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Manufatura Enxuta Professor Me. Felipe Delapria Dias dos Santos AUTOR Professor Me. Felipe Delapria Dias dos Santos ● Mestre em Engenharia Mecânica com ênfase em Materiais Poliméricos pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). ● Bacharel em Engenharia Mecânica (UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná). ● Bacharel em Administração (FAPAN - Faculdade de Paraíso do norte). ● Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho (UCAM - Universidade Cândido Mendes). ● Especialista em Processos da Qualidade (UniFCV - Faculdade Cidade Verde). ● Professor Conteudista UniFatecie / Vg Educacional / Telesapiens / Dtcom. ● Engenheiro Mecânico - MEF. Ampla experiência na área metalúrgica, com experiência em desenhos e projetos mecânicos 2D e 3D via ferramentas de modelagem e simulação (SolidWorks). Experiência com produção, supervisionamento e acompanhamento de processos e rotinas de empresas. Além disso, possui ampla experiência também na docência EAD, com diversas produções para instituições do Paraná e Região. ● Link do Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/8500803864971377 http://lattes.cnpq.br/8500803864971377 http://lattes.cnpq.br/8500803864971377 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Prezados(as) alunos(as), sejam bem vindo a nossa disciplina de Manufatura enxu- ta, esperamos contribuir fortemente com seu aprendizado e participar com contribuições positivas na sua jornada. Começaremos com a unidade I apresentando a origem e a his- tória da manufatura enxuta para que possamos entender sua trajetória e como se tornou o que é hoje. Ainda na unidade I aprenderemos sobre os diferentes tipos de desperdícios existentes e como eliminá-los, aprenderemos sobre a base da manufatura enxuta, uma técnica japonesa conhecida como Just-In-Time e encerraremos nossa primeira apostila apresentando a importância do layout adequado dentro da manufatura enxuta. Na unidade II iremos estudar juntos o sistema de avaliação e desempenho organi- zacional, estudaremos também os diferentes sistemas modernos de gestão da produção como Toyotismo, Fordismo, Taylorismo e Volvismo e encerraremos discutindo a respeito do Lean Manufacturing. Na unidade III aprenderemos ferramentas japonesas que são de fundamental importância para a implantação e efetivação da manufatura enxuta. Além do Just-in-time discutido na apostila I, veremos agora o Kaizen e o Jidoka que trabalham juntas para ga- rantir a eficiência e qualidade na manufatura. Concluiremos nossa disciplina abordando mais ferramentas japonesas, desta vez, na unidade IV iremos discutir o Heijuka, o tempo takt e o kanbak. Finalizaremos nossa apostila apresentando a importância da indústria 4.0 para o mundo. SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 5 Introdução à Manufatura UNIDADE II ................................................................................................... 27 Gestão da Produção UNIDADE III .................................................................................................. 47 Linha de Produção e a Melhoria Contínua UNIDADE IV .................................................................................................. 67 Fundamentos da Indústria 4.0 5 Plano de Estudo: • Introdução e conceitos • A abordagem da produção enxuta - Histórias e categorias de desperdício • Sistema JIT • Mapeamento de fluxo de valor, fluxo de material e fluxo de informação. • Arranjo físico na manufatura enxuta • Indicadores de desempenho em manufatura enxuta Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar a manufatura enxuta no mundo • Compreender os tipos de desperdício • Estabelecer a importância dos indicadores de qualidade • Compreender a importância do layout para a manufatura enxuta UNIDADE I Introdução à Manufatura Professor Mestre Felipe Delapria Dias dos Santos 6UNIDADE I Introdução à Manufatura INTRODUÇÃO Bem-vindos alunos a nossa primeira apostila da disciplina de Manufatura Enxuta. Começaremos aprendendo um pouco da história da manufatura enxuta, como surgiu e como ela cresceu, essa introdução é importante para entendermos o porquê de ter se tornado uma filosofia tão grande e valiosa. Passaremos então para o próximo tópico, apren- dendo sobre os diferentes tipos de desperdícios que existem dentro de uma empresa e por que a manufatura enxuta deseja eliminá-los. Discutiremos um pouco sobre a técnica base da manufatura enxuta, conhecida como Just-In-Time (JIT) e veremos também sobre uma outra técnica muito difundida no meio, conhecida como Mapeamento de fluxo de valor que envolve junto o fluxo de material e o fluxo de informação. Discutiremos a importância da seleção e implantação de um bom arranjo físico e finalizaremos aprendendo alguns dos principais e mais conhecidos indicadores de desempenho dentro da manufatura enxuta. Preparados para mais essa jornada? Vamos lá! 7UNIDADE I Introdução à Manufatura 1 INTRODUÇÃO E CONCEITOS Um novo cenário mundial foi estabelecido em 1973 a partir da crise do petróleo, esse cenário ficou conhecido pela inversão na relação oferta/demanda que existia na época. Esse cenário se instalou pois o nível de oferta estava maior do que o nível de demanda, sendo necessário novos princípios de produção. A crise teve impacto direto na competitividade do mercado, fazendo com que as empresas e indústrias se adaptarem às diferentes variações de demanda (CORIAT, 1988). No contexto da crise, o sistema de Toyota Company destacou-se em relação aos outros sistemas produtivos que surgiram na época. O sistema foi aderido de forma massiva pois promovia produção flexível e de baixo custo com isso, houve a expansão e popula- rização do sistema, passando a ser conhecido como Sistema Toyota de Produção (STP), (GOMES, 2001) De acordo os autores (Ohno, 1997, p. ix). Womack et al. (1992), a expansão do STP se deu devido às diferentes necessidades que as empresas possuíam. Ou seja, algumas indústrias necessitavam de sistemas que os possibilitasse produção para baixa demanda, enquanto que outras empresas necessitavam sistemas para produção de alta demanda ou alta variedade, e para todos os casos, o STP era eficiente. Os autores descrevem ainda algumas dificuldades que o STP enfrentou antes de sua consolidação: - Discreto mercado doméstico; - Disputas trabalhistas; 8UNIDADE I Introdução à Manufatura - Leis trabalhistas introduzidas pela ocupação americana; - A economia japonesa, devastada pela guerra, estava ávida por capitais e trocas comerciais; - A compra de tecnologia de produção ocidental era quase impossível; - Ameaça de entrada de grandes fabricantes mundiais no mercado japonês; - Dificuldade de exportações japonesas. De acordo Gomes (2001) o STM é um sistema de gerenciamento de custos e de produção que permite o aumento do lucro pela redução de perdas, ou seja, redução de atividades e processos que não agregam valor ao produto. 9UNIDADE I Introdução à Manufatura 2 A ABORDAGEM DA PRODUÇÃO ENXUTA – HISTÓRIA E CATEGORIAS DE DESPER- DÍCIOS. Albertin e Pontes (2016) destacam que o sistema Toyota de produção (STP), tam- bém conhecido como Manufatura Enxuta criado por Toyota Spinning e Weaving Sakichi Toyoda surgiu logo após a segunda guerra mundial fundando a Toyota Motor Company. Com o passar do tempo, o sistema vem sendo estudado e otimizado sempre com o objetivo de reduzir custos. O estudo da redução de perdas gerou um conceito chamado lógica de perdas, que veremos a seguir: LÓGICA DAS PERDAS Gomes (2001) em sua obra afirma que a movimentação do trabalho é dividido em atividades que agregam valor e em atividades que não agregam valor ao produto final, este último sendo considerado um tipo de perda. O autor cita alguns exemplos de trabalhos que agregam valor: forjar, usinar, pintar, soldar, polir, entre outros. Em contrapartida, as perdassão atividades e processos que geram custos e que não adicionam valor nenhum ao produto final, sendo fundamental que seja eliminada. Como exemplo de trabalhos que não agregam valores, temos: fabricação de produtos com defeito, retrabalho, estocagem de material, transporte do produto a ser estocado, entre outros. Ohno (1997) e Shingo (1996) propõem a classificação de sete diferentes tipos de perdas para sustentar o processo sistemático de identificação e eliminação de perdas. 10UNIDADE I Introdução à Manufatura PERDA POR SUPERPRODUÇÃO Segundo Ohno (1997), a superprodução é uma das perdas mais perigosas para a empresa devido ao alto valor envolvido além de possuir a capacidade de ocultar ou disfar- çar outros tipos de perdas (falta de material, produto defeituoso, quebra de equipamento, desbalanceamento da linha da produção, entre inúmeros outros). Além disso, o autor clas- sifica ainda a perda por superprodução em duas diferentes categorias, as qualitativas e as quantitativas: - Quantitativa: esse tipo de perda acontece geralmente quando a fábrica se preo- cupa em produzir um maior número de peças como forma de prevenção contra produtos defeituosos que possam vir a surgir. - Antecipada: Esse tipo de perda acontece quando a fábrica não possui um con- trole exato do seu processo e acaba produzindo maior número de peças do que é necessário, deixando-as estocadas para serem consumidas futuramente. PERDA POR TRANSPORTE A movimentação de materiais é um custo que, segundo Gomes (2001), deve ser evitado por não agregar valor ao produto. O autor afirma ainda que as melhorias relaciona- das ao transporte são alcançadas por meio da alteração do layout de produção, por meio da introdução de esteiras, calhas, pontes rolantes, entre outros equipamentos. Shingo (1996) explica que a melhoria de transporte tem como objetivo o aumento de eficiência da produção que deve ser conseguida por meio da eliminação da função processo que por sua vez é alcançada com a otimização do