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DERMATOLOGIA INFESTAÇÕES CONCEITO · Ato ou efeito de infestar · Denominação dada à situação patológica provocada pela existência de parasitas no corpo (no interior do organismo ou na superfície corporal) · Principais exemplos na medicina: vermes, insetos, ácaros, piolhos, moscas PRINCIPAIS INFESTAÇÕES DE INTERESSE DA DERMATOLOGIA · Escabiose (é a principal) · Pediculose da cabeça · Ftiríase · Pediculose do corpo · Tunguíase · Miíase cutânea ESCABIOSE · É causada por um ácaro, que causa a coceira · Parasitose causada por ácaro hospedeiro específico para humanos · Agente etiológico: Sarcoptes scabiei variante hominis · Alvo preferencial → Epiderme · Problema de saúde pública universal · Acomete todas as idades, etnias, gêneros · Crianças preferencialmente acometidas · Maior prevalência em países pobres e populações de baixa renda (devido aglomeração, má higiene) · Fatores de risco → aglomerados, guerras, desastres naturais, campos de concentração · Transmissão direta → contato íntimo pessoal ou sexual · Transmissão indireta → via fômites · Disseminação comum em membros da mesma família · Ciclo de vida do ácaro: · Dura em média 30 dias · Fêmea deposita de 2 a 3 ovos por dia · 10 dias para amadurecimento dos ovos - *trata o parasita, os ovos não morrem, por isso precisa repetir o tratamento!!! · Patogênese: · O ácaro mede 0,35 x 0,3 mm (não identificável a olho nu) · Formam túneis na pele devido ao escavamento epidérmico · Reação imunológica de sensibilização do hospedeiro → lesões cutâneas (pápulas) e prurido · Período de incubação → 3 a 4 semanas · Indivíduos com infecção assintomática podem ser carreadores · Manifestações clínicas: · Pápulas eritematosas pequenas + escoriação (bolinhas vermelhas por todo o corpo, a pessoa coça muito - vai ter marcas de escoriação) · Vesículas, nódulos endurados, eczema · Túnel tortuoso → sinal clínico patognomônico (nem sempre fácil de identificar) · Localização → áreas interdigitais das mãos, face flexora dos punhos, axila, região retroauricular, cintura, nádegas, região inguinal, tornozelos, pés, mamas, aréola, vulva, pênis e escroto *principalmente em áreas quentes · Prurido importante → preferencialmente noturno · Infecção bacteriana secundária (S. aureus e S. pyogenes) - porque coça, a mão não é limpa, podendo causar infecção secundária · Lactentes → vesiculopústulas acrais. Couro cabeludo, face e região palmoplantar · Imunocomprometidos → escabiose crostosa (Sarna Norueguesa) → hiperqueratose acentuada principalmente em regiões acrais, lesões disseminadas · Diagnóstico: · Lesões cutâneas + Prurido típico · Eosinofilia periférica · Microscopia direta com raspado cutâneo · Exame microscópico da fita adesiva · Dermatoscopia · Biópsia cutânea (histopatologia) - quando tem dúvida diagnóstica *Ocasionalmente visualização do ácaro na epiderme · Suspeita clínica + Resposta ao tratamento · Diagnóstico diferencial: · Dermatite atópica · Dermatite de contato · Eczema numular · Picadas de artrópodes · Piodermites · Dermatite herpetiforme · Histiocitose de langerhans · Tratamento: · Sempre repetir o tratamento 1 semana após (por causa dos ovos) · Tratar todos os moradores da casa simultaneamente, mesmo os assintomáticos · Ferver e lavar roupas de cama, vestimentas, etc · Animais de estimação não necessitam de tratamento · O prurido e as lesões podem persistir de 2 a 4 semanas após o tratamento → Uso tópico: · Permetrina (é uma loção) → usa em crianças maiores de 2 meses, adultos, gestantes, mulheres que estão amamentando · Precipitado de enxofre (5% em vaselina) → alta eficácia, uso em gestantes, crianças menores de 2 meses, possível irritação local, odor desagradável e mancha roupas → Uso