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Rio 12 de setembro de 2011 - Julian Chediak

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Rio, 12 de setembro de 2011
Direito Societário I
Veremos as espécies e as classes de ações, que são devidamente reguladas pela Lei das S.A. Por que o legislador teve a necessidade de diferenciar as ações de uma Companhia? Veremos que cada espécie de ação tem uma característica própria e, quando foram criadas, tinham objetivos específicos. Existem as ações ordinárias, as ações preferenciais e as ações de fruição. A ação de fruição, dificilmente vista na prática, é a ação que já foi objeto de amortização. 
A ação representa a contribuição dada pelo sócio ao capital. Amortização tem seu conceito no artigo 44 parágrafo 2º da lei das S.A. A ação, a partir do momento em que recebe o valor da amortização, passar a ser uma ação de fruição. Amortização é a antecipação da quantia a que o acionista faria jus caso a sociedade fosse liquidada – é um exercício de liquidação. 
As principais e mais freqüentes espécies de ações, porém, são as ações ordinárias e as ações preferenciais. As ações ordinárias são as ações clássicas, comuns. Já as ações preferenciais têm esse nome porque elas têm preferência às ações comuns. O artigo 109 da lei das S.A. trás os direitos essenciais do acionista. As ações de cada classe conferirão direitos iguais – a ação foi concebida como um título de massa, feito para circular - então é fundamental que as ações que circulem confiram os mesmos direitos. Foi feito um histórico quanto as ações ao portador, que continham uma prova física de ser acionista da companhia. Hoje em dia, as ações circulam pela internet e por telefone, portanto é primordial que os direitos conferidos aos acionistas estejam devidamente previstos no Estatuto Social da Companhia. A divisão em espécie e classes faz com que possa existir diferenciação entre os direitos dos acionistas da mesma Companhia – mas dentro do mesma espécie e da mesma classe, irá existir uniformidade de direitos. 
As ações preferenciais surgem para aqueles que tem interesse em investir na Companhia, porém não tem interesse em se envolver no dia-a-dia da Companhia. Por outro lado, as ações ordinárias surgem para os acionistas com perfil empreendedor – que desejam ditar os rumos da Companhia. A única forma de agregar os dois grupos em uma mesma Companhia é distinguindo as ações detidas por esses dois grupos. 
As ações preferenciais, em geral, não têm direito ao voto ou tem esse direito restrito. Por não ter direito ao voto, entendeu-se que deveria ser concedido às ações preferenciais alguma vantagem. 
Com o passar dos anos, foi criada uma cultura de governança corporativa que pregava a maior participação de todos, incluindo inclusive aqueles que não detém votos nas Companhias. Assim, atualmente as Companhias mais modernas já não possuem mais ações preferenciais. 
Ao detentor das ações preferenciais, dá-se o nome de preferencialista, em oposição aos ordinaristas. O artigo 15 da lei das S.A., que fala dessas espécies já vistas, indica, em seu parágrafo 1º, a possibilidade de existência de classes de ações. Apenas as ações ordinárias de companhia fechada podem ser divididas em classes, mas as ações preferenciais de qualquer companhia podem ser divididas em classes. O parágrafo 2º atualmente indica que até metade das ações podem ser preferenciais. 
Perguntar no blog sobre a adaptação das ações de 2/3 a ½, o que não é citado no texto sobre a adequação das ações preferenciais. 
O artigo 16, que trata das ações ordinárias, indica em funções de quais quesitos podem se diferenciar as classes de ações ordinárias em companhias fechadas. 
O artigo 17, mais importante sobre esse assunto, trata das ações preferenciais. Ele indica em que podem consistir os benefícios concedidos às ações preferenciais. Um dos possíveis benefícios é um dividendo mínimo ou fixo, outro é a prioridade no reembolso do capital. Reembolso do capital é a parte que caberia ao acionista ao se dividir o acervo mínimo da Companhia no caso de liquidação. O reembolso aqui previsto é distinto daquele citado no artigo 45, que é um valor pago pela Companhia ao acionista que dissentiu da deliberação tomada. 
A hipótese do reembolso de capital, por ser muito restrita, deve ser cumulada com outras vantagens, conforme a redação do parágrafo 1º. Ele deve ter pelo menos um dos três direitos para poder ser negociada nos mercados de valores mobiliários. 
A regra geral é da não cumulatividade dos dividendos. Quando os acionistas preferenciais têm direito a um mínimo, deve-se pagar o mínimo, depois pagar os ordinaristas e, se sobrar, distribuir o restante igualmente. Já no caso do dividendo fixo, será sempre aquela parcela, ainda que os ordinaristas recebam mais em determinado período. 
O direito a voto não se encontra entre os direitos essenciais dos preferencialistas. O artigo 111 fala das ações preferenciais, indicando que pode-se deixar de conferir algum dos direitos essenciais dos ordinaristas. O parágrafo 1º do artigo 111 trata dos dividendos fixos ou mínimos se tais dividendos não forem cumulativos. 
No parágrafo 2º do artigo 17 está citado o caso das “golden shares”, que surgiram no contexto das privatizações. O Estado pôde manter sua participação nas Companhias por meio dessas ações, que possuem poderes específicos, como até mesmo o poder de veto sobre as deliberações tomadas pela Companhia. A Vale já teve e a Embraer tem o governo como acionista com poder de veto até hoje. 
O artigo 18 também foi citado – seriam preferenciais apenas com vantagens políticas, sem as vantagens do artigo 17. Na Companhia Aberta, isso nunca seria possível – é vedado. Já nas sociedades fechadas, existe essa discussão e a maior parte da doutrina indica que não pode existir ação preferencial sem as vantagens do artigo 17. 
O artigo 19 fala que o Estatuto de Companhia com ações preferenciais vai discriminar as classes das ações, bem como o resgate, a amortização e a conversão de ações, etc.

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