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CCJ0005-WL-AMMA-08-aula_8-A Constituição Escrita

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TEMA: A Constituição Escrita. A separação do poderes. A teoria dos Direitos 
Fundamentais. 
OBJETIVOS: 
 Compreender categorias e conceitos fundamentais ao fenômeno 
jurídico-político. 
 Analisar as estruturas e as articulações do discurso político pela lógica 
da sociedade política Estado, do poder político e suas limitações. 
 Estimular a utilização de raciocínio jurídico-político, de argumentação, de 
persuasão e de reflexão crítica, elementos essenciais à construção do 
perfil do profissional do Direito. 
 
8. As categorias do campo político: O Estado, o poder político e seus 
limites. 
 
Estimular a compreensão das categorias políticas: poder político, suas 
limitações e o Estado, fundamentais ao fenômeno jurídico-político. 
 
8.1. A Constituição Escrita. 
 
A Constituição, segundo José Afonso da Silva, “consiste num sistema de 
normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regulam a forma do Estado, a 
forma de seu governo, o modo de aquisição e exercício do Poder, o 
estabelecimento de seus órgãos e os limites de sua atuação”. SILVA, José 
Afonso da. Manual da Constituição de 1988. São Paulo: Malheiros, 2002, p.13. 
Sendo assim, a Constituição é a norma jurídica suprema e basilar que estrutura 
juridicamente os limites de atuação e exercício de toda a nossa sociedade 
política. 
 