layout fabril. O autor explica que na maioria das empresas o processo é constituído por: 45% de processamento, 5% de inspeção, 5% de espera e o restante (45%) é o transporte, sendo este um custo muito elevado que pode ser reduzido. PERDA POR PROCESSAMENTO EM SI O processo muitas vezes pode estar inadequado, errado ou apresentar falhas ao longo de sua linha, gerando o aumento do custo e causando o que é chamado de perda por processamento. Existe uma técnica chamada de “Engenharia e análise de valor (EAV) que pode ser utilizada para determinar as as características de cada parte do processo de 11UNIDADE I Introdução à Manufatura produção, sendo extremamente recomendável para encontrar falhas e otimizar processo, além disso, a técnicas questiona custos de produto e de processo. Ao final, a técnica irá demonstrar a necessidade ou não de determinadas etapas com o intuito de eliminar as etapas desnecessárias, simplificando a produção, otimizando o tempo e poupando custos (SHINGO, 1996). PERDA POR FABRICAÇÃO DE PRODUTOS DEFEITUOSOS Esta é uma perda bastante visível pois é uma perda física e acontece quando uma peça ou produto é confeccionado fora das normas, parâmetros ou diretrizes que ele deveria seguir. Como consequência, tem-se o retrabalho e o sucateamento do produto com defeito (GHINATO, 1996). Para evitar este tipo de perda, tem-se um estudo de qualidade envolvido com a im- plantação de técnicas de controle, instrumentos modernos e capacitação dos funcionários. Esta perda pode ser evitada ou reduzida com um controle rígido no sistema de inspeção e com a adoção de técnicas e ferramentas da qualidade como a técnicas CQZD – Controle de Qualidade Zero Defeitos, adotada pela Toyota (GOMES, 2001). O autor diz ainda que um produto com defeito pode acarretar na reputação da empresa, em brigas internas e até mesmo desencadear outras perdas como por espera e por transporte. PERDA POR MOVIMENTAÇÃO É todo movimento desnecessário realizado pelo operador para carregar peças, equipamentos ou ferramentas. Esta perda vem acompanhada com a perda de tempo. Segundo Ghinato (1996) um bom estudo de redução de movimento pode aumentar de 10 a 20% a eficiência do processo. Além trabalhar em cima da redução de movimentos dos funcionários, pode-se também trabalhar em cima da automatização das tarefas, fazendo com que haja um desperdício ainda menor de movimento e de tempo PERDA POR ESPERA Essa perda é devido aquele tempo de espera que a peça sofre até seguir em sua linha de produção para uma próxima etapa, neste meio tempo, a peça fica absolutamente parada, sem receber nenhum processo. Shingo (1996) classifica a perda por espera em duas categorias: 12UNIDADE I Introdução à Manufatura Espera do trabalhador enquanto a máquina trabalha: ocorre quando o operador deve observar o funcionamento da máquina (durante a confecção de um produto, por exemplo); Espera da máquina: acontece quando a máquina está quebrada, a linha está para- da ou não há material a ser processado. PERDA POR ESTOQUE Guinato (1996) classifica a perda por estoque em: - Depois do processamento em si, imagine um lote de 1000 peças a ser proces- sado, a primeira peça a ser processada irá ter que esperar as outras 999 peças serem processadas para então seguir para a próxima etapa. - Antes do processamento em si, imagine novamente um lote de 1000 peças que está passando por um processamento, a segunda peça deve aguardar o processamento da primeira peça, a centésima peça deve aguardar o processa- mento das outras 99 peças em sua frente e assim por diante. Se assumirmos um tempo de processamento de 10 segundos, a milésima peça terá que aguardar cerca de 2 horas e 50 minutos para ser processada. Como solução, o autor propõe o fluxo unitário de peças, metodologia adotada pela linha de produção da Toyota. Shingo (1996), explica que algumas empresas mantém o estoque como forma de reduzir o impacto causado por problemas no processo produtivo, como: Problemas de paradas de máquinas; Problemas de paradas de máquinas; Demandas não previstas; Problemas de paradas de máquinas; Defeitos ocasionais; Absenteísmo; Elevado tempo de Setup das máquinas. Ao aumentar o estoque, o número de Set-up será menor; O autor explica que é necessário minimizar os estoques para que se possa enxer- gar com clareza as ineficiências que o sistema produtivo possui, uma vez que a ausência de estoque irá fazer com que os verdadeiros problemas apareçam. 13UNIDADE I Introdução à Manufatura 3 SISTEMAS JIT O Sistema Just-In-Time (JIT), segundo Slack (2006), foi desenvolvido na Toyota no Japão objetivando o combate ao desperdício, para o autor, toda atividade que que demanda tempo e recurso sem agrega valor ao produto final, é tida como desperdício. Dessa forma Slack (2006) cita que grandes estoques, transporte interno excessivo e desnecessário, paradas intermediárias – decorrentes das esperas do processo e longos set ups –, refugos e retrabalhos são formas de desperdício. O conceito de JIT se popularizou e expandiu, e de acordo Tubino (2007), hoje é tido como uma filosofia gerencial, que visa não apenas na eliminação do desperdício, mas também colocar o componente certo, no lugar certo e na hora certa. Tubino (2007) diz ainda que a filosofia do JIT carrega estoque menores, apresenta custos minimizados e melhor qualidade do que os sistemas convencionais. Para Petrônio (2005), o JIT, além de eliminar desperdícios, procura utilizar total capacidade de seus colaboradores, pois nesta filosofia, os encarregados ganham a au- toridade para produzir itens de qualidade para atender, em tempo, o próximo passo do processo produtivo. Em outras palavras no sistema JIT, em que a qualidade é essencial, o colaborador possui a autoridade de parar um processo produtivo, caso ele identifique algo que não esteja dentro do previsto. O autor diz que o funcionário deverá estar preparadopara corrigir a falha ou, então, pedir ajuda aos colegas de trabalho. Atitude do qual seria 14UNIDADE I Introdução à Manufatura condenada no sistema de produção em massa, sistema do qual a linha de produção jamais seria parada. Um sistema JIT possui algumas ferramentas consideradas pilares de sustentação. Esses pilares são elementos básicos que aumenta as chances de sucesso. Por exemplo: Programa mestre; Kanban; Tempos de preparação; Colaborador multifuncional; layout; qualidade; fornecedores (TUBINO, 2007). Como se pode ver, o JIT, afeta praticamente to- dos os aspectos da operação de uma fábrica: tamanho dos lotes, programação, qualidade, layout, fornecedores, relações trabalhistas e muitos outros. Magalhães et. al. (2014) informa que dificilmente irá ser encontrado uma definição de JIT que englobará todas as implicações para a operação e que é devido a isso, que existem tantas definições de diversos autores Mileski Junior (2011) afirma que a melhor maneira de entender a diferença entre as abordagens do sistema tradicional de manufatura para o sistema de manufatura enxuta é comparando ambos por meio da Figura 1 apresentado. O autor diz que o Just In Time vê o estoque como um manto que cobre os problemas existentes no sistema de manufatura, por isso deve ser evitado. Figura 1 - Sistemas de produção simplificado Fonte: Retirado de Mileski Junior, 2011. 15UNIDADE I Introdução à Manufatura 4 MAPEAMENTO DE FLUXO DE VALOR, FLUXO DE MATERIAL E DE INFORMAÇÃO BIRCK (2014) Birck (2014) afirma que o mapeamento de fluxo de valor é uma das principais ferramentas utilizadas na produção enxuta e foi proposta por Rother e Shook. Segundo o autor, o mapeamento de fluxo de valor é baseado no levantamento de todas as atividades realizadas ao longo do processo produtivo de cada produto, desta forma, com todas as informações em mãos, é possível desenhar o estado atual e projetar o estado futuro. Ainda de acordo Birck (2014), o mapa do estado atual, como o próprio nome sugere, é utilizado para expor as atuais condições do processo, enquanto que o mapa do estado futuro é utilizado para representar as melhorias a serem alcançadas. Após o mapeamento dos estados atual e futuro, o próximo passo é realizar a elaboração de um plano de ação com táticas claras para que os objetivos possam ser atingidos, na Figura 2 estão represen- tadas as etapas que constituem o mapeamento de fluxo de valor. 16UNIDADE I Introdução à Manufatura Figura 2 – Etapas do mapeamento do fluxo de valor. Fonte: adaptado de Birck, 2014. Fluxo de Valor é toda ação (agregando valor ou não) necessária para trazer um produto por todos os fluxos essenciais a cada produto: (1) o fluxo de produção desde a matéria-prima até os “braços” do consumidor, e (2) o fluxo do projeto do produto, da concepção até o lançamento. (ROTHER; SHOOK, 2003, p.14) Com o mapeamento, se torna mais fácil e visível a leitura dos processos envolvi- dos, facilitando a busca pelas atividades que não agregam valor além de tornar a discussão a respeito do processo mais fácil uma vez que estará visível e de fácil acesso a todos (ROTHER e SHOOK, 2003). Birck (2014) destaca que o fluxograma é uma das técnicas mais aplicadas no ma- peamento do Fluxo de valor pois a mesma permite visualizar todos o processo de maneira simples, além de apresentar as seguintes vantagens: identificação das relações e as co- nexões entre os componentes do processo, localização e identificação das deficiências do sistema e a percepção real da dimensão que qualquer alteração no sistema possa causar. Além de apresentar as vantagens da técnica, o autor apresenta ainda algumas dicas para o mapeamento de fluxo e valor do estado atual, elas: a) Mapear o processo como um todo, desde a entrada da matéria-prima até a saída do produto final para o cliente; b) Iniciar o mapeamento pelo setor final do processo, dessa forma, o mais próximo do cliente final e não pelo início do processo; c) Realizar você mesmo o mapeamento, medindo se os tempos com cronômetros, caso seja necessário; d) Desenhar o mapa de forma simples, utilizando apenas lápis e papel, para ser alterado facilmente. 17UNIDADE I Introdução à Manufatura 5 ARRANJO FÍSICOS EM MANUFATURA ENXUTA Segundo Gorreri (2012), o layout/arranjo físico/leiaute possui importante papel no processo de flexibilização da manufatura das empresas. Segundo o autor, uma definição aceitável de layout é: a forma de como os recursos estão agrupados e dispostos na planta de uma indústria em sua área de manufatura. Ainda de acordo Gorreri, o arranjo físico, de- pendendo do tipo de distribuição, irá garantir maior fluência na linha de produção, diminuição de movimentos desnecessários tanto de produtos quanto de ferramentas, racionalização de tempo, entre diversas outras vantagens. Olivério (1985) e Gorreri (2012) apresentam vantagens que podem ser obtidas a partir da otimização de um layout: ● Eliminação do estoque central, ● Transferindo a responsabilidade pela estocagem para as células onde são fabri- cadas, através da criação de estoques entre as células; ● Melhor utilização dos equipamentos, mão-de-obra e serviços, através da redu- ção das distâncias e dos tempos improdutivos; ● Maior qualidade através do melhor posicionamento de equipamentos; ● Agregação dos processos dedicados a família de produtos em torno do proces- so final, para minimizar a distância de transporte dos componentes dentro da fábrica; 18UNIDADE I Introdução à Manufatura ● Economia de espaço, minimizando o nível de material em processo, diminuindo distâncias e dispondo as seções de maneira racional; ● Maximização da área de contato entre os diversos processos de forma que a recepção e expedição de materiais se deem o mais próximo possível de cada setor; ● Facilitar o balanceamento da produção; ● Organizar o trabalho do operário, em conjunto com a utilização dos princípios de tempos e métodos, de forma a intensificar a utilização da força de trabalho. Ainda com base na obra de Olivério (1985), encontramos os princípios itens a serem levados em conta nas etapas de desenvolvimento de um novo arranjo físico: ● Princípio da integração: é considerado como objetivo fazer com que todas as partes de uma planta industrial trabalhem de forma cooperativa e simultânea para que um processo puxe o outro; ● Princípio da mínima distância: como o próprio nome sugere, o objetivo é reduzir a movimentação de produtos e ferramentas dentro da planta; ● Princípio de obediência ao fluxo de operações: o objetivo deste princípio é fazer com que a peça siga seu fluxo sem ter que voltar para trás ou cruzar a linha de produção por qualquer que seja o motivo; ● Princípio do uso das três dimensões: tentar ao máximo aproveitar todo o espaço que a empresa oferece, não apenas o espaço planar como também o espaço vertical. ● Princípio da satisfação e segurança: esse princípio possui seu foco na minimi- zação de potenciais riscos de trabalho; ● Princípio da flexibilidade: tornar a linha mais dinâmica e flexível para que em casos de inserção de um novo produto, a empresa não irá sofrer com a implan- tação de um novo processo. Camarotto (1998) lista ações que enfatizam a importância da maneira de posicionar as máquinas dentro do ambiente industrial de tal forma que seja obtido a máxima eficiência, a mínima movimentação e a obtenção do menor tempo possível de processo. Segue as ações listadas pelo autor: ● Identificação dos processos de manufatura; ● Considerar alterações futuras; 19UNIDADE I Introdução à Manufatura ● Preparar notas de planejamento para o arranjo físico; ● Estabelecer pontos de movimentação como corredores; ● Determinação dos postos de trabalho; ● Análise do produto; ● Identificar os serviços de apoio: manutenção e serviços; ● Análise do espaço destinado ao estoque; ● Pesquisar os serviçosutilizados; Moore (1962), ainda complementa o estudo acerca do arranjo físico levantando pontos importantes para a discussão do layout a ser escolhido, dentre eles, destacam-se: ● Determinação dos equipamentos necessários; ● Especificação das rotas e fluxos; ● Determinação da necessidade de espaço; ● Avaliação do arranjo físico proposto; ● O planejamento e determinação do volume de produção; ● Caracterização da edificação; ● Implantação da solução escolhida. 20UNIDADE I Introdução à Manufatura 6 INDICADORES DE DESEMPENHO EM MANUFATURA ENXUTA Indicadores de qualidade e melhoria continua são dois assuntos que estão direta- mente relacionados. Os indicadores possuem a função de indicar o desempenho de cada processo/etapa/setor que tenha trabalho envolvido. Os indicadores são utilizados para descrever diferentes situações, para realizar comparativos com antes e depois, avaliar a execução de determinadas ações, mensurar ganhos, entre diversas outras funções. De forma resumida, os indicadores são os verdadeiros responsáveis pelo controle do processo (LEAN, 2008) De acordo Vieira (2007) é a partir dos indicadores que as empresas conseguem estabelecer metas e quantificar resultados. O autor explica ainda que a dificuldade de apli- car os indicadores não está na parte de entender sua importância, mas sim na ausência de conhecimento dos indicadores existentes e a funcionalidade de cada um. Abaixo segue uma lista com alguns dos principais indicadores e uma rápida explicação dos mesmos. ● OEE Overall Equipment Efficiency (OEE) ou Eficiência Global do Equipamento tem como objetivo acompanhar as melhorias dos processos de manufatura. A ferramenta é utilizada como uma medidora do programa de Manufatura Enxuta, é uma técnica que utiliza indica- dores práticos como qualidade, disponibilidade e produtividade, que aponta com precisão o que pode ser melhorado (SILVA, 2016). 21UNIDADE I Introdução à Manufatura ● TEEP Total Effective Equipment Productivity (TEEP) ou Efetividade total produzida por um equipamento nos informa a real capacidade produtiva de uma determinada máquina. A produtividade é em relação da hora de trabalho e é utilizado principalmente como indicador estratégico, ou seja, quando é necessário investimento, aumento de turno ou de funcioná- rios, troca de máquinas entre outras medidas relacionadas (LEAN, 2008). ● Índice de entrega ao cliente Como o próprio nome sugere, o indicador fornece uma porcentagem do número de entregas dentro do prazo com relação ao número de entradas totais, a partir dessa informação cabe a empresa pensar em estratégias novas caso essa porcentagem seja baixa ou caso queira aumentar a eficiência da entrega (LEAN, 2008). ● Índice de atrasos do fornecedor Funciona da mesma forma que o item anterior (índice de entrega ao cliente). A relação aqui é feita com o número de entregas atrasadas do fornecedor dividido pelo nú- mero total de mercadorias entregues. A partir desta resposta, caberá à empresa tomar uma decisão, como a troca de fornecedor (LEAN, 2008). ● Causa das paradas na linha de produção Esse indicador fornece quais são os reais motivos de parada e quando elas ocorrem, analisando questões como a frequência que uma máquina para por determinado motivos (MACHLINE, 1985). ● Lead time de fabricação Essa ferramenta mede o tempo total de produção ou de realização de determinada função. No caso da produção de uma peça, contabiliza desde a sua solicitação até a sua entrega ao cliente (HILLEBRAND, 2016). 22UNIDADE I Introdução à Manufatura • Utilização de horas extras Importante indicativo que fornece ao R.H. dados do por que está sendo necessário horas extras dos funcionários, qual a frequência, motivo e quantidade. Com estas informa- ções, medidas podem ser estudadas para diminuir esse gasto (SILVA, 2019). ● Produtos produzidos em atraso A técnica mostra com exatidão quais são e quantos são as peças, serviços e produ- tos entregues com atraso para o cliente. A partir dessa informação faz-se necessário uma investigação detalhada do por que esse serviço atrasou. (FLORA, 2007). ● Monitoramento da operação gargalo A ferramenta contabiliza o tempo que uma anormalidade acontece durante um processo produtivo. Serve para que os gestores possam analisar o real impacto de uma determinada parada ou anomalia (LEAN, 2008). 23UNIDADE I Introdução à Manufatura SAIBA MAIS Durante a apostila apresentamos a importância de um arranjo físico bem selecionado para que se possa ter um fluxo visível e com o mínimo de perdas possíveis. Agora apre- sentaremos alguns dos tipos mais conhecidos de arranjo físico e onde eles são usual- mente implantados. Arranjo físico celular: praças de alimentação e maternidade. Arranjo físico posicional: utilizado geralmente na produção de grandes máquinas como aviões e navios. Arranjo físico por processo: utilizado geralmente em hospitais ou fábricas com muitas divisões e processos distintos. Arranjo físico por produto: indústria química, automobilística e de eletrodoméstico. Fonte: O autor. REFLITA “Não é a consciência dos homens que determina seu ser, mas, ao contrário, seu ser social que determina sua consciência.” Karl Marx – Frase fora de Contexto. 24UNIDADE I Introdução à Manufatura CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao fim da nossa primeira apostila da disciplina de Manufatura enxuta. Nessa primeira parte você aprendeu um pouco sobre a origem e a história da manufatura e a importância que o Japão e em especial a empresa Toyota teve para a criação e difusão dessa importante filosofia. Aprendemos também que existem diversos tipos de perdas que a manufatura enxuta deseja eliminar, como a perda por superprodução, a perda por movimentação, a perda de tempo entre diversos outras. Discutimos sobre o Just-In-Time, filosofia de produção de estoque mínimo, um dos requisitos principais para a implementa- ção da Manufatura Enxuta em uma indústria. Discutimos também sobre o mapeamento de fluxo de valor, aprendemos qual a importância de fazer um levantamento do estado atual e do estado futuro para a efetivação dessa técnica. Aprendemos um pouco a respeito do grande universo que é o arranjo físico, vimos a sua importância para a manufatura enxuta e no que implica a escolha certa do layout. Por fim, finalizamos a nossa primeira unidade falando a respeito dos diversos indicadores de qualidade que a manufatura enxuta adotou, como o OEE, TEEP e o índice de entrega ao cliente. 25UNIDADE I Introdução à Manufatura LEITURA COMPLEMENTAR Como sugestão de leitura complementar indica a busca pelo artigo intitulado: Ma- peamento de fluxo de valor e simulação para implementação de práticas lean em uma em- presa calçadista. Nele, os autores mapearam o estado atual de uma empresa de calçados e via simulação computacional, criaram o estado futuro da empresa, caso se adequassem as melhorias sugeridas. Abaixo segue parte do resultado descrito pelos autores: Após a simulação, o cenário que apresentou melhores resultados proporcio- nou um aumento de produtividade de 19% em relação ao estado atual, além de melhoria em todas as outras variáveis que foram comparadas. A aplicação da simulação como um elemento adicional do MFV ajudou a identificar as vantagens da abordagem conjunta, uma vez que a mesma possibilita testar diferentes alternativas e definir melhor o estado futuro e suas estratégias de implementação (Lima et. al, 2016, p. 366). Fonte: LIMA, D. F. S., ALCANTARA, P. G. F., SANTOS, L. C. S, et. al. MAPEAMENTO DE FLUXO DE VALOR E SIMULAÇÃO PARA IMPLEMENTAÇÃO DE PRÁTICAS LEAN EM UMA EMPRESA CALÇADISTA. Re- vista Científica Eletrônica de Engenharia de Produção. v.16, n°1, p. 366-392. ABEPRO: Florianópolis, 2016. 26UNIDADE I Introdução à Manufatura MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: O Modelo Lean de Melhoria Contínua. Uma Crônica de Transformação Enxuta em Um Ambiente Administrativo • Autor:Carlos Fernando Martins • Editora: CRV • Sinopse: Este livro tratar de uma narrativa sobre uma empresa fictícia que deseja melhorar o desempenho dos processos admi- nistrativos. A alta diretoria dá a Carlos Patel, um sênior em Lean (produção enxuta) este desafio. Para tal, Patel conta com uma equipe estratégica a fim de iniciar a jornada Lean. A equipe se desdobra em esforços contínuos para entender o que é o pen- samento enxuto, mostrando duas características fundamentais: engajamento e alinhamento aos objetivos da empresa. Trata-se, portanto, de uma reflexão sobre o que entendemos ser melhoria contínua. O caso pretende mostrar como Carlos Patel passa para sua equipe o verdadeiro pensamento enxuto, como sua equipe absorve os princípios da melhoria contínua, descobre os desperdí- cios e criar valor para seus clientes. A história passa pelo desenho e redesenho de um processo administrativo. Por trás de todo o texto está os ensinamentos de um verdadeiro ciclo PDCA: com base numa necessidade de negócio, a equipe concebe o estado atual do processo de compras (mapa de fluxo de valor do estado atual), traça um desafio (mapa de fluxo de valor do estado futuro) e estabelece alvos em direção ao desafio estabelecido. Para cada alvo, a equipe experimenta ações com base em ciclos curtos de PDCA. Toda a construção da parte do P (planejamento do PDCA) é feita por meio do relatório A3. FILME/VÍDEO • Título: DAENS - UM GRITO DE JUSTIÇA • Ano: 1993 • Sinopse: Na década de 1890, o padre Adolf Daens (Jan Decleir) vai a Aalst uma cidade têxtil onde as condições de trabalho são deploráveis. Ele publica textos defendendo os trabalhadores, desafiando a Igreja, que apoia os burgueses. Como voz dos su- bordinados, ele precisa escolher entre a Igreja católica e seu novo posto como representante dessa classe. 27 Plano de Estudo: • Sistema de avaliação de desempenho organizacional; • Sistemas modernos de gestão da produção; • Lean Manufacturing, Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar .os diferentes tipos de sistemas de avaliação • Compreender os tipos de sistemas de gestão de produção (Toyotismo, Taylorismo, For- dismo e Volvismo); • Estabelecer a importância do Lean Manufacturing (Produção enxuta). UNIDADE II Gestão da Produção Professor Mestre Felipe Delapria Dias dos Santos 28UNIDADE II Gestão da Produção INTRODUÇÃO Bem-vindos alunos a nossa segunda unidade da disciplina de manufatura enxuta. Nesta unidade estudaremos o sistema de avaliação e desempenho organizacional, o que é, para que serve, quais suas metas e objetivos e quem ele deve avaliar para garantir um bom desempenho organizacional. Já no segundo tópico da apostila estudaremos os diferentes sistemas modernos de gestão da produção, começaremos abordado por ordem cronológica de criação, começando pelo Taylorismo, Fordismo, Toyotismo até chegarmos ao Volvismo, considerado por muitos como sendo o mais moderno e eficiente atualmente. Para encerrar nosso conteúdo da segunda apostila estudaremos os conceitos do Lean Manufacturing, também conhecido como Manufatura Enxuta, conceito muito conhecido e aplicado nas indústrias nos dias atuais. 29UNIDADE II Gestão da Produção 1 SISTEMA DE AVALIAÇÃO E DESEMPENHO ORGANIZACIONAL Utilizamos como instrumento de controle a avaliação de desempenho organiza- cional, desenvolvida pelas empresas. A avaliação de desempenho organização é uma ferramenta que permite a verificação do alcance dos objetivos das empresas, permitindo a avaliação da mudança de planos ou se está ocorrendo conforme planejado (NASCIMENTO E REGINATO. 2013). O sistema de uma empresa é monitorado e controlado por pessoas, cada uma com sua devida função e responsabilidade. A administração é influenciada pelo viés particular de cada funcionário e sua forma de gerenciar, embora a essência do gerenciamento de todos deve ir de encontro com o estilo e a cultura de gerenciamento que a empresa como um todo presa (NASCIMENTO E REGINATO. 2013). Portanto, as variáveis que determinam e caracterizam um sistema de gestão de uma determinada empresa são estabelecidas de acordo a forma que os gestores respon- sáveis administram, mas não somente por isto como também seus respectivos líderes, acionistas e assim por diante sempre levando em conta o desempenho e a capacidade de contribuição de cada um na ordem e administração (JUNQUEIRA, 2019). Embora, na teoria, sabemos que o desempenho dos gestores é sempre acompa- nhado por seus líderes, nem isso ocorre na prática. A forma de avaliação de desempenho pode variar muito de cada pessoa e devido a isso, tem regras das quais as atuações de 30UNIDADE II Gestão da Produção funcionários são avaliadas com o devido rigor de tal forma que seja mantido um nível de contribuição e exigência (NASCIMENTO et. al., 2008). Desta forma, será considerado aspectos que contenham relação com a centraliza- ção ou não do processo, aspectos a respeito do desempenho proativo ou não dos líderes e gestores, aspectos considerando a capacidade ou a ausência da capacidade de empreen- der entre outros, serão estímulos determinantes para o tipo de avaliação de desempenho que lhes serão aplicados e o grau de responsabilidade pelo resultado de suas ações. Todos os aspectos citados também servem como norte para o formato do processo de gestão de uma empresa ou até mesmo o nível de formalização exigido dos membros organizacionais na elaboração e execução de atividades de planejamento, execução e controle dos resul- tados inerentes aos processos citados (MORÉ, 2016). Destaca-se que o grau de formalização do processo de gestão de uma empresa é o elemento base que irá formar a base para o monitoramento e a avaliação dos resultados, devido a isso, esse parâmetro pode ser tido como como o núcleo do desempenho organi- zacional (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). Misoczky e Guedes (2016) afirmam que o processo de gestão começa a ganhar sua devida importância e seu bom entendimento passa pela análise de seu escopo que contém o planejamento do negócio e seus componentes. De acordo os autores, o planejamento do negócio pode ser classificado em duas etapas: a) planejamento estratégico: onde o resultado depende da escolha de diretrizes estratégicas que irão permitir a criação de novos objetivos a serem atingidos pela empresa sendo o mesmo com forte viés qualitativo. b) planejamento operacional: é elaborado um plano operacional para curto, mé- dio e longo prazo onde são destrinchados os detalhes, ações, medidas, objetivos e metas quantitativas que levarão ao resultado desejado. Se o plano for formar, a operação terá início logo após sua aprovação, ou seja, as ações levantadas serão colocadas em prática desta forma transações serão realizadas e recursos serão consumidos (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). Não adianta nada planejar se não houver controle sobre a execução do planeja- mento. É nessa fase que os resultados obtidos são comparados com aqueles esperados, possibilitando assim o replanejamento se necessário, a identificação de erros, causas e correções sendo essa atividade uma das principais atividades da controladoria (JOSÉ JUNIOR, 2015). 31UNIDADE II Gestão da Produção É nesse contexto, portanto que o processamento dos dados referentes a avaliação de desempenho da empresa assume importante papel na avaliação do desempenho dos gestores uma vez que os resultados alcançados dependem fortemente do desempenho de seus gestores. Desta forma, assumir o monitoramento das ações dos gestores e estabele- cer recompensas ou punições pelo alcance ou não das metas desejadas e estabelecidas se torna uma medida de proteção sistêmica para a organização (NASCIMENTO et. al., 2007). A avaliação implica no julgamento de atividades de forma qualitativa podendo esse julgamento estar embasado em dados e informações quantitativas de cunho econômico ou financeiro por exemplo (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). A avaliaçãode desempenho, tanto da empresa quanto de seus gestores, é um processo muito dinâmico uma vez que normalmente está associado a fase de execução e planejamento, processos que geram informação nova a cada instante, essas informações quando bem analisadas pela avaliação de desempenho permitem a correção de eventuais erros e deslizes (LOPES; BEUREN, 2014). Todo o processo de avaliação e desempenho seja de gestores ou de empresa se torna um processo ineficiente se não existir um monitoramento eficaz por meio de acompa- nhamento das atividades realizadas e das que estão sendo realizadas (NASCIMENTO et al. 2008). Por que avaliar? É necessário que a organização realize avaliações de desempenho para garantir que a relação sistema-empresa esteja funcionando da melhor forma possível em outras palavras, para que se tenha um controle de que os recursos estejam sendo consumidos sem desperdício, justificando seu consumo com o resultado e relacionado diretamente com o objetivo alcançado (FORK, 2015) Para Lerner (2007), uma empresa é composta por diversos sistemas que devem estar funcionando em plena harmonia para que se possa atingir seu objetivo maior, logo, se um dos subsistemas não estiver com bom desempenho, pode acabar prejudicando a empresa como um todo. Ainda de acordo Lerner (2007) o resultado atingido por uma empresa é o somatório do resultado atingido individualmente por cada subsistema que a empresa possui. Implica- ções como bons resultados obtidos em determinada área não irão significar que o resultado de toda a empresa será bom. Ajustes em áreas/sistemas com baixo desempenho podem 32UNIDADE II Gestão da Produção ser necessários para que o mesmo atinja seu objetivo, logo, a avaliação do resultado de cada subsistema é um fator importante para que a empresa como um todo atinja seus objetivos. O processo de avaliação e desempenho operacional regido pelas empresas garan- tem aos gestores conhecimento suficientemente detalhado das operações que de outras formas poderiam passar despercebido, a partir desse conhecimento fornecido é possível a adoção de medidas e ações corretivas. Em uma outra ponta dessa ferramenta, é possível avaliar os gestores, permitindo a administração a correção de postura dos mesmos cobran- do habilidades competentes e coerentes com relação àquilo que é exigido Miranda e Silva (2002) citaram as principais razões para as empresas investirem em instrumentos de avaliação de desempenho: a) controlar as atividades operacionais da empresa; b) alimentar os sistemas de incentivo dos funcionários; c) controlar o planejamento; d) criar, implantar e conduzir estratégias competitivas; e) identificar problemas que necessitem de intervenção dos gestores; e f) verificar se a missão da empresa está́ sendo alcançada. Brito (2011) destaca que é necessário a apresentação do programa de avaliação por parte da empresa aos seus funcionários e gestores para que todos possam se empenhar no objetivo. Ainda de acordo o autor, aqueles que são avaliados podem não concordar com o resultado de suas avaliações, no entanto, com certeza irão se sentir melhor se julgarem justo o processo segundo o qual ela se realizou. Para Filho e Peixe (2015), a implantação ou a remodelagem de um sistema de avaliação, seja ele relacionado às próprias operações ou aos gestores, deve ter como base princípios sólidos e bem definidos. Os autores citam: a) critérios de avaliação: quando é criado a avaliação de desempenho, é ne- cessário saber exatamente o que será́ avaliado, a forma que se dará a avaliação e qual o objetivo a ser alcançado; b) entendimento dos critérios de avaliação pelos avaliados: não basta apenas que os criadores do método de avaliação de desempenho conheçam os critérios usados. 33UNIDADE II Gestão da Produção É importante, justo e necessário que os critérios de avaliação sejam de conhecimento de todos, inclusive e principalmente de quem está sendo avaliado; c) medidas justas de mensuração: as formas de mensuração do desempenho, ou seja, a forma e avaliação, tanto do resultado final quanto dos gestores, deve ser entendi- do como justas por todas as partes envolvidas no processo, sendo que os gestores devem responder apenas por ações que estejam sob o seu controle e que sejam sua função; d) comportamento dos gestores: a empresa deve estabelecer um padrão de com- portamento que espera dos seus gestores servindo não apenas como exemplo aos mesmo, mas também para utilizar como parâmetro avaliativo; e) prestação de contas: a avaliação de desempenho serve para que o próprio gestor mostre para seus diretos como o seu trabalho contribuiu para a formação do resul- tado organizacional; f) disponibilização de recursos: os recursos necessários para a execução das metas propostas devem ser disponibilizados para os responsáveis pela sua realização para que desta forma possa ser feito a cobrança do retorno futuramente; g) recompensas e punições: é fundamental estabelecer princípios claros de recompensa e punição para os casos de boas ou más atuações; h) interação entre as áreas: a inclusão de fatores que estimulem a interação justa e positiva entre áreas deve ser um dos itens constantes do modelo de avaliação. Uma boa interação e comunicação entre setores só tem a agregar no resultado final da empresa. i) coerência da avaliação: a coerência da avaliação deve ser discutida entre o avaliador e uma pessoa neutra em relação ao avaliado, normalmente essa pessoa neutra é algum profissional da área de recursos humanos da organização. Os princípios citados são alguns dos principais que devem estar presentes na elaboração das regras que serão utilizadas para elaborar o desempenho dos gestores e da empresa como um todo. Não se pode dizer que os princípios por si só garantem um bom procedimento e uma boa avaliação, para isso faz-se necessário também comprometimento por parte dos avaliadores. 34UNIDADE II Gestão da Produção 2 SISTEMAS MODERNOS DE GESTÃO DE PRODUÇÃO Os métodos de produção sofreram grande transformação com a mecanização do trabalho, não apenas quando tratamos em termos quantitativos, no aumento da produção, mas também em termos qualitativos, no aumento da qualidade e uniformização. A partir da mecanização, o homem passou a ser usado então como acessório da máquina, devendo, portanto, o homem obedecer ao ritmo da máquina, seus horários de parada, suas manuten- ções, e assim por diante e não o contrário (TEIXEIRA, 1985). De acordo Machado (2012), o processo de mecanização do trabalho trouxe consigo diversas consequências não se restringindo apenas a linha de trabalho no que se refere a acidentes de trabalho, manutenção entre outros problemas, mas também consequências para a sociedades. Os problemas da mecanização chegaram na administração das empresas, causando problemas com a burocratização, divisão rígida de tarefas, hierarquia e elaboração de novas regras e regulamentos. Ainda de acordo o autor, a produção tem como papel principal atender ao cliente, entregando no prazo certo, o produto certo e no lugar correto. Logo, o sistema de gestão da produção tem fundamental papel no que diz respeito a satisfação do cliente, uma vez que é a gestão que fará toda a organização de produção. A função essencial da produção é entregar o produto certo, no local certo, no tempo desejado pelo cliente e a um custo adequado. Sendo assim, o aspecto do sistema de 35UNIDADE II Gestão da Produção gestão de produção empregado pela organização é primordial, pois dele dependerá uma boa parte do nível de serviço ofertado aos clientes. Meirim (2006) descreve que a revolução da gestão de produção é um processo que vem ocorrendo ao longo dos anos, é um processo que não para nunca e que tende a ser maior com o aumento da tecnologia, informação, automação de processos, globalização, mudanças políticas, mudança de cultura, entre outros fatores. Ainda de acordo Meirim, aolongo das últimas décadas, o sistema de gestão de produção utilizados possuem suas bases nos modelo Taylorismo-fordismo, Toyotismo e o Volvismo. Alves (2005) explica que quando lidamos com processos artesanais ou de pouca industrialização, não se faz necessário a utilização de sofisticados sistemas de gestão da produção uma vez que os volumes serão pequenos e muito provavelmente em baixa escala de nível de exigência dos clientes. Taylorismo-fordismo Machado (2012) explica que o modelo de gestão da produção conhecido como Taylorismo-fordismo é um modelo que implica em ritmos intensos de produção, crescimen- to sem controle, centralização e especialização do trabalho. O mesmo é um modelo muito criticado uma vez que apresenta problemas de motivação dos funcionários, comprometi- mento, criatividade e burocracia. Macho afirma que esse modelo não é mais tão utilizado nos dias de uso, justamente pelos pontos negativos que o modelo apresenta, e segundo o autor, os principais motivos que levaram a queda do modelo na organização de produção foram elencados por Machado: a) Aumento do poder dos sindicatos, uma vez que os mesmos estavam questionan- do aspectos e pontos básicos de organização e gestão de produção, como por exemplo: o tempo padrão, os ritmos de linha de montagem, os horários de trabalho. b) Recusa dos operários a determinadas formas de organização do trabalho, em especial aquelas com forte pressão de tempo. c) Elevação do nível de instrução, uma vez que a sociedade estava se desenvol- vendo, as pessoas passaram a exigir vagas com base em seu nível de qualificação. d) Excessiva rigidez do sistema baseado na produção maciça, face à necessidade de soluções de maior flexibilidade para atender à crescente diversificação e sofisticação da demanda. 36UNIDADE II Gestão da Produção Toyotismo ou modelo japonês De acordo Ribeiro (2015), o modelo taylorista-fordista começou a repensar em seus princípios e objetivos após a segunda guerra mundial com o surgimento da escassez de recursos e espaço, com isso, surgiu propostas de adaptação do modelo com foco em resultados sustentáveis que garantam o crescimento das empresas. A adaptação a novos moldes de gestão trouxe também a participação de agentes externos como sindicatos. A produção japonesa passou de um modelo de produção em massa (taylorista-fordista) para um modelo de produção flexível e enxuta (pós-fordista). CECIERJ (201?) explica que o Toyotismo seguiu nas montadoras japonesas da Toyota e só foi consolidado e aceito como filosofia de gerenciamento na década de 70. Essa filosofia funcionava muito bem para a época que o Japão estava vivendo, que era bem diferente dos Estados Unidos e da Europa. Ao contrário do modelo Taylorista-Fordista, o Toyotismo visava a flexibilização das produções sem a estocagem de produtos, dessa forma, era produzido apenas o necessário. Desta forma, ao trabalhar-se com pequenos lotes, a máxima qualidade era aplicada em cada um deles. Os japoneses tiveram que se adaptar em diversos aspectos para a implantação do modelo Toyotista. Seus principais obstáculos eram: seu mercado doméstico, sua mão de obra que não se adaptaria ao esquema taylorista, busca por tecnologia e a dificuldade de exportar. Como solução e resposta para esses desafios foi desenvolvido uma série de inovações que auxiliaram na transição de um modelo para outro (PAIVA, 2018). Malaguti (1996) destaca que como consequência da demissão em massa após a mecanização que aconteceu no período pós segunda guerra mundial criou-se nas empre- sas de forma espontânea regras que passaram a ser características do sistema japonês: emprego vitalício, promoções por critérios de antiguidade e participação nos lucros. O autor informa que o sistema possui como ponto forte a rápida captação das necessidades do mercado e a fácil adaptação a grande mudança tecnológica que acontece. O autor diz ainda que com a crise do petróleo, empresas que possuíam o toyotismo implantada, destacou-se e ganhou vantagens isso por que o modelo consome menor energia e matéria prima, ao contrário do modelo fordistas. Volvismo Para Aparicio et al (2009) o Volvismo é entendido como sendo uma expressão do modelo sueco de gestão, caracterizada pelo elevado nível de informatização e automação, http://projetoseeduc.cecierj.edu.br/eja/recurso-multimidia-professor/sociologia/%20%20CECIERJ.%20O%20MUNDO%20%C3%89%20DO%20TRABALHO:%20FORDISMO/TAYLORISMO%20E%20ACUMULA%C3%87%C3%83O%20FLEX%C3%8DVEL.%20Projeto%20Seeduc.%20Rio%20de%20Janeiro 37UNIDADE II Gestão da Produção com um alto grau de experimentalismo. O volvismo está plenamente focado no emprego e no desenvolvimento de um corpo de funcionários criativos, multifuncionais e flexíveis. Vieira (2012) descreve que o Volvismo se caracteriza pela alta flexibilização funcio- nal, de produto e de processo, pelo alto grau de automação e informatização que implicam numa produção altamente diversificada de qualidade, internacionalizada no âmbito de produção, democrática em questões de vida do trabalho, com excesso de treinamento pelo alto grau de automação, uma produção com elevada produtividade e com baixo custo. No volvismo, a produção é um processo de informação que possui capacidade de auto regulação, como consequência apresenta descentralização das decisões, maior au- tonomia às etapas dos processos e elevada flexibilidade. Essas características fazem com que o Volvismo seja conhecido como um cérebro em que cada neurônio está conectado a outro, aumentando a troca de informações e otimizando o processo (MUCHA, 2016). O operário tem um papel completamente diferente daquele que tem no fordismo e ainda mais importante que no toyotismo (APARICIO, 2009). No volvismo, é o operário que irá ditar o ritmo das máquinas e não mais a máquina, como era nos outros modelos de gestão. O operário deve conhecer todas as etapas da produção, deve também participar, por meio dos sindicatos, de decisões que influencia no processo de fabricação (MACHADO, 2012). 38UNIDADE II Gestão da Produção 3 LEAN MANUFACTURING Muitos afirmar que o conceito Lean surgiu graças a marca Toyota pós segunda guerra mundial e de fato, não podemos tirar o crédito da Toyota pois possui sim grande participação, no entanto, de acordo Pereira (2010), a base do conceito Lean surgiu antes da criação da empresa em 1937. Com o fim da guerra, o Japão era um país destruído e com a economia arrasada, surge então os 7 tipos de desperdícios, já estudados na apostila anterior, elaborados por Toyota com respectivas estratégias de eliminação dos mesmos. O conceito tornou-se a base do Sistema Toyota de Produção e disseminado pelo ocidente como Lean Manufacturing (Manufatura Enxuta), (MOREIRA, 2011). De acordo Kubota (2012) a chave para o sucesso é ser Lean, ou seja, as empresas precisam ter alta flexibilidade de produção e mínimo custo associado para que sua compe- titividade seja alta. Definição de Lean Manufacturing O conceito Lean inicialmente era usado apenas em indústrias, por esse motivo ficou conhecido como Lean Manufacturing ou Lean Production, no entanto, o conceito pode ser aplicado a diversas áreas como escritórios e empresas de prestação de serviço. O conceito envolve um sistema de gestão com ferramentas da qualidade que foca em eliminar 39UNIDADE II Gestão da Produção desperdícios e agregar valor ao produto final para que no final ambos os lados (cliente e empresa) possam sair satisfeitos (ARUMANI, 2015). Pinto (2008) define o pensamento lean, como sendo uma orientação às ações das atividades práticas de gestão para eliminar de forma gradual as fontes de desperdícios por meio da aplicação de ferramentas e procedimentos simples sempre com o objetivo de alcançar a perfeição baseado sempre no conceito de melhoria contínua e do alto nível de competitividade do mercado. Evolução do Lean – Dos cinco aos sete princípios A eliminaçãodos 7 desperdícios faz com que haja a eliminação de custos, se isso não acontecer então o desperdício não foi eliminado. O pensamento Lean demanda a agregação de valor do produto por meio da eliminação de desperdício (OLIVEIRA, 2011) Womack et al (2003) estabelece e descreve cinco etapas para implementação da filosofia Lean numa organização: 1. Criar valor: a criação do valor é considerada a base para gestão empresarial. Não é a empresa que determina o valor mais sim o cliente com base em sua satisfação e necessidade. A necessidade gera demanda, a demanda gera produção, a produção gera custo. Cabe às empresas gerenciar esse fluxo de necessidade para satisfazer da melhor forma possível seu cliente e cobrar um preço justo pelo serviço prestado para conseguir se manter no mercado e obter lucros. 2. Definir a cadeia de valor: A organização deve identificar a cadeia produtiva nessa segunda etapa e dividir o processo em três tipos: ● Processos que geram valor; ● Processos que não geral valor, porém são necessários; ● Processos que não geram valor e não são necessários. O foco nessa segunda etapa deve ser na terceira divisão, em eliminar processos que não geram valor e nem são necessários, para isso, é preciso ter um processo bem definido do produto ou da linha de produção para que se possa analisar minimamente, etapa por etapa. 3. Otimização do fluxo: É necessário que o processo tenha fluidez que é obtido por meio de otimização de processo. Para que um processo possa ser otimizado, é necessária 40UNIDADE II Gestão da Produção mudança de cultura da empresa e na mentalidade da organização. Consequências ime- diatas na obtenção de fluxos fluidos e contínuos podem ser facilmente observados como redução de tempo na produção, redução do tempo do processamento de pedidos, redução de estoques. O aumento da flexibilidade da empresa em criar novos produtos, a alta capa- cidade de produção e a estabilidade que o processo fornece faz com que a empresa tenha vantagens econômicas em casos de flutuação de mercado. 4. Pull System: Essa etapa permite a inversão do fluxo produtivo, ou seja, torna a produção de empurrada para produção puxada. A produção não deve acontecer sem que haja demanda de consumo, se isso ocorrer, então a produção estará sendo empurrada para o consumidor sem garantia de consumo. O fluxo correto é o cliente puxar a produção conforme ele vai consumindo o produto. 5. Perfeição: Essa última etapa deve ser constante estar presente em todas as etapas de um processo produtivo. A busca pela melhoria contínua deve estar sempre pre- sente no pensamento da produção, a melhoria contínua consiste em eliminar gastos e no aumento da qualidade Estes cinco princípios, nessa ordem, servem como orientação de manufatura da filosofia Lean nas organizações. Constatou-se, no entanto, que seguir essas etapas rigorosamente, colocava em risco princípios e ideais da organização uma vez que a constante busca pela eliminação de custos acabou levando algumas empresas a ignorar processos fundamentais para uma organização como a inovação de produtos, serviços e processos. Outro erro embutido nes- sas etapas é que era considerado a criação do valor apenas pela visão do cliente, quando se deve considerar outras visões como as dos investidores, por exemplo (SARKAR, 2008). Existem várias cadeias de valor em uma organização, basicamente uma para cada stakeholder, em outras palavras, existe um valor para cada parte interessada no produto (clientes, fornecedores, patrocinadores, governo, entre outros). Muitas vezes as ações falham, pois, nem todas as partes interessadas estão envolvidas na mudança. Identificar os stakeholders, é fundamental para implementar uma transformação Lean em uma orga- nização (Sarkar, 2008). 41UNIDADE II Gestão da Produção Pinto (2008) descreve que a deve sempre haver uma troca vantagem de ambas as partes (empresa-stakeholder). Todo mundo quer sair ganhando e para que uma empresa continua sendo apoiada pela sociedade em que está inserida, a mesma deve ganhar tam- bém, por exemplo. O autor explica ainda que é necessário ter conhecimento do que gera e o que não gera valor para as partes interessadas para que se possa elaborar estratégias de como satisfazer o mesmo. Por este motivo, os princípios deixaram de ser cinco e passaram a ser sete, definidos a seguir: 1. Conhecer bem os stakeholders: Focar no cliente continua sendo fundamental, no entanto não deve ser o único foco. A empresa deve concentrar seus esforços em todas as condições externas que influenciam diretamente ou indiretamente seu produto final. Em outras palavras, um dos focos continua sendo o cliente final uma vez que será ele que irá consumir e avaliar positivamente ou negativamente o produto, no entanto a cadeia de valor não começa e termina no cliente, ou seja, no meio do caminho deve-se dar atenção a outros fatores também. 2. Definição de valores: Empresas devem definir seus valores no que é ético e moralmente aceito. Empresas que ultrapassam as barreiras ambientais ou que possuem regimes de maus tratos aos seus funcionários não são empresas competitivas e estão sujeito a quedas a qualquer momento. 3. Definição das cadeias de valor: Por terem valores diferentes, dentro da organi- zação, deverá ser definido para cada um dos interessados (Stakeholder) sua respectiva cadeia de valor; 4. Otimizar o fluxo: Deve-se buscar a máxima sincronização de pessoas, materiais, informação e capital para que desta forma a empresa possa obter lucro por meio da agre- gação de valores em seus processos sem prejudicar o cliente final e satisfazendo ambas as partes. 5. Sistema Pull – A implantação do sistema pull (sistema puxado) em todas os pro- cessos, fará com que seja o cliente (e de forma indireta, os outros stakeholders) a liderarem os processos produtivos. O cliente irá puxar o pedido e esperará da empresa uma resposta rápida de produção, evitando dessa forma o estoque excessivo sem necessidade. 42UNIDADE II Gestão da Produção 6. Procura da perfeição: A melhoria contínua deve ser incentivada de forma cons- tante em todos os setores de uma empresa visando sempre a satisfação de todas as partes envolvidas em um processo de produção para que desta forma se possa atender a todas as expectativas criadas, principalmente as do cliente. 7. Inovar: Novos processos e novos produtos podem ajudar uma empresa a faturar mais, a inovação por tanto, pode ser/é um dos meios de crescimento de uma empresa. Na atualidade, o cliente está se tornando cada vez mais o centro e a razão de todas as movimentações dentro das organizações e é por isso que o conceito Lean está baseado em um conjunto de princípios que ajudam a reduzir ou até mesmo a eliminar desperdícios visando a simplificação da forma de produção porém produzindo bem e com a qualidade esperada e desejada pelo cliente final. REFLITA “Custos não existem para serem calculados. Custos existem para serem reduzidos.” Taiichi Ohno – Frase fora de Contexto. 43UNIDADE II Gestão da Produção SAIBA MAIS Veja a seguir 7 empresas que aplicaram o Lean Manufacturing com sucesso: 1. Toyota: Não fosse o pioneirismo da Toyota talvez a indústria automobilística não tivesse evoluído com tanta rapidez e qualidade como vimos ao longo do anos. 2. Nike: Do setor automobilístico para o de calçados e vestuário, a Nike é outra das empresas que aplicam o lean manufacturing com sucesso. O lean manufacturing re- duziu em 15% as práticas de trabalho ruins nas fábricas da empresa localizadas no exterior. A implantação do lean manufacturing valorizou mais o esforço das equipes de trabalho. Essa motivação do time, por sua vez, influenciou positivamente a performance da empresa como um todo. Algumas das iniciativas de destaque foram: -Fair Labor Association com quem a Nike criou indicadores de desempenho e fornecimento sustentável; -Sustainable Apparel Coalition emparceria com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA e outros fabricantes para economizar dinheiro em energia e materiais residuais. 3. John Deere: A multinacional John Deere é outra das empresas que aplicam lean manufacturing com sucesso no setor de produção de equipamento industriais, máqui- nas e implementos agrícolas. Para alinhar sua produção com os princípios lean, a em- presa que é a maior fabricante de produtos agrícolas do mundo, investiu um orçamento de US$ 100 milhões. 4. Intel: A Intel é a maior fabricante de soluções e produtos de informática do mundo. Das gerações de processadores, passando por softwares até computador e notebooks, a Intel é uma das empresas que aplicam o lean manufacturing para fornecer soluções de qualidade. 5. Ford: Henry Ford foi o fundador da empresa automobilística Ford e um visionário que lançou as primeiras discussões sobre resíduos nos anos 1910. O que torna a companhia outra das empresas que aplicam lean manufacturing com sucesso até hoje. 6. Textron: A Textron Systems não só é uma das empresas que aplicam lean ma- nufacturing como tem seus próprios ‘Padrões Lean Six Sigma Textron’. O manual é um conjunto de ferramentas e técnicas aplicadas em todas as áreas funcionais da empresa para eliminar desperdícios, reduzir variações e impulsionar o crescimento e a inovação no negócio. 7. Kimberly-Clark Corporation: A Kimberly-Clark é outra das empresas que aplicam o Lean Manufacturing com sucesso. A implementação da metodologia lean veio com a ajuda de uma consultoria terceirizada que revisou todo o processo de logística da empresa. Antes disso, os funcionários da fábrica estavam insatisfeitos com os longos turnos e as horas extras e o absenteísmo estava em 10%. O lean manufacturing fez com que a Kimberly-Clark gastasse mais em envolvimento e desenvolvimento da equipe, o que significou uma redução no absenteísmo e uma melhoria na eficiência trazida pela elevação da moral de todos. Fonte: Sander, C. 7 empresas que aplicam o Lean Manufacturing com sucesso. Disponível em: <https://caetreinamen- tos.com.br/blog/lean-manufacturing/empresas-que-aplicam-lean-manufacturing/> Acessado em: 18 de março de 2020. https://www.toyota.com.br/ https://www.nike.com.br/ https://theleadershipnetwork.com/article/how-nike-used-lean-manufacturing https://theleadershipnetwork.com/article/how-nike-used-lean-manufacturing https://caetreinamentos.com.br/blog/processos/como-implantar-lean-manufacturing/ http://www.fairlabor.org/ https://apparelcoalition.org/ https://www.deere.com.br/pt/index.html https://www.intel.com.br/content/www/br/pt/homepage.html https://www.ford.com.br/ https://www.textron.com/ http://www.kimberly-clark.com.br/ https://www.xerpa.com.br/blog/significado-de-absenteismo/ 44UNIDADE II Gestão da Produção CONSIDERAÇÕES FINAIS Encerramos mais uma unidade da nossa disciplina. Na apostila dois aprendemos como deve ser realizado a avaliação de desempenho organizacional. É necessário avaliar não apenas o desempenho da indústria como um tudo e seus resultados, mas também os gestores que cuidam de cada um dos processos e para isso são fundamentais a participação dos líderes. Aprendemos também alguns parâmetros a serem levados em conta na elabo- ração do sistema de avaliação do desempenho organizacional. Em um segundo momento da nossa apostila, introduzimos conceitos relacionados aos diferentes sistemas modernos de produção, começamos do mais antigo, conhecido como Taylorismo e chegamos ao mais atual, conhecido como Volvismo além de ser apresentado vantagens e desvantagens de cada um dos sistemas. Por fim, concluímos e encerramos nossos estudos com a introdução dos conceitos de Manufatura Enxuta (Lean Manufacturing), conceito do qual é base para o aumento de lucro e a diminuição de gastos e desperdícios. 45UNIDADE II Gestão da Produção LEITURA COMPLEMENTAR Como sugestão de leitura complementar, sugiro o artigo intitulado “APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DO LEAN MANUFACTURING: ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA DE REMANUFATURA”. O trabalho tem como objetivo verificar se as ferramentas do Lean Manufacturing podem contribuir positivamente para processo de remanufatura, e como impactam na redução de desperdícios. Como resultado os autores obtiveram que o tempo de estoque entre os processos foi reduzido em 55% através do agrupamento de operações, implantação do fluxo contínuo e sistema puxado. O tempo de processamento foi reduzido em 10% com melhorias no tempo de ciclo e eliminação de etapas, permitindo uma redução do lead time em 75%. Estas ações acarretaram na diminuição da mão de obra em 41%. Fonte: CITTATINI, C. GHISINI, J. A. S. HILSDORF, W. C. APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DO LEAN MA- NUFACTURING: ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA DE REMANUFATURA. XXXVII ENCONTRO NA- CIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. Joinville, 2017. 46UNIDADE II Gestão da Produção MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: Princípios de Administração Científica • Autor: Frederick Taylor • Editora: LTC • Sinopse: Fundamental e clássico da Administração Científica. Referência para quem planeja, executa ou é gestor em depar- tamentos e empresas, este livro, de Frederick Taylor, apresenta exemplos e situações reais extraídas da experiência do autor no ambiente fabril. Taylor foi um homem à frente de seu tempo, por sempre analisar e testar suas teorias, verificando se eram ou não aplicáveis para a ampliação da produção com o menor custo, e é considerado o pai da Administração Científica. FILME/VÍDEO • Título: Tempos Modernos • Ano:1936 • Sinopse: O icónico Vagabundo está empregado em uma fábrica, onde as máquinas inevitável e completamente o dominam e vá- rios percalços o levam para a prisão. Entre suas passagens pela prisão, ele conhece e faz amizade com uma garota órfã. Ambos, juntos e separados, tentam lidar com as dificuldades da vida mo- derna, o Vagabundo trabalhando como garçom e, eventualmente, um artista. 47 Plano de Estudo: • Melhoria contínua-kaizen; • Redução do tempo de setup; • Controle de qualidade integrado jidoka. Objetivos de Aprendizagem: • Contextualizar as etapas do Kaizen; • Compreender a implantação de técnicas de redução do tempo de setup; • Estabelecer a importância da ferramenta japonesa de qualidade conhecida como Jidoka e como ela auxilia para a manufatura Lean. UNIDADE III Linha de Produção e a Melhoria Contínua Professor Mestre Felipe Delapria Dias dos Santos 48UNIDADE III Linha de Produção e a Melhoria Contínua INTRODUÇÃO Sejam bem-vindos a nossa terceira apostila da disciplina de Manufatura Enxuta, aproveitaremos a base dada pelas apostilas anteriores da disciplina para introduzir concei- tos que em conjunto com o que já foi discutido, nos ajudará a obter sucesso na implantação de uma manufatura Lean. Nessa apostila iremos aprender sobre a ferramenta japonesa de melhoria contínua conhecida como Kaizen, discutiremos sua origem e suas fases de implementação. Posteriormente veremos também como ocorre redução do tempo de setup, onde devemos focar para que o tempo seja reduzido, além de trabalhamos com dicas e etapas de redução. Por fim, para finalizar nossa terceira apostila, aprenderemos mais uma ferramenta japonesa, dessa vez será o “Jidoka”, que nada mais é que uma ferramenta de controle de qualidade integrada que junto ao Kaizen e outras ferramentas como a TPM, proporcionam alta qualidade de produção, produção enxuta e desperdício tendendo a zero. 49UNIDADE III Linha de Produção e a Melhoria Contínua 1 MELHORIA CONTÍNUA - KAIZEN Knabben (2001) explica que “Kaizen” não é uma ferramenta da Produção Enxuta, mas sim uma filosofia e que tal filosofia é muito aplicada na Produção Enxuta. A ferramenta Kaizen auxilia na transformação de uma produção normal para uma produção enxuta (lean). O autor diz ainda que para a implantação dessa ferramenta, faz-se necessário grande nível de esforço por parte dos funcionários para ser implantada e para permanecer implantada. O vem acontecendoé a implantação com sucesso de ferramentas da qualidade, no entanto elas vem se perdendo durante o tempo, ou seja, não permanecem implantadas e isso deve mudar com o auxílio da cultura de melhoria constante. Ainda de acordo Knabben (2001), a palavra “Kaizen” possui sua origem do japonês, “kai” significa mudança e “zen” significa “boa” no entanto não existe uma tradução própria para a palavra “kaizen”, o que pode dificultar um pouco o entendimento. O conceito de kaizen quer dizer que todas as pessoas devem estar melhorando todas as coisas o tempo todo. Os autores Rother e Shook (1999) escrevem que existem dois tipos de Kaizen: ● Kaizen de Fluxo ou de Sistema: Esse tipo de kaizen possui seu foco no fluxo de valor, dirigido ao gerenciamento em específico; ● Kaizen de Processo: Possui seu foco em processos individuais, dirigido às equipes de trabalho e líderes de equipe. 50UNIDADE III Linha de Produção e a Melhoria Contínua EVENTO KAIZEN (EK) O “Evento Kaizen” nada mais é do que uma técnica com a funcionalidade de im- plantação de melhoria contínua em processos produtivos e em processos administrativos. O projeto representa em um curto período de tempo (geralmente de 1 dia à 7 dias) uma grande mudança, é uma técnica de melhoria rápida, de baixo custo e de alta participação do nível operacional (CHAVES, 2010). Segundo Nazareno (2008) o conceito de Evento Kaizen vem se popularizando nas empresas e isso é graças a mudança de prioridade na melhoria que as empresas estão enxergando. Antigamente a melhoria era realizada apenas na própria função de cada fun- cionário, dessa forma, os esforços os esforços para melhoria são grandes, já no sistema EK (Evento Kaizen), diminui-se o esforço para provocar a melhoria. Ainda de acordo o autor, o fracasso é praticamente certo neste contexto de melhoria desestruturada, longa e com pouco recurso humano e/ou financeiro. Já uma mudança implementada com o auxílio do Evento Kaizen acontece em um curto período de tempo com exclusiva dedicação dos funcionários envolvidos e tendo como prioridade os recursos da fábrica e no acesso amplo à informação. Chaves (2010) explica que Eventos Kaizen são eventos altamente concentrados, ou seja, o foco está em apenas uma máquina ou em um processo para que possa ter o sucesso em curto espaço de tempo. O autor cita um exemplo de evento kaizen para a redução de tempo de setup, geralmente nesse caso, tudo é voltado para uma máquina em específico. Nazareno (2008) descreve as características que um Evento Kaizen deve possuir: ● Formação de equipe de até 12 pessoas; ● Cumprir a missão em no máximo 5 dias; ● A equipe deve focar inteiramente em seu objetivo; ● Regime de dedicação exclusiva para que outras atividades não atrapalhem; ● Prioridade na utilização de recursos fabris e na obtenção de informações. Natu- ralmente, por uma questão de bom senso e organização, recomenda-se alertar a todos das áreas de suporte que essa ajuda possa vir a ser necessário. Para facilitar o planejamento do Evento Kaizen, o Nazareno (2008) sugere a divisão do mesmo em três etapas: 1. Pré Kaizen 2. Evento Kaizen 3. Pós Kaizen 51UNIDADE III Linha de Produção e a Melhoria Contínua A) PRÉ KAIZEN As atividades de Pré Kaizen se consistem de várias atividades de concepção e pre- paração de infra-estrutura, com o objetivo de facilitar a implantação, deixando tudo pronto para o Evento Kaizen. É nesta etapa que deve acontecer a definição dos membros que irão participar da equipe Kaizen. As atividades que acontecem no período de Pré Kaizen não necessariamente devem ser realizadas pelos participantes do evento, podendo ser reali- zado pelos idealizadores do processo, ou seja, pela equipe de melhoria CHAVES (2010). Segundo Endere (2010), a equipe Kaizen deve ser formada por pessoas da área que se deseja aplicar a melhoria além de pessoas de outras áreas que possam estar liga- das e auxiliar. O líder da equipe deve possuir conhecimento e competência em gestão e coordenação de atividades do time multifuncional. Uliana (2010) descreve regras para a formação das equipes: ● O voto de todo participante deve ter o mesmo peso; ● Devem ser escolhidas para participar as pessoas que têm influência sobre os outros de sua equipe de trabalho, que não participarão do Evento Kaizen; ● Não devem ser convocadas pessoas que sairão de férias após o Evento Kaizen; ● Não podem ser convocadas pessoa que em um curto período de tempo serão dispensadas da companhia. Algumas medidas e atitudes devem ser tomadas na fase Pré Kaizen, todos os participantes da equipe devem estar cientes de seu papel, da finalidade e de suas impli- cações. Além disso, é importante dizer também que antes de iniciar o projeto um estudo aprofundado do fluxograma de processos deve ser realizado para que seja identificado com clareza o gargalo da empresa para que desta forma, o processo seja ocorra da melhor forma possível Uliana (2010). B) EVENTO KAIZEN Segundo Endere (2010), o Evento Kaizen é geralmente estruturado para 5 dias de evento, dividido da seguinte forma: ● Segunda-feira: capacitação, alinhamento, validação do novo sistema; levanta- mento e programação das atividades de implantação da semana; 52UNIDADE III Linha de Produção e a Melhoria Contínua ● Terça-feira: realização de ações de implantação; ● Quarta-feira: realização de ações de implantação; ● Quinta-feira: simulações de trabalho na situação implantada; definição de medi- das de acompanhamento; criação das novas instruções de trabalho juntamente com a área de qualidade; ● Sexta-feira: realização da apresentação final do evento. Chaves (2007) relata a importância do processo, pois além de gerar melhorias tem como objetivo também o de desenvolver competências relacionadas a produção enxuta e melhoria contínua dos trabalhadores. Por este motivo os colaboradores precisam ser treinados, tanto nos conceitos de produção Lean e suas ferramentas, quanto nos conceitos relativos ao processo de mudança. C) PÓS-KAIZEN Como nem tudo pode ser previsto, é comum que surjam imprevistos ou atividades extras não programas na semana do Evento Kaizen, por essa razão, o líder deve estabele- cer prazos para que as atividades sejam cumpridas. Se porventura, houver atividades que não possam ser implementadas no tempo de 5 dias, então ela entrará para a categoria de Atividades Kaizen de Trinta Dias, definido por Perin (2005). Estas atividades bem como aquelas que não poderiam ser implementadas na se- mana Kaizen devido ao seu curto tempo de implementação são as atividades do chamado Kaizen de trinta dias, definido por Perin (2005). O Pós-Kaizen consiste nas atividades de manutenção das melhorias implan- tadas, que chamamos de sustentabilidade. Para que não se perca as melho- rias implantadas via Evento Kaizen, é muito importante que as pessoas que componham a equipe estejam diretamente envolvidas no processo foco do evento em questão, pois dessa maneira estas pessoas se preocuparão mais em manter o que foi feito” (CHAVES, 2010, p. 58). Uliana (2010) relata a importância do acompanhamento das implementações reali- zadas no Evento Kaizen, esse acompanhamento consiste em reuniões diárias ou semanais com os líderes responsáveis e com seus respectivos gerentes que deve trazer informações a reunião de como está o processo implantado, dúvidas e dificuldades. 53UNIDADE III Linha de Produção e a Melhoria Contínua Perin (2005) realça a importância da proatividade e do empenho que a equipe deve ter manter as melhorias implantadas, além de finalizar as ações pendentes e continuar o processo de mudança sempre para melhor. Endere (2010) escreve que é praticamente impossível que saia tudo perfeito em apenas 5 dias de evento, portanto, é na fase do pós-kaizen deve-se ter uma atenção re- dobrada aos efeitos e sinais que as alterações de processo irão mostrar, podendo ser um evidenciando um desperdício
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