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Victória Thalita do Nascimento Pereira, acadêmica de Direito. PLATÃO. A República. (Livros: II, III e IV) Palavras-chave: Tipos de bens; Justiça; Injustiça; Glauco; Adimanto; Sócrates; Cidade sem luxo; Cidade Luxuosa; Educação. Livro II O Livro II de Platão da obra “A República” tem quatro pontos que constituem o tema central do texto. O primeiro, é a proposta de entender os três tipos de bens que existem, segundo argumento de Glauco. Há uma espécie de bem que os homens desejam possuir não por suas consequências, mas porque o amamos por si mesmo, como a alegria e os prazeres inofensivos. Há outra espécie de bens que almejamos por si e também por suas consequências, como a vista, o bom senso e a saúde. E, por fim, há aqueles bens que desejamos simplesmente por suas consequências, como a ginástica e o tratamento de doenças. E, assim, apresenta posteriormente que a justiça se encontra na segunda espécie de bem aqueles que por si mesmos e por suas consequências devem ser amados. O segundo ponto do texto, trata sobre o que seria a definição e a origem da Justiça. De acordo com Glauco, aqueles que praticam a Justiça não é por vontade, mas sim por necessidade ou por medo, uma vez que só somos justos porque estamos diante lei e tememos suas punições. A terceira face principal do texto trata dos argumentos propriamente ditos em defesa da injustiça. Em que torna a questão de que só aparentamos ser justos porque temos medo. E o quarto e último ponto principal, é o argumento de Glauco de que é mais vantajoso ser injusto que ser justo. Ademais, ele descreve como seria o “homem perfeitamente injusto”, sendo aquele que é injusto, mas aparenta ser justo, que deve ser capaz de não ser apanhado e que deve possuir a capacidade de reverter as situações, caso seja descoberto. E ainda fala dos benefícios de tais injustiça: que poderá casar com quem quiser, inclusive, casar os seus filhos com quem quiser, fazer comércio, usufruir dos benefícios da cidade e enriquecer ao ponto de fazer oferenda aos deuses. Além disso, descreve o “homem perfeitamente justo”, o que estaria em posição desfavorável e que muitas vezes é tomado como injusto. Segundo Glauco, esse homem justo estará condenado à pobreza, será chicoteado, torturado, feito prisioneiro, terá os olhos Victória Thalita do Nascimento Pereira, acadêmica de Direito. queimados e, ainda, será empalado para que compreenda que não deve ser justo, mas parecer. O injusto poderá agradar homens e deuses, mas o justo não. Glauco defende que é melhor cometer uma injustiça a sofrê-la, uma vez que ao cometer injustiças, os homens se beneficiam por tal ato, e, para exemplificar isso conta o Mito do Anel Giges em que um pastor de ovelhas encontra um anel em um cadáver e descobre que ele o dá o dom da invisibilidade, aproveitando-se da situação, aproxima-se da rainha e causa a morte do rei, demonstrando, dessa maneira, que é favorável ser injusto desde que não aparente isso. Posteriormente, é apresentado o argumento de Adimanto, o outro irmão de Platão. Ele reforça o que Glauco diz, e apresenta argumentos relacionados ao pós-vida. O primeiro conjunto de argumentos se refere ao medo das punições, reforçando o argumento de Glauco, pois os homens só seriam justos porque têm medo com o que lhes pode acontecer após a vida. O segundo conjunto de argumentos diz respeito à possibilidade de subornar os deuses. Inicialmente, Adimanto aborda que os homens injustos no Ades irão sofrer e descreve constantes castigos, enquanto isso, os homens justos serão beneficiados. Porém, depois, ele afirma que os deuses, mesmo não sendo piedosos, podem ser comprados por festas e oferendas, que somente os homens injustos são capazes de lhes conceder. E ainda conclui que ser perfeitamente justo é praticamente impossível, então é melhor ser injusto, pois terá uma confortável e boa vida. Em um outro momento, são introduzidos os argumentos de Sócrates sobre o pensamento de Glauco e Adimanto, mas para isso, ele defende que é necessário obedecer a um método em que cabe aquele que não é especialista pensar em uma escala maior e depois em uma escala menor, ou seja, pensar a Justiça, primeiramente, numa escala mais ampla como no âmbito da cidade e, posteriormente, pensar numa escala menor, no âmbito do cidadão. Em seguida, Sócrates vai idealizar uma cidade sem luxo, pensando em como ela se origina e quais são seus elementos. Ele cria uma cidade buscando o bem, pois os cidadãos não são autossuficientes. Há três necessidades básicas e essenciais em uma cidade: alimentação, habitação e vestuário. Ele ressalta também que cada um deve executar seu trabalho próprio e este deve ser feito com excelência, podendo esse Victória Thalita do Nascimento Pereira, acadêmica de Direito. argumento ser associado com as virtudes de Aristóteles. Os argumentos apresentados até agora já são alicerces da idealização cidade justa de Sócrates, em que não haverá fome, não haverá filhos em demasia, não haverá receio da guerra, mas sim, alegria no campo, será um modo de vida simples e justo. Nenhuma cidade será também autossuficiente. Geograficamente, por exemplo, não terá todos aspectos que supram sua necessidade, ou comercialmente, pois haverá a necessidade de trocas, e a moeda é tida como símbolo disso. Glauco afirma essa cidade ser justa, porém só serve para porcos, pois os homens também têm necessidade de luxo. Dessa forma, Sócrates vai se propor a pensar também em uma cidade luxuosa. A cidade luxuosa, por sua vez, tem a necessidade de expandir seu território, o que dará origem a conflitos, ou seja, ela produzirá a Guerra, sendo introduzido, assim, um novo ofício: a necessidade dos guerreiros, de um exército permanente, para atacar outras localidades e proteger a cidade. Adentrando no quesito abordado no Livro IV, a Educação, Sócrates abordará o modo que esses guerreiros devem ser educados. Eles devem ser dóceis e ferozes, sendo associados à figura de um cão. E, além disso, devem ter um instinto de filósofo. Além disso, o tema da Educação é dividido em duas partes: a ginástica e a música. Para saber se uma cidade é justa, deve-se avaliar o conteúdo ensinado. Para as crianças, são de extrema importância as fábulas, pois deixarão marcas permanentes nos futuros cidadãos. Não devem ser ensinadas, por exemplo, contos que tratam de relações em que os pais matam os filhos, mas sim, deve ser ensinado que os deuses são bons, que detestam a mentira, que não possuem lamentações, que não se entregam aos prazeres e que são perfeitos na sua totalidade. Sobre o Ades, o pós vida, deve ser ensinado como um lugar de sofrimento e lamentações. Deve-se ensinar que as crianças sejam corajosas e que não possuam lamentações, nem súplicas, nem o riso violento. Segundo Sócrates, é importante cultivar a temperança. Sobre a mentira, ele aborda o tema em esferas diferentes, entre o Chefe da cidade e os outros. O Chefe da cidade pode mentir em determinadas situações. Sócrates aponta o estilo de discurso mais apropriado como aquele mais longo, com poucas imitações. Victória Thalita do Nascimento Pereira, acadêmica de Direito. Em relação à melodia, deve-se pensar a sua palavra, sua harmonia e seu ritmo, uma vez que se aprende também através da música. Uma má música influencia negativamente na formação da Justiça e do caráter das crianças e dos adultos. Harmonias que expressem lamentações devem ser excluídas, pois a música também deve ser pensada em termos de temperança. Ela deve inspirar, inclusive, coragem em tempos de guerra, por exemplo. Sócrates também discorre sobre os instrumentos, e afirma ser desnecessário aqueles com muita com muitas cordas, pois geram muitas harmonias. O ritmo, por sua vez, deve inspirar uma vida moderada e corajosa. E a melodia deve seguir as palavras e não o contrário. Sócrates aponta que deve haver uma harmoniaentre a música e a ginástica. No que diz respeito à ginástica, ele afirma esta promove a ferocidade, que devemos nos abster da bebida, que a alimentação deve estar de acordo com a função de cada indivíduo, a dieta do guerreiro, por exemplo, deve ser maior e que os exercícios devem ser constantes. Diante de todos esses argumentos apresentados, é assim que serão produzidos os guardiões que produzirão todo bem possível à cidade. A cidade justa e, inclusive, o cidadão justo são constituídos a partir de todos esses elementos. A felicidade do guardião consiste em fazer o que é útil e melhor para a cidade.
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