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CCJ0005-WL-AMRP-07-Os elementos do Estado

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RESUMO 
CIÊNCIA POLÍTICA – AULA 7 
 
TEMA: As categorias do campo político: o Estado, o poder político e seus 
limites. 
 
7. As categorias do campo político: O Estado, o poder político e seus 
limites. 
Estimular a compreensão das categorias políticas: poder político, suas 
limitações e o Estado, fundamentais ao fenômeno jurídico-político. 
 
7.1. Os elementos do Estado: governo soberano, território, povo. 
"Soberania é uma autoridade superior que não pode ser limitada por nenhum 
outro poder." MALUF, Sahid. Teoria Geral do Estado. São Paulo: Saraiva, 
2009, p.29. 
Soberania é elemento constitutivo do Estado que representa o poder de 
internamente submeter a todos que nele se encontrem e externamente se 
relacionar igualmente com outros Estados. 
"O território é a base física, o âmbito geográfico da nação, onde ocorre a 
validade de sua ordem jurídica." MALUF, Sahid. Teoria Geral do Estado. São 
Paulo: Saraiva, 2009, p. 25. 
Povo é a base humana do Estado, seus nacionais. Ele caracteriza-se por se o 
elemento do Estado para o qual este dirige todas as suas finalidades. 
 
7.2. O Contrato Social. 
O contrato social é um acordo de vontades que significa que a sociedade 
humana é originada e construída de modo artificial ou não natural, ou melhor, 
como produto de um acordo realizado pelos os homens enquanto expressão e 
manifestação da sua racionalidade e da sua vontade. Sendo assim, a 
sociedade nasce conjuntamente com o próprio Estado, sendo este a condição 
para a sua própria existência e permanência. 
O Estado é então uma instituição necessária para que os humanos respeitem o 
próprio contrato e convivam uns com os outros realizando o Bem Comum. 
 
7.3. O fenômeno do Constitucionalismo. 
Movimento jusfilosófico surgido no século XVIII com as revoluções liberais 
burguesas baseado na crença de que o poder político deve estar submetido à 
supremacia da lei, de uma Lei Maior, a Constituição escrita. 
Caso concreto 1 
Tema: Unidade política e soberania 
Leia o seguinte texto: 
“As ilhas Malvinas no Atlântico Sul, sobre imensos lençóis de petróleo, a 
algumas centenas de quilômetros da Costa Argentina, chamadas de 
Falklands pelos ingleses, foram ocupadas pela Grã-Bretanha em 1883. A 
Argentina nunca aceitou esta ocupação. 
Em abril de 1982, para atrair o apoio da população, o governo militar 
ordenou a invasão das ilhas, desencadeando uma guerra localizada 
contra a Grã-Bretanha. Em junho do mesmo ano, reconhecendo a 
derrota, os soldados argentinos renderam-se e a Inglaterra voltou a 
controlar a região.” 
Pergunta-se: é correto afirmar que as Ilhas Malvinas indicam a 
necessidade de continuidade geográfica do território do Estado a fim de 
possibilitar o exercício da Soberania? 
Sugestão de gabarito do caso concreto 1: Não, elas indicam justamente o 
inverso. O território é a base físico-geográfica que integra a organização 
do próprio Estado, sendo então um dos seus elementos constitutivos e 
estabelecendo a delimitação da ação soberana do mesmo. 
É perfeitamente possível a existência de uma descontinuidade geográfica, 
como no caso das ilhas Malvinas, não impedindo o exercício da 
Soberania enquanto um poder uno e indivisível. Uno porque não é 
possível num mesmo Estado e, portanto, num mesmo território a 
convivência de duas Soberanias. Indivisível porque inadmissível a sua 
divisão, mas somente a sua distribuição em diferentes funções 
(legislativa, executiva e judiciária). 
Sendo assim, o que é importante ou fundamental para o exercício da 
Soberania é a manutenção da unidade e da indivisibilidade do poder, o 
que, no caso é realizado pela Grã-Bretanha desde a ocupação ocorrida 
em 1883, perdendo tal invasão o seu caráter de temporariedade, 
independente da existência de uma descontinuidade geográfica. 
Caso concreto 2 
Tema: Elementos constitutivos 
Com a independência do Brasil, em 1822, A Cisplatina seria a última das 
províncias da América Portuguesa a aderir ao governo de D. Pedro I, e, 
em 1826, chegou a ter representantes na Câmara dos Deputados e no 
Senado do Império. Todavia, desde 1825, era o principal pretexto para 
uma guerra extenuante e sem vencedores entre o Império do Brasil e o 
governo de Buenos Aires. Questão resolvida em 1828, quando os 
governos brasileiro e argentino, sob mediação britânica, concordaram na 
transformação da província Cisplatina em República. 
Ocorreu alguma mudança importante na condição política da Cisplatina 
quando foi transformada em República? Analise a questão à luz dos 
elementos constitutivos do Estado. 
Sugestão de gabarito do caso concreto 2: Sim. A Cisplatina antes de 1828 
integrava o Império do Brasil, sendo uma das suas províncias, já que este 
foi um Estado Unitário. A partir de 1828, assumiu a condição política de 
Estado Autônomo. Enquanto tal ocorreu à demarcação do seu território e 
passou a exercer a sua Soberania, organizando-se juridicamente e 
fazendo valer nos seus limites a suas decisões políticas independentes 
das do Império do Brasil, ou seja, passou a ter governo próprio. Na 
realidade o que ocorreu foi uma formação atípica de um novo Estado, 
hoje conhecido e internacionalmente reconhecido: o Uruguai. 
ELEMENTOS DO ESTADO 
“O presente capítulo discute os elementos essenciais do Estado, assim 
considerado o governo, a soberania, o povo, o território e as finalidades que 
caracterizam cada ordenamento estatal. Assim, de modo sumaríssimo, o 
governo foi compreendido como o ente administrativo e gestionário do Estado. 
A soberania, em inexorável processo de transformação, alude à autonomia de 
gestão dos negócios internos e à independência na esfera internacional. O 
povo deve ser pensado em pelo menos duas variáveis fundamentais. A 
primeira, de caráter quantitativo, compreende povo como população. A 
segunda, de matriz qualitativa, é tripartida em três níveis: político, jurídico e 
sociológico. 
Em nível político povo corresponde à noção de cidadão-eleitor. Em nível 
jurídico, à noção de nacional, nato ou naturalizado. Em nível sociológico, ao de 
nação. Por seu turno, o território é tido tanto pela porção contínua ou 
descontínua de solo ocupada pelo Estado, quanto pelo subsolo, pelo espaço 
aéreo, pelo mar territorial e pela plataforma continental, ou seja, o leito e 
subsolo marinho onde estão os minérios exploráveis, inclusive hidrocarbonetos 
como petróleo e gás natural. Hoje, após a Instrução Normativa nº 17, de julho 
de 2007, e em conformidade com as normas de direitos interno e internacional 
que regem a matéria, a plataforma continental brasileira se estende 
potencialmente até o limite de 350 milhas náuticas, Por fim, as finalidades do 
Estado foram vistas em sua multiplicidade, ou seja, como aquelas 
determinadas pela dialética das relações políticas, jurídicas e sociais. Assim, 
não se buscou idealizar ou legitimar uma visão singular acerca de tais 
finalidades, sendo certo que elas são mutáveis no eixo tempo-espaço. 
Em considerações finais, foi discutida a eventual dispensabilidade de qualquer 
dos elementos acima trabalhos para a constituição do Estado. Em síntese, a 
despeito das novas realidades globais, que alteram principalmente o conceito 
clássico de soberania, propugnou-se pela indispensabilidade desses elementos 
para a formação do Estado nacional.” FERREIRA, Lier Pires. FERREIRA, 
Miriam. Elementos do Estado. In: FERREIRA, Lier Pires. GUANABARA, 
Ricardo. JORGE, Vladimyr Lombardo .(org.). Curso de teoria geral do Estado. 
Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, pp. 70-71.

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