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Imobilidade e Síndrome da Imobilidade

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Imobilidade e Síndrome da Imobilidade
Introdução 
Após os 75 anos a perda funcional 
ocorre de forma corriqueira, em maior 
velocidade , levando-nos à conclusão 
de que essa idade é, então, um divisor 
de águas. 
Para um idoso com expectativa de 
vida de 10 anos, apenas 4 anos 
estarão livres de complicações graves. 
É justamente esse grupo que vai 
passar grande proporção de sua 
expectativa de vida confinado ao 
leito. 
Como podemos definir idoso 
fragilizado? 
podem ser definidos como indivíduos 
que têm > 75 anos, dependem de 
terceiros para atividades da vida diária 
(AVD), vivem geralmente em 
instituições, são incapazes de 
movimentar-se, usam múltiplos 
fármacos, são desnutridos e 
apresentam alterações nos exames 
laboratoriais. São geralmente 
mantidos confinados no leito e, devido 
a essa imobilidade, adquirem ou 
evoluem para outras complicações, que 
chamamos de síndrome de 
imobilização (SI). 
A SI, trata-se, portanto, de todo um 
complexo de alterações que 
repercutem negativamente sobre o 
organismo, tendo origem na 
imobilidade”. 
Desconhecendo a síndrome e 
assustadas com a situação do 
paciente, as famílias são incapazes de 
mantê-los no domicílio devido a 
questões financeiras, complexidade 
nos cuidados e custos, além da falta 
de apoio técnico do sistema de saúde. 
Resta aos cuidadores um único 
recurso possível, a internação asilar 
ou hospitalar para esses pacientes, 
onde, geralmente, eles vêm a falecer. 
 
Definição 
Na posição supina prolongada, a força 
da gravidade sobre nosso corpo é 
menor e daí surgem a perda óssea, 
muscular etc. 
Definições para estabelecimento da 
síndrome, especificando seus critérios 
para depois apontar suas causas e 
características: 
o Síndrome: conjunto ou complexo de 
sinais e sintomas que ocorrem ao 
mesmo tempo, que individualizam 
uma entidade mórbida e podem ter 
mais de uma etiologia 
o Imobilidade: ato ou efeito 
resultante da supressão de todos os 
movimentos de uma ou mais 
articulações em decorrência da 
diminuição das funções motoras, 
impedindo a mudança de posição ou 
translocação corporal 
o Síndrome de imobilização: 
complexo de sinais e sintomas 
resultantes da supressão de todos 
os movimentos articulares, que, por 
 
 
conseguinte, prejudica a mudança 
postural, compromete a 
independência, leva à incapacidade, 
à fragilidade e à morte. 
 
Critérios para 
identificação 
Classificação temporal: “repouso” a 
permanência no leito de 7 a 10 dias; 
“imobilização de 10 a 15 dias” e 
“decúbito de longa duração – mais de 
15 dias”. 
Critérios para diagnóstico de SI 
o O critério maior seria déficit 
cognitivo médio a grave e múltiplas 
contraturas. 
o No critério menor consideramos 
sinais de sofrimento cutâneo ou 
úlcera de decúbito, disfagia leve a 
grave, dupla incontinência e afasia. 
Define-se SI quando ele tem as 
características do critério maior e pelo 
menos duas do critério menor. 
 
Causas da imobilidade 
O resultado de todos esses problemas 
seria, em última instância, equilíbrio 
precário, quedas, limitação da 
marcha, perda da independência, 
imobilidade no leito e, finalmente, 
suas complicações – a SI. 
Independentemente da causa da 
imobilidade, mesmo por curtos 
períodos, a imobilização resulta em 
modificações para pior dos sistemas 
cardiovascular, osteomuscular, 
respiratório e do metabolismo. 
O estado psíquico também pode se 
ressentir do imobilismo, sendo 
frequentes depressão, apatia, déficit 
cognitivo e ansiedade. 
Prevalência e taxa de 
mortalidade 
Os indivíduos que chegam à SI, são, 
em geral, idosos fragilizados que, por 
necessidade, internam-se em 
hospitais ou vivem em instituição 
onde o ambiente não familiar, o 
repouso prolongado e forçado, a 
desnutrição, a iatrogênia e a 
comorbidades. Taxa de mortalidade 
entre os idosos imobilizados no leito é 
em torno de 50%. A causa mortis é 
quase sempre devido à falência 
múltipla de órgãos 
Consequências da imobilidade 
e características da síndrome 
de imobilização 
Não ter atividade física induz o 
indivíduo a um descondicionamento 
global, levando ao agravo de sua 
Figura 1 Patologia e causas de imobilidade 
 
