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3º estágio (Meu resumo)- DESPESAS PÚBLICAS DE ORIGEM JUDICIAL e ATIVIDADE FINANCEIRA

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DESPESAS PÚBLICAS DE ORIGEM JUDICIAL:
PRECATÓRIO
1. Conceito
É um ato do Judiciário, de cunho mandamental, decorrente de decisão judicial transitada em
julgado contra a Fazenda Pública, por intermédio do qual o Estado-Poder Judiciário
comunica-se com o Estado-Poder Executivo, dando-lhe notícia da condenação, a fim de que,
ao elaborar o orçamento para o próximo exercício, aludido valor seja incluído na fixação da
despesa. Seu montante se constitui em dívida consolidada do Poder Público correspondente.
Quando o particular possui alguma dívida reconhecida judicialmente e não a paga, poderá
sofrer processo de execução e ter os seus bens penhorados. Uma vez penhorado, o bem pode
ser levado à praça para que, com sua venda, seja satisfeito o crédito. O mesmo não se dá com
a Fazenda Pública, visto que os seus bens são inalienáveis e impenhoráveis, além dos
serviços públicos não sofrerem solução de continuidade. Logo, contra a Fazenda Pública há
necessidade de um sistema próprio de execução e pagamento.
Fundamento: Impenhorabilidade dos bens Públicos
2. Procedimento
Uma vez declarado vencedor numa demanda judicial contra o poder público, a forma que o
Estado tem para pagar a sua dívida é através do regime privilegiado de precatórios. Assim, o
juiz da execução solicita ao presidente do respectivo Tribunal que este requisite verba
necessária ao pagamento do credor, também chamada de “precatório requisitório”. Por sua
vez, o presidente do Tribunal irá comunicar à Fazenda Pública, através de ofício requisitório,
a existência da obrigação, para ser consignada no orçamento como despesa pública a ser paga
no exercício financeiro seguinte.
Desse modo, como o Executivo envia o Projeto da LOA até 31 de agosto, tem como, em tese,
se organizar para receber os precatórios em até 1 de julho e ordenar a sua inclusão para
efetuar o pagamento até o final do ano seguinte, quando terão seus valores atualizados
monetariamente.
Importante lembrar que dada a possibilidade de existir precatório com valor exorbitante, a
ponto de dificultar o pagamento dos subsequentes, a Emenda Constitucional n. 94/16
permitiu exceção à obrigatoriedade do seu pagamento integral no ano subsequente.
3. Alcance do regime
Art. 100 da CF: Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal,
Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão
exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos
créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações
orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.
1) Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais;
2) Em virtude de sentença judiciária;
3) Far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta
dos créditos respectivos = Princípio da isonomia (com exceção das preferências)
4) Proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos
adicionais abertos para este fim = precatório é despesa pública, portanto deve ter crédito
orçamentário. se não tiver, deve ser adicional (suplementar ou especial).
* Preferências: são uma espécie de designação de casos, mas estão previstas na CF.
Pode a lei criar preferência no sistema de precatório? NÃO
Pode haver uma emenda constitucional? SIM
Pela redação do art. 100 da CF, percebe-se que o constituinte refere-se expressamente aos
“pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais”, no
sentido de que somente os entes da Administração Direta gozam do benefício do pagamento
privilegiado de suas dívidas. Entretanto as autarquias e as fundações públicas (Administração
indireta) também possuem o privilégio.
No julgamento do RE ri. 220906-9-DF, o STF entendeu que o regime dos precatórios se
aplica também às empresas públicas e outras entidades que explorem serviços públicos de
competência típica do Estado, uma vez que estas, quando exercem atividades tipicamente
estatais, não se submetem exclusivamente ao regime de direito privado. Ex: Os correios.
De igual modo, caso a sociedade de economia mista preste serviço próprio do Estado e de
natureza não concorrencial, o regime de precatório lhe é estendido. Ocorre que não basta ser
empresa pública para ter o regime especial do precatório. Para o STF, além de a empresa ser
dependente, ela não pode possuir atividade econômica com intuito lucrativo e concorrencial.
O STF afirmou, no julgamento do RE 892727/DF, que não se submetem ao regime de
precatório as empresas públicas dotadas de personalidade jurídica de direito privado com
patrimônio próprio e autonomia administrativa que exerçam atividade econômica sem
monopólio e com finalidade de lucro. Ex: A caixa econômica federal: seus bens podem ser
penhorados- não paga por precatório- não presta serviço público- exercem atividade
econômica em regime concorrencial.
* Registre-se que o regime dos precatórios não se aplica aos conselhos de fiscalização
profissional (mesmo tendo natureza jurídica autárquica)= OAB, CREA, COREN, CRO. Esse
foi o entendimento do STF no julgamento do RE n. 938837, em 19.4.2017, com repercussão
geral reconhecida. Muito embora sejam autarquias especiais (exercem poder de
polícia=fiscalização), submetidas a diversas regras constitucionais, entre as quais a
fiscalização do Tribunal de Contas da União e a exigência de concurso público para a
contratação de pessoal, entendeu o Pleno do STF que os conselhos não são dependentes do
orçamento da União. Logo, a eles não se aplicam as regras constitucionais das finanças
públicas (arts. 163 a 169 da CF), o que inviabiliza sua submissão ao regime de precatórios.
* A execução provisória de obrigação de fazer em face da Fazenda Pública está sujeita a
cumprimento via precatórios?
É obrigação de fazer, e não de pagar, desse modo, não sabe precatório. Competência
concorrente dos entes públicos.
4. Classificação (preferência)
Tratando-se da sua classificação, os precatórios podem ser ordinários ou alimentares,
definindo-se os comuns por exclusão, ou seja, tudo que não for precatório alimentar é
ordinário (comum).
O conceito de precatório alimentar está no art. 100, § 1º, da Constituição:
Art. 100. § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes
de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios
previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em
responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e
serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles
referidos no § 2º deste artigo.
Da leitura já se retira uma conclusão: entre os precatórios comuns e os alimentares, os
alimentares são pagos com preferência, mas igualmente numa ordem de precatórios. Logo, há
duas ordens de precatórios: uma, dos precatórios gerais, e outra, dos precatórios alimentares,
sendo que os alimentares têm preferência sobre os demais.
* Honorários advocatícios são considerados precatórios alimentares, segundo jurisprudência
da SV nº 47 do STF:
Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante
principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja
satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor,
observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza
Cumpre ressaltar que dentro dos créditos de natureza alimentar, a Constituição estabeleceu
outra prioridade, em atenção a valores nela consagrados. A medida visou privilegiar os
idosos, os portadores de doença grave e os deficientes (precatório alimentar especial),
conforme definição em lei, com o pagamento de parte do valor que lhe for devido pela
Fazenda Pública, em homenagem ao princípio da dignidade da pessoa humana, nos seguintes
termos:
Art. 100. § 2° Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por
sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de
doença grave, ou pessoas comdeficiência, assim definidos na forma da lei, serão
pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao
triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3° deste artigo, admitido o
fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem
cronológica de apresentação do precatório. (Redação dada pela Emenda
Constitucional n. 94, de 2016)= regime comum- recebe até esse montante como
alimentar especial, e o restante que sobrar será como alimentar comum.
