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NEUROANATOMIA 1 Vias Aferentes As vias aferentes são aquelas que levam aos centros nervosos suprassegmentares os impulsos sensitivos originados nos receptores periféricos, ou seja, os impulsos de tato, temperatura, dor, propriocepção, visão, gustação e audição. Tais vias aferentes podem ser consideradas como cadeias neuronais que unem o receptor periférico ao córtex cerebral. A informação sensitiva vai passar pelas seguintes estruturas: receptor sensorial → neurônio primário → neurônio secundário → tálamo → neurônio III → córtex sensorial. • Neurônio I: está localizado fora do SNC (pode ser um nervo craniano ou nervo espinhal), com o corpo celular em um gânglio sensitivo. Vai apresentar um prolongamento periférico que vai se conectar ao receptor e um prolongamento central que penetra no SNC se conecta ao neurônio II. Então, a informação vai ser passada do receptor sensorial → prolongamento periférico do neurônio I → prolongamento central do neurônio I → neurônio II • Neurônio II: localiza-se na coluna posterior da medula ou em núcleos de nervos cranianos do tronco encefálico; recebe a informação do Neurônio I e origina axônios que formam tratos ou lemniscos, os quais e dirigem ao tálamo. • Neurônio III: recebe as conexões do neurônio II; apresenta seu corpo celular no tálamo e origina um axônio que chega, geralmente, ao córtex sensitivo. OBS! Importante frisar que as vias visuais e auditivas apresentam algumas diferenças na sua composição, sendo importante diferenciá-las com atenção. OBS! Para mais informações sobre os receptores sensoriais, olhar o resumo “... OBS! Em algumas situações, haverá neurônios IV, V e assim por diante. Dessa forma, como mostrado, o neurônio I pode ser um nervo espinhal (vai até a medula espinhal e leva informações sensoriais do pescoço para baixo e da parte posterior da cabeça) ou um nervo craniano (faz parte dos 12 pares de nervos cranianos e leva informação sensitiva especial ou da cabeça); sendo assim, as vias ferentes vão ser divididas de acordo com o tipo de Neurônio I da via, se é espinhal ou craniano. VIAS AFERENTES QUE ENTRAM NO SNC POR NERVOS ESPINHAIS Vias de dor Os receptores de dor e temperatura são as terminações nervosas livres. Existem duas vias principais pelas quais a dor é veiculada até o cérebro, a via neoespinotalâmica e a paleoespinotalâmica; elas carregam formas diferentes de dor. Via neoespinotalâmica (Sistema Ântero-Lateral) É constituída pelo trato espinotalâmico lateral. É formado pelas seguintes estruturas: • Neurônios I: localizados nos gânglios espinhais das raízes dorsais. O prolongamento periférico se conecta ao receptor periférico e o central penetra no corno posterior da medula e termina no neurônio II nesse corno. NEUROANATOMIA 2 • Neurônios II: cruzam o plano mediano pela comissura branca, ganham o funículo lateral do lado oposto e ascendem para constituir o trato espinotalâmico lateral. Na ponte, esse trato se une ao espinotalâmico anterior para formar o lemnisco espinhal, que termina no tálamo e faz sinapse com os neurônios III. • Neurônios III: localizam-se no núcleo ventral posterolateral do tálamo. Emitem projeções axonais que chegam à área somestésica do córtex cerebral no giro pós-central (áreas 3, 2 e 1 de Brodmann). Dessa forma, chega ao córtex impulsos dolorosos (agudos e bem localizados → dor em pontada) e térmicos do tronco e membros do lado oposto. Vale ressaltar, todavia, que apesar de ir para o córtex cerebral, a dor já se torna consciente em nível talâmico. Via paleoespinotalâmica • Neurônios I: corpos situados nos gânglios espinhais e penetram na medula igual os da via anterior • Neurônios II: apresentam seus corpos no corno posterior; projetam seus axônios para o funículo lateral do mesmo lado e do lado oposto, ascendendo para constituir o trato espinorreticular. Termina fazendo sinapse com os neurônios da formação reticular no tronco encefálico, • Neurônios III: dão origem às fibras reticulotalâmicas que terminam nos núcleos do grupo medial do tálamo, em especial nos núcleos intralaminares, mas também para a amígdala (faz o componente afetivo da dor). • Neurônios IV: são os núcleos intralaminares que projetam axônios para áreas amplas do córtex cerebral. Ao contrário da via neoespinotalâmica, a via paleoespinotalâmica não tem organização somatotópica. Assim, ela é responsável por um tipo de dor pouco localizada, dor profunda do tipo crônico, correspondendo à chamada dor em queimação, ao contrário da via neoespinotalâmica, que veicula dores localizadas do tipo dor em pontada. As diferenças entre as vias neoespinotalâmicas e paleoespinotalâmicas são mostradas na tabela a seguir: Via de pressão e tato protopático (Sistema Ântero- Lateral) O tato protopático é o de percepção lenta, grosseira e imprecisa. A pressão e esse tipo de tato