 
condição física, cognitiva e 
emocional. Ao contrário, priorizar e 
valorizar atividades regulares e 
orientadas produziria ganho de força 
e resistência, melhor 
condicionamento cardiorrespiratório 
e bem-estar psíquico. . 
Foi descrita recentemente a síndrome 
de desadaptação psicomotora (PDS), a 
qual se caracteriza por desequilíbrio 
para trás (backward), seja na posição 
sentada ou de pé, hipertonia reacional, 
alterações na reação postural, 
modificação na marcha e medo de cair. 
A PDS pode ser resultado da perda de 
mecanismo de reserva postural, 
atingindo um limiar que impede o 
indivíduo de manter um nível 
funcional adequado. Sabe-se que a 
PDS pode ser desencadeada por vários 
fatores, tais como demências, quedas e 
imobilidade prolongada no leito. A 
imobilidade prolongada leva à 
deterioração funcional progressiva 
dos vários sistemas, muito além da 
senescência normal, chegando-se 
mais tarde à Síndrome de 
imobilização. 
 
Sistema Tegumentar 
A pele senil apresenta declínio na 
produção das células epiteliais, 
causando adelgaçamento na 
espessura da epiderme, redução de 
número, tamanho e secreção da 
glândula sudorípara, escasso tecido de 
sustentação e diminuição da 
vascularização. A derme desidrata, 
perdendo seu vigor e elasticidade . 
Esses fatores combinados tornam a 
pele inelástica e mais friável, 
facilitando as lesões dermatológicas 
do paciente acamado. 
Complicações tegumentares 
Micoses 
São facilitadas pela umidade 
constante na superfície corporal, fato 
comum em acamados. 
Eritrasma, micose causada pela 
Nocardia minutíssima, atinge regiões 
úmidas e intertriginosas (axila, 
mamária e inguinal). Infecção por 
cândida é problema também em áreas 
de dobras ou pregas. As micoses são 
porta de entrada para importantes 
infecções bacterianas e estão 
presentes, com frequência, em 
diabéticos. Higiene, bom estado 
nutricional, exposição ao sol, uso de 
roupa de material poroso (evitar 
tecidos sintéticos e fraldas), 
temperatura ambiente agradável, 
controle glicêmico e o não uso de 
colchão com superfície plástica são 
medidas preventivas de micoses. 
 
 
 
Xerose 
Ressecamento da pele, causado pela 
diminuição das glândulas 
sudoríparas, que causa prurido e 
descamação. O uso de sabões, 
banhos de imersão, banhos quentes 
e demorados pioram o problema. 
Deve-se, por isso, evitar esses 
fatores precipitantes, usar 
hidratante para pele e induzir a 
ingestão de líquidos. 
Laceração 
O constante atrito sobre o leito 
associado à pouca elasticidade da 
pele, à falta de tecido de sustentação 
e à xerose acabam produzindo 
lacerações na pele, principalmente 
braços e pernas. Jamais imobilizar o 
paciente pelo antebraço ou contê-lo 
com faixas de crepe diretamente nos 
punhos. 
Dermatite amoniacal 
Lesão muito frequente devido ao 
contato da pele com a urina. O uso de 
fraldas geriátricas pode até agravar o 
problema, pois, por serem revestidas 
de plástico, criam um meio próprio 
(umidade e calor) para a proliferação 
de bactérias que desdobram a ureia 
em amônia. Para homens, dá-se 
preferência ao uso de coletor. Nas 
mulheres que usam fraldas, deve-se 
dar banho ao trocá-las, não 
permitindo que fiquem molhadas de 
urina. 
 
