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1 Julyana De Aquino Guerreiro Araújo Endocrinologia ginecológica Objetivo: descrever a fisiopatologia de alterações endócrinas relacionadas com modificações no ciclo menstrual. • SOP • Hiperandrogenismo • Hiperprolactinemia • Alterações tireoidianas • Climatério Relembrando.... ➔ O ciclo menstrual começa no cérebro! O clico menstrual é consequência da interação entre três entidades anatômicas: hipotálamo, hipófise, ovário e útero. Embora seja evidente que o hipotálamo desempenha um papel central na iniciação do ciclo menstrual, está igualmente claro que a ciclicidade endócrina é consequência da relação de feedback entre a secreção ovariana e o eixo hipotálamo-hipófise. O útero desempenha um papel eminentemente passivo, apesar de sua importância na concepção. O hipotálamo é influenciado tanto por sinais extrínsecos e intrínsecos ao SNC, quanto pelo controle do ovário. A influência exercida pela secreção ovariana sobre o hipotálamo é denominada de feedback, sendo este positivo quando os esteroides ovarianos estimulam a produção do GnRH, e negativo quando a secreção ovariana inibe a produção do GnRH. Além disso, o próprio GnRH controla sua produção, agindo diretamente no hipotálamo, então quando está disponível em grande quantidade ele atua 2 Julyana De Aquino Guerreiro Araújo reduzindo sua produção, já quando está presente em níveis baixos, age estimulando sua liberação. Quanto à função reprodutiva, o GnRH é o principal hormônio. Na mulher, ele é liberado de uma forma pulsátil, sendo sua periodicidade e amplitude críticas para determinar a liberação correta e fisiológica do FSH e LH (produzidos na adenohipófise). Na menina, o centro hipotalâmico encontra-se bloqueado até o período da puberdade, quando ocorre sua liberação por razões ainda não bem estabelecidas, supondo-se haver a participação de fatores ambientais, dos opióides endógenos, do peso corporal e da quantidade de gordura corporal, entre outros. A hipófise é uma glândula neuroendócrina situada na sela túrcica, e é dividida em adeno-hipófise e neuro-hipófise. A adeno-hipófise é responsável pela secreção dos hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH), hormônio estimulante da tireoide (TSH), hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), hormônio de crescimento (GH) e prolactina (PRL). Já a neuro-hipófise secreta ocitocina e vasopressina. O GnRH age nas células gonadotróficas da hipófise anterior (adeno- hipófise), estimulando-as a sintetizar e secretar na corrente sanguínea tanto o FSH quanto o LH. No entanto, a secreção de LH é, essencialmente, caracterizada por um pico no meio do ciclo menstrual. Já a secreção de FSH caracteriza-se por um aumento na fase folicular inicial, um platô na fase lútea e acentuada elevação na fase lútea tardia. Ou seja, as gonadotrofinas são secretadas de forma pulsátil, com frequência e amplitude que variam de acordo com a fase do ciclo. Os hormônios esteroides, como o estradiol e a progesterona, ou fatores ovarianos não-esteroides, como a inibida, são os moduladores da secreção de LH e FSH. O ovário em funcionamento normal sintetiza e secreta hormônios esteroides sexuais – estrogênios, androgênios e progesterona – com padrão de controle preciso que, em parte, é determinado pelas gonadotrofinas hipofisárias, FSH e LH. 3 Julyana De Aquino Guerreiro Araújo Os produtos secretórios mais importantes da biossíntese de esteroides pelos ovários são a progesterona e o estradiol. Entretanto, o ovário também secreta estrona, androstenediona e 17a−hidroxiprogesterona. Os hormônios esteroides sexuais desempenham papel importante no