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1 AULA 2 – CICLO BRAYTON MODELAGEM MATEMÁTICA 2.1 Modelando instalações de potência com turbinas a gás As instalações de potência com turbina a gás podem operar tanto de um modo aberto como fechado. O modo aberto retratado na Figura 2.1a é mais comum. Trata-se de um motor no qual ar atmosférico é continuamente arrastado para um compressor, onde é comprimido até uma pressão mais elevada. O ar então entra em uma câmara de combustão, ou combustor, onde é misturado com combustível, e a combustão ocorre, resultando em produtos de combustão a uma temperatura elevada. Os produtos da combustão se expandem através da turbina e são, em seguida, descarregados nas vizinhanças. Parte do trabalho produzido é utilizado para acionar o compressor; o restante fica disponível para gerar eletricidade, para impulsionar um veículo ou para outros propósitos. Figura 2.1 – Turbinas a gás simples. (a) Aberta para a atmosfera. (b) Fechada. Fonte: Moran, M. J. e Shapiro, H. N., 2002. 2 No sistema ilustrado na Figura 2.1b, o fluido de trabalho recebe um aporte de energia por transferência de calor de uma fonte externa, por exemplo um reator nuclear resfriado a gás. O gás que deixa a turbina escoa através de um trocador de calor, onde é resfriado antes de entrar novamente no compressor. Uma idealização frequentemente utilizada no estudo de instalações de potência com turbinas a gás é a de uma análise de ar-padrão. Na análise de ar- padrão duas hipóteses são formuladas: (1) o fluido de trabalho é o ar, o qual se comporta como um gás ideal, e (2) o aumento de temperatura que resultaria da combustão é realizado através de uma transferência de calor de uma fonte externa. Com uma análise de ar-padrão evitamos tratar a complexidade do processo de combustão e a mudança de composição durante a combustão. Uma análise de ar-padrão frio simplifica consideravelmente o estudo de instalações de potência de turbinas a gás. Porém, os valores numéricos calculados desta forma podem fornecer apenas indicações qualitativas do desempenho da instalação de potência. 2.2 Ciclo de ar-padrão Brayton Um diagrama esquemático de uma turbina a gás de ar-padrão é mostrado na Figura 2.2. As direções das principais transferências de energia são indicadas na figura por setas. De acordo com as hipóteses de uma análise de ar-padrão, o aumento de temperatura que seria obtido no processo de combustão é realizado através de uma transferência de calor de uma fonte externa para o fluido de trabalho e este é considerado ar comportando-se como um gás ideal. Com as idealizações do ar-padrão, o ar entraria no compressor no estado 1 a partir das vizinhanças e mais tarde retornaria para as vizinhanças no estado 4 com uma temperatura maior do que a temperatura ambiente. Após interagir com as vizinhanças, cada unidade de massa do ar descarregado finalmente retornaria ao mesmo estado do ar que entra no compressor, de 3 forma que pode-se pensar no ar que escoa através dos componentes da turbina a gás como se ocorresse um ciclo termodinâmico. Figura 2.2 – Ciclo de ar-padrão de turbina a gás. Fonte: Moran, M. J. e Shapiro, H. N., 2002. Uma representação simplificada dos estados percorridos pelo ar, em um ciclo como este, pode ser imaginada considerando-se o ar de saída da turbina como retornando ao estado na entrada do compressor por intermédio de sua passagem através de um trocador de calor, onde ocorre rejeição de calor para as vizinhanças. O ciclo resultante desta idealização complementar é chamada de ciclo de ar-padrão Brayton. 2.2.1 Calculando as transferências de calor e trabalho principais para análise de ar-padrão As seguintes expressões para as transferências de energia sob a forma de calor e trabalho que ocorrem em regime permanente são imediatamente deduzidas pela simplificação dos balanços de energia e de massa para volume de controle. Estas transferências de energia são positivas nas direções das setas na Figura 2.2. Supondo-se que a turbina opera adiabaticamente com 4 efeitos desprezíveis de energia cinética e potencial, o trabalho produzido por unidade de massa é: 43 hhm Wt −= & & (2.1) onde m& designa a vazão em massa. Com as mesmas hipóteses, o trabalho do compressor por unidade de massa é: 12 hhm Wc −= & & (2.2) O símbolo cW& denota trabalho fornecido e assume um valor positivo. O calor adicionado ao ciclo por unidade de massa é calculado como: 23 hhm Qentra −= & & (2.3) O calor rejeitado por unidade de massa é calculado como: 14 hhm Qsai −= & & (2.4) onde saiQ& possui valor positivo. A eficiência energética (eficiência de 1a lei da termodinâmica) do ciclo da Figura 2.2 é calculada como: ( ) ( ) ( ) − − −= − −−− = − = 23 14 23 1243 1 hh hh hh hhhh mQ mWmW entra ct && &&&& η (2.5) A razão de trabalho reverso para o ciclo é calculada como: 5 43 12 hh hh mW mWbwr t c − − == && && (2.6) Para o mesmo aumento de pressão, um compressor de uma turbina a gás necessitaria de um fornecimento muito maior de trabalho por unidade de massa escoando do que a bomba de uma instalação de potência a vapor, porque o volume específico médio do gás escoando através do compressor seria muitas vezes maior do que o do líquido passando através da bomba. Assim, uma parte relativamente grande do trabalho produzido pela turbina é requerido para acionar o compressor. Razões de trabalho reverso típicas para turbinas a gás variam de 40 a 80%. Em comparação, as razões de trabalho reverso para instalações de potência a vapor são normalmente 1 ou 2% apenas. Se as temperaturas nos estados representados pelos números forem conhecidas, as entalpias específicas requeridas pelas equações anteriores são imediatamente obtidas de tabelas de gases ideais para o ar. 2.2.2 Calculando as transferências de calor e trabalho principais para análise de ar-padrão frio Alternativamente, com o sacrifício de alguma precisão, a variação dos calores específicos com a temperatura pode ser ignorada e os calores específicos considerados constantes. A análise de ar-padrão é então chamada de análise de ar-padrão frio. A vantagem principal da hipótese de calores específicos constantes é que expressões simples para quantidades como eficiência energética podem ser deduzidas e estas podem ser usadas para inferir indicações qualitativas do desempenho do ciclo sem o envolvimento de dados tabelados. Para análise de ar-padrão frio, as Equações 2.1 a 2.6 podem ser reescritas utilizando Tch p∆=∆ e o trabalho produzido por unidade de massa é: ( )43 TTcm W p t −= & & (2.7) 6 O trabalho do compressor por unidade de massa é: ( )12 TTcm W p c −= & & (2.8) O calor adicionado ao ciclo por unidade de massa é calculado como: ( )23 TTcm Q p entra −= & & (2.9) O calor rejeitado por unidade de massa é calculado como: ( )14 TTcm Q p sai −= & & (2.10) A eficiência energética (eficiência de 1a lei da termodinâmica) é calculada como: ( ) ( ) ( ) − − −= − −−− = − == 23 14 23 1243 1 TT TT TTc TTcTTc mQ mWmW mQ mW p pp entra ct entra ciclo && &&&& && && η (2.11) A razão de trabalho reverso para o ciclo é calculada como: 43 12 TT TT mW mWbwr t c − − == && && (2.12) Como as Equações 2.1 a 2.12 foram desenvolvidas a partir de balanços de massa e de energia, elas se aplicam igualmente quando irreversibilidades estão presentes e na ausência destas. Embora irreversibilidades e perdas associadas aos vários componentes da instalação de potência tenham um efeito pronunciado sobre o desempenho global, é instrutivo considerar um ciclo ideal no qual elas supostamente estão ausentes, já que tal ciclo estabelece um 7 limite superior para o desempenho do ciclode ar-padrão Brayton. Este aspecto é considerado a seguir. 2.2.3 Ciclo de ar-padrão ideal Brayton Ignorando as irreversibilidades associadas à circulação do ar através dos vários componentes do ciclo Brayton, não há perda de carga por atrito e o ar escoa à pressão constante através dos trocadores de calor. Se perdas por transferência de calor para o ambiente forem também ignoradas, os processos através da turbina e do compressor são isoentrópicos. O ciclo ideal mostrado nos diagramas vp − e sT − na Figura 2.3 é coerente com estas idealizações. Figura 2.3 – Ciclo de ar-padrão ideal Brayton. Fonte: Moran, M. J. e Shapiro, H. N., 2002. As áreas nos diagramas sT − e vp − da Figura 2.3 podem ser interpretadas como calor e trabalho, respectivamente, por unidade de massa escoando. No diagrama ,sT − a área 2-3-a-b-2 representa o calor adicionado por unidade de massa e a área 1-4-a-b-1 é o calor rejeitado por unidade de massa. No diagrama ,vp − a área 1-2-a-b-1 representa o trabalho fornecido ao compressor por unidade de massa e a área 3-4-b-a-3 é o trabalho produzido pela turbina por unidade de massa. A área de cada figura pode ser interpretada como o trabalho líquido produzido ou, equivalentemente, o calor líquido absorvido. 