Úlcera de decúbito 
O fator desencadeante da UD é a 
compressão por mais de duas horas de 
uma área tecidual restrita, que 
produz pressão e colabamento 
(isquemia) dos vasos sanguíneos. Uma 
úlcera surge em poucas horas, mas 
necessita de meses para cicatrizar, 
sendo que o paciente tem 50% de 
chances de morrer em 4 meses. 
As úlceras surgem de dentro para 
fora, ou seja, dos tecidos adjacentes 
às proeminências ósseas, estendendo-
se para a superfície até exteriorizam-
se na epiderme, recebendo graduação 
1. quando existe apenas hiperemia, a 
qual não empalideceao ser 
comprimida, até o grau 4, em caso de 
necrose de músculos, ligamentos, 
tendões e pele. 
Desnutrição, desidratação, má higiene, 
anemia, obesidade, sedação excessiva, 
doença cardiorrespiratória, 
hipoalbuminemia, predisposição 
individual, doenças crônicas, colchão 
inadequado, perda de sensibilidade 
dolorosa, falta de mobilidade e 
diminuída captação de oxigênio pelos 
tecidos são elementos que contribuem 
para sua formação. 
A melhor prevenção é a correção de 
todos os fatores citados, além de 
proteção para as proeminências 
ósseas, posicionamento no leito, 
mobilização de 2 em 2 h (mesmo à 
noite) e assentar o paciente o maior 
tempo possível. Em termos de colchão, 
o mais adequado é o “pneumático”, 
com insuflação intermitente, sendo o 
 
 
colchão tipo “caixa de ovo” pouco 
eficaz. 
Equimoses 
São frequentes nesses pacientes e 
representam a grande fragilidade 
capilar associada à falta de tecido de 
sustentação para os vasos 
sanguíneos. O uso de anticoagulante 
e traumas contribuem para o seu 
aparecimento. Deve-se manipular 
esses pacientes com cautela, usando-
se bandagens para proteção dos 
membros. 
Sistema Esquelético 
 Alterações Articulares 
Devido aos processos 
neuromusculares primários que levam 
à flexão das articulações, 
principalmente de quadril, joelhos, 
punhos e cotovelo, surgem, com o 
passar do tempo, as contraturas, que 
podem ser definidas como a 
“limitação da amplitude do movimento 
articular a ponto de impedir um 
desempenho normal de sua função”. 
Uma articulação contraturada é 
caracterizada por ter menor fluidez e 
nutrientes no líquido sinovial com 
proliferação do tecido conectivo fibroso 
e gorduroso (fibroblastos, adipócitos e 
matriz extracelular). Esse conjunto de 
modificações é chamado pannus, o 
qual é responsável pela aderência 
intra-articular. Com apenas 2 
semanas de imobilização, surgem 
reabsorção óssea e cartilaginosa com 
cistos ósseos subcondrais 
(artrofibrose), principalmente pela 
falta de sobrecarga articular. Flexão 
de joelhos, quadril e cotovelos é 
característica comum a todos os 
pacientes com SI. 
Contraturas devem ser prevenidas com 
movimento ativo e passivo da 
articulação (cinesioterapia) e 
posicionamento no leito com coxins, 
almofadas, pranchas ou órteses para 
alongamento. 
Osteoporose 
A imobilidade produz intensa e rápida 
perda de massa óssea, podendo ser 
medida pelo aumento da calciúria e 
hidroxiprolina urinária, a qual é um 
marcador de reabsorção óssea 
(atividade osteoclástica). 
A perda de cálcio é de 0,4 a 0,7% de 
cálcio orgânico total/mês de 
imobilidade no leito. Essa perda é 
proporcionada pela falta de atividade 
muscular e pela falta de sustentação 
de peso corporal do paciente 
acamado, pouca ingestão de cálcio e 
falta de exposição solar. 
A hipercalciúria pode ser diminuída se 
o paciente ficar em ortostatismo pelo 
menos 3 horas/dia. Essa posição 
desencadeia o estresse ósseo, 
elemento essencial para o turnover 
desse tecido. Para isso, coloca-se o 
paciente em uma mesa de 
ortostatismo (prancha que se inclina 
até a posição vertical com o paciente 
contido) ou, se possível, em barras 
paralelas. A posição assentada não 
causa esse efeito. 
A perda de nitrogênio, que representa 
 
 
desgaste muscular, segue paralela à 
hipercalciúria do repouso prolongado. 
Mesmo que o paciente volte a ter 
alguma atividade física em 
ortostatismo, pode demorar mais de 
10 semanas para recuperar parte da 
massa óssea perdida. 
 