são feitos pelos corpúsculos de Meissner, os de Ruffini e a as conexões nervosas com os folículos pilosos. • Neurônios I: apresentam o mesmo trajeto das vias anteriores • Neurônios II: também se localizam na coluna posterior da medula; seus axônios cruzam o plano mediano na comissura branca, atingem o funículo anterior do lado oposto, onde se inflectam cranialmente para constituir o trato espinotalâmico anterior; este trato é aquele que se une ao espinotalâmico lateral para formar o lemnisco espinhal a partir da ponte. Como já citado, esse lemnisco termina no tálamo • Neurônios III: localizam-se no núcleo ventral posterolateral do tálamo e enviam projeções para a região somestésica do córtex cerebral. NEUROANATOMIA 3 Por este caminho chegam ao córtex os impulsos originados nos receptores de pressão e de tato situados no tronco e nos membros. Entretanto, estes impulsos tomam-se conscientes já em nível talâmico Vias de propriocepção consciente, tato epicrítico e sensibilidade vibratória (Sistema Coluna Dorsal – Lemnisco Medial) A propriocepção consciente (ou cinestesia) diz respeito ao indivíduo saber onde e como cada parte do seu corpo está mesmo sem precisar olhá-las; tato epicrítico é aquele tido como discriminativo (reconhecimento de dois pontos diferentes na pele), rápido e preciso, em que conseguimos distinguir precisamente sua localização, bem como a forma, tamanho e textura de um objeto colocado na mão (estereognosia), por exemplo. Os receptores de tato são os corpúsculos de Ruffini e de Meissner e as ramificações dos axônios em torno dos folículos pilosos. Os receptores responsáveis pela propriocepção consciente são os fusos neuromusculares e órgãos neurotendinosos. Já os receptores para a sensibilidade vibratória são os corpúsculos de Vater Paccini. • Neurônios I: são neurônios sensitivos espinhais que penetram na medula pela raiz posterior e dividem-se em um ramo descendente (curto → faz conexões com outras partes da substância cinzenta, participando de outras vias) e um ascendente (longo → ascendem pelo fascículo grácil ou cuneiforme, que ficam no funículo posterior da medula. e termina no bulbo, onde faz sinapses com os neurônios II) • Neurônios II: apresentam seus corpos nos núcleos grácil e cuneiforme do bulbo; esses núcleos se projeta para o lado oposto do plano mediano (formando as fibras arqueadas internas) e ascendem para formar o lemnisco medial, que termina no tálamo. • Neurônios III: estão situados no núcleo ventral posterolateral do tálamo, originando axônios que constituem radiações talâmicas que chegam à área somestésica passando pela cápsula interna e coroa radiada Apenas ao chegar no córtex que as informações levadas pelos fascículos grácil e cuneiforme se tornam conscientes. A diferença entre esses fascículos é que o grácil vai levar as informações dos membros inferiores e metade inferior do tórax, já o cuneiforme leva as informações dos membros superiores e parte superior do tórax. Via de propriocepçãoinconsciente São as vias que levam a informação da posição dos membros e da sua dinâmica para o SNC sem que ela seja consciente para o indivíduo. Os receptores dessa propriocepção também são os fusos neuromusculares e os órgãos tendinosos de Golgi. • Neurônios I: localizam-se nos gânglios espinhais; assim como os outros, seus prolongamentos periféricos se conectam aos seus receptores; os prolongamento centrais entram na medula e dividem-se em um ramo ascendente longo e um ramos descendente curto, que terminam fazendo sinapse com os neurônios II da coluna posterior. • Neurônios II: podem estar em duas posições diferentes, formando duas vias até o cerebelo. o Neurônios II situados no núcleo torácico (localizado na coluna posterior) - originam axônios que se dirigem para o funículo lateral do mesmo lado, inflectem-se cranialmente para formar o trato espinocerebelar posterior, que termina no cerebelo, onde penetra pelo pedúnculo cerebelar inferior o neurônios II, situados na base da coluna posterior e substância cinzenta intermédia - NEUROANATOMIA 4 originam axônios que, em sua maioria, cruzam para o funículo lateral do lado oposto, inflectem-se cranialmente constituindo o trato espinocerebelar anterior. Este penetra no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar superior. Admite-se que as fibras que cruzam na medula cruzam novamente antes de penetrar no cerebelo, pois a via é homolateral. Através dessas vias, os impulsos proprioceptivos originados na musculatura estriada esquelética chegam até o cerebelo. Vias de sensibilidade visceral A sensibilidade visceral geralmente é uma terminação nervosa livre, que estão relacionados com a regulação da atividade reflexa visceral, mas também existem corpúsculos de Paccini na cápsula de algumas vísceras. Mas, os que mais importam na clínica são aquelas terminações que levam a informação de dor