ciclo menstrual preparando o útero para implantação do óvulo fertilizado. Se a implantação não ocorrer, a esteroidogênese ovariana declina, o endométrio degenera e ocorre a menstruação. ➔ Fisiologia do ciclo menstrual No inicio de cada ciclo, quando a menstruação ocorre, há liberação hipofisária de pequenas quantidades de FSH e LH (pequenos pulsos), que juntos provocam o crescimento e amadurecimento dos folículos ovarianos. O crescimento destes folículos induz o aumento da produção de estrógeno. Este é secretado em uma taxa crescente, estimulando a proliferação endometrial, e atingindo o seu pico aproximadamente na metade do ciclo. A concentração alta de estrógeno inicialmente reduz o pulso de LH e FSH e, em seguida, provoca um aumento súbito – surto pré-ovulatório - destes dois hormônios, estimulando a ovulação (ruptura do folículo e liberação do óvulo). Após a ovulação, os elementos residuais do folículo rompido formam o desenvolvimento do corpo lúteo que secreta estrogênio e quantidades elevadas de progesterona com o objetivo de manter a gestação, ate que a placenta possa assumir esta função. Observe o esquema abaixo de um ciclo menstrual normal, de 28 dias, mostrando as flutuações das concentrações hormonais sanguíneas (a) e (b) e os estágios de crescimento do folículo e do corpo lúteo (c), assim como as alterações do endométrio (d), no útero, durante o ciclo menstrual. A: liberação pulsátil do LH e do FSH; B: aumento da quantidade de estrógeno; C: redução dos pulsos de LH e FSH; D: surtos pré-ovulatórios de LH e FSH; E: estrógeno e grandes quantidades de progesterona secretados devido à ovulação; F: não havendo fecundação a concentração de estrógeno e progesterona caem; 4 Julyana De Aquino Guerreiro Araújo Não havendo fecundação os níveis de progesterona e estrogênio caem, provocando a diminuição da produção de LH e FSH, de modo que o corpo lúteo regrida – fase luteínica – reduzindo por sua vez a produção de progesterona e estrogênio e fazendo com que o endométrio descame, ocorrendo a menstruação e dando início a um novo ciclo. 5 Julyana De Aquino Guerreiro Araújo A ovulação ocorre aproximadamente entre 10-12 horas após o pico de LH. De uma maneira geral, este período de tempo entre o pico de LH e a menstruação é de 14 dias. Considera-se período fértil aquele que inicia três a quatro dias antes da ovulação e termina três a quatro dias após a ovulação. Normalmente, para fins de cálculos, considera-se o dia fértil como sendo o 14 dia antes do início da menstruação seguinte. 6 Julyana De Aquino Guerreiro Araújo Síndrome dos ovários policísticos -SOP ➔ É um conjunto de sinais e sintomas, que determina o quadro clinico. ▪ Compartilha componentes da síndrome metabólica, manifestada por obesidade abdominal, resistência insulínica, dislipidemia e aterosclerose. ▪ São consideradas grupo de risco ao desenvolvimento de DM2, HAS, doenças isquêmicas. ▪ Encontra-se frequentemente associada com a hiperinsulinemia. ▪ Fisiopatologia multicausal ▪ Aumento na sensibilidade hipofisária ao GnRH, que leva a aumento nos pulsos de LH ▪ Alterações enzimáticas ▪ Obesidade ▪ Hiperinsulinismo ➔ Compartilhamento ovariano/adrenal: Desregulação da enzima formadora de androgênios nas adrenais (21 – β – hidroxilase) e ovários (aromatase) pode levar ao Hiperandrogenismo. ➔ Compartilhamento periférico: obesidade Os andrógenos são convertidos em estrona e em excesso formam di- hidrotestosterona, que não é mais transformado em estrogênio. - Inibição da síntese hepática de SHBG e aumento da insulina. 