8.2. A separação do poderes. 
 
A Constituição Brasileira de 1988 adotou em seu artigo 2º, e como cláusula 
pétrea (art. 60 §4º da CRFB/88), a teoria do Barão de Montesquieu quanto a 
divisão das funções do poder estatal. Esta teoria o divide em três: 
1) Executivo (arts. 76 a 91 da CRFB/88) – O Poder Executivo consiste nas 
ações do Estado, como parte interessada de uma relação jurídica, de atos 
infralegais destinados a atuar nas atividades descritas na lei. Esse Poder no 
nível Federal é exercício pelo Presidente da República (art. 76 CRFB/88) e 
auxiliado pelos Ministros de Estados (art. 87 da CRFB/88), no nível Estadual e 
Distrital esse Poder é exercido pelos Governadores de Estado e seus 
Secretários (art. 27 da CRFB/88) e no nível Municipal, pelos Prefeitos e seus 
Secretários (art. 39 da CRFB/88). 
O Brasil adota, então, o sistema presidencialista de governo. Ele é 
caracterizado pela reunião na figura do Presidente da República das funções 
de Chefe de Estado (representação interna e externa do Estado) e de Chefe de 
Governo (orientação política interna e condução da máquina pública); 
 2) Legislativo (arts. 44 a 75 da CRFB/88) – Poder responsável pela 
elaboração das leis em sentido formal, tais sejam, todos os tipos normativos 
que encontramos no art. 59 da CRFB/88, como também exercer a fiscalização 
política do Poder Executivo e a fiscalização orçamentária de todos que lidam 
com as verbas públicas, através do auxílio do Tribunal de Contas da União 
(arts. 71 a 75 da CRFB/88). 
No nível Federal o Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que 
se compõe da Câmara dos Deputados (constituída pelos representantes eleitos 
proporcionalmente pela população) e pelo Senado Federal (que constitui a 
representação dos Estados-Membros eleitos majoritariamente e 
igualitariamente no número de três por cada Estado e Distrito Federal). 
No nível Estadual (art. 28 da CRFB/88) o Poder Legislativo é exercido pela 
Assembléia legislativa e no nível Municipal (art. 29 da CRFB/88) e Distrital (art. 
28 da CRFB/88) pela Câmara Municipal para o primeiro e pela Câmara Distrital 
para o segundo. 
Importante ressaltar ainda os aspectos relacionados às competências do 
Congresso Nacional, às imunidades dos parlamentares e o processo legislativo 
brasileiro. 
O Congresso Nacional possui cinco tipos de competência: 
a)legislativa – elaborar, discutir e votar projetos de leis sujeitos à sanção ou 
veto do Presidente da República; 
b)fiscalização e controle da administração pública direta e indireta; 
c)julgamentos dos crimes de responsabilidade (arts. 85 e 86 da CRFB/88) do 
Presidente da República e autoridades federais, conforme os arts. 51 e 52 da 
CRFB/88); 
d)Constituintes – exercício de poder constituinte derivado, ou seja, a aprovação 
de emendas constitucionais (art. 60 da CRFB/88); 
e)Deliberativas – competências exclusivas e privativas do Congresso Nacional 
não sujeitas a sanção ou veto do Presidente da República (arts. 49, 51 e 52 da 
CRFB/88). 
Segundo Celso Ribeiro Bastos as imunidades parlamentares (arts. 28, 29, VIII 
e 53 da CRFB/88) “representam elemento preponderante para a independência 
do Poder Legislativo. São prerrogativas, em face do direito comum, outorgadas 
pela Constituição aos membros do Congresso para que estes possam ter bom 
desempenho de suas funções”. BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito 
Constitucional. 21 ed. São Paulo: Saraiva, 2000. As imunidades dividem-se em 
duas espécies: material, real ou substantiva, que protege os parlamentares da 
prática de crime e de responsabilidade civil por suas palavras, votos e opiniões 
no exercício de suas funções (caput, do art. 53 da CRFB/88) e a imunidade 
processual, formal ou adjetiva que traz garantias processuais penais aos 
parlamentares (§§ 1o ao 5o do art. 53 da CRFB/88). 
1)Judiciário (arts. 92 a 126 da CRFB/88) – O Poder Judiciário tem como função 
típica a aplicação da lei aos casos em concreto, o chamado papel jurisdicional 
do Estado, e estrutura a sua atividade sobre três importantes princípios: inércia 
(o poder só se manifesta mediante provocação), devido processo legal (o 
judiciário deve observar sempre as formalidades legais) e ampla defesa e 
contraditório (o judiciário deve fornecer todos os meios para defesa dos 
interesses e igualdade de oportunidade de manifestação às partes). 
Os órgãos do Poder Judiciário no Brasil encontram-se no art. 92 da CRFB/88 e 
essa Justiça possui uma bifurcação de competências que faz coexistir uma 
Justiça Federal que se divide em Justiça Federal Comum, Justiça Militar 
Federal, Justiça Eleitoral e Justiça do Trabalho e, Justiça Estadual. 
 
Art. 92 da CRFB/88 – São órgãos do Poder Judiciário: 
I. Supremo Tribunal Federal (arts. 101/103 da CRFB/88); 
I-A . Conselho Nacional de Justiça (art. 103-B da CRFB/88); 
II . o Superior Tribunal de Justiça ( arts. 104/105 da CRFB/88); 
III . os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais (arts. 106/110 da 
CRFB/88); 
IV. os Tribunais e Juízes do Trabalho (arts. 111/117 Da CRFB/88); 
V. os Tribunais e Juízes Eleitorais (arts. 118/121 da CRFB/88); 
VI. os Tribunais e Juízes Militares ( arts. 122/124 da CRFB/88); 
VII. os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios 
(arts. 125/126 da CRFB/88). 
Importante ressaltarmos ainda, as garantias do Poder Judiciário. Este Poder 
possui duas espécies de garantias: as chamadas garantias institucionais e as 
garantias de órgãos ou funcionais. As garantias institucionais costumam ser 
divididas em autonomia administrativa (art. 96 da CRFB/88) e autonomia 
financeira (art. 99 § 1o e 168 da CRFB/88) e pretendem balizar a 
independência deste poder. Já as garantias de órgãos (art. 95 da CRFB/88) 
dividem-se em garantias de independência de função (que são atribuídas aos 
membros, tais sejam, vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de 
subsídios) e as garantias de imparcialidade dos órgãos (que se dirigem às 
vedações do § único do art. 95 da CRFB/88). 
 
8.3. A teoria dos Direitos Fundamentais. 
 
“Os direitos fundamentais é expressão que designa em nível do direito 
constitucional positivo, àquelas prerrogativas e instituições que ele concretiza 
em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas. No 
qualificativo fundamental acha-se a indicação de que se trata de situações 
jurídicas sem as quais a pessoa humana não se realiza, não convive, e às 
vezes nem sobrevive; fundamentais do homem, no sentido de que a todos, por 
igual devem ser, não apenas formalmente reconhecidos, concreta e 
materialmenteefetivados”. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito 
Constitucional Positivo. 17ª ed. São Paulo: Malheiros, 1999, p. 161. 
O constituinte organizou os direitos fundamentais da seguinte forma: 
• direitos individuais, também conhecidos como liberdades públicas, 
direitos negativos, liberais ou de 1a geração (art. 5o da CRFB/88) - são 
direitos que apresentam como principais características terem os 
indivíduos como titulares e controlar os abusos de poder estatais; 
• direitos coletivos e difusos (ou de 3a geração) – os primeiros 
caracterizam-se por serem direitos de um grupamento humano com 
interesses homogêneos, por exemplo o pleito dos sindicatos. Já os 
difusos são direitos que pertencem a todos, ou seja, não somos capazes 
de identificar quem são o seus titulares, como por exemplo o meio 
ambiente; 
• direitos da nacionalidade – caracteriza-se como vínculo jurídico-
político de uma pessoa com o Estado que nos permite dizer que esta 
pessoa faz parte do povo deste Estado. Ela pode ser de dois tipos: 
originária, que chamamos de natos, que no Brasil pode ser adquirida 
pelo critério misto, ou seja, pelo nascimento em nosso território (ius soli) 
ou pela consangüinidade (ius sangunis) de pai ou mãe brasileiros ou; 
derivada, que se adquire com um pedido ao governo brasileiro 
atendendo aos requisitos de se for originário de país de língua 
portuguesa: ter visto (autorização de permanência regular no Estado 
Brasileiro) de permanência, residência ininterrupta por um ano e 
idoneidade moral e, se originário de outro país: visto de permanência, 
quinze anos de residência ininterrupta e nenhuma condenação penal. 
(art. 12 da CRFB/88); 
• direitos políticos – segundo Pedro Lenza “direitos políticos nada mais 
são do que instrumentos através dos quais a Constituição Federal 
garante o exercício da soberania popular atribuindo poderes aos 
cidadãos para interferirem na condução da coisa pública, seja direta ou 
indiretamente”. Esses direitos são basicamente exercidos pelo sufrágio 
universal e pelo voto direto e secreto. O sufrágio (capacidade eleitoral 
ativa) determina o direito de eleger e ser eleito (capacidade eleitoral 
passiva). O voto é um direito público subjetivo que tem como 
características ser personalíssimo, sigiloso, obrigatório, livre, periódico e 
igual. Apenas para não confundir, vale lembrar que escrutínio significa a 
maneira pela qual se vota e que a legislação infraconstitucional referente 
aos direitos políticos é a Lei 4737/65; 
• direitos sociais – são direitos sociais ou de 2a geração, se caracterizam 
por terem como titulares grupos específicos de pessoas como por 
exemplo crianças, mulheres, trabalhadores etc. Exigem do Estado um 
fazer, um animus de proteção efetiva na persecução desses direitos a 
fim de amenizarem as desigualdades sociais. 
Importante ressaltar que como já entendeu o STF o rol dos direitos 
fundamentais (que são cláusulas pétreas – art. 60, §4o ,inciso IV da CRFB/88) 
é meramente exemplificativo, visto que podemos depreender novos direitos 
implicitamente como também pela incorporação de tratados internacionais de 
direitos humanos (art. 5o §§ 2o e 3o da CRFB/88). 
A doutrina aponta sete características para os direitos fundamentais, são elas: 
• universalidade – eles se destinam a todos os seres humanos; 
• imprescritibilidade – esses direitos não se perdem pelo decurso do 
tempo; 
• inalienabilidade – esses direitos não podem ser transferidos; 
• irrenunciabilidade – esses direitos não podem ser renunciados; 
• concorrência – possibilidade de acumular os direitos fundamentais; 
• relatividade – estes direitos não são absolutos, pois podem entrar em 
conflito com outros direitos fundamentais e; 
• historicidade – eles são direitos conquistados por revoluções políticas e 
tecnológicas no decorrer da história no mundo ocidental. 
Concreto Caso 1 
Tema: Constituição de 1824 
A Constituição do Império, de 1824, no seu artigo 178, estabelecia que “é só 
constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos 
Poderes Políticos e aos Direitos Políticos e individuais dos cidadãos. Tudo o 
que não é Constitucional pode ser alterado sem as formalidades referidas pelas 
legislaturas ordinárias.” 
Ao Examinar o mencionado dispositivo constitucional, como se pode classificar 
a Constituição Imperial quanto a sua rigidez? A Constituição outorgada de 1824 
estabelecia uma distinção entre as normas constitucionais? 
Sugestão de gabarito do caso concreto 1: 
A Constituição imperial era semi-rígida, uma vez que as normas materialmente 
constitucionais se submetiam a processo legislativo próprio, ao passo que as 
demais normas inseridas na Constituição (formalmente constitucionais) podiam 
sofrer alterações por leis ordinárias. Quanto a distinção das normas 
constitucionais, a Constituição de 1824 distinguia claramente as normas 
materialmente constitucionais, ou seja, as que definiam os limites e atribuições 
respectivas dos Poderes Políticos e aos Direitos Políticos e individuais dos 
cidadãos das demais normas inseridas naquela Constituição. 
 
