Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Meningite MORFOFISIOLOGIA DAS MENINGES - Meninges são membranas que recobrem o encéfalo. - Função de mecanoproteção do encéfalo. - São formadas por tecido conjuntivo membranáceo: · Dura-máter: mais externa; é espessa e resistente. · Aracnoide-máter: intermediária; mais fina. · Pia-máter: mais interna -> contato direto com o encéfalo; é vascularizada; junto com a aracnoide forma a leptomeninge. - Entre a dura e a aracnoide está o espaço subdural// entre a aracnoide e a pia está o espaço subaracnóideo (possui Líquido cérebro espinal-LCS). MENINGITE BACTERIANA AGUDA - Meningite Processo inflamatório nas meninges - Causada principalmente por Streptococcus pneumoniae (50%), Neisseria meningitidis (25%), Haemophilus Influenzae. - Também pode ser causada pelo Streptococcus do grupo B, Listeria monocytogenes, Streptococcus agalactie, Klebsiella pneumoniae, Enterobacter sp., Salmonella sp, Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa,. EPIDEMIOLOGIA - Mortalidade elevada (principalmente por S. pneumoniae e N. meningitidis) - Relacionada com características socioeconômicas, climáticas, aglomeração - O grupo mais vulnerável são crianças < 5 anos - Pode coexistir com outras infecções (otite, mastoidite, bronquite, sinusite). - Piora em imunossuprimidos. TIPOS · Meningite pneumocócica - Principal fator de risco: pneumonia pneumocócica · Meningite por Haemophilus influenzae tipo B: - cocobacilos Gram-negativos - diminui em crianças devido a vacina conjugada anti-Hib · Meningite por streptococo do grupo B (S. agalactiae). - predominava em RN, agora está aumentando em pessoas com > 50 anos. · Meningite por Listeria monocytogenes: - Meningite em neonatos (< 1 mês), grávidas, idosos (> 60a) e imunocomprometidos. - Fator de risco: ingestão de alimentos contaminados · Meningite meningocócica - Neisseria Meningitidis**** Meningococo possui 12 sorotipos: A, B, C, Y, W-135 e X são os principais. - Letalidade de 20% - No Brasil, a meningite bacteriana ou doença meningocócica é endêmica, com ocorrência de surtos de forma esporádica. A taxa de incidência tem diminuído nos últimos anos. -Pode ocorrer em qualquer faixa etária, sendo mais prevalente em crianças menores de 5 anos de idade. Nos surtos esporádicos e epidemias atinge mais adolescentes e adultos jovens. - Apresentações variadas: pode ser assintomática (adolescentes e adultos jovens com baixo nível socioeconômico) ou doença meningocócica invasiva (fulminante; evolui rápido p/morte após septicemia seguida de choque e CID) o que determina é a defesa imune do hospedeiro + fatores de virulência da bactéria. - No Brasil predomina os sorotipos C e B, respectivamente. - Transmissão por via aérea colonização nasofaríngea. - Incubação varia de 2 a 10 dias Fator de risco: - crianças < 5 anos, principalmente lactentes. - Imunossuprimidos - história de infecção respiratória recente - baixa condição socioeconômica - tabagismo - aglomeração (quarteis, alojamento, domicílio) - Doença meningocócica: quando acontece a meningococcemia (infecção sanguínea generalizada) + meningite meningocócica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Rápida evolução - Tríade clássica: febre elevada (> 38,5°C) + cefaleia + rigidez na nuca (sinais de Brudzinski e Kernig) rigidez pode não estar presente em imunossuprimidos, crianças pequenas e pessoas em coma. - Náuseas e/ou vômitos - Petéquias ou púrpuras (indicativo de meningite meningocócica) - Queda do nível de consciência - Crises convulsivas (principalmente em crianças-> isquemia arterial) - Em lactentes a rigidez pode não positivar e a suspeita de diagnóstico é com base na presença de irritabilidade, inapetência, aumento de tensão e/ou abaulamento de fontanela, febre, vômitos. DIAGNÓSTICO Exame quimiocitológico do LCR (1º a ser feito) Cultura (padrão-ouro): LCR, sangue, biópsia de lesões na pele, fezes PCR: LCR e soro Bacterioscopia direta: PCR Aglutinação pelo látex: LCR e soro Achados no exame do LCR: leucocitose polimorfonuclear; celularidade