8 Quando os dados de tabela de ar são usados para conduzir uma análise envolvendo o ciclo Brayton ideal, pode-se utilizar a seguinte relação matemática para os processos isoentrópicos 1-2 e 3-4: 1 2 1 2 p p p p r r = (2.13) 2 1 3 4 3 4 p p p p p p r r == (2.14) Já que o ar escoa através dos trocadores de calor do ciclo ideal à pressão constante, segue-se que .2134 pppp = Esta relação foi utilizada quando a Equação 2.14 foi escrita. Quando um ciclo Brayton ideal é analisado em uma base de ar-padrão frio, os calores específicos são considerados constantes. As Equações 2.13 e 2.14 são então substituídas pelas seguintes expressões: ( ) 1 1 2 1 2 kk p p T T − = (2.15) ( ) ( ) 1 2 1 1 3 4 3 4 kkkk p p p p T T −− = = (2.16) onde vp cck = é a razão entre calores específicos. Numa base de ar-padrão frio, uma expressão alternativa para a eficiência térmica do ciclo Brayton é obtida a partir das Equações 2.11, 2.15 e 2.16. Pode-se reescrever a Equação 2.11 da seguinte forma: − − −= − − −= 1 111 23 14 2 1 23 14 TT TT T T TT TTη (2.17) 9 Isolando 4T da Equação 2.16 e 1T da Equação 2.15 pode-se escrever a relação ,14 TT ou seja: ( ) ( ) 2 3 1 2 1 2 1 2 1 3 1 4 T T p pT p pT T T kk kk = = − − (2.18) Substituindo o resultado da Equação 2.18 na Equação 2.17 obtém-se: 2 11 T T −=η (2.19) Finalmente, substituindo a Equação 2.15 na Equação 2.19 obtém-se: ( ) kkpp )1(12 11 − −=η (2.20) Por análise da Equação 2.20, pode-se ver que a eficiência energética do ciclo de ar-padrão frio Brayton ideal é uma função da relação de compressão do compressor. Com o aumento da relação de compressão verifica-se um aumento da eficiência energética do ciclo. 2.2.4 Irreversibilidades e perdas nas turbinas a gás Os principais pontos representando os estados de uma turbina a gás de ar-padrão podem ser mostrados de uma maneira mais realística na Figura 2.4a. 10 Figura 2.4 – Efeitos de irreversibilidades na turbina a gás de ar-padrão. Fonte: Moran, M. J. e Shapiro, H. N., 2002. Por causa dos efeitos e atrito dentro do compressor e da turbina, o fluido de trabalho sofreria aumentos de entropia específica nestes componentes. Devido ao atrito, haveria também perdas de carga conforme o fluido escoasse através dos trocadores de calor. Porém, pelo fato de as perdas de carga por atrito serem fontes menos significativas de irreversibilidades, as mesmas serão ignoradas nas discussões subsequentes e, por simplicidade, os escoamentos nos trocadores de calor serão considerados a pressão constante. Esse comportamento é ilustrado pela Figura 2.4b. As transferências de calor residuais dos componentes da instalação de potência para as vizinhanças representam perdas, mas estes efeitos são geralmente de importância secundária e também são ignorados nas discussões posteriores. À medida que os efeitos das irreversibilidades na turbina e compressor ficam mais pronunciadas, o trabalho produzido pela turbina decresce e o trabalho fornecido ao compressor aumenta, resultando em um decréscimo acentuado no trabalho líquido da instalação de potência. Consequentemente, se a instalação tiver que produzir uma quantidade de trabalho líquido apreciável, serão necessárias eficiências isoentrópicas de turbina e de compressor relativamente altas. Após décadas de esforço de desenvolvimento, eficiências isoentrópicas de 80 a 90% podem agora ser obtidas nas turbinas e compressores em instalações de potência com turbina a gás. Designando os 11 estados conforme indicados na Figura 2.4a, as eficiências isoentrópicas da turbina e do compressor para uma análise de ar-padrão são dadas por: sst t t hh hh mW mW 43 43 )( )( − − == && && η (2.21) 12 12 )( )( hh hh mW mW s c sc c − − == && && η (2.22) Para uma análise de ar-padrão frio, as Equações 2.21 e 2.22 são reescritas como: sst t t TT TT mW mW 43 43 )( )( − − == && && η (2.23) 12 12 )( )( TT TT mW mW s c sc c − − == && && η (2.24) Dentre as irreversibilidades das instalações de potência com turbina a gás reais, a irreversibilidade da combustão é de longe a mais importante. Porém, uma análise de ar-padrão não permite que essa irreversibilidade seja calculada e métodos adicionais que tratam a termodinâmica da combustão devem ser aplicados. 2.3 Turbinas a gás regenerativas A temperatura de saída do ar em uma turbina a gás é normalmente bem acima da temperatura ambiente. Consequentemente, o gás quente de escape da turbina possui um potencial para uso que seria irremediavelmente perdido se o gás fosse descarregado diretamente para as vizinhanças. Uma maneira de utilizar este potencial é por intermédio de um trocador de calor chamado de regenerador, o qual permite que o ar que deixa o compressor seja preaquecido 12 antes de entrar no combustor, reduzindo, desta forma, a quantidade de combustível que deve ser queimada no combustor. Um ciclo de ar-padrão Brayton, modificado de forma a incluir um regenerador, está representado na Figura 2.5. Figura 2.5 – Ciclo de ar-padrão de turbina a gás regenerativa. Fonte: Moran, M. J. e Shapiro, H. N., 2002. O regenerador mostrado é um trocador de calor em contracorrente, através do qual o gás quente de escape da turbina e o ar mais frio que deixa o compressor escoam em direções opostas. De uma maneira ideal, nenhuma perda de carga por atrito ocorre em qualquer uma das duas correntes. O gás de escape da turbina é resfriado do estado 4 ao estado y, enquanto o ar que sai do compressor é aquecido do estado 2 ao estado x. Assim, uma transferência de calor de uma fonte externa ao ciclo é necessária apenas para aumentar a temperatura do ar do estado x ao estado 3, em vez do estado 2 ao estado 3, como seria o caso sem regeneração. O trabalho líquido produzido por unidade de vazão em massa não á alterado pela inclusão de um regenerador. Logo, já que o calor adicionado é reduzido, a eficiência energética aumenta. O calor adicionado por unidade de massa é então dado por: 13 x entra hh m Q −= 3 & & (2.25) Da Equação 2.25 pode-se concluir que a transferência de calor externa requerida por uma instalação de potência a gás diminui à medida que a entalpia específica xh aumenta e, desse modo, conforme a temperatura xT aumenta. Evidentemente, existe um incentivo em termos de economiade combustível para se selecionar um regenerador que forneça o maior valor prático desta temperatura. Para considerar o máximo valor teórico de ,xT observa-se a Figura 2.6a, a qual mostra variações típicas de temperatura das correntes quente e fria de um trocador de calor em contracorrente. Figura 2.6 – Distribuição de temperatura em trocadores de calor em contracorrente. (a) Real. (b) Reversível. Fonte: Moran, M. J. e Shapiro, H. N., 2002. Já que uma diferença finita de temperatura é necessária para que ocorra a transferência de calor, a temperatura da corrente fria em cada posição, representada pela coordenada z, é menor do que aquela da corrente quente. 14 Em particular, a temperatura da corrente mais fria que sai do trocador de calor é menor do que a temperatura da corrente quente que entra. Se a área de transferência de calor fosse aumentada, fornecendo mais oportunidade para a transferência de calor entre as duas correntes, haveria uma menor diferença de temperatura em cada posição. No caso limite de uma área infinita de troca de calor, a diferença de temperatura tenderia a zero em todas as posições, como mostrado na Figura 2.6b, e a transferência de calor se aproximaria da situação de reversibilidade. Neste limite, a temperatura de saída da corrente mais fria se aproximaria da temperatura da corrente quente entrando. Assim, a maior temperatura possível que poderia ser atingida pela corrente mais fria seria a temperatura do gás quente entrando. Voltando ao regenerador da Figura 2.5, podemos concluir da discussão da Figura 2.6 que o valor teórico máximo para a temperatura xT é a temperatura de saída da turbina ,4T obtida se o regenerador estivesse operando de forma reversível. A efetividade do regenerador, ,regη é um parâmetro que mede o afastamento de um regenerador real em relação a tal regenerador ideal. A efetividade do regenerador é definida como a razão entre o aumento real de entalpia do ar escoando através do lado do compressor e o aumento máximo teórico de entalpia, isto é: 24 2 hh hhx reg − − =η (2.26) À medida que a transferência de calor aproxima-se da situação reversível, xh aproxima-se de ,4h e regη tende a um (100%). Na prática, os valores típicos para a efetividade de regeneradores estão na faixa de 60 a 80%, e assim a temperatura xT do ar que deixa o lado do compressor do regenerador está normalmente abaixo da temperatura de saída da turbina. Um aumento de temperatura acima desta faixa pode resultar em custos de equipamento que cancelam qualquer vantagem devido à economia de combustível. Além disso, a maior área de troca de calor que seria necessária 15 para uma maior eficiência energética pode resultar em uma perda de carga por atrito significativa para o escoamento através do regenerador e, desta forma, afetando o desempenho global. A decisão de adicionar um regenerador é influenciada por considerações como estas e a decisão final é primordialmente econômica. 2.3.1 Calculando as transferências de calor e trabalho principais para análise de ar-padrão De maneira similar ao item 2.2.1 e supondo-se que a turbina opera adiabaticamente com efeitos desprezíveis de energia cinética e potencial, o trabalho produzido por unidade de massa é: 43 hhm Wt −= & & Com as mesmas hipóteses, o trabalho do compressor por unidade de massa é: 12 hhm Wc −= & & O calor adicionado ao ciclo por unidade de massa é calculado como: x entra hh m Q −= 3 & & (2.27) O calor rejeitado por unidade de massa é calculado como: 1hhm Q y sai −= & & (2.28) 16 O valor de yh e conseqüentemente de yT pode ser determinado a partir da combinação dos balanços de massa e de energia para o regenerador, ou seja: ( )24 hhhh xy −−= (2.29) A eficiência energética (eficiência de 1a lei da termodinâmica) do ciclo da Figura 2.5 é calculada como: ( ) ( ) ( ) − − −= − −−− = − = x y xentra ct hh hh hh hhhh mQ mWmW 3 1 3 1243 1 && &&&& η (2.30) A razão de trabalho reverso para o ciclo é calculada como: 43 12 hh hh mW mWbwr t c − − == && && 2.3.2 Calculando as transferências de calor e trabalho principais para análise de ar-padrão frio Alternativamente, com o sacrifício de alguma precisão, a variação dos calores específicos com a temperatura pode ser ignorada e os calores específicos considerados constantes. Para análise de ar-padrão frio, o trabalho produzido por unidade de massa é: ( )43 TTcm W p t −= & & O trabalho do compressor por unidade de massa é: ( )12 TTcm W p c −= & & 17 O calor adicionado ao ciclo por unidade de massa é calculado como: ( )xpentra TTcm Q −= 3 & & (2.31) O calor rejeitado por unidade de massa é calculado como: ( )1TTcm Q yp sai −= & & (2.32) O valor de yT pode ser determinado a partir da combinação dos balanços de massa e de energia para o regenerador, ou seja: ( )24 TTcTcT xppy −−= (2.33) A eficiência energética (eficiência de 1a lei da termodinâmica) é calculada como: ( ) ( ) ( ) − − −= − −−− = − == x y xp pp entra ct entra ciclo TT TT TTc TTcTTc mQ mWmW mQ mW 3 1 3 1243 1 && &&&& && && η (2.34) A razão de trabalho reverso para o ciclo é calculada como: 43 12 TT TT mW mWbwr t c − − == && && Uma expressão alternativa para a eficiência do ciclo Brayton ideal com regeneração pode ser obtida através de uma análise de ar-padrão frio. Nessa caso as eficiências isoentrópicas do compressor e da turbina e a efetividade do regenerador são iguais a 100%. Com 100=regη % tem-se que 4TTx = e 2TTy = e a Equação 2.34 pode ser reescrita como: 18 − − −= − − −= − − −= 34 12 3 1 43 12 3 1 1 1111 TT TT T T TT TT TT TT x yη (2.35) Sabendo que ,12 ppr = substituindo 12 TT da Equação 2.15 e 34 TT da Equação 2.16 na Equação 2.35 e rearranjando, obtém-se: ( ) − −= k k r T T 1 3 11η (2.36) Em resumo, os valores do trabalho por unidade de vazão mássica do compressor e da turbina não se modificam com a adição do regenerador. Assim, a razão de trabalho reverso e o trabalho líquido produzido não são afetados por esta modificação. É evidente que a eficiência energética pode ser significativamente aumentada através de regeneração. Além disso, o regenerador permite obter uma melhor utilização do combustível através da transferência de uma parte da exergia dos gases quentes de escape da turbina para o ar mais frio escoando no outro lado. 2.4 Turbinas a gás regenerativas com reaquecimento Por razões metalúrgicas, a temperatura dos produtos de combustão gasosos que entram na turbina deve ser limitada. Esta temperatura pode ser controlada fornecendo-se ar em quantidade acima da necessária para a queima do combustível no combustor. Como consequência, os gases que deixam o combustor contêm ar suficiente para suportar a combustão de combustível adicional. Algumas instalações de potência a gás tiram vantagem do excesso de ar por intermédio de uma turbina de múltiplos estágios com um combustor com reaquecimento entre os estágios. Com este arranjo, o trabalho líquido por unidade de massa escoando pode ser aumentado. As características básicas de uma turbina de dois estágios com reaquecimento são mostradas através da consideração de um ciclo de ar- padrão Brayton ideal modificado, conforme mostrado na Figura 2.7: 19 Figura 2.7 – Turbina a gás com reaquecimento. Fonte: Moran, M. J. e Shapiro, H. N., 2002. Após a expansão do estado 3 para o estado a na primeira turbina, o gás é reaquecido à pressão constante do estado a até o estado b. A expansão é então completada na segunda turbina do estadob ao estado 4. O ciclo Brayton ideal sem reaquecimento 1-2-3-4’-1, é mostrado no mesmo diagrama sT − para comparação. Devido ao fato de que linhas de pressão constante em um diagrama sT − divergem ligeiramente para entropias crescentes, o trabalho total da turbina de dois estágios é maior do que aquele de uma única expansão do estado 3 para o estado 4’. Assim, o trabalho líquido do ciclo com reaquecimento é maior do que aquele do ciclo sem reaquecimento. Apesar do aumento do trabalho líquido com o reaquecimento, a eficiência energética do ciclo não necessariamente aumentaria, porque seria exigida uma maior adição de calor total. Porém, a temperatura na saída da turbina é maior com reaquecimento do que sem este, e portanto o potencial para regeneração é aumentado. Quando se utiliza reaquecimento e regeneração conjuntamente, a eficiência energética pode aumentar de modo significativo. Na análise seguinte será considerada uma turbina com dois estágios. 2.4.1 Calculando as transferências de calor e trabalho principais para análise de ar-padrão 20 De maneira similar ao item 2.2.1 e supondo-se que ambos os estágios da turbina operam adiabaticamente com efeitos desprezíveis de energia cinética e potencial, o trabalho total produzido por unidade de massa é: ( ) ( )4321 hhhhm W m W m W ba ttt −+−=+= & & & & & & (2.37) Com as mesmas hipóteses, o trabalho do compressor por unidade de massa é: 12 hhm Wc −= & & O calor total adicionado ao ciclo por unidade de massa é calculado como: ( ) ( )abxentra hhhhm Q −+−= 3 & & (2.38) O calor rejeitado por unidade de massa é calculado como: 1hhm Q y sai −= & & O valor de yh e consequentemente de yT pode ser determinado a partir da combinação dos balanços de massa e de energia para o regenerador, ou seja: ( )24 hhhh xy −−= A eficiência energética (eficiência de 1a lei da termodinâmica) do ciclo da Figura 2.7 é calculada como: 21 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) −+− − −= −+− −−−+− = − = abx y abx ba entra ct hhhh hh hhhh hhhhhh mQ mWmW 3 1 3 1243 1 && &&&& η (2.39) A razão de trabalho reverso para o ciclo é calculada como: ( ) ( )43 12 hhhh hh mW mWbwr bat c −+− − == && && (2.40) 2.4.2 Calculando as transferências de calor e trabalho principais para análise de ar-padrão frio Alternativamente, com o sacrifício de alguma precisão, a variação dos calores específicos com a temperatura pode ser ignorada e os calores específicos considerados constantes. Para análise de ar-padrão frio, o trabalho total produzido por unidade de massa é: ( ) ( )4321 TTcTTcm W m W m W bpap ttt −+−=+= & & & & & & (2.41) O trabalho do compressor por unidade de massa é: ( )12 TTcm W p c −= & & O calor total adicionado ao ciclo por unidade de massa é calculado como: ( ) ( )abpxpentra TTcTTcm Q −+−= 3 & & (2.42) O calor rejeitado por unidade de massa é calculado como: 22 ( )1TTcm Q yp sai −= & & O valor de yT pode ser determinado a partir da combinação dos balanços de massa e de energia para o regenerador, ou seja: ( )24 TTcTcT xppy −−= A eficiência energética (eficiência de 1a lei da termodinâmica) é calculada como: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) −+− − −= −+− −−−+− = − = abx y abpxp pbpap entra ct TTTT TT TTcTTc TTcTTcTTc mQ mWmW 3 1 3 1243 1 && &&&& η (2.43) A razão de trabalho reverso para o ciclo é calculada como: ( ) ( ) ( ) ( ) ( )43 12 43 12 TTTT TT TTcTTc TTc mW mWbwr babpap p t c −+− − = −+− − == && && (2.44) 2.5 Turbinas a gás regenerativas com inter-resfriamento O trabalho líquido produzido por uma turbina a gás também pode ser aumentado reduzindo-se o trabalho líquido fornecido ao compressor. Isto pode ser obtido através de compressão em múltiplos estágios com inter- resfriamento. Consideremos inicialmente o trabalho fornecido a compressores em regime permanente, supondo que as irreversibilidades estão ausentes e as variações de energia cinética e potencial são desprezíveis. O diagrama vp − da Figura 2.8 mostra dois caminhos possíveis caminhos para a compressão de um estado especificado 1 até uma pressão especificada .2p 23 Figura 2.8 – Processos de compressão internamente reversíveis entre duas pressões fixadas. Fonte: Moran, M. J. e Shapiro, H. N., 2002. O caminho 1-2’ é para uma compressão adiabática. O caminho 1-2 corresponde a uma compressão com transferência de calor do fluido de trabalho para as vizinhanças. A área à esquerda de cada curva é igual a magnitude do trabalho por unidade de massa do respectivo processo. A área menor à esquerda do processo 1-2 indica que o trabalho deste processo é menor do que o da compressão adiabática de 1 para 2’. Isto sugere que resfriar um gás durante a compressão é vantajoso em termos de necessidade de fornecimento de trabalho. Embora resfriar um gás à medida que ele é comprimido reduza o trabalho, uma taxa de transferência de calor grande o suficiente para efetuar uma redução significativa do trabalho é difícil de ser obtida na prática. Uma alternativa prática é separar as interações de trabalho e calor em processos distintos, permitindo que a compressão ocorra em estágios com trocadores de calor, chamados de inter-resfriadores, que resfriam o gás entre os estágios. A Figura 2.9 ilustra um compressor de dois estágios com um inter-resfriador. 24 Figura 2.9 – Compressão em dois estágios com inter-resfriamento. Fonte: Moran, M. J. e Shapiro, H. N., 2002. Os diagramas vp − e sT − que acompanham a figura mostram os estados de processos internamente reversíveis. O processo 1-c representa uma compressão isoentrópica do estado 1 para o estado c, onde a pressão é .cp No processo c-d o gás é resfriado à pressão constante da temperatura cT para .dT O processo d-2 é uma compressão isoentrópica até o estado 2. O trabalho fornecido por unidade de massa é representado no diagrama vp − pela área sombreada 1-c-d-2-a-b-1. Sem o inter-resfriamento, o gás seria comprimido isoentropicamente em um único estágio do estado 1 para o estado 2’ e o trabalho seria representado pela área 1-2’-a-b-1. A área hachurada no 25 diagrama vp − representa a redução do trabalho que seria obtida com o inter- resfriamento. Alguns compressores grandes possuem vários estágios de compressão com inter-resfriamento entre os estágios. A determinação do número de estágios e as condições nas quais operar os vários inter-resfriadores são um problema de otimização. O uso de compressão em múltiplos estágios com inter-resfriamento em uma instalação de potência a gás aumenta o trabalho líquido produzido através da redução do trabalho de compressão. Porém, a compressão com inter-resfriamento, por si só, não aumentaria necessariamente a eficiência térmica de uma turbina a gás porque a temperatura de admissão do ar no combustor seria reduzida (as temperaturas dos estados 2 e 2’ no diagrama sT − da Figura 2.9 devem ser comparadas). Uma temperatura mais baixa na entrada do combustor exigiria uma transferência de calor adicional para atingir a temperatura de entrada desejada na turbina. No entanto, a temperatura mais baixa na saída do compressor aumenta o potencial para regeneração, de forma que, quando o inter- resfriamento é usado em conjunto com a regeneração, pode resultar num aumento apreciável da eficiência energética. 2.5.1 Calculando as transferências de calor e trabalho principais para análise de ar-padrão De maneira similar ao item 2.2.1 e supondo-se que a turbina opera adiabaticamente com efeitos desprezíveis de energia cinética e potencial, o trabalho produzido por unidade de massa é: 43 hhm Wt −= & & Com as mesmas hipóteses, o trabalho total do compressorpor unidade de massa é: 26 ( ) ( )dcccc hhhhm W m W m W −+−=+= 21 21 & & & & & & (2.45) O calor adicionado ao ciclo por unidade de massa é calculado como: x entra hh m Q −= 3 & & O calor total rejeitado por unidade de massa é calculado como: ( ) ( )dcysai hhhhm Q −+−= 1 & & (2.46) O valor de yh e consequentemente de yT pode ser determinado a partir da combinação dos balanços de massa e de energia para o regenerador, ou seja: ( )24 hhhh xy −−= A eficiência energética (eficiência de 1a lei da termodinâmica) do ciclo da Figura 2.9 é calculada como: ( ) ( ) ( ) ( ) − −+− −= − −−−−− = − = x dcy x dc entra ct hh hhhh hh hhhhhh mQ mWmW 3 1 3 2143 1 && &&&& η (2.47) A razão de trabalho reverso para o ciclo é calculada como: ( ) ( ) ( )43 21 hh hhhh mW mWbwr dc t c − −+− == && && (2.48) 2.5.2 Calculando as transferências de calor e trabalho principais para análise de ar-padrão frio 27 Alternativamente, com o sacrifício de alguma precisão, a variação dos calores específicos com a temperatura pode ser ignorada e os calores específicos considerados constantes. Para análise de ar-padrão frio, o trabalho produzido por unidade de massa é: ( )43 TTcm W p t −= & & O trabalho total do compressor por unidade de massa é: ( ) ( )dpcpccc TTcTTcm W m W m W −+−=+= 21 21 & & & & & & (2.49) O calor adicionado ao ciclo por unidade de massa é calculado como: ( )xpentra TTcm Q −= 3 & & O calor total rejeitado por unidade de massa é calculado como: ( ) ( )dcpypsai TTcTTcm Q −+−= 1 & & (2.50) O valor de yT pode ser determinado a partir da combinação dos balanços de massa e de energia para o regenerador, ou seja: ( )24 TTcTcT xppy −−= A eficiência energética (eficiência de 1a lei da termodinâmica) é calculada como: 28 ( ) ( ) ( ) ( ) − −+− −= − −−−−− = − = x dcy xp dpcpp entra ct TT TTTT TTc TTcTTcTTc mQ mWmW 3 1 3 2143 1 && &&&& η (2.51) A razão de trabalho reverso para o ciclo é calculada como: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )43 21 43 21 TT TTTT TTc TTcTTc mW mWbwr dc p dpcp t c − −+− = − −+− == && && (2.52) 2.6 Turbinas a gás regenerativas com reaquecimento e inter-resfriamento Um arranjo incorporando reaquecimento, inter-resfriamento e regeneração é mostrado na Figura 2.10: Figura 2.10 – Turbina a gás com inter-resfriamento e reaquecimento. Fonte: Moran, M. J. e Shapiro, H. N., 2002. 29 O reaquecimento entre os estágios da turbina e o inter-resfriamento entre os estágios do compressor fornecem duas vantagens importantes: o trabalho líquido produzido é aumentado e o potencial para regeneração também. Consequentemente, quando reaquecimento e inter-resfriamento são usados juntamente com regeneração, uma melhora substancial no desempenho pode ser realizada. Esta turbina a gás possui dois estágios de compressão e dois estágios de expansão. O diagrama sT − que acompanha a figura é desenhado para indicar as irreversibilidades nos estágios co compressor e nos estágios da turbina. As perdas de carga que ocorreriam à medida que o fluido de trabalho escoasse através do inter-resfriador, do regenerador e dos combustores não são mostradas. 2.6.1 Calculando as transferências de calor e trabalho principais para análise de ar-padrão De maneira similar ao item 2.2.1 e supondo-se que a turbina opera adiabaticamente com efeitos desprezíveis de energia cinética e potencial, o trabalho total produzido por unidade de massa é: ( ) ( )4321 hhhhm W m W m W ba ttt −+−=+= & & & & & & Com as mesmas hipóteses, o trabalho total do compressor por unidade de massa é: ( ) ( )dcccc hhhhm W m W m W −+−=+= 21 21 & & & & & & O calor total adicionado ao ciclo por unidade de massa é calculado como: 30 ( ) ( )abxentra hhhhm Q −+−= 3 & & O calor total rejeitado por unidade de massa é calculado como: ( ) ( )dcysai hhhhm Q −+−= 1 & & O valor de yh e consequentemente de yT pode ser determinado a partir da combinação dos balanços de massa e de energia para o regenerador, ou seja: ( )24 hhhh xy −−= A eficiência energética (eficiência de 1a lei da termodinâmica) do ciclo da Figura 2.10 é calculada como: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )abx dcba entra ct hhhh hhhhhhhh mQ mWmW −+− −−−−−+− = − = 3 2143 && &&&& η (2.53) A razão de trabalho reverso para o ciclo é calculada como: ( ) ( ) ( ) ( )43 21 hhhh hhhh mW mWbwr ba dc t c −+− −+− == && && (2.54) 2.6.2 Calculando as transferências de calor e trabalho principais para análise de ar-padrão frio Alternativamente, com o sacrifício de alguma precisão, a variação dos calores específicos com a temperatura pode ser ignorada e os calores específicos considerados constantes. Para análise de ar-padrão frio, o trabalho total produzido por unidade de massa é: 31 ( ) ( )4321 TTcTTcm W m W m W bpap ttt −+−=+= & & & & & & Com as mesmas hipóteses, o trabalho total do compressor por unidade de massa é: ( ) ( )dpcpccc TTcTTcm W m W m W −+−=+= 21 21 & & & & & & O calor total adicionado ao ciclo por unidade de massa é calculado como: ( ) ( )abpxpentra TTcTTcm Q −+−= 3 & & O calor total rejeitado por unidade de massa é calculado como: ( ) ( )dcpypsai TTcTTcm Q −+−= 1 & & O valor de yh e consequentemente de yT pode ser determinado a partir da combinação dos balanços de massa e de energia para o regenerador, ou seja: ( )24 TTTT xy −−= A eficiência energética (eficiência de 1a lei da termodinâmica) do ciclo da Figura 2.10 é calculada como: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )abx dcba entra ct TTTT TTTTTTTT mQ mWmW −+− −−−−−+− = − = 3 2143 && &&&& η (2.55) 32 A razão de trabalho reverso para o ciclo é calculada como: ( ) ( ) ( ) ( )43 21 TTTT TTTT mW mWbwr ba dc t c −+− −+− == && && (2.56)
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