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Luciana Santos ATM 2023/2 1 Neurologia Cefaleia tensional o Classificação internacional de distúrbios de cefaleia (ICHD) 2ª edição subdivide-a de acordo com a frequência como episódio infrequente (menos de 1 dia por mês), episódico frequente (1-14 dias por mês) e crônico (em média mais de 14 dias por mês). o Esses episódios são compostos por dor não localizada, não latejante, não é agravada pela atividade e não é intensa. Características neurológicas autonômicas ou de enxaqueca associadas não são componentes desse transtorno. Não há náuseas, nem vômitos, fotofobia e fonofobia não podem estar presentes. o Requer exclusão de possibilidades de cefaleia secundária. o Cefaléia tipo tensional episódica: ataques de 30 minutos a 7 dias o Cefaleia tipo tensional crônica: desconforto contínuo o Maioria dos episódios se desenvolve ao longo do dia, com progressão. É incomum essa cefaleia ocorrer durante a noite. o Gatilhos mais frequentes: estressores mentais ou físicos, fome, desidratação, esforço excessivo, alterações nos padrões de sono, abstinência de cafeína e flutuações hormonais femininas. o Os ataques são menos incapacitantes do que os de enxaqueca, mas as faltas ao trabalho são comuns e a carga social total parece exceder a da enxaqueca devido a alta prevalência da cefaleia tensional. Diagnóstico e investigação Lesões de massa intracraniana (tumor, hematoma subdural), distúrbios de pressão do LCR (hipertensão intracraniana benigna, hidrocefalia), disfunção articular da coluna cervical ou ATM e condições sistêmicas (apneia obstrutiva do sono, hipotireoidismo) podem apresentar-se como cefaleia do tipo tensional aparente. História ou exames suspeitos de outras causas investigação diagnóstica adicional neuroimagem do cérebro ou da coluna cervical, análise do LCR ou teste de soro com taxa de hemossedimentação e estudos de função tireoidiana. Bandeiras vermelhas para cefaleia secundária Primeira ou pior dor de cabeça Dor de cabeça de início abrupto Progressão ou mudança fundamental no padrão da dor de cabeça Nova cefaleia em <5 anos ou >50 anos Nova cefaleia com câncer, imunossupressão ou gravidez Dor de cabeça com síncope ou convulsão Dor de cabeça desencadeada por esforço, manobra de valsava ou sexo Sintomas neurológicos que duram >1h Exame geral ou neurológico anormal Epidemiologia Cefaleia tensional é mais comum causa de dor de cabeça, com prevalência variando conforme as populações, idade e sexo. Prevalência ao longo da vida de 46%. 40% dos pacientes relatam uma história familiar de algum grau de cefaleia – parentes de 1º grau tem risco 2-4x maior de cefaleia crônica em comparação a população em geral Preponderância feminina 5:4 – proporção aumenta quando crônica. Maioria desenvolve antes dos 30 anos, com pico entre 40-49 anos e diminuição com a idade. Comorbidades Cefaleia tensional tem relação com depressão maior, transtorno de ansiedade generalizada e transtorno do pânico. Fisiopatologia Influências ambientais parecem ter maior influência do que fatores genéticos. Estresse é um fator de contribuição amplamente aceito, mas os mecanismos subjacentes não são claros. A causa exata permanece desconhecida. Sugere-se que é um processo multifatorial que envolve fatores miofasciais periféricos e componentes do SNC ativação persistente de pontos gatilhos pode levar a sensibilização nociceptora periférica e sensibilização de neurônios de 2ª ordem no núcleo do trigêmeo espinhal. Mecanismos centrais parecem ser mais relevantes na cefaleia crônica – hipersensíveis a estimulação por modalidades de pressão, térmicas e elétricas. Cefaleia episódica: mecanismos miofasciais pericranianos são mais importantes Luciana Santos ATM 2023/2 2 Cefaleia crônica: sensibilização das vias nociceptivas centrais e circuito antinociceptivo endógeno inadequado parecem ser mais relevantes Manejo Estilo de vida + medidas físicas + farmacológicos. Técnicas de gerenciamento de estresse e evitar gatilhos podem ser de grande benefício. Cefaleia tensional episódica: terapia de relaxamento e biofeedback guiado por EMG. TCC pode fornecer benefícios adicionais caso depressão ou ansiedade significativa. Em crises agudas: analgésicos simples, AINEs e agentes de combinação são os mais usados. Uso limitado a média de 2-3 dias por semana para evitar cefaleia por uso excessivo de medicamentos e potencial para transformação em cefaleia crônica. Aspirina é comparável ao Paracetamol no alívio da cefaleia aguda. Cefaleia aguda: AINEs são primeira escolha po eficácia superior; Ibuprofeno e Naproxeno sódio – melhor tolerabilidade TGI. Compostos contendo cafeína podem ser úteis quando não resposta aos analgésicos simples ou AINEs porque a adição da cafeína aumenta a eficácia. Triptanos e relaxantes musculares não mostraram superioridade em relação ao placebo – NÃO SÃO RECOMENDADOS. Analgésicos opióides – NÃO são recomendados. Terapia farmacológica preventiva Para os pacientes com pelo menos 2-3 dias de dor de cabeça por semana risco de cefaleia por uso excessivo de medicamentos e transformação em refratariedade. Agentes são iniciados em doses baixas aumentando conforme tolerabilidade, quando dose eficaz alcançada se mantém por 6-12 meses – reduzir gradualmente antidepressivos e anticonvulsivantes. Antidepressivo Amitriptilina é a escolha início com 10-25mg a noite, com dose final média de 50-75mg a noite na crônica. Protriptilina é útil na cefaleia crônica e ao contrário dos outros tricíclicos pode associar -se a estabilidade ou redução de peso. ISRS não tem superioridade ao placebo. Mirtazapina e Venlafaxina mostraram-se benefício. Relaxante muscular de ação central Tizanidina demonstrou eficácia. Prognóstico: Mau resultado foi associado a cefaleia crônica no início do estudo, enxaqueca ou dificuldades do sono coexistentes e não ser casado. A idade mais avançada (57 anos) foi relatada como fator preditivo positivo para remissão. Prognóstico é favorável, com melhora relacionada a idade ou resolução dos episódios mais tarde na vida.
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