Segundo o Art. 2º do ADCT: Até 31.12.2024, os que possuem 60 anos de idade ou mais, os
portadores de doença grave e as pessoas com deficiência poderão levantar, a título de
precatório alimentar especial, valores equivalentes até o quíntuplo do fixado ( regime de
super preferência) em lei para a requisição de pequeno valor. Essa regra temporária suspende
o texto definitivo da Constituição Federal que permitia o pagamento dos valores limitados ao
triplo do fixado em lei como crédito de pequeno valor. A diferença entre o valor devido e o
valor pago, como visto, deverá ser paga na ordem cronológica de apresentação do precatório
alimentar. (5x RPV)
Com essa novidade, os débitos da Fazenda Pública pagos pelo sistema de precatórios ficaram
com a seguinte ordem: 1º lugar — créditos alimentares de idosos (60 anos ou mais),
portadores de doenças graves e pessoas com deficiência; 2º lugar — créditos alimentares de
pessoas não alcançadas anteriormente; e 3º lugar - créditos não alimentares ou comuns.
Com a nova redação do §2º, do art. 100 da CF, percebe-se que o benefício do pagamento
privilegiado alcança não apenas os titulares originários, mas também os seus herdeiros, tendo
em vista a ampliação da expressão “por sucessão hereditária” presente na novel emenda. A
expressão traz segurança jurídica e visa a correção de enorme injustiça no recebimento dos
precatórios por parte dos herdeiros do credor.
5. Requisição de pequeno valor (RPV)
Tendo em vista que o pagamento dos precatórios observa trâmite demorado, e, como se verá,
fortemente vilipendiado pela Administração, o constituinte entendeu que alguns pagamentos,
em virtude do seu pequeno valor, não devem se subordinar ao procedimento de inclusão no
orçamento do exercício financeiro subsequente, o que significa pagamento logo após a
decisão judicial transitada em julgado. São os pagamentos de pequeno valor ou requisições de
pequeno valor (RPV).
Nesse ponto, diz a CF/88:
Art. 100.§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de
precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de
pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença
judicial transitada em julgado. Assim, os créditos de pequeno valor estão fora das
regras de expedição de precatórios.
Enquanto cada ente não estipulasse por lei própria quanto seria esse pequeno valor, o art. 87
do ADCT tratou de traçar as regras:
Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Constituição Federal e o
art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias serão considerados de
pequeno valor, até que se dê a publicação oficial das respectivas leis definidoras
pelos entes da Federação, observado o disposto no § 4º do art. 100 da Constituição
Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório judiciário, que tenham
valor igual ou inferior a:
I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do Distrito Federal;
II - trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios.
Parágrafo único. Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido neste artigo, o
pagamento far-se-á, sempre, por meio de precatório, sendo facultada à parte
exeqüente a renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa optar pelo
pagamento do saldo sem o precatório, da forma prevista no § 3º do art. 100.
Para a União, ficou a regra de valor igual ou inferior a 60 salários-mínimos. Tal valor foi
definido na Lei n. 10.259/02, que instituiu os Juizados Especiais Cíveis e Criminais no
âmbito da Justiça Federal, quando vinculou o montante do pequeno valor ao mesmo valor
estabelecido como limite para a competência do Juizado Especial Federal Cível.
AEC n. 62/09 traçou um piso para o conceito de pequeno valor:
Art. 100.§ 4º Para os fins do disposto no § 3°, poderão ser fixados, por leis próprias,
valores distintos às entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades
econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de
previdência social.
Assim, por esta nova regra, nenhum ente pode estabelecer uma requisição de pequeno valor
menor do que o teto do maior benefício do regime geral de previdência social, que hoje está
em R$6.433,57.
* Dúvida poderia surgir quanto à observância de RPV em ações plúrimas (litisconsórcio
ativo), se o valor a ser considerado é o somatório total dos litisconsortes ou o individual de
cada litigante. Nesse sentido, o STJ entende que, tanto para aferir a competência pelo valor da
causa, quanto para a expedição de RPV, há de se considerar o valor pleiteado
individualmente, e não o valor total da ação.
STJ, 2ª Turma, REsp 1257935 (18/10/2012): O valor da causa para fins de fixação
da competência nos juizados especiais federais, na hipótese de existência de
litisconsórcio ativo, deve ser calculado dividindo-se o montante pelo número de
autores. Dessa forma, se as parcelas percebidas e as supostamente devidas a cada
um dos litisconsortes for inferior a sessenta salários mínimos, prevalece a
competência absoluta do Juizado Especial Federal Cível para o julgamento da lide
(art. 3o da Lei n.° 10.259/2001).
Conforme a Corte, se o valor individual a receber for inferior a 60 ou 40 salários mínimos, a
depender da esfera (estadual/federal), a execução há de seguir o procedimento da RPV, e não
o regime de precatório, ainda que o valor total — e não o individual - seja superior ao teto
legal previsto para a expedição de RPV. A posição, de fato, é elogiável, pois beneficia o
credor de pequena quantia e o estimula às ações plúrimas, que contribuem, e muito, para a
economia e celeridade processual.
*E o advogado? O honorário é definido considerando o valor da causa.
Se o litisconsórcio for necessário: RPV
Se o litisconsórcio for facultativo: Precatório
Conforme o CPC, o pagamento do RPV se dá:
Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial,
por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e
nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir:
II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi
citado para o processo, o pagamento de obrigação de pequeno valor será realizado
no prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da requisição, mediante depósito na
agência de banco oficial mais próxima da residência do exequente.
Os RPVs não estão incluídos na LOA, são pagos com os recursos das reservas de
contingência (para pagar despesas imprevisíveis/ exceção ao princípio da especificação).
6. Função administrativa do Tribunal
Como visto, compete ao Tribunal enviar às Fazendas Públicas o ofício requisitando a
inclusão na LOA dos valores decididos judicialmente e receber aludidos valores para o
posterior pagamento, conforme previsto no § 6º, do art. 100, da CF.
Esse procedimento do Presidente do Tribunal em noticiar o Poder Público da existência do
precatório, determinar a sua inclusão no orçamento, bem como o pagamento do crédito é
nitidamente administrativo e não judicial (por isso não cabe recurso especial e/ou
extraordinário= súmula 711 do STF, mas cabe processo administrativo). Tanto é que deve
desempenhá-lo com zelo e retidão, sob pena de crime de responsabilidade:
Art. 100. §7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou
omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em
crime de responsabilidade e responderá, também, perante o Conselho Nacional de
Justiça.
1) Quem expede o precatório é o juiz da execução;
2) Quem realizao procedimento é o Presidente do Tribunal de Justiça (TRT ou TRF)-
pode delegar essa função;
3) Precatório é um procedimento administrativo, mesmo nascendo de uma sentença
judicial.