7 Julyana De Aquino Guerreiro Araújo ➔ Resistência à insulina e hiperinsulinismo: -Tanto em pacientes obesas como não obesas; -Receptores de insulina e de fator de crescimento semelhante a insulina (IGF) estão presentes nas células estromais ovarianas e estimulam a síntese de androgênios pela teca; -A insulina inibe a produção a produção hepática de SHBG; ➔ Critérios diagnóstico para SOP (Rotterdam):2 dos 3 critérios -Oligo ou anovulação; -Sinais clínicos e/ou bioquímicos de Hiperandrogenismo; -Ovários policísticos à USG: 12 ou mais folículos medindo 2 a 9 mm de diâmetro e/ou volume ovariano aumentado (>10cm3) -Virilização -Tumor de ovário -Tumor de supra-renal -Uso exógeno PROLACTINA LACTOTRÓFICOS HIPOFISÁRIOS DOPAMINA GABA SEROTININA, TRH, ESTROGÊNIO E SISTEMA OPIOIDÉRGICO PRODUZIDA PELA ADENOHIPOFISE SECREÇÃO 8 Julyana De Aquino Guerreiro Araújo ➔ HIPERPROLACTINEMIA - A prolactina é sintetizada predominantemente na porção lateral da adeno- hipófise; -Prevalência de 0,4% na população geral, 9 a 17% em mulheres com infertilidade, 20 a 30% em amenorreia secundária, 75% em amenorreia com galactorreia. -Inibição da secreção do GnRH com redução das gonadotrofinas e hipogonadismo. -Polimenorreia (ICL), oligo ou amenorreia (anovulação), redução da libido e dispareunia (hipogonadismo) -Amenorreia primária, retardo ou interrupção da puberdade. -Pode estar associada a tumores tanto hipofisários quanto intracraneanos: *cefaleias periorbitária e bitemporal, distúrbios visuais, deficiência dos outros hormônios hipofisários. -Galactorreia em 30 a 80% -Afastar hipotireoidismo • Adenoma hipofisário funcionante é a principal causa (40 a 60% dos casos) • Microprolactinomas (menor ou igual a 10mm, maioria), o crescimento é incomum (5% dos casos), em muitas pacientes os níveis de prolactina normalizam-se espontaneamente. 9 Julyana De Aquino Guerreiro Araújo - Geralmente cursam com valores < 100ng/ml, mas podem estar entre 100 e 200 ng/ml. • Macroprolactinomas: prolactinemia superior a 250 ng/ml é muito sugestiva de macroprolactinoma. Sintomas neurológicos são frequentes. • Dosagem da prolactina - O ideal é que, a medida seja feita pela manhã, após repouso de 20 minutos. - Exames de imagem (RM) devem ser realizadas após a exclusão de causas secundárias. Excreção para manifestação neurológicas e oftalmológicas, dosagem muito elevada de prolactina. • Tratamento - os agonistas dopaminérgicos (AD) são o tratamento de primeira escolha. Os mais utilizados são a Bromocriptina e a Cabergolina. Alterações tireoidianas ▪ A prevalência de hipotireoidismo clinico e subclínico na população geral varia de 4 a 10%. ▪ Hormônios tireoidianos afetam a função de praticamente todos os órgãos. ▪ Distúrbios menstruais variam de 23,4 a 68,2% no hipotireoidismo enquanto que em população controle é de 8,4 a 12% ▪ Oligomenorreia corresponde a 42,5% das alterações ▪ Hipomenorreia, 15% ▪ Amenorreia, 12,5% ▪ Pode ser causa de Hiperprolactinemia ▪ T4 estimula a produção de SHBG hepática e é importante para o clearance dos hormônios esteroides ▪ TSH, VIP (peptídeo intestinal vasoativo) e serotonina tem efeito estimulador da liberação de PRL pela hipófise. ▪ O hipotireoidismo diminui e o hipertireoidismo aumentam esses processos. 10 Julyana De Aquino Guerreiro Araújo ▪ Os estrogênios, principalmente E2 têm efeito de estimulo sobre as células foliculares da tireoide, sua diminuição no hipotireoidismo, tais como a diminuição dos fatores VII, VIII, IX e XI podem também contribuir para polimenorreia e menorragia. Climatério ▪ Menopausa: ultima menstruação (1 ano). Media aos 49 anos. Limites: 40 a 55 anos. ▪ Climatério: fase de transição, limites imprecisos. ▪ Consequências do envelhecimento ovariano
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