Caso Concreto 2 
 
Tema: Eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas 
 
A União Brasileira de Artesãos, sociedade civil sem fins lucrativos, por decisão 
de sua diretoria determinou a exclusão de alguns de seus sócios sem garantia 
da ampla defesa e do contraditório. Entendendo que os direitos fundamentais 
assegurados pela Constituição não vinculam somente os poderes públicos, 
estando também direcionados à proteção dos particulares nas relações 
privadas, tais sócios buscam tutela jurisdicional no sentido de invalidar a 
referida decisão. Diante do que dispõe o art. 5º, XIX, CRFB, poderia o Poder 
Judiciário invalidar a decisão da diretoria da entidade? 
Sugestão de gabarito do caso concreto 2: "Eficácia dos direitos fundamentais 
nas relações privadas. As violações a direitos fundamentais não ocorrem 
somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente 
nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. 
Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam 
diretamente não apenas os poderes públicos, estando direcionados também à 
proteção dos particulares em face dos poderes privados. A ordem jurídico-
constitucional brasileira não conferiu a qualquer associação civil a possibilidade 
de agir à revelia dos princípios inscritos nas leis e, em especial, dos postulados 
que têm por fundamento direto o próprio texto da Constituição da República, 
notadamente em tema de proteção às liberdades e garantias fundamentais. 
O espaço de autonomia privada garantido pela Constituição às associações 
não está imune à incidência dos princípios constitucionais que asseguram o 
respeito aos direitos fundamentais de seus associados. A autonomia privada, 
que encontra claras limitações de ordem jurídica, não pode ser exercida em 
detrimento ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros, 
especialmente aqueles positivados em sede constitucional, pois a autonomia 
da vontade não confere aos particulares, no domínio de sua incidência e 
atuação, o poder de transgredir ou de ignorar as restrições postas e definidas 
pela própria Constituição, cuja eficácia e força normativa também se impõem, 
aos particulares, no âmbito de suas relações privadas, em tema de liberdades 
fundamentais." (RE 201.819, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 
11-10-05, DJ de 27-10-06).

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