7. Complementação, suplementação e fracionamento de precatório
Em virtude da inflação galopante no passado, e da demora na quitação dos precatórios, ainda
atual, não é difícil ocorrer a expedição de precatórios complementar e suplementar, cabendo o
precatório complementar no caso de dívida não inteiramente satisfeita perante o titular do
precatório, e o suplementar na hipótese de precatório inteiramente pago, mas que, por conta
do atraso, faz-se necessário suplementar o pagamento para quitar os juros e a correção
monetária devida pela Fazenda.
A proibição constitucional para a expedição de precatório complementar ou suplementar se
dá na hipótese de sua ocorrência para fins de pagamento fracionado, nos seguintes termos:
Art. 100. § 8° É vedada a expedição de precatórios complementares ou
suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do
valor da execução para fins de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o §
3º deste artigo.
Exceção há na hipótese de precatório de natureza alimentar, quando o seu beneficiário,
originário ou por sucessão hereditária, possuir 60 (sessenta) anos de idade (na data de
RECEBER, E NÃO NA DATA DO REQUERIMENTO), ou mais, ou for portador de doença
grave, ou pessoa com deficiência, definida em lei. Nesse caso, segundo disposto no § 2º, do
art. 100, da CF, ele poderá receber parte dos seus valores de forma adiantada, dentro do limite
já estudado, admitido o fracionamento para receber a quantia final, dentro da ordem dos
precatórios alimentares.
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão
hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença
grave, ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei, serão pagos
com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo
fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o
fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem
cronológica de apresentação do precatório.
* A EC n. 99/2017 ampliou o limite do precatório alimentar especial para cinco
vezes o valor do RPV
Para o STF, também é possível o fracionamento de precatório para pagamento de honorários advocatícios.
O ente público pode negociar com o dono do precatório e oferecer pagar em RPV, desde que a pessoa aceite
abrir mão de parte do valor.
8. Outras disposições sobre precatórios:
8.1 Compensação de precatório realizado pela Fazenda Pública (compensação de ofício=
inconstitucional)
Eis a redação vergastada:
Art. 100, §§ 9º e 10, da CF. [...] [...] § 9º No momento da expedição dos precatórios,
independentemente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de
compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não
em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública
devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja
execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial.
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública
devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de
abatimento, informação sobre os débitos que preencham as condições estabelecidas
no § 9o, para os fins nele previstos.
A norma sob comento era nefasta em toda a sua completude, pois o cidadão/contribuinte,
além de aguardar por diversos anos para o recebimento de sua parcela pelo poder público,
deveria, ainda, quitar a totalidade da sua dívida para com o Estado, mesmo parcelas
vincendas. O STF, no julgamento das ADIs n. 4357 e 4425, considerou inconstitucional a
redação desse parágrafo, bem como do §10, que lhe era complementar, sob alegação de
ofensa ao princípio da isonomia. É que, se para o cidadão/contribuinte compensar precatório
com uma dívida com o Estado necessita haver lei do ente devedor permitindo essa
compensação, o que nem sempre há, não poderia haver tratamento diferenciado ao Estado,
permitindo uma compensação de ofício, independentemente de regulamentação, no exercício
de prerrogativa não estendida ao ente privado.
8.2 Compensação realizada pelo contribuinte (compensação voluntária = constitucional)
O art. 156, II do Código Tributário Nacional (CTN) prevê a compensação tributária como
hipótese de extinção do crédito tributário. Ocorre que o art. 170 do mesmo diploma submete
a sistemática da compensação à existência de lei tratando da matéria.
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja
estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a
compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou
vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública, (grifamos).
Isso porque o CTN é lex legum, é dizer, é uma lei que define normas gerais que deverão ser
observadas pelos demais entes federativos quando da produção de suas leis. Logo, o CTN não
tem aplicação imediata, carecendo que os entes políticos elaborem os seus códigos e
prevejam as formas de extinção do crédito tributário, por exemplo, dentro das normas-quadro
traçadas pelo CTN. Dessa forma, o instituto da compensação de tributos carece de lei, de
cada ente federativo, disciplinando o seu cabimento, a sua forma e os créditos que podem ser
compensados.
8.3 Precatório e o processo executivo fiscal
Importante lembrar a estreita vinculação entre o precatório e o processo executivo fiscal. A
começar pelo art. 11, da Lei n. 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal), que prevê a ordem para a
penhora ou arresto de bens. Pelo seu inciso VIII, é possível dar em garantia “direitos e
ações”. Ora, como o precatório é um direito, um crédito, pode ser apresentado pelo
contribuinte como bem passível de penhora. O STJ reconhece a possibilidade de penhora de
precatórios, independente de se tratar da mesma entidade devedora. (EResp 881014/RS).
8.4 Penhora de precatório
Processo de execução fiscal (Poder público X Pessoa devedora): O STF reconhece a
possibilidade de penhora de precatórios, independentemente de se tratar da mesma entidade
devedora (EResp 881014/RS)
Como o precatório é um direito, um crédito, pode ser apresentado pelo contribuinte como
bem passível de penhora.
8.5 Precatório e Certidão Negativa de Débito (CND)
Tendo em vista a rigidez da Administração em exigir Certidão Negativa de Débito (CND)
para a prática de determinados atos jurídicos (art. 205, do CTN), foi instituída pelo art. 19, da
Lei n. 11.033/04, a norma que condicionou o levantamento de precatório à apresentação de
certidões negativas. Eis o teor do dispositivo:
Art. 19. O levantamento ou a autorização para depósito em conta bancária de
valores decorrentes de precatório judicial somente poderá ocorrer mediante a
apresentação ao juízo de certidão negativa de tributos federais, estaduais,
municipais, bem como certidão de regularidade para com a Seguridade Social, o
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS e a Dívida Ativa da União, depois
de ouvida a Fazenda Pública.
Conforme se nota da redação, o aludido artigo acaba por restringir a eficácia das decisões
judiciais, por condicioná-la à não existência de débito tributário por conta do credor, em
afronta ao direito à efetividade da jurisdição, à coisa julgada e à separação dos poderes.
No entanto, por apresentar restrição injustificada, o STF, no julgamento da ADI n. 3.453/
DF43, considerou inconstitucional aludido artigo, por violar os arts. 5º, inciso XXXVI, e 100,
da CF/88, julgando ser desnecessária a comprovação de quitação e regularidade fiscal para a
satisfação de direito do jurisdicionado a recebimento de créditos reconhecidos pela Justiça,
além de haver, na própria Fazenda Pública, meios próprios e adequados para cobrar os
débitos tributários. 43. ADI n.s 3.453, Rei. Min. Cármen Lúcia, TribunalPleno, julgado em
30.11.2006, DJ de 16.03.2007. Não por outra razão foi instituída a “compensação de ofício”
(item 8.8) que, de igual forma, restringiu o direito do contribuinte de receber integralmente os
precatórios que faz jus.
8.6 Aquisição de imóveis públicos com precatórios
A nova redação da sistemática dos precatórios previu fato inusitado, qual seja, a possibilidade
de o credor, ao invés de receber seu crédito em precatório, recebê-lo com a entrega de bens
públicos. É uma boa alternativa em épocas de crises como as que alguns entes vivem,
restando haver desvelo no momento da avaliação.
Art. 100 da CF. §11. E facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da
entidade federativa devedora, a entrega de créditos em precatórios para compra de
imóveis públicos do respectivo ente federado.
Por ser medida nova, ainda não se viu qualquer celeuma envolvendo a sua aplicação.
9. Atualização monetária e juros de mora dos precatórios
Vimos que as solicitações de pagamento devem ser efetuadas até o dia 1º de julho e os
precatórios recebidos até essa data deverão ser pagos até o final do exercício seguinte,
momento em que terão seus valores atualizados monetariamente (Art 100, §5º CF).
A primeira dúvida é sobre o momento em que os valores serão atualizados. O STF editou a
Súmula Vinculante n. 17, entendendo que, até a data do pagamento do precatório, incluído no
orçamento, não há que se falar em mora, não incidindo, portanto, os juros de moratórios no
período que vai da expedição do precatório até a data do efetivo pagamento, desde que o
pagamento se dê até 31 de dezembro do exercício subsequente ao da expedição o requisitório.
A suspensão da contagem dos juros de mora decorre do fato de que o pagamento de
precatório somente deve ocorrer após a sua devida inclusão na Lei Orçamentária Anual do
ente devedor e, por essa razão, jamais poderia a Fazenda Pública ser considerada em mora,
uma vez que o exercício orçamentário é compreendido de 1º de janeiro até 31 de dezembro
de cada ano.
Assim, expedido o precatório, deve o credor aguardar o seu pagamento até o final do ano
seguinte, contando apenas com a correção monetária dos valores, mas não com os juros da
mora, já que a Administração encontra-se dentro do prazo para o pagamento.
Nesse ponto, aplica-se o entendimento de que, no espaço de tempo entre a expedição do
precatório e o término do exercício subsequente, o Estado não pode ser enquadrado em mora.
Trata-se de um período de 18 (dezoito) meses para pagamento de débitos com suspensão da
fluência dos juros de mora, chamado de graça constitucional.
Períodos de atualização monetária e da mora:
1) Realização dos cálculos de liquidação: aqui há a incidência de juros de mora
(contando da citação válida do poder público) até a data da efetiva expedição do
precatório.
2) Expedição do precatório: com a expedição, inicia-se o período de graça que dura até o
final do prazo constitucional para pagamento;
3) Final do período de pagamento do art. 100 da CF de 88: se ao final do prazo
constitucional não houver sido pago o precatório, voltam a incidir os juros de mora
até o efetivo pagamento.
Índices dos juros:
● Precatórios tributário (indébito tributário): deverão observar os mesmos critérios de
juros e correção pelas quais a Fazenda Pública corrige seus créditos tributários -
SELIC (ADIns 4.357 e 4.425)
● Precatório não tributário
Correção monetária:
- INPC: até 29/06/2009
- TR: entre 30/06/2009 e 25/03/2015
- IPCA- E (Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial): após 25/03/2015.
Juros de mora: devem ser aplicados os juros pagos pela poupança (+ ou - 3% ao ano)
Correção monetária: inflação- mudança no poder de compra- desvalorização da moeda.
Juros de mora: penalidade por atraso de pagamento
Taxa SELIC: é uma mistura dos dois
10. Cessão de precatórios
Não resta dúvida que o credor de um precatório, atento à possibilidade real da demora do seu
recebimento, possa optar por cedê-lo a outrem que possui menos urgência na obtenção do
numerário.
Art. 100. § 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em
precatórios a terceiros, independentemente da concordância do devedor, não se
aplicando ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º.
A/rt. 100. § 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após
comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade
devedora.
Pelo visto, se o precatório em transação não tiver natureza alimentar, e se o mesmo for
transferido para (i) uma pessoa com 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição
do precatório ou (ii) portadora de doença grave ou pessoa com deficiência, definida em lei,
não há que se atribuir ao precatório cedido os privilégios que a Constituição Federal outorgou
aos precatórios alimentares especiais. A vedação é expressa.
No entanto, surge questionamento na cessão inversa, ou seja, se a natureza de um precatório
alimentar é transmudada quando o seu credor o cede a outro, que não se enquadre dentro dos
beneficiados como “precatório alimentar”. E dizer, um precatório deixa de ser alimentar
quando o cessionário não se enquadrar dentro das hipóteses do § 2º, do art. 100, da
Constituição Federal? Nesse tema, o STF ainda não trouxe solução, embora tenda firmemente
a manter a natureza do precatório, visto que, ao contrário, haveria prejuízo duplo ao credor,
pois, se por um lado, já esperou longo tempo para receber o numerário, e, vendo-se
pressionado pela necessidade do recurso, vende o seu direito, não poderia ter o privilégio
afastado, pena de ter desvalorizado sobremaneira o direito que tanto esperou.
Ressalte-se que, pelo teor dos §§ 13 e 14, do art. 100, da CF/88, a cessão do precatório não
depende da concordância do devedor, mas só produzirá efeitos após a comunicação, tanto ao
tribunal de origem, quanto à entidade devedora.
11. Regime especiais de precatórios
A EC 62/09 criou um Regime Especial de Precatórios (REP) que deveria prevalecer até que
fosse editada a Lei Complementar que trataria da matéria, não fosse a decisão do STF pela
sua inconstitucionalidade, nas ADIs n. 4357 e 4425. Consistia na vinculação de parte da
Receita Corrente Líquida (RCL) dos entes ao pagamento de precatórios. Os valores deveriam
ser depositados em conta especial, criada para este fim, aos cuidados do Tribunal de Justiça, a
quem compete a sua administração (reservar um percentual da receita corrente líquida).
Como o novo regime previu o pagamento dos precatórios de forma parcelada, em 15 anos,
entendeu o STF que se tratou de verdadeiro “calote” do Poder Público em não pagar as suas
dívidas dentro do prazo previsto no corpo da CF, além de, com este amplo parcelamento,
subverter-se os valores do Estado de Direito, do devido processo legal, do livre e eficaz
acesso ao Poder Judiciário e da razoável duração do processo.
12. Intervenção Federal e Estadual
Se o precatório não for pago, voluntariamente, até o período de 2 anos, após o vencimento do
prazo: Intervenção Federal e Estadual:
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos,
salvo motivo de força maior;
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios
localizados em Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a
dívida fundada;
CONTROLE DA ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO
1. Conceito
Como toda atividade humana, a atividade financeira do Estado também precisa ser
fiscalizada, a fim de se verificar o exato cumprimento das normas jurídicas em seu torno. A
sua fiscalização é ampla e não se adstringe a um exercício financeiro. Ela perpassa pelas
discussões envolvendo a previsão da receita, a consolidação das despesas, os projetos das leis
orçamentárias, sua execução, eventuais necessidades de empréstimos, a fim de saber se a
aplicação dos recursos se deu conforme o previstoem lei. Há, portanto, fiscalização de todo o
ciclo orçamentário. A não prestação de contas é passível de intervenção Federal/Estadual.
