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Isadora Albuquerque Medicina UnP TOXOPLASMOSE Causada pelo Toxoplasma Gondii. A prevalência acompanha a evolução do indivíduo (quanto maior a idade, maior a prevalência); Acredita-se que 80% da população atual já teve contato com a doença, possuindo, portanto, memória imunológica (se fizer a sorologia vai dar IgG positivo); A maioria das pessoas vai ter a infecção de forma assintomática, mas uma parte pode ter a tríade “febre + linfadenomegalias (ínguas) + mialgia”, evoluindo para cura sozinho; Uma minoria pode evoluir com a cronicidade da doença e conviver com isso pelo resto da vida, ou, na queda brusca do sistema imunológico, a doença pode reagudizar; Não é exclusiva dos humanos. Todos os mamíferos e aves, incluindo os golfinhos, podem ter toxoplasmose; Mas para essa doença se desenvolver ela precisa de hospedeiro definitivo (fase sexuada do ciclo) e hospedeiro intermediário (fase assexuada do ciclo): 1. Hospedeiros intermediários: todos os mamíferos e as aves. 2. Hospedeiros definitivos: os felinos, tanto silvestres como domésticos. Em especial, o GATO. O gato vai ter tanto a forma sexuada, quanto a assexuada. Então, chamamos o gato de hospedeiro completo. Por isso, são os únicos animais que conseguem eliminar algo no meio ambiente (ex: fezes contaminadas). O toxoplasma vai para o SNC dos roedores (ex: rato) e bloqueia o sensor de perigo deles, o que faz ele não enxergar o gato como um predador e facilitar sua morte. O gato que se alimenta do rato, por sua vez, ingere os infectantes e a doença se dissemina através das fezes deste. Toxoplasmose é uma doença natural dos roedores, que encontrou os gatos como veículos para sua disseminação (por ser um animal capaz de desenvolver e eliminar formas infectantes da doença). Isadora Albuquerque Medicina UnP Pessoa se contamina com o zoito – ele entra na célula, se multiplica rapidamente e provoca a destruição desta (da célula) - depois eles penetram em outra célula, e assim vai sucessivamente. Então a maioria das pessoas vão evoluir para a cura. Toxoplasma = zoito (em forma arco de banana ou de meia lua) O que acontece quando a pessoa evolui para a forma crônica? Por ação do sistema imune, esses zoitos vão entrar numa célula e vão se multiplicar devagar (5 – 10 anos). Essa célula, agora, vai permitir uma elasticidade maior, ficando repleta de zoitos, mas sem romper. Como essa fase depende do sistema imune, uma imunodepressão faz a doença sair da fase crônica e reagudizar. OBSERVAÇÃO O zoito na fase aguda é chamado de taquizoito, uma vez que seu desenvolvimento ocorre de forma acelerada. O oposto ocorre na fase crônica, sendo chamado de bradizoitos (formando uma espécie de cisto). FORMAS INFECTANTES 1. Taquizoito: Presente na fase aguda/proliferativa da infecção; Multiplicação rápida (endodiogenia) Isadora Albuquerque Medicina UnP Forma livre/móvel: tem um estágio temporário, mas está sempre rompendo; É encontrado no sangue, nos fluídos biológicos de forma geral; Sinonímias: trofozoíto, forma livre ou proliferativa; Pouco resistentes à ação do suco gástrico, sendo inativadas quando passam pelo estômago. Caso haja uma quantidade muito grande, alguns podem escapar. Encontrado no leite não pasteurizado (leite que sai direto da vaca), em transfusões sanguíneas e em transplante de órgãos; 2. Bradizoito: Presente na fase crônica; Encontrado dentro do vacúolo parasitóforo; Presente em vários tecidos; Sinonímia: cisto, cistozoíto Por estar protegido por um envoltório da célula (está dentro dela) e da musculatura onde encontra-se, ele consegue passar pelo suco gástrico, sendo liberado no intestino. Assim, dizemos que ele é resistente à ação do suco gástrico; Encontrada na carne crua ou mal passada, pois está dentro do músculo (forma tecidual); 3. Oocisto: Produzido nas células intestinais dos felinos (gatos); Esféricos, parede dupla; Forma de resistência; Essa forma suporta 1-2 anos no meio externo na forma de resistência. Portanto, se um gato defecar em 2018, quando for em 2020 ainda pode ter lá. Resiste à ação de desinfetante e ao sol; http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.ufrgs.br/para-site/Imagensatlas/Protozoa/Imagens/bradi3.jpg&imgrefurl=http://www.ufrgs.br/para-site/Imagensatlas/Protozoa/Toxoplasma.htm&h=304&w=400&sz=46&tbnid=Sy1ZXU5bu1EJ:&tbnh=91&tbnw=120&hl=pt-BR&start=47&prev=/images?q=toxoplasma+gondii&start=40&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&sa=N Isadora Albuquerque Medicina UnP O oocisto se desenvolve dentro do gato, que o elimina ainda na forma imatura. Esse oocisto imaturo em contato com o ambiente (oxigênio) vai esporular, formando os esporocistos que envolvem os esporozoítos; 1 oocisto possui 2 esporos (chamados esporocistos) e dentro de cada esporo, temos 4 zoítos (denominados esporozoítos) Pode ser encontrado na salada mal lavada que foi previamente contaminada com as fezes do gato. OBSERVAÇÃO Bradizoítos e oocisto sã as formas revestidas, mas passou pela ação da pepsina, tripsina, ác. Clorídrico e suco gástrico, essas formas se debelam, transformando-se em taquizoítos (forma livre). Ou seja, eu posso me contaminar com uma das 3 formas, no entanto, os taquizoítos permanecem nessa forma e as outras 2 vão se transformar nela depois do processamento gástrico, onde liberam os zoítos (zoíto livre = taquizoíto). Com os taquizoítos livres, vamos ter a forma aguda: multiplicar, romper, multiplicar e romper novamente, infectando, assim, toda célula que tenha núcleo. Então as únicas células que se salvam são as hemácias, as demais podem ser infectadas. Como nas aves as hemácias têm núcleo, então nesses animais até as hemácias podem ser infectadas. CICLO BIOLÓGICO Ciclo heteroxeno Hospedeiros definitivos gatos; Hospedeiros intermediários homem, outros mamíferos e aves Fase assexuada Em vários tecidos de diversos hospedeiros (aves, mamíferos inclusive gatos e outros felídeos) Fase sexuada ou coccidiana Células do epitélio intestinal de gatos e outros felídeos não-imunes Qualquer mamífero ou ave pode transmitir essa doença. Isadora Albuquerque Medicina UnP O toxoplasma resiste à refrigeração por vários dias, por isso que carne crua ou mal passada transmite. No entanto, no aquecimento ele é inativado. TRANSMISSÃO Ingestão de carne crua ou mal cozida (bradizoítos); Ingestão de verduras contaminadas com oocistos; Ingestão de leite não pasteurizado (taquizoítos); Transmissão congênita; Transplante de órgãos (cistos/bradizoítos). Isadora Albuquerque Medicina UnP PATOGÊNESE Depende de: 1. Cepa do parasito; 2. Resistência do hospedeiro Toxoplasmose adquirida ou pós-natal Desde casos benignos até a morte Dependendo da localização do parasito: Ganglionar ou febril aguda; Ocular; Encefalite. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Toxoplasmose pós-natal (adquirida): sem toxoplasmose na vida intrauterina. Primeira forma: assintomático e fica curado; Segunda forma: mialgia, adenopatia, cefaléia e febre. Período de incubação: 1 a 4 semanas; Lesões oculares pode ocorrer, sendo, a principal delas, a coriorretinite; Cronicidade da lesão; Marcador sorológico IgG; Em imunodeprimidos pode levar a formas que atinjam o SNC; Reativação de infecção. Toxoplasmose pré-natal (congênita): Primeiro trimestre de gestação: aborto; Segundo trimestre de gestação (4º - 6º mês): Aborto ou nascimento prematuro; Normal (a termo) ou anomalias graves típicas (Síndrome de Sabin): NORMALMENTE ACONTECE EVOLUÇÃO NORMAL DA GRAVIDEZ, MAS A CRIANÇA NASCE COM A SÍNDROME DE SABIN. SÍNDROME DE SABIN Alterações observadas: alteração do volume craniano (podeser macro ou microcefalia), hidrocefalia, calcificação cerebral, perturbações neurológias, problemas oculares, etc. Coriorretinite 90% Calcificações cerebrais 69% Isadora Albuquerque Medicina UnP Perturbações neurológicas 60% Alteração do volume craniano 50% Terceiro trimestre Normal, com evidências da doença posteriormente, durante o acompanhamento mês a mês. Como a organogênese do feto já aconteceu quase toda, as complicações são menores. Ex: bebê nasce com estrabismo, problemas auditivos, percepção dos sentidos diminuída, etc. DIAGNÓSTICO Forma congênita: Gestante em fase aguda (primo-infecção): Marcador sorológico – IgM Risco de transmissão aumenta com o tempo de gravidez; Primeiro trimestre – 25%; Segundo trimestre – 40%; Terceiro trimestre – 65%; Gravidade da doença no feto é inversamente proporcional ao tempo de gestação Clínico Deve ser confirmado; Laboratorial Demonstração do parasito; Pesquisa de taquizoíto; PCR. Testes sorológicos Teste do corante ou Sabin Feldman; RIFI, HAI, ELISA, Western blot. Toxoplasmose no recém-nascido Pesquisa de IgM método de escolha; IgG: se a titulação for muito baixa, pode ser excesso de sensibilidade do Kit. Título de IgG maior que o da mãe em 2x; Elevação dos títulos de IgG; Persistência de reação positiva após 6 meses. IgA. CASOS CLÍNICOS 1º CASO: IgM e IgG para toxoplasmose, com ambos resultados negativos: Não foi exposta, nunca teve a doença, não tem proteção, ou seja, estar suscetível. 2º CASO: IgM positivo e IgG negativo: fase aguda da doença. Tem que começar o tratamento para evitar que passe para o feto. Isadora Albuquerque Medicina UnP 3º CASO: IgG positivo e IgM negativo: Já teve a doença, agora tem só o anticorpo de memória. 4º CASO: IgG e IgM positivos: ou está na fase aguda entrando na crônica, ou tá na crônica entrando na aguda, aí fazemos um teste de avidez (lembrando que teste de avidez é IgG). Observação: quanto maior a avidez, mais antiga é a infeção, ou seja, é melhor. EPIDEMIOLOGIA. Zoonose frequente em mamíferos e aves; Zoonose cosmopolita; Alta prevalência sorológica – BR 50-80%; Grave – recém-nascidos e imunodeprimidos; Prevalência de infecção na população aumenta com a idade; Então, 80% das pessoas adquirem toxoplasmose sozinha; Uma minoria dos gatos vai para a fase crônica, uma minoria da minoria pode vir a agudizar; O gato de rua, gato andarilho, adulto, provavelmente já teve toxoplasmose e estão imunes; Gato jovem com a doença, transmite por 3 semanas, depois disso, para de transmitir; Agora, os gatos jovens é que são não imunes: gatos jovens domésticos, vacinados e com ração adequada, não tem problema. O problema está no gato jovem que frequenta sua casa, mas mora na rua, esse pode ter toxoplasmose. Se a gestante for negativa e tiver um gato adulto (se for o jovem ele ainda é não imune), recomendamos o afastamento por precaução, mas na prática não há risco. Profilaxia em casos de arranhões: lavamos com água corrente e depois colocamos hipoclorito, que vai penetrar, realizando uma higienização mais profunda. TRATAMENTO Pirimetamina; Sulfadiazina ou sulfadoxina; Toxoplasmose ocular: prednisona. Para mulheres gestantes: Espiramicina e pirimetamina (“sequestra” o ácido fólico, então precisa ser administrado junto com reposição de ác. Fólico); Até a 16ª semana usa a espiramicina e depois que entra a pirimetamina, a espiramicina vai ser só parasitostática, inibindo a replicação, pirimetamina vai ter uma atuação na placenta. Em não gestantes: sulfadiazina, pirimetamina, e corticoide (se for sintomático). Isadora Albuquerque Medicina UnP PROFILAXIA Educação sanitária (Lavar as mãos regularmente, sobretudo após a manipulação de alimentos e antes das refeições); Evitar fezes e contato com gatos; Limpeza de caixas de areia (evitar contato com areia de gatos e lavar as mãos após o procedimento. Grávidas não podem ter contato com esse tipo de areia); Gatos domésticos: se não trocar a areia todos os dias o ideal é que se cubra a caixa de areia quando o animal não for mais utilizar no dia; Controle de insetos sinantrópicos; Não ingerir carne crua ou mal cozida; Não ingerir leite cru/ não pasteurizado; Higienização adequada das verduras Manter o gato bem alimentado e sem acesso à rua para ele não caçar e se contaminar; Evite acariciar cães que andem soltos; Controle ratos e insetos como moscas, baratas e formigas, descartando corretamente o lixo doméstico e os dejetos das criações de animais; Lave bem as mãos e as unhas após trabalhar na terra (horta ou jardim)
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