Além da osteoporose, osteomalacia 
pode ser também encontrada, já que 
esse paciente, sendo raramente 
exposto ao sol, tem síntese diminuída 
de vitamina D. Outras causas seriam 
má absorção e baixa ingestão de 
vitamina D e disfunções renais e 
hepática. 
 Sistema Muscular 
Idosos sadios, após a sétima década 
de vida, apresentam importante 
processo degenerativo na 
musculatura, mesmo quando mantêm 
atividades físicas. A restrição de 
pacientes idosos saudáveis ao seu 
leito leva a atrofia muscular 
importante já nos primeiros 10 dias. 
Na imobilidade, esse processo é mais 
intenso e acelerado. Tais mudanças 
resultam em atrofia muscular, perda 
de força, encurtamento de fibras e 
perda de sarcômeros. 
Observa-se na imobilidade perda mais 
acentuada de massa muscular na 
coxa do que nos membros superiores 
(MMSS). Com 6 semanas de 
inatividade, a força muscular dos 
membros inferiores (MMII) declina 20% 
e a dos MMSS 10%. 
O aumento da atividade da 
creatinoquinase (CK) plasmática é 
sinal de dano muscular. 
 a síntese proteica está bastante 
alterada nas pessoas em repouso. Isso 
sugere que um aporte muito maior de 
proteínas e aminoácidos deve ser dado 
a uma pessoa em repouso prolongado 
para que ela possa ter um mesmo nível 
de anabolismo de uma pessoa em 
atividade. 
Os músculos encurtados sofrem 
atrofia duas vezes mais rápido e mais 
intensamente que os músculos 
estendidos. 
Sistema Cardiovascular 
 Trombose Venosa profunda 
Sabe-se que a estase é o principal 
elemento desencadeador de trombose 
venosa profunda (TVP), já que ela 
facilita os fatores ativadores da 
coagulação. À medida que a idade 
avança, dois outros elementos 
facilitam a TVP, como o estado de 
hipercoagulabilidade e as lesões das 
paredes venosas, formando, assim, a 
tríade de Virchow. 
 
 
 
Na SI, a posição supina, a contratura 
dos MMII (quadril e joelho) e a ausência 
do efeito de bomba da musculatura da 
panturrilha predispõem à estase 
venosa profunda. Associadas a isso, 
comorbidades, como o acidente 
vascular encefálico (AVE), neoplasias, 
insuficiência cardíaca congestiva 
(ICC), infarto agudo do miocárdio 
(IAM), fraturas e infecções, são 
coadjuvantes nessa complicação. 
Deve-se examinar e observar 
frequentemente os membros 
inferiores desses pacientes, onde se 
procura aumento súbito do diâmetro 
dos MMII, palidez, hipotermia local, 
empastamento à palpação da 
panturrilha, edema duro . 
Na forma cianótica, a trombose 
venosa iliofemoral é reconhecida pela 
cianose dos MMII em sua totalidade, 
dor à palpação da região inguinal e 
febre baixa. 
O diagnóstico é feito com venografia 
e dúplex venoso de MI. 
Prevenção e profilaxia devem ser feitas 
com movimentação frequente dos 
MMII, além do uso de heparina de baixo 
peso molecular. 
Embolia pulmonar 
A consequência mais temida de TVP é 
a embolia pulmonar, sendo ela 
responsável por 20% de todas as 
causas de morte do paciente 
acamado. A fonte de origem dos 
êmbolos seriam as veias ilíacas, 
femorais e da panturrilha. Deve-se 
ter alto índice de suspeita nesses 
casos, realizando-se propedêutica 
com radiografia de tórax, 
eletrocardiograma (ECG), gasometria, 
D-dímero e, quando possível, 
cintigrafia de ventilação e perfusão e 
angiotomografia. 
A prevenção é a mesma da TVP e o 
tratamento é feito com infusão de 
heparina seguida de anticoagulantes 
orais. 
Isquemia arterial aguda dos 
membros inferiores 
A isquemia arterial na imobilização é 
causada por obstrução ateromatosa 
da artéria, a qual pode estar 
comprometida pela idade avançada, 
diabetes melito, dislipidemia, 
hipertensão arterial, tabagismo etc. 
Na SI ocorre, com frequência, 
contratura do quadril (a face anterior 
da coxa encosta no abdome e no 
tronco) e do joelho (a panturrilha 
apoia-se na face posterior da coxa), o 
que causa estrangulamento do lúmen 
arterial nesses locais e formação de 
trombo, levando finalmente à 
isquemia do membro. 
O quadro clínico é súbito, surgindo em 
poucas horas, e caracterizado por 
palidez do membro e posterior cianose, 
dor intensa, hipotermia, ausência de 
pulso e, finalmente, gangrena. Pela 
gravidade do déficit cognitivo desses 
pacientes, um sintoma inicial como a 
dor pode não ser manifestado, 
fazendo com que o quadro seja 
diagnosticado tardiamente, perdendo, 
assim, a chance de restabelecer a 
revascularização. sendo indicada a 
 