Fundamento normativo: CF, LRF e Lei 4.320/64- que são Normas Gerais Nacionais.
Art. 34. A União nâo intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: V -
reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da
dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b)
deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição,
dentro dos prazos estabelecidos em lei; VII — assegurar a observância dos
seguintes princípios constitucionais: d) prestação de contas da administração
pública, direta e indireta.
Art. 35- O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios
localizados em Território Federal, exceto quando: II — não forem prestadas contas
devidas, na forma da lei.
2. Alcance do controle
a) Legalidade : realização do gasto em conformidade com a lei.
b) Legitimidade: relação entre o gasto e sua valoração diante do atendimento do interesse
público. Para Celso Ribeiro Bastos, a expressão legitimidade é bem mais ampla que a mera
legalidade. E ilegal o ato que afronta o disposto na lei. A legitimidade vai além. Um ato pode
ser legal, mas não ser legítimo, por estar em descompasso com os valores fundamentais da
coletividade.
c) Economicidade: fazer mais com o mínimo possível. Consiste no dever de eficiência na
efetivação dos gastos públicos, na busca dos melhores resultados com a visão da limitação
dos recursos e da sua correta utilização, sem os desperdícios tão comuns na área pública.
d) Aplicação de subvenções: verificação se os valores repassados aos entes sem fins
lucrativos foram realmente aplicados naquilo que se comprometeram a gastar, com aprovação
da sua prestação de contas.
e) Renúncia de receitas: consiste em saber se as desonerações fiscais, corporificadas em
isenções, deduções ou reduções da base de cálculo, reduções de alíquotas, concessão de
créditos presumidos, dentre outros, atingiram ou não a sua finalidade. A renúncia de receita
consiste num verdadeiro gasto tributário, na medida em que, ao final e ao cabo, produz o
mesmo resultado da despesa pública: ausência de recursos para a prestação de serviços
públicos.
3. Áreas de controle
a) Contábil: a fiscalização se preocupa em analisar os registros contábeis voltados aos
lançamentos, balanços, escrituração sintética e à observância das regras de
contabilidade pública.
b) Orçamentária: se dá com o fim de alcançar, ao máximo, a concretização das
previsões constantes dos orçamentos. Dela faz parte todo o ciclo orçamentário, desde
a elaboração do projeto das leis orçamentárias até a sua execução.
c) Financeira: volta-se ao controle da arrecadação das receitas e à efetivação das
despesas. Está voltada ao fluxo de caixa, uma vez que é comum haver disponibilidade
de dotação orçamentária sem a correspondente disponibilidade financeira. Nesse
quadrante, deve-se atentar ao cumprimento das metas fiscais; ao controle dos restos a
pagar; à aplicação dos índices constitucionais de gastos na educação e na saúde; aos
limites de endividamento; ao teto de gastos com pessoal; às limitações de empenho,
dentre outros aspectos atinentes à entrada e saída de recursos.
d) Operacional: a atenção se volta para o cumprimento das metas, dos resultados e da
eficiência na gestão dos gastos públicos.
e) Patrimonial: foco está na análise do cuidado com o patrimônio público, um dos
pontos que menos têm chamado a atenção dos gestores. Para o cumprimento dessa
fiscalização, há normas rígidas que obrigam a realização de inventários físicos dos
bens patrimoniais periodicamente, com atenção sobre a data de aquisição,
incorporação ou baixa, descrição do bem, quantitativo, valor, identificação do
responsável por sua guarda e conservação. Quanto aos bens imóveis, os entes devem
ter políticas públicas eficientes para as concessões, compartilhamentos, utilização de
imóveis vazios e promoção de programas de regularização fundiária, se for o caso.
4. Espécies de controle
4.1 Quanto ao momento
O controle exercido pelos órgãos de fiscalização varia de acordo com o perfil institucional
do órgão de controle, a natureza de suas decisões, a matéria objeto de análise, o universo de
sujeitos controlados, o momento da verificação e os efeitos produzidos.
No Brasil, reza o art. 77, da Lei n. 4.320/64, que “A verificação da legalidade dos atos de
execução orçamentária será prévia, concomitante e subsequente”. Portanto há previsão legal
do controle prévio, concomitante ou subsequente em relação à legalidade dos atos.
A atuação fiscalizatória concentrou-se, basicamente, na análise e correção de despesas já
efetuadas. A função do controle, portanto, centrou-se na repressão ao gasto ilegal, irregular,
de recursos públicos.
Com o emaranhado de normas que controlam os gastos públicos, pode-se afirmar existirem
principalmente dois momentos de controle: um concomitante ao gasto e outro posterior. O
controle concomitante é realizado ao longo da execução do orçamento. Nota-se sua existência
do quantitativo de normas determinando a publicização, em tempo real, dos gastos públicos,
com as informações pormenorizadas, a fim de que, seja a população, sejam os órgãos de
controle, todos possam acompanhar a execução do orçamento, exercendo a fiscalização.
Nesse sentido, tem-se o art. 48-A, da Lei de Responsabilidade Fiscal, enaltecedora do
princípio da publicidade e da transparência, bem como a Lei de Licitações (Lei n. 8.666/93),
que empodera o Tribunal de Contas a, por exemplo, após a publicação do edital de licitação,
solicitar cópia do mesmo para exame da sua legalidade, bem como determinar à
Administração que promova eventuais ajustes que se fizerem necessários. Nesse controle,
detectada irregularidade na execução do contrato ou do ato, poderá haver a sua sustação.
O controle posterior se verifica após a execução orçamentária, quando se analisam os
processos de pagamentos, as licitações realizadas, as contratações efetuadas, os relatórios e
demais documentos obrigatoriamente expedidos, reveladores da realização da despesa e da
receita, confrontando-os com os aspectos legais pertinentes. Assim é que, detectada alguma
irregularidade, pode haver tomada de contas, prestação de contas ou auditorias, a fim de que
sejam apuradas eventuais responsabilidades dos gestores envolvidos
4.2 Quanto ao órgão ou agente que realiza a fiscalização
● Controle interno: é o controle exercido internamente pelos poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário (critério hierarquico). Consiste na necessidade de cada poder
possuir uma estrutura que tenha por finalidade analisar e conferir cada processo de
pagamento, os registros contábeis realizados, os relatórios e os seus documentos
comprobatórios, o cumprimento das metas previstas no PPA, a execução dos
programas estabelecidos, dentre outras atribuições, a fim de que haja eventuais
correções dentro da própria estrutura do poder, antes de serem conferidos pelo
controle externo, ou para auxiliar o próprio controle externo. É uma atividade de
fiscalização prévia feita pelo próprio poder em relação aos seus agentes, órgãos e
instituições.
Sendo assim, a finalidade do controle interno é: (i) avaliar o cumprimento das leis
orçamentárias; (ii) comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e
eficiência, dos gastos públicos; (iii) controlar as operações de crédito, avais e
garantias; e (iv) auxiliar o controle externo no exercício da sua missão institucional.