oral: · Ivermectina → crianças com mais de 15 kg já pode indicar ivermectina PERMITRINA: · Piretroide sintético formulado em creme a 5% · Opção tópica padrão ouro no tratamento · Causa a paralisia do artrópode · Recomendado no tratamento de adultos e crianças · Evitar utilizar na face e couro cabeludo · Usar ao deitar por 2 dias consecutivos e repetir em 7 dias · Reações adversas raras – dor e queimação local - pode irritar a pele · Sinais de tolerância têm sido observados IVERMECTINA: · Causa a paralisia do artrópode · Contraindicada em crianças menores de 15 kg, gestantes e mulheres que estão amamentando · Altamente seguro e eficaz nos outros grupos · Dose única de 200mcg/kg é normalmente administrada e repetida com uma semana (1cp a cada 25-30 Kg) Tratamento PRURIDO: (paciente coça muito, não consegue dormir de tanto que coça) → Via oral: · Hidroxizine (comprimido) 25mg até 3x/dia em adultos · Hidroxizine (Xarope) 1ml a cada 20kg de peso de 3 a 4x/dia em crianças → Uso tópico: · Pomada de corticóide · Betametasona 0,1% + Gentamicina 0,1% (Diprogenta) nas lesões pruriginosas 2x/dia Tratamento ESCABIOSE CROSTOSA: (Sarna Norueguesa) · Internação hospitalar · Investigação de imunossupressão, desnutrição ou neuropatia · Ivermectina 6 mg via oral a cada 25 kg de peso. Repetir em 7 dias. Repetir novamente em 14 dias. · Permetrina tópica · Tratar comunicantes → inclusive equipe médica · Vaselina com ácido salicílico 3% nas lesões 2x/dia - para tirar as crostas · Tratar prurido! PEDICULOSES 3 tipos de piolhos PEDICULOSE DA CABEÇA (PIOLHO) · Inseto hematofágico da subordem Anaplura · Agente etiológico: Pediculus capitis · Pandemia sem restrições de classes sociais · Incidência de 12 milhões de casos por ano nos EUA · Crianças entre 3 e 11 anos são mais afetadas · Prevalência maior em meninas - devido o tamanho do cabelo · Prevalência muito menor em afrodescendentes - devido o tipo do cabelo, é mais difícil do inseto se instalar · Ciclo de vida: (ovo = lêndea) · Patogênese: · Ectoparasita do couro cabeludo - hospedeiro específico de aproximadamente 3 mm · Fêmea vive por 30 dias → deposita 5 a 10 ovos por dia na cutícula dos fios capilares · Ovos (lêndeas) medem 0,8mm e ficam próximos ao couro cabeludo · Prurido intenso decorrente da resposta imune secundária as excretas e saliva do piolho · Transmissão direta: Proximidade cabeça com cabeça · Transmissão indireta: Pentes, escovas, secadores, capacetes, roupas de cama, acessórios de cabelo · Período de incubação de 2 a 6 semanas na infestação primária. 24 a 48 horas nas infestações · Manifestações clínicas: · Infestações se limita ao couro cabeludo, área retroauricular (atrás da orelha) e raiz do pescoço (nuca) · Prurido intenso · Presença de lêndeas e/ou piolho adulto nos cabelos e couro cabeludo · Escoriação, eritema e descamação são achados comuns · Piodermite de couro cabeludo (S. aureus e S. pyogenes) · Manifestações sistêmicas raras: febre, irritabilidade, linfadenopatia · Diagnóstico: · Eminentemente clínico · Diagnóstico diferencial: · Dermatite seborreica · Psoríase (descamação do couro cabeludo) · Piedra branca ou preta (pedrinhas grudadas no couro cabeludo) · Tricorrex nodosa → fios muito quebradiços e parece que forma nódulos no fio do cabelo, confundindo com a lêndea · Tratamento: · Pediculicidas tópicos são a terapia padrão · Aumento do uso da Ivermectina devido a resistência crescente as medicações tópicas · Eficácia x Toxicidade · No mínimo duas aplicações com intervalo de 1 semana · Remover as lêndeas manualmente com pentes finos (vinagre + água morna) · Variedade grande de tratamentos naturais disponíveis (vaselina, óleo de oliva, óleo vegetal e mineral) · Tratar outras crianças de uma mesma família mesmo se assintomáticas PERMETRINA · Piretroide sintético mais utilizado mundialmente · Cremes, loções capilares, shampoos formulados de 1% até 5% · Aplicar o produto topicamente nos cabelos secos · Deixar agir por 10 minutos e enxaguar. Repetir em 1semana. · Aplicação por 8 a 12 horas pode aumentar a eficácia · Crescente resistência mundialmente · Eficácia razoável · Aprovado o uso em maiores de 2 meses · Possível dermatite de contato IVERMECTINA · Dose via oral de 200-400 mcg/kg. Repetir com 1 semana · Contraindicado em gestantes, lactantes e crianças menores de 15 kg · Eficácia excelente· Ótima opção para pacientes resistentes ao tratamento tópico · 95% de eficácia em pacientes resistentes num estudo controlado FRITIÁSE · Agente etiológico: Pthirus pubis (chato) · Prevalência maior em homens · Idade média de 15 a 40 anos · Infestações em todos os níveis sociais e grupos étnicos · Menor prevalência em descendentes asiáticos · Homossexuais são mais afetados (contato íntimo) · Correlação importante com atividade sexual promíscua · Considerada doença sexualmente transmissível · Transmissão indireta por fômites · Patogênese: · Ectoparasita de 1 mm – Mais curto e mais largo que o piolho · Os ovos se aderem aos pelos humanos e duram até 10 dias · Garras serrilhadas permitem percorrer toda a superfície corporal · Pode acometer o pubis, área perianal, axila, barba, bigode, cílios, supercílios, couro cabeludo · Ácaros podem migrar durante o tratamento para outras regiões · 60% dos pacientes são acometidos em mais de uma área pilosa · Manifestações clínicas: · Prurido intenso na região pubiana · Achados do parasita (cor da pele) e das lêndeas na base do pelo · Eritema perifolicular, escoriações e sinais de infecção secundária (menos comum) · Considerar possibilidade de outras DST · Diagnóstico: · Eminentemente clínico · Identificação do parasita e das lêndeas · Diagnóstico diferencial: · Piedra branca (micose) · Tricomicose pubiana e da axila · Escabiose · Picadas de outros artrópodes · Tratamento: · Semelhante a pediculose capilar · Permetrina creme a 5% é a terapia de escolha. Duas aplicações com intervalo de 1 semana · Aplicar em todas as regiões de pelos possivelmente infestadas · Fundamental tratar parceiros sexuais simultaneamente · Ivermectina oral reservado para casos resistentes e para infestações de cílios ou perianal PEDICULOSE DO CORPO · Agente etiológico: Pediculus humanus var. corporis · Infestação relacionada a situações de pobreza extrema, pouca higiene, guerras e desastres naturais · Encontrado em todas as regiões do mundo · Maior prevalência nos países pobres · Sem restrição quanto a idade, sexo ou etnia · Alta prevalência em moradores de rua · Patogênese: · Ectoparasita semelhante ao piolho do couro cabeludo, porém mais comprido (4 mm) · Seu ciclo de vida não depende do corpo humano · Infesta principalmente as roupas dos humanos · Necessita de falta de condições de lavagem e troca de vestimentas · Transmite microorganismos patológicos importantes através dos dejetos · Os dejetos entram pela pele escoriada completando a transmissão · Manifestações clínicas: · Os piolhos e as lêndeas são raramente encontrados na pele do paciente · Prurido intenso · Localização: Dorso, abdome, pescoço e ombros · Máculas eritematosas puntiformes, pequenas pápulas eritematosas, crostas e escoriações · Infecção secundária e linfadenopatia possíveis · Inspeção das roupas pode evidenciar o parasita e seus ovos · Diagnóstico clínico · Diagnóstico diferencial · Reações medicamentosas · Dermatite atópica ou de contato · Escabiose · Tratamento: · Vestimentas isoladas em sacos plásticos e incineradas · Tratamento tópico ou oral semelhante ao da escabiose · Desinfestação em massa de aglomerados pode ser utilizada TUNGÍASE · Agente etiológico: Tunga penetrans · Popularmente conhecida como bicho-de-pé · Ocorre em qualquer indivíduo exposto a pulga sem restrições · Clima tropical · Encontrado principalmente na América Central e do Sul, África, Índia e Paquistão · Patogênese: · Pulga não alada de cerca de 1 mm · Vive em solos úmidos e quentes · Depende de sangue animal para maturação sexual · Habilidade limitada de saltar (Infecta os pés) · A fêmea penetra até a derme superior e sofre hipertrofia até aproximadamente 1cm de diâmetro! · Cria na pele um nódulo com um ponto de saída central (Fecundação e fertilização dos ovos) · Expele mais de 100 ovos em 3 semanas e depois morre · Manifestações clínicas: · Picada da pulga → assintomática · Lesão clínica decorrente da penetração da fêmea · Lesão inicial → pequeno ponto preto que evolui para uma pápula perolada, por fim transformando numa nodulação · Nódulo com halo esbranquiçado claramente demarcado ao redor de ponto central preto. Eritema em zona periférica · Dor e prurido de graus variados · Quando a pulga morre uma crosta preta cobre a lesão involuída · Localização: Área periungueal dos pododáctilos, planta e espaços interdigitais · Ulceração, infecção secundária e linfangite menos comuns · Distrofia ungueal 🡪 comum quando infecção periungueal · Diagnóstico · Clínico · Diagnóstico diferencial · Miíase · Picadas de carrapato · Dermatite por cercária · Piodermites · Verruga plantar · CEC · Tratamento: · Ocorre regressão espontânea da lesão · Tratamento resolutivo é a remoção da pulga · Fase precoce → retirar a pulga com agulha estéril · Fase mais tardia → curetagem, eletrodissecção ou até excisão cirúrgica · Tratamentos tópicos com Ivermectina ou Tiabendazol aceleram a morte da pulga · Ivermectina oral ineficaz · Profilaxia para tétano · Medidas preventivas (usar calçados em áreas suspeitas) MIÍASE · Infestação da pele por larvas de moscas da ordem dos Diptera (Dermatobia hominis, Cordilobia anthropophaga, Cochliomyia hominivorax) · Infestação mundial com variações sazonais · Maior incidência nas regiões tropicais da África e das Américas · Preferência por ambientes quentes e úmidos · Sem predileção por idade, gênero ou etnia · Patogênese - ciclo de vida · As larvas alimentam-se de tecidos do hospedeiro (fluidos) · Miíase primária → a larva da mosca invade o tecido sadio e nele se desenvolve · Miíase secundária → a mosca deposita seus ovos em feridas · Qualquer localidade pode ser afetada (maior gravidade em seios paranasais, cavidade nasal e couro cabeludo) · Manifestações clínicas: - Miíase primária ou furunculoide · Pápula pequena e pruriginosa que se desenvolve em 24 horas aumentando para nódulo eritematoso de 1-3cm de diâmetro x 1 cm de largura com orifício central (a larva precisa respirar) · Lesão dolorosa com sensação de ferroada · Podem evoluir para lesões pustulo-crostosas - Miíase secundária · Ferida com presença de larvas dentro da cavidade · Diagnóstico clínico · Diagnóstico diferencial · Cisto epidermóide roto · Abscesso · Furúnculo · Reação de corpo estranho · Oncocercose · Tunguíase · Tratamento: · Não deve ser removida a força pelo orifício central · Desbridamento cirúrgico sob anestesia local · Oclusão com vaselina, parafina líquida, cera de abelha, etc → larva aeróbica, sobe para respirar → extração com pinça · Após remoção das larvas, curativos antissépticos + antibióticos tópicos se infecção secundária · Miíase secundária: Desbridamento + irrigação, ou remoção cirúrgica · Tratamento alternativo: Ivermectina oral principalmente no acometimento oral e orbital · Vacina anti-tetânica · Medidas preventivas: Repelentes, evitar roupas úmidas
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