aumentada, redução da concentração de glicose, aumento da concentração de proteína e aumento da pressão de abertura (> 180) Está indicado fazer TC de crânio antes de puncionar quando há: Déficits focais, convulsões, lesões prévias no SNC, rebaixamento do nível de consciência e sinais de HIC. Se RM e TC indicarem edema ou lesão ocupando espaço não faz punção lombar. MANEJO CLÍNICO - Tratamento empírico com dexametasona + antibioticoterapia e solicitar os exames (hemocultura, hemograma completo, PCR, procalcitonina sérica, biópsia cutânea na presença de petéquias). - Principais antibióticos: cefalosporinas de 3ª ou 4ª geração (ceftriaxona/cefotaxima), vancomicina e ampicilina (imunodeprimidos e pessoas com > 50 anos). FISIOPATOLOGIA A fisiopatogenia da meningite bacteriana aguda se inicia na nasofaringe após a colonização. Ocorre a replicação bacteriana no espaço subaracnoideo e a uma liberação de componentes bacterianos que atingem o endotélio cerebral, que vão desencadear um processo inflamatório com liberação de citocinas. Com o aumento da permeabilidade vascular há um edema vasogênico, inflamação do espaço subaracnoideo e um aumento da resistência ao fluxo liquórico. Esses eventos causam aumento da pressão intracraniana, redução do fluxo cerebral e perda da autorregulação cerebrovascular. As manifestações cutâneas mais comuns são petéquias, púrpura e exantema maculopapular. Podem apresentar febre, hipotermia, letargia, vômitos, diarreia, dificuldade respiratória, fotofobia, anorexia, bradicardia, sinais de irritação meníngea como rigidez na nuca, dor lombar. PREVENÇÃO - Quimioprofilaxia com rifampicina em pessoas com contato próximo ao infetado + Vacina Meningocócica C conjugada - 2 doses: 3 e 5 meses + reforço: 12 meses - dose única: adolescentes entre 11 e 14 anos + BCG (meningite tuberculosa) + Pentavalente (DTP+Hib+hepatite B) -> previne de Haemophilus influenzae tipo b: - 3 doses: 2, 4 e 6 meses + Pneumocócica 10 valente (previne do Streptococos Pneumonia) - 2 doses: 2 e 4 meses + reforço com 12 meses + Vacina menincocócica ACWY: - desde 2020 entrou no calendário de imunização MENINGITE CRÔNICA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Sintomas duram > 4 semanas são mais discretos e de início insidioso. FATOR DE RISCO: imunossupressão, pacientes com HIV, uso de drogas intravenosas ilícitas DIAGNÓSTICO: - Análise do LCR: (turvo, purulento, hemorrágico), - RM ou TC antes da punção captação de contraste nas meninges; identifica hidrocefalia, herniações. - Cultura - O teste VDRL p/o diagnóstico de sífilis do SNC. - Reação de látex do líquor) - PCR TRATAMENTO - depende da etiologia OUTROS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS - Meningite: infecção predomina no espaço subaracnóideo - Encefalite: infecção afeta todo o parênquima dos hemisférios cerebrais, cerebelo ou tronco encefálico. - Menongoencefalite: inflamação do espaço subaracnóideo e parênquima cerebral. - Encefalite quando atinge a medula espinhal ou as raízes nervosas encefalomielite; encefalomieloradiculite - Ventriculite - Pode causar surdez, amputação RELEMBRAR A MORFOFISIOLOGIA DAS MENINGES CONHECER A ETIOLOGIA, EPIDEMIOLOGIA, FATORES DE RISCO E TIPOS DE MENINGITE. COMPREENDER OUTRAS CAUSAS DE INFLAMAÇÃO/INFECÇÃO DAS MENINGES ENTENDER A FISIOPATOLOGIA DA MENINGITE COMPREENDER AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E O DIAGNÓSTICO DA MENINGITE CONHECER A PREVENÇÃO E O MANEJO CLÍNICO DA MENINGITE. OORDT-SPEETS, Anouk M. et al. Global etiology of bacterial meningitis: a systematic review and meta-analysis. PloS one, v. 13, n. 6, p. e0198772, 2018. POPLIN, Victoria; BOULWARE, David R.; BAHR, Nathan C. Methods for rapid diagnosis of meningitis etiology in adults. Biomarkers in medicine, v. 14, n. 6, p. 459-479, 2020. NETO, Joaquim Pereira Brasil; TAKAYANAGUI, Osvaldo M. Tratado de neurologia da Academia Brasileira de Neurologia. Edição1. Gen guanabara koogan, 2013. GREENBERG, David A.; AMINOFF, Michael J.; SIMON, Roger P. Neurologia clínica-8. AMGH Editora, 2014.
Compartilhar