● Controle externo: é o controle exercido exclusivamente pelo Poder Legislativo de
cada ente, com o auxílio do Tribunal de Contas. É, na verdade, um controle político,
na medida em que o Legislativo é quem o faz, tomando como análise o interesse
público ou questões mais amplas em torno do gasto realizado, quando se está diante
das contas de governo. Quanto aos demais processos, aqui envolvendo
representações, denúncias, auditorias, tomada de contas especial,fiscalização de atos
de pessoal, dentre outros, o controle é técnico, na medida em que o mesmo é feito por
um órgão especializado, chamado de Tribunal de Contas, que tanto tem poderes para
iniciar fiscalizações, auditorias e representações, quanto para aperfeiçoar a atividade
fiscalizatória já realizada pelo controle interno.
● Controle popular, privado ou social: consiste na participação da sociedade
diretamente no controle da atividade estatal, que pode se dar, quer por meio de
representações e denúncias às diversas instâncias do sistema de controle (controle
interno, externo e o Ministério Público), quer pelo ajuizamento de ações junto ao
Poder Judiciário, através, por exemplo, da ação popular.
Art. 74. § 2º: “Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte
legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o
Tribunal de Contas da União”.
5. Objeto do controle
Ampliando o objeto do controle, a Constituição Federal de 1988, diferentemente da anterior
que restringia a sua atuação à administração direta e as autarquias, alargou o objeto do
controle financeiro e orçamentário, estendendo-o para a Administração Indireta, entidades de
direito privado que manipulem bens ou fundos do Governo, pessoas jurídicas que recebem as
contribuições parafiscais (CREA, CRM, CRA) ou qualquer empresa em que haja
investimento público. Para além disso, a fiscalização alcança também as pessoas físicas que,
por qualquer título, utilizem, arrecadem, guardem, gerenciem ou administrem dinheiros, bens
ou valores públicos, nos termos do parágrafo único do art. 70, da CF/88:
Art. 70. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública
ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e
valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma
obrigações de natureza pecuniária.
A ideia é objetiva e não subjetiva, ou seja, pouco importa a pessoa, mas, sim, a origem do
recurso.
* Quanto à OAB, o STF entendeu que não pode ser tida como congênere dos demais órgãos
de fiscalização profissional, de vez que não está voltada exclusivamente a finalidades
corporativas, pois possui finalidade institucional (sui generis). Assim, ela não consubstancia
uma entidade da Administração Indireta e não está sujeita a controle da Administração, nem a
qualquer das suas partes está vinculada (ADI n. 3026, Relator (a): Min. EROS GRAU,
Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2006). Por esta razão, o próprio TCU firmou o
entendimento de que o “Conselho Federal e os Conselhos Seccionais da Ordem dos
Advogados do Brasil não estão obrigados a prestar contas a este Tribunal, em respeito à coisa
julgada, decorrente da decisão proferida pelo Tribunal Federal de Recursos nos autos do
Recurso de Mandado de Segurança n.° 797” (ACÓRDÃO 1765/2003 - Plenário - TCU).
* Quanto aos Fundos, cumpre lembrar que a sua fiscalização também é feita pelo Tribunal de
Contas. A questão é saber qual tribunal se encarregará de sua fiscalização, se TCU, TCE ou
TCM:
- Transferência voluntária: o ente que a recebe não tem esse valor aplicado no seu patrimônio, então não
pode usá-lo como bem entender. Por isso, o ente que recebe deve prestar contas ao ente que repassou.
Enquanto os recursos estão no Banco do Brasil prontos para sua distribuição, a apuração das quotas, tal
competência é do Tribunal de Contas da União, e qualquer lide será resolvida na Justiça Federal. Se o
Estado que transferiu, será em seu Tribunal de contas Estadual.
- Transferência obrigatória: É que, em se cuidando de receitas transferidas, ou seja, são arrecadadas pela
União (imposto sobre a renda e proventos e imposto sobre produtos industrializados, nos termos do art.
159 da CF/88 - Fundo de participação municipal), mas com destinação específica de repasse a Estados
e Municípios, uma vez ocorrida a operação, falece competência ao Tribunal de Contas da União, uma
vez que tais recursos não mais são federais, mas passam a integrar o orçamento de Estados e
Municípios. Corte municipal de contas → Corte Estadual
Em suma, os recursos que os Municípios e Estados recebem dos Fundos entram como receita
corrente desses entes, incorporam-se ao seu patrimônio e são fiscalizados pelo Tribunal que
fiscaliza o próprio ente político.
6. Dos Tribunais de Contas
São órgãos colegiados, prepostos ou auxiliares dos Poderes Legislativos, encarregados de
fiscalização e controle do orçamento. Têm a função precípua de auxiliar o Legislativo, mas
não estão a ele subordinado - controle externo.
É um órgão técnico, com diversas funções previstas na Constituição Federal, possuindo
autonomia administrativa e financeira, sem subordinação aos Poderes e sem hierarquia. Não
possui personalidade jurídica, mas apenas capacidade processual ou postulatória.
Pela redação da Constituição Federal (art. 75), as regras aplicáveis ao Tribunal de Contas da
União são extensíveis aos demais Tribunais de Contas, dos Estados, dos Municípios e do
Distrito Federal, observando, assim, o princípio da simetria. Logo, não pode haver qualquer
atribuição de função a algum outro Tribunal de Contas.
Nos Estados, podem haver Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Tribunal de Contas dos
Municípios (TCM), ficando o TCE com atribuição para julgamento das contas estaduais, suas
autarquias, fundações, Assembleia Legislativa, dentre outras, e o TCM competente para
julgamento das contas dos Municípios, suas autarquias e fundações, câmara de vereadores,
dentre outras finalidades.
6.1 Natureza jurídica das decisões dos tribunais de contas
O entendimento é de que a natureza dessas decisões é meramente administrativa, pois, à
altura do art. 5o, XXXV, da CF/88, a Constituição consagra o monopólio da jurisdição. O
sentido do verbo “julgar” posto na Constituição é o de avaliar e decidir a respeito, podendo
aludida matéria ser reapreciada pelo Poder Judiciário.
Por fim, cumpre lembrar que a sua decisão vincula a Administração, que deverá cumprir as
deliberações do Tribunal de Contas ou ingressar com ação própria no Judiciário, caso
discorde (REsp 464633).
Tema importante é a possibilidade ou não de o Tribunal de Contas analisar a
constitucionalidade de lei ou de atos normativos, em virtude da Súmula n. 347 do STF, que
reza:“O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade de leis e atos do poder público.”
Pelo teor da súmula, poder-se-ia perguntar se o TC tem ou não força judicante, uma vez que
pela sua leitura depreende-se o poder de apreciar a constitucionalidade das leis. Como se
verá, essa atribuição é tão somente in concreto, e serve apenas como parâmetro para as suas
decisões, não se aplicando fora delas.
Por fim, cumpre lembrar que, a despeito da existência da súmula, a função do Tribunal de
Contas continua sendo administrativa, pois os seus atos são revisáveis pelo Poder Judiciário.
O controle de constitucionalidade, ainda existente, mas enfraquecido, é apenas difuso e
incidental, desprovido de efeitos vinculantes.
6.2 Eficácia das decisões do TC- legitimidade para a sua cobrança
Reza o art. 71, § 3º, da CF/88, que “As decisões do Tribunal de que resulte imputação de
débito ou multa terão eficácia de título executivo”. É que, no exercício das suas atribuições,
quando verifica alguma irregularidade ou inobservância de alguma norma, o Tribunal de
Contas aplica as penalidades de multas e/ou ressarcimentos, conforme se verá, o que, por
terem sido objeto de discussão, com direito ao contraditório e à ampla defesa, resultam
corporificadas num título executivo extrajudicial.
Aplicada a penalidade, importa saber quem será o ente credor, pois a ele incumbirá o dever
de executar a sua cobrança. É dizer, se a penalidade foi aplicada pelo Tribunal de Contas do
Estado a um prefeito como resultado de errônea aplicação de recursos referentes ao
Município “X”, deve-se analisar quem será o ente credor desse recurso, se o Tribunal de
Contas ou o Município, para, na sequência, se executar o crédito constantedo título
executivo. A regra é a ação de cobrança ser proposta pelo ente público beneficiário da
condenação. Se o débito imputado foi o ressarcimento ao erário por algum dano causado, o
crédito será do ente público prejudicado cujas contas o Tribunal apreciou. Por outro lado, se o
débito imputado for de natureza sancionatória, uma multa, o crédito será revertido em favor
da entidade que mantém o Tribunal de Contas, geralmente o Estado da federação a que está
vinculado.
Neste caso, não pode o próprio Tribunal de Contas ter a iniciativa de sua cobrança, seja
diretamente ou por meio do Ministério Público que atue perante ele. Não há legitimidade do
Tribunal nessa execução. Ela será proposta pelo ente público beneficiário da condenação, no
caso, o Estado a que o Tribunal faça parte. O representante do Ministério Público que atua
junto ao TC não tem legitimidade para promover essas execuções.
6.3 O Devido Processo Legal, o Tribunal de Contas e o Poder Legislativo
È sabido que a ampla defesa e o contraditório não alcançam apenas o processo penal, mas
também o administrativo, nos termos do art. 5o, LV, da CF/88. É que a Constituição estende
essas garantias a todos os processos, punitivos ou não, bastando haver litígios. Logo, os
processos administrativos que tramitam nos Tribunais de Contas deverão observar esses
princípios constitucionais, sob pena de nulidade.
Igualmente se dá com os processos de julgamento das contas realizados pelo Poder
Legislativo. É que o direito de defesa não se esgota perante o Tribunal de Contas e deve ser
estendido ao Legislativo, ainda que se trate de um procedimento político-administrativo.
Logo, muito embora as contas do Executivo tenham sido apreciadas pelo Tribunal de Contas,
observando-se o contraditório e a ampla defesa, esses mesmos princípios devem ser
respeitados quando do julgamento das contas do Executivo pelo Legislativo. A inobservância
desses princípios tem sido uma das principais causas de atuação judicial na anulação das
decisões do Poder Legislativo.
Sobre o contraditório perante o Tribunal de Contas, o STF editou a Súmula Vinculante n. 03,
com o seguinte teor: “Nos processos perante o tribunal de contas da união asseguram-se o
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, / excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão” → é um ato administrativo complexo
( formado pela manifestação de vontade de órgãos diversos), então não há que se falar em
contraditório e ampla defesa: só deixou de reconhecer um direito, não se está anulando ou
revogando algo.
6.4 Competência do TC
● Emissão de parecer prévio
O art. 71,1, da CF/88, começa afirmando que compete ao Tribunal de Contas “apreciar as
contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que
deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento”.
A redação do inciso é clara e chama atenção. Isso porque, em relação ao Executivo, tudo que
o Tribunal de Contas faz é apreciar as suas contas, mediante emissão de parecer prévio. O
Tribunal de Contas não julga as contas do Executivo. Esse papel pertence ao Legislativo.
Pelo art. 84, XXIV, da CF/88, o Presidente da República tem o dever de prestar contas ao
Congresso Nacional das suas contas do exercício anterior, nos 60 dias seguintes à abertura da
sessão legislativa, que se dá em 02 de fevereiro (art. 57, caput, da CF/88). Logo, até 60 dias
após, o Presidente tem o dever de apresentar suas contas ao Legislativo, que as encaminhará
ao Tribunal de Contas, que terá o mesmo prazo (60 dias) para emitir parecer prévio,
rigorosamente técnico.
● Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social
a união participe.
Art 71, V: fiscaliizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo
capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado
constitutivo.
Como visto, a competência da fiscalização do Tribunal de Contas se estende a qualquer órgão
da Administração Pública, bastando estar na sua alçada a origem dos recursos, é dizer, se os
recursos são federais, o TCU os fiscalizará, e assim sucessivamente com os TCEs e TCMs, se
houver. Logo, ainda que a empresa seja supranacional, formada com capital de mais de um
país, como a Itaipu Binacional e o Banco Brasileiro Iraquiano S.A. (BBI), o TCU estará
investido de poder para fiscalizá-la, bem como os responsáveis pela gestão desse patrimônio
público.
● Aplicar sanções, multas
Art 71, VIII — aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou
irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras
cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
● Controle de legalidade
Art. 71, IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências
necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
Competência corretiva. O controle pode ser concomitante - se verificar irregularidade pode
assinar prazo para correção. Se não corrigir no prazo, e se for ATO, o TC susta, e comunica
ao Poder Legislativo para que este adote as providências; No caso de CONTRATO, o
Tribunal de Contas comunica ao Poder Legislativo e este solicita ao Poder Executivo que
tome as providências. Se o Poder executivo e legislativo nada fizerem, o TC decidirá.
● Dever de representação
Ainda no rol das atribuições descritas no art. 71, da CF/88, o inciso XI descreve o dever do
Tribunal de “representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados”. Ou
seja, se numa fiscalização o Tribunal apurar irregularidade ou abuso, que compete a algum
outro órgão fiscalizar, apurar e responsabilizar, o Tribunal deverá comunicar ao Poder
competente a falha apontada, a fim de que sejam adotadas as providências cabíveis. Tal se dá,
por exemplo, quando se percebe que houve o cometimento de algum crime, situação em que
o Tribunal representa ao Ministério Público os fatos apurados, para que este tome as
providências da sua alçada
● Auxílio aos fundos de participação
Art. 161. Parágrafo único. O Tribunal de Contas da União efetuará o cálculo das
quotas referentes aos fundos de participação a que alude o inciso II.
rata-se da atribuição de “efetuar o cálculo das quotas referentes aos fundos de participação”
(i) dos Estados e do Distrito Federal; (ii) dos Municípios; (iii) do Fundo de compensação
pelas exportações de produtos industrializados (IPI-Exportações); e (iv) dos Fundos
constitucionais de financiamento do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Cada ente federativo beneficiado tem um percentual de participação nos Fundos
constitucionais, de modo que compete ao TCU realizar o cálculo desse percentual, com base
nos dados populacionais fornecidos pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), até o último dia de cada exercício, que vigorará no ano subsequente, não
interferindo o Tribunal no mérito dos dados censitários. O TCU não estabelece os critérios da
distribuição dos recursos. Estes estão plasmados na lei complementar a que se refere o art.
161, da CF/88.
● Poder regulamentar
O Tribunal de Contas possui poder normativo. Todos os Tribunais de Contas expedem atos e
instruções normativas que orientam e guiam os administradores de bens públicos a prestarem
contas de forma correta, haja vista o elevado número de normas técnicas que devem ser
observadas. Tais atos são voltados às normas de prazos para entrega de documentos, forma
como os mesmos devem ser exibidos, forma da realização das fiscalizações, procedimentos
de prestação de contas, dentre outros. Não podem criar direitos nem obrigações, só normas
procedimentais.
● Tribunal de Contas e o Sigilo Bancário
Em julgado datado de 17.4.2012, MS 22934/DF, Relator Min. Joaquim Barbosa, a 2a Turma
do STF entendeu que o TCU não detém legitimidade para requisitar diretamente informações
que importem quebra de sigilo bancário. Entendeu-se que, por mais relevantesque fossem
suas funções institucionais, o TCU não estaria incluído no rol dos que poderiam ordenar a
quebra de sigilo bancário (Lei 4.595/64, art. 38 e LC 105/2001, art. 13). Aludiu-se que ambas
as normas implicariam restrição a direito fundamental (CF, art. 5o, X: “são invioláveis a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”), logo, deveriam ser
interpretadas de maneira estrita. Precedente citado: MS 22801/DF (DJe de 14.3.2008).
Informativo n. 662 do STF
6.5 Organização dos Tribunais de Contas
● Composição
O Tribunal de Contas da União é órgão com autonomia administrativa e compõe-se de nove
Ministros com “quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional” (art. 73,
da CF). Sua sede fica no Distrito Federal.
Em relação ao TCU, um terço é escolhido pelo Presidente da República, com aprovação do
Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público
junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de
antiguidade e merecimento. O restante, dois terços, são escolhidos pelo Congresso Nacional.
Assim, dentre os três, o presidente tem liberdade para escolher um ministro livremente, desde
que preencha os demais requisitos. Os outros dois ministros, necessariamente serão
indicados, de forma alternada, dentre Auditores e membros do Ministério Público. Esses três
devem ser aprovados pelo Senado, o que não se exige em relação aos aprovados pelo
Congresso Nacional, visto que o Senado já participou de sua escolha
Os Tribunais de Contas dos Estados e dos Municípios (diferente dos MUNICIPAIS), por sua
vez, são compostos por sete conselheiros (parágrafo único, do art. 75, da CF) e observam as
normas estabelecidas pela Constituição ao TCU no que couber, quanto à organização,
composição e atribuições de fiscalização.
Em relação ao TCE ou TCM, como o número é sete, não teria como fazer a divisão exata em
1/3 e 2/3. Assim, da mesma forma que no âmbito federal, 03 (três) dos sete conselheiros são
escolhidos pelo Governador, e os outros 4 (quatro) escolhidos pelo Legislativo. Os indicados
pelo Governador, igualmente como na área federal, devem se submeter à aprovação da
Assembleia Legislativa.
● Requisitos
Para o provimento do cargo de Ministro do Tribunal de Contas, a Constituição Federal traçou
os seguintes requisitos (art. 73, § Io):
(i) ser brasileiro;
(ii) possuir mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;
(iii) ter idoneidade moral e reputação ilibada;
(iv) possuir notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de
administração pública; e
(v) ter mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija
os conhecimentos mencionados no item anterior.
● Equivalência de impedimentos e vantagens
Tendo em vista a necessária autonomia e independência que os Tribunais de Contas precisam
para o exercício da sua função institucional, a Constituição estabeleceu, no § 3º, do art. 73,
que os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas,
impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça,
inclusive aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40,
da CF/88.
As garantias estão descritas no art. 95, da Constituição Federal. São elas:
(i) vitaliciedade;
(ii) inamovibilidade; e
(iii) irredutibilidade de subsídio.
Quanto às vedações, o parágrafo único do mesmo artigo as enumera:
(i) exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
(ii) receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
(iii) dedicar-se à atividade político-partidária;
(iv) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas,
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; e
(v) exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos
do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
Em relação ao Auditor, que pode ser substituto de Ministro ou Conselheiro, a Constituição
afirmou que o mesmo, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e
impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de
juiz de Tribunal Regional Federal (§ 4o, do art. 73, da CF/88). Trata-se de um cargo vitalício,
provido mediante concurso público, com a função de substituir os membros titulares do
Tribunal quando necessário. No exercício da função substituta, o Auditor tem as mesmas
garantias e impedimentos do titular. Quando na função original, possui as prerrogativas de
Juiz de Tribunal Regional Federal. Nos TCEs e TCMs, os Auditores possuem as mesmas
garantias e impedimentos dos Conselheiros, quando os substituem, ou as de Juiz de última
entrância, quando exercem as demais atribuições.
Ministros do TCU = Ministro do STJ
Auditor do TCU = Juiz de TRF
Conselheiro do TCE e TCM = Desembargador do TJ
Auditor do TCE e TCM= Juiz de direito de última entrância
Por fim, em relação ao representante do Ministério Público junto ao TC, que deverá ser
indicado pelo Executivo de forma alternada com o Auditor, a sua presença se dá na qualidade
de fiscal da lei, e não com as atribuições que normalmente lhe são inerentes. É dizer, o
representante do Ministério Público atuará administrativamente, emitindo pareceres,
participando das sessões, auxiliando a fiscalização, mas não poderá oferecer denúncias,
tampouco atuar junto ao Judiciário como sói acontecer. Nesse sentido, decidiu o STF:
“Segundo precedente do STF (ADI 789/DF), os Procuradores das Cortes de Contas
são ligados administrativamente a elas, sem qualquer vínculo com o Ministério
Público comum. Além de violar os arts. 73, § 2o, I, e 130, da CF, a conversão
automática dos cargos de Procurador do Tribunal de Contas dos Municípios para os
de Procurador de Justiça - cuja investidura depende de prévia aprovação em
concurso público de provas e títulos - ofende também o art. 37, II, do texto magno.
(ADI 3.315, Rei. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 6-3-2008, Plenário,
DJE de 11-4-2008).
Este Ministério Público é regido por lei de iniciativa do próprio Tribunal de Contas da União
e não por lei complementar de iniciativa do Procurador-Geral da República, muito embora
seus membros estejam sujeitos aos mesmos direitos, vedações e forma de investidura
impostos aos integrantes do Ministério Público em geral (art. 130, da CF). Em suma, não é
um membro comum do Ministério Público, com atribuições de ajuizar ações penais
decorrentes dos ilícitos analisados. Possui apenas vinculação administrativa.
- Poder legislativo julga: Tribunal de contas e Chefe do executivo
- Tribunal de contas julga : Demais poderes - Órgãos e fundos da administração direta,
indireta e demais pessoas físicas ou jurídicas.

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