideal social) com ele, e uma espécie de pacto aliança (“Nós, juntos, construiremos uma sociedade mais justa”), enquanto a segunda permanece exterior ao destinatário-consumidor ao qual ela oferece um sonho supostamente desejado por ele (singularidade do desejo): o destinatário-consumidor é o agente de uma busca pessoal (ser belo, sedutor, diferente ou estar na moda) e de forma alguma coletiva. É preciso, portanto,que o político saiba inspirar confiança, admiração, isto é, que saiba aderir à imagem ideal do chefe que se encontra no imaginário coletivo dos sentimentos e das emoções. Muitos pensadores o afirmaram e alguns grandes homens o colocaram e prática: a gestão das paixões é a arte da boa política. À condição de que o exercício desse parecer, levado ao extremo e mascarando um desejo de poder pessoal, não conduza aos piores desvios fascistas ou populistas. Efetivamente, quando essa gestão das paixões conduz à submissão total e cega do povo (ou de uma maioria), isto é, quando este último confunde um, intercessor, com outro, soberano, ele não dispõe mais  de nenhum julgamento livre, não exerce mais nenhum controle e segue o chefe cegamente em uma fusão (às vezes, uma fúria) coletiva e irracional. Derivados ou não, sustentamos a hipótese, seguindo filósofos da retórica política, de que a influência política é praticada tanto no terreno da paixão quanto no do pensamento.” CHARAUDEAU, Patrick. Discurso Político. São Paulo: Contexto, 2006, p. 79-81.
4.2. Caso Concreto 
 
Tema: Persuasão Política
 
Leia, atentamente, o trecho de um discurso do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, e responda: 1) Que elementos persuasivos ele remete em seu discurso? 2) Como ele articula tais elementos? Justifique as suas respostas.
 
Companheiras e companheiros,
Vocês sabem, muito bem, quanto custou a cada um de nós chegar até aqui. Quanta batalha foi preciso vencer, quanto preconceito foi preciso remover, quanta armadilha foi preciso desmontar.
Vocês sabem como foi difícil realizar aquele sonho que parecia impossível: o sonho coletivo de ter um trabalhador na Presidência do Brasil.
Juntos, conseguimos mostrar que este sonho não apenas era possível, como era justo e necessário. Juntos, mostramos ao mundo que um trabalhador tem condições de dirigir com competência um país da importância do Brasil. Que pode fazer isso governando para todos e sem trair os interesses da população mais pobre.
Hoje eu estou aqui para dizer a vocês que o sonho não acabou e a esperança não morreu.
Hoje eu estou aqui para dizer a vocês que aceitei, mais uma vez, o chamamento. O chamamento que vem de vocês, mas que vem, também, do fundo do meu coração.
O chamamento para continuar a luta de construção de um brasil mais justo e independente, onde cada brasileiro possa fazer três refeições todos os dias; possa ter emprego, educação e saúde; possa viver em um país cada vez mais moderno e humano; e possa, acima de tudo, ter esperança de um futuro cada vez melhor.
Hoje estou aqui para dizer a vocês que decidi submeter meu nome e meu governo, humildemente, ao julgamento dos meus irmãos brasileiros.
Hoje eu estou aqui para anunciar que sou, mais uma vez, candidato à Presidência da República.
E mais uma vez me acompanha, nesta jornada, o meu querido companheiro José Alencar.
Companheiros e companheiras,
Sou outra vez candidato não por ambição, mas porque o projeto de mudança do Brasil tem que continuar. Volto a ser candidato porque o Brasil, hoje, está melhor do que o Brasil que encontrei três anos e meio atrás, mas pode --e precisa-- melhorar muito mais.
Volto a ser candidato porque os pobres estão menos pobres e poderão continuar melhorando de vida, caso sejam mantidos --e aprofundados-- os programas sociais que implantamos.
Volto a ser candidato porque conseguimos recuperar uma economia que encontramos profundamente fragilizada. Porque provamos que é possível garantir, ao mesmo tempo, estabilidade, crescimento e distribuição de renda. Porque provamos que é possível ter crescimento econômico com geração de empregos e inclusão social. E porque queremos provar que é possível ampliar estas conquistas ainda mais.
Volto a ser candidato porque demos às classes mais pobres um alto índice de crescimento de renda e de poder de consumo. E porque tenho a certeza de que podemos continuar reduzindo a desigualdade social que ainda é grande no nosso país.
Volto a ser candidato porque melhoramos a educação, e vamos melhorá-la mais ainda, oferecendo ensino de qualidade em todos os níveis e fazendo com que a universidade seja cada vez mais acessível para os mais pobres.
Volto a ser candidato, porque abrimos as portas do Brasil para o século 21, lançandoprojetos que farão o nosso país dar o grande salto nas áreas de energia, infra-estrutura e pesquisa científica. E esses projetos precisam ter continuidade e apoio nos próximos anos.
Volto a ser candidato porque o Brasil é hoje uma nação mais respeitada internacionalmente e, se mantiver o rumo certo, poderá ampliar cada vez mais o seu papel no mundo.
Volto a ser candidato porque me sinto ainda mais maduro e preparado, pois aprendi bastante nos últimos anos, muitas vezes com sofrimento e injustiças.
Volto a ser candidato para ampliar o que está dando certo, corrigir o que houve de errado e fazer muita coisa que ainda não pôde ser feita. (...)
Quero fazer um governo que amplie nossos compromissos com os mais pobres, pois o melhor caminho de servir melhor a todos é atender primeiro os que mais necessitam.
Muito obrigado e viva o Brasil!"
4.3. Sugestão de gabarito do caso concreto: 
 
O discente deverá abordar em sua resposta que o Presidente elenca como elementos persuasivos: o sentimento nacional, as obras realizadas em seu governo, a os dados estatísticos de melhoria na qualidade de vida dos mais pobres, um trabalhador está ocupando o poder etc. Para a segunda questão, de forma resumida, o discente deverá demonstrar que esses elementos são articulados de forma a demonstrar a necessidade de ele se manter no poder.
4.4. Sugestão de atividade: 
Imaginem que vocês são candidatos a deputados federais de um determinado estado membro da federação e têm em sua plataforma política que discutir dois temas polêmicos postos na pauta da sociedade brasileira, legalização do aborto e descriminalização de entorpecentes. Redija um texto de aproximadamente 30 linhas para cada um dos temas, procurando desenvolver os conceitos acerca da retórica política discutidos em sala de aula, se posicionando acerca dos temas e buscando a adesão de seu auditório.

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