visceral. Essa dor visceral faz o seu trajeto através das fibras viscerais aferentes que percorre nervos (principalmente) simpáticos ou parassimpáticos. Os impulsos que seguem pelos simpáticos passam pelo tronco simpático, entram nos nervos espinhais pelo ramo comunicante branco e vão para o gânglio espinhal (onde está o corpo celular do neurônio), penetrando em seguida na medula. A maior parte dos axônios de dor visceral segue pelo funículo posterior. Verificou-se que as fibras nociceptivas originárias das vísceras pélvicas e abdominais fazem sinapse em neurônios II situados na substância cinzenta intermédia medial, próximas ao canal central. Os axônios desses neurônios formam um fascículo que sobe no funículo posterior, medialmente ao fascículo grácil, e termina no núcleo grácil do bulbo, fazendo sinapse com o neurônio III cujos axônios cruzam para o lado oposto como parte do lemnisco medial e terminam no núcleo ventral posterolateral do tálamo, de onde as fibras seguem para a parte posterior da insula. Já a via nociceptiva originada nas vísceras torácicas têm o mesmo trajeto das originadas no abdome e na pelve, mas sobem ao longo do septo intermédio que separa o fascículo grácil do cuneiforme. VIAS AFERENTES QE PENETRAM NO SNC POR NERVOS CRANIANOS Vias trigeminais Com exceção da região inervada pelos primeiros pares de nervos espinhais cervicais, que inervam a parte do couro cabeludo, a sensibilidade somática geral da cabeça é feita pelos nervos X, VII, IX e X, sendo o trigêmeo o mais importante, já que os outros 3 fazem a sensibilidade apenas do pavilhão auditivo e meato acústico externo. Para o estudo, as vias trigeminais vão ser divididas em exterocepivas e proprioceptivas. Vias trigeminais exteroceptivas Levam as informações de temperatura, dor, pressão e tato, utilizando os mesmos receptores vistos anteriormente. São responsáveis pela sensibilidade da face, fronte e parte do escalpo, mucosas nasais, seios maxilares e frontais, cavidade oral, dentes, dois terços anteriores da língua, articulação temporomandibular, córnea, conjuntiva, dura-máter das fossas média e anterior do crânio. • Neurônios I: são neurônios situados nos gânglios sensitivos anexos aos nervos V, VII, IX e X, ou seja: gânglio trigeminal (V par), gânglio geniculado (VII par), gânglio superior do glossofaríngeo e gânglio superior do vago. Os prolongamentos periféricos desses neurônios ligam-se aos receptores, enquanto os prolongamentos centrais penetram no tronco encefálico, onde terminam fazendo sinapse com os neurônios II. • Neurônios II: vão estar localizados no núcleo principal do trigêmeo ou no núcleo do trato espinhal do trigêmeo. Todos os prolongamentos centrais dos neurônios I dos nervos VII, IX e X NEUROANATOMIA 5 terminam no núcleo do trato espinhal do V; já os prolongamentos centrais do V par podem terminar no núcleo sensitivo principal, no núcleo do trato espinhal ou então bifurcar, dando um ramo para cada um destes núcleos. Admite-se que as fibras que terminam exclusivamente no núcleo sensitivo principal levam impulsos de tato discriminativo; as que terminam exclusivamente no núcleo do trato espinhal levam impulsos de temperatura e dor, e as que se bifurcam, terminando em ambos os núcleos, provavelmente relacionam-se com tato protopático e pressão. Os axônios dos neurônios TI, situados no núcleo do trato espinhal e no núcleo sensitivo principal, em sua grande maioria, cruzam para o lado oposto e ascendem para constituir o lemnisco trigeminal, cujas fibras terminam fazendo sinapse com os neurônios III no tálamo. • Neurônios III: localizam-se no núcleo ventral posteromedial do tálamo. Originam fibras que ganham o córtex. Estas fibras terminam na porção da área somestésica que corresponde à cabeça, ou seja, na parte inferior do giro pós-central. Via trigeminal proprioceptiva Essa via leva a informação da posição dos músculos da cabeça e sua dinâmica. • Neurônios I: apresentam seus corpos no núcleo do trato mesencefálico (apesar estarem dentro do SNC, esses neurônios têm as mesmas características dos nervos periféricos que estão situados em gânglios, sendo considerados exceções à regra) e se ligam aos seus receptores (fusos neuromusculares e órgãos neurotendinosos) nos músculos da mímica, da mastigação e da língua, bem como liga-se, também, a receptores na articulação temporomandibular e nos dentes, os quais veiculam informações sobre a posição da mandíbula e a força da mordida. Esses neurônios vão enviar prolongamentos para o cerebelo (propriocepção inconsciente) e principalmente para o núcleo sensitivo principal do trigêmeo. • Neurônios II: são os localizados no núcleo sensitivo principal do trigêmeo que fazem projeções ao tálamo pelo lemnisco trigeminal • Neurônios III: localizados no tálamo, de onde partem fibras para o córtex.
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