 
amputação como método de 
tratamento. O problema é que o alto 
risco cirúrgico para essespacientes, 
que são frequentemente terminais, 
leva sempre à dúvida entre intervir 
agressivamente ou deixar evoluir, 
dando-se apenas suporte clínico. 
Médicos devem alertar o cuidador ou 
a enfermagem para não permitir que o 
paciente fique no leito com o quadril e 
joelho fletido em ângulo menor do que 
20°, pois isso impede quase que 
completamente a circulação arterial. 
 Hipotensão postural 
Queda da pressão arterial sistólica 
(PAS) > 20 mmHg e pressão arterial 
diastólica (PAD) > 10 mmHg em posição 
ortostática, podendo ocorrer em 
períodos curtos de imobilidade, como 
72 h. 
Observa-se a hipotensão postural (HP) 
em 20 a 30% dos idosos, sendo que 
essa frequência é mais elevada em 
pacientes fragilizados. 
Na SI, a posição supina prolongada faz 
com que os barorreceptores percam 
sensibilidade, além das modificações 
naturais do envelhecimento (rigidez 
das paredes arteriais, baixa resposta 
dos receptores adrenérgicos). Assim, 
respostas como aumento da 
frequência cardíaca, vasoconstrição 
arterial e constrição dos vasos de 
capacitância para elevar o débito 
cardíaco não ocorrem, causando má 
perfusão cerebral e síncope. Outros 
elementos associados a isso, tais 
como desidratação, ICC, diabetes 
melito, doença de Parkinson, 
antipsicóticos e anti-hipertensivos, 
também facilitam a HP. 
 Sistema urinário 
 Incontinência urinária 
Praticamente todos os pacientes são 
incontinentes, já que são portadores 
de quadro demencial avançado, têm 
dificuldade de comunicação, não 
deambulam, são portadores de 
infecção urinária crônica, usam 
diversos fármacos e são fragilizados. 
Além disso, esses pacientes, antes de 
desenvolverem a SI, passaram um 
longo período confinados em cadeiras 
ou mesmo no leito, adquirindo, então, 
a IU. Essa complicação é grave, pois 
facilita o aparecimento de lesões 
dermatológicas (dermatite 
amoniacal, úlceras, micoses, 
infecções da pele etc.), além de 
dificultar as condições higiênicas do 
paciente e do seu ambiente. 
Na SI, o paciente responde pouco às 
medidas terapêuticas para a IU, 
restando, então, o uso de coletor 
urinário para homens e fralda 
geriátrica para mulheres. Para essas 
mulheres, a sonda estaria indicada 
quando houvesse úlcera de decúbito e 
se pretendesse sua cicatrização, já 
que a urina em contato com úlceras 
dificulta sua resolução. Além da IU, 
retenção urinária (bexigoma) é 
observada com frequência na SI, 
sendo causada por hipertrofia 
prostática, fecaloma, uso de 
diuréticos e fármacos com ação 
anticolinérgica. A apresentação clínica 
de um bexigoma pode ser um quadro 
súbito de delirium. 
 
 
Infecção do trato urinário 
A infecção do trato urinário (ITU) tem 
prevalência de 20% entre os idosos, e 
no paciente imobilizado, incidência de 
40%, sendo essa infecção mais comum 
nos idosos institucionalizados. A 
pielonefrite tem prevalência de 10 a 
30% nas necropsias desses pacientes. 
A ITU é causada por via ascendente, 
mas quando há outros focos, como 
úlceras, pode ser hematogênica. 
Os fatores predisponentes à ITU na SI 
são incontinência urinária, uso de 
fraldas geriátricas, obstrução uretral, 
pouca ingestão de líquidos, internação 
hospitalar, diminuição da IgA na 
parede vesical, hipoestrogenismo, 
diminuída capacidade renal para 
acidificar urina e manter a 
osmolaridade. O uso de sonda vesical 
é um importante fator para ITU. 
Os agentes etiológicos mais comuns 
são bastonetes gram-negativos 
multirresistentes, sendo comum a 
infecção de repetição. Escherichia coli 
é o mais comum, mas aparecem com 
grande repercussão Klebsiella sp., 
Proteus sp., Enterobacter sp. e 
Pseudomonas sp. 
Cocos gram-positivos são menos 
frequentes, sendo o Staphylococcus 
aureus multirresistente o mais temido. 
O quadro clínico manifestar-se com 
prostração, desidratação, confusão, 
septicemia . 
Diante dessas manifestações, 
urocultura e urina de rotina são 
imperativas. Ultrassonografia pélvica 
pode nos mostrar alterações 
anatômicas, cálculos, neoplasias etc. 
O tratamento vai depender dos 
sintomas 
 
