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Julia Paris Malaco – ambulatório cardiologia Hipertensão secundaria http://departamentos.cardiol.br/sbc- dha/profissional/pdf/Diretriz-HAS-2020.pdf A hipertensão arterial (HA) é uma doença crônica definida por níveis pressóricos, em que os benefícios do tratamento (não medicamentoso e/ ou medicamentoso) superam os riscos. Trata-se de uma condição multifatorial, que depende de fatores genéticos/ epigenéticos, ambientais e sociais, caracterizada por elevação persistente da pressão arterial (PA), ou seja PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg Medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva. Pode se diagnosticar ainda, quando: Realizado somente uma medida da PA em consulta com PA 180x110 mmHg Realizado duas aferições em dois dias diferentes com pressão 140x90 mmHg É aconselhável, quando possível, a validação de tais medidas por meio de avaliação da PA fora do consultório por meio da Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) o A MAPA é o método que permite o registro durante 24 horas ou mais, enquanto o paciente realiza suas atividades habituais durante os períodos de vigília e sono. Uma de suas características mais específicas é a possibilidade de identificar as alterações circadianas da PA, sobretudo em relação às medições durante o sono, que têm implicações prognósticas consideráveis. o São atualmente consideradas anormais as médias de PA de 24 horas ≥ 130x80 mmHg, vigília ≥ 135x85 mmHg e sono ≥ 120x70 mmHg Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA) o Medir 6x ao dia, 3x antes do café e 3x antes do jantar durante 5 dias OU o Medir 4x ao dia, 2x antes do café e 2x antes do jantar durante 7 dias o Ao final, realizar cálculo da média dessas pressões e se a média for maior ou igual que 135x85 mmHg, faz-se o diagnóstico de hipertensão Automedida da Pressão Arterial (AMPA) Fatores de risco Genética/histórico familiar Idade Obesidade/sedentarismo Etnia Ingesta excessiva de sódio e potássio Álcool Apneia obstrutiva do sono Fisiopatologia Apesar de não estarem muito bem estabelecidos todos os mecanismos associados à HAS, 2 teorias explicam a maioria dos casos: a neurogênica e a do desbalanço na absorção de sódio e água. A teoria neurogênica sustenta a ideia de que o sistema nervoso autônomo teria o seu set point pressórico alterado para um patamar mais elevado, determinando elevação da PA. A teoria do desbalanço do controle da absorção de sódio sustenta a ideia de que ocorre perda da capacidade de excreção adequada de sódio frente à quantidade de sódio ingerida, determinando a retenção de sódio e água. O sistema renina-angiotensina-aldosterona é o principal mecanismo de regulação da PA. Em situações de hipoperfusão renal, por estímulo da mácula densa, ocorre a liberação da renina, uma enzima renal. Por sua vez, a renina ativa o angiotensinogênio, produzido no fígado, transformando-o em angiotensina I, que sofre ação da enzima conversora de angiotensina, presente nos pulmões, originando a angiotensina II. A angiotensina, um hormônio que provoca aumento da atividade simpática e contração das paredes musculares das pequenas artérias (arteríolas), aumentando a PA. A angiotensina II também desencadeia a liberação do hormônio aldosterona pelas glândulas suprarrenais, provocando a retenção de sódio e a excreção de potássio. O sódio promove a retenção de água e, dessa forma, provoca a expansão do volume sanguíneo e o aumento da PA. Esse é o principal sistema de modulação da PA. http://departamentos.cardiol.br/sbc-dha/profissional/pdf/Diretriz-HAS-2020.pdf http://departamentos.cardiol.br/sbc-dha/profissional/pdf/Diretriz-HAS-2020.pdf Julia Paris Malaco – ambulatório cardiologia Hipertensão arterial secundaria A hipertensão arterial secundária é a forma de hipertensão arterial (HA) decorrente de uma causa identificável, que pode ser tratada com uma intervenção específica, a qual determina a cura ou a melhora do controle pressórico. Os portadores de HA secundária estão sob maior risco CV e renal e apresentam maior impacto nos órgãos-alvo, devido a níveis mais elevados e sustentados de PA, bem como por ativação de mecanismos hormonais e moleculares. Causas: Doenc ̧a Renal Cro ̂nica (DRC): Define-se DRC por sua causa e por anormalidades de função ou morfologia persistentes por mais de três meses, com implicações para a saúde. Caracteriza-se por ritmo de filtração glomerular estimado (RFG-e) < 60 mL/min. ou alterações no exame de urina, especialmente albuminúria (30 mg/24 h ou razão albuminúria/creatininúria 30 mg/g), e/ ou na morfologia renal Hipertensão Renovascular (HARV): A HARV é causa comum e potencialmente reversível de HA secundária, devido a uma estenose parcial ou total, uni ou bilateral da artéria renal (EAR) ou de seus ramos, desencadeando e mantendo isquemia renal significante. Apneia obstrutiva do sono (AOS): A AOS é uma condição clínica caracterizada pelo colapso intermitente das vias aéreas superiores durante o sono, acarretando obstruções totais (apneias) e parciais (hipopneias). As pausas respiratórias levam a maior esforço respiratório e geram redução da pressão intratorácica que aumentam a pressão transmural do ventrículo esquerdo, as quedas cíclicas da saturação de oxigênio (hipóxia intermitente), a hipercapnia (usualmente discreta) e a fragmentação do sono. Entre os mecanismos envolvidos com a HA, podemos citar a ativação do sistema nervoso simpático, a inflamação sistêmica, o aumento na produção de espécies reativas de oxigênio e a disfunção endotelial, entre outras. Hiperaldosteronismo Prima ́rio (HP): A HA acompanhada de supressão da atividade da renina plasmática (ARP) e aumento da excreção de aldosterona caracteriza a síndrome de aldosteronismo primário. O HP era considerado uma forma rara de HA secundária (1%) e, na atualidade, pode estar presente em 22% dos pacientes com HAR . Feocromocitoma: Os feocromocitomas (FEO) são tumores de células cromafins do eixo simpático-adrenomedular secretores de catecolaminas. Hipotireoidismo, hipertireoidismo, hiperparatiroidismo primário, síndrome de cushing, obesidade Hipertensão arterial refrataria e resistente Define-se hipertensão arterial resistente (HAR) como a PA de consultório que permanece com valores ≥140/90 mmHg, com o uso de três ou mais classes de fármacos anti-hipertensivos com ações sinérgicas, em doses máximas preconizadas ou toleradas, sendo um deles preferencialmente um diurético tiazídico. Já a hipertensão refratária (HARf) é definida como um subgrupo de pacientes com HAR verdadeira, Julia Paris Malaco – ambulatório cardiologia que mantém a PA não controlada (PA ≥ 140/90 mmHg), mesmo estando em uso de cinco ou mais fármacos anti-hipertensivos, incluindo a espironolactona e um diurético de longa ação. A HAR depende mais do aumento de volemia do que a HARf, devido à importante persistência de retenção de fluidos, sensibilidade aumentada ao sódio, hiperaldosteronismo e disfunção renal. Além disso, maior expansão de conteúdo plasmático torácico, concentração de aldosterona urinária, discreta supressão da atividade de renina e elevada relação aldosterona/renina plasmática, assim como altos níveis de peptídeos natriuréticos atrial e cerebral (BNP) são observados nesses indivíduos. Essa relação entre volume e pressão elevada é a principal base fisiopatológica demonstrada em vários estudos e justifica o uso de diuréticosna terapêutica de pacientes com HAR. Em contraste, os portadores de HARf tem predominantemente hiperatividade do sistema nervoso simpático e maior rigidez vascular. Valores mais elevados de velocidade de onda de pulso denotando rigidez vascular exacerbada e níveis elevados de citocinas, como o fator de necrose tumoral-α, podem mediar o dano vascular em hipertensos refratários. Outros fatores, como idade, obesidade, apneia obstrutiva do sono (AOS), descendência afro-americana, adipocinas alteradas, disfunção endotelial e maior atividade das metaloproteinases-2 e -9 e das moléculas de adesão, também estão envolvidos no processo. Polimorfismos genéticos, especialmente do SRAA e da enzima óxido nítrico sintase endotelial, vêm sendo correlacionados com a HARf. O princípio básico do tratamento farmacológico é a associação de medicamentos anti-hipertensivos que tenham ação sobre a maioria dos mecanismos fisiopatológicos de elevação da PA: a expansão do volume intravascular, a ativação simpática e do SRAA e a resistência vascular periférica aumentada. O melhor tratamento triplo deve incluir um diurético (DIU) tiazídico, um bloqueador do SRAA (inibidor da ECA ou bloqueador dos receptores AT1 da angiotensina (BRA) II) e um bloqueador dos canais de cálcio (BCC) di-hidropiridínico de longa duração, em doses plenas e toleradas a intervalos adequados. Na presença de doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca ou taquiarritmias, um betabloqueador (BB) deve substituir o BCC no esquema terapêutico inicial com três medicações. O uso correto de DIU é essencial no tratamento da HAR: a clortalidona (25 mg/dia) ou a indapamida (1,5mg/dia) são os diuréticos de escolha desde que haja um ritmo de filtração glomerular estimado (RFG-e) superior a 30 mL/min.
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