Sistema digestório 
 Desnutrição 
Um dos critérios usados para 
identificar a SI é a desnutrição, o que 
demonstra sua alta incidência nesses 
pacientes. 
A desnutrição proteico-calórica 
associada à deficiência de 
oligoelementos, minerais (Ca, Fe, Zn) 
e vitaminas leva a um estado de 
caquexia, resultando em alto índice 
de morbidade e mortalidade. 
Juntando-se a isso, temos pouca 
oferta e aceitação de líquidos (o idoso 
tem menor sensação de sede), 
causando desidratação crônica. Na 
imobilidade, há aumento na 
eliminação urinária e fecal de Ca, P, 
Zn, N etc. Medidas antropométricas 
(índice de massa corporal [IMC], prega 
cutânea, massa muscular), 
albuminemia, transferrina, colesterol, 
hemograma, dosagem de vitamina C 
etc. são índices que se correlacionam 
com desnutrição. 
As causas da desnutrição e caquexia 
são várias, podendo ser considerados 
os estados demenciais avançados, 
depressão, sequela de AVE, disfagia e 
uso de sonda, anorexia, perda de 
olfato, visão e paladar, problemas 
odontológicos, gastroparesia, 
diarreia, fecaloma, má absorção 
intestinal, aumento do catabolismo 
 
 
(úlceras de pressão), pneumopatias e 
cardiopatias, síndromes dolorosas, 
falta de pessoal para preparar e 
oferecer dieta adequada, doenças 
neuromusculares e infecção. 
Ao exame clínico, observamos no 
desnutrido escasso tecido gorduroso 
subcutâneo, pequena massa 
muscular, baixo peso corporal, 
desidratação, infiltrado subcutâneo 
devido a hipoalbuminemia e úlceras 
de decúbito de difícil cicatrização. 
Outras características seriam 
anemia, osteoporose, fraqueza 
generalizada e infecções graves. 
O que se percebe na SI é que os 
cuidadores não se dão conta do quão 
pouco esses indivíduos se alimentam 
e, quando procuram orientação, já se 
instalou a caquexia. 
Em situações em que a aceitação 
alimentar ou hidratação é deficiente 
e deverá perdurar por alguns dias, 
indica-se sonda nasogástrica. Passadas 
2 semanas sem melhora da disfagia, 
opta-se por sonda nasoentérica, que é 
menos traumática. 
Finalmente, se o paciente não 
consegue deglutir o suficiente por 
mais de 3 meses e tem perspectiva de 
sobrevida mais longa, então a 
gastrostomia seria a melhor 
indicação. 
Em todas essas situações, a 
participação de médico, família, 
fonoaudiólogo, nutricionista e 
enfermeiros é de fundamental 
importância para um bom resultado. 
 Constipação intestinal 
Constipação intestinal é a eliminação 
de fezes endurecidas, em uma 
frequência menor do que três vezes 
na semana e com volume abaixo do 
habitual. Frequentemente encontrada 
na SI, acarreta grande sofrimento ao 
idoso acamado devido às formações 
de fezes endurecidas e impactadas no 
sigmoide e no reto, evoluindo para o 
que chamamos de “fecaloma”. 
Causas de constipação intestinal: 
disfunção anorretal, menor sensação 
de plenitude retal ou desejo de 
evacuar, trânsito intestinal mais 
lento (nos idosos sadios, esse tempo é 
o mesmo que nos adultos), uso de 
fármacos anticolinérgicos, menos 
ingestão de líquidos e fibras, 
manutenção de paciente no leito no 
momento de evacuar, 
constrangimento social, depressão, a 
própria imobilidade no leito, fraqueza 
da musculatura abdominal e 
antiácido à base de sais de alumínio. 
O paciente apresenta-se com 
desconforto abdominal, anorexia, 
vômitos e agitação psicomotora, 
sendo as complicações mais graves 
obstrução intestinal, vólvulo do 
sigmoide e compressão do colo da 
bexiga, acarretando retenção urinária 
e bexigoma. Outro sinal observado é a 
diarreia paradoxal ou espuriosa, que é 
a eliminação de muco retal misturado 
às fezes, dando a falsa impressão de 
serem diarreias. Por engano, são 
usados nessa situação antidiarreicos, 
o que piora o quadro. 
 
 
Exame do abdome e toque retal são 
imperativos no exame físico para 
diagnóstico dessas complicações. 
Dietas com resíduos ou fibras, 
hidratação oral, posicionamento do 
paciente na cadeirahigiênica ou vaso 
sanitário e privacidade são 
importantes na sua prevenção. 
Em caso de fecaloma, a indicação é 
clister glicerinado a 20% e toque retal 
para quebrar o fecaloma. 
 Disfagia 
Característica presente em quase 
todos os pacientes de SI, a disfagia 
antecede a síndrome, sendo o resultado 
de déficits neurológicos importantes. 
Aos poucos, o paciente vai perdendo 
sua capacidade de trabalhar o 
alimento dentro da cavidade oral, 
impulsioná-lo com a língua para a 
orofaringe e produzir o reflexo 
voluntário para deglutição. Recusa 
voluntária de alimentos também é 
frequente. Com isso, o paciente ingere 
cada vez menos nutrientes e líquidos, 
atingindo, finalmente, o estado de 
caquexia. 
Outra complicação que pode ser letal é 
a pneumonia aspirativa. 
Distúrbio 
neuropsiquiátrico 
Depressão, demência e delirium são 
alterações frequentes na SI. 
Sistema Respiratório 
Na posição supina prolongada, uma 
série de modificações ocorre na 
dinâmica respiratória. A amplitude de 
movimento do diafragma está 
diminuída assim como a 
expansibilidade torácica. Isso ocorre 
pela fraqueza das musculaturas 
intercostal e abdominal, além das 
modificações nas articulações 
costocondrais. O acúmulo de gazes e 
fezes nas alças intestinais empurra o 
diafragma para cima e comprime as 
bases pulmonares. 
O acúmulo de secreção pulmonar se 
acentua já que a função ciliar, a 
capacidade de tossir e eliminar essa 
secreção podem estar ausentes. 
A pneumonia é a principal causa de 
morte em idosos acamados. 
O reflexo da tosse é 6 x menor do que 
no adulto. A capacidade elástica do 
pulmão está diminuída. Os alvéolos 
tornam-se rasos e com superfície 
menor. Assim a área total dos 
alvéolos e a expansibilidade destes 
estão diminuídas. Observa-se 
também redução dos capilares e dos 
macrófagos alveolares. 
Doenças estruturais, como doença 
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), 
bronquiectasia, sequela de 
tuberculose, fibrose pulmonar e cifose 
predispõem à infecção pulmonar, 
assim como o uso de corticoides, 
diabetes melito, ICC, disfagia, refluxo 
gastresofágico etc. 
No paciente acamado existe acúmulo 
de líquido nos pulmões, que serve de 
meio de cultura para bactérias que 
 
 
causarão pneumonia hipostática. 
O quadro clínico da pneumonia no 
idoso caracteriza-se pela 
sintomatologia atípica e polimórfica. 
Confusão mental, desidratação, 
hipotensão, obnubilação são sinais 
inespecíficos, mas que chamam 
atenção. Um fato interessante nesses 
pacientes é que, apesar da hipoxia e 
hipercapnia, eles podem não ter sua 
frequência respiratória aumentada. 
A melhor maneira para diagnosticar 
febre seria por meio da temperatura 
retal, mas esse método é pouco 
usado. 
Dor torácica, característica comum 
em pneumonia dos adultos, é de difícil 
avaliação no idoso com SI. Tosse e 
expectoração podem também estar 
ausentes na pneumonia, devido a 
perda de reflexo e força na caixa 
torácica. 
Estertores e crepitação basal são 
aspectos comuns a quase todos os 
idosos acamados e, na maioria das 
vezes, não se correlacionam com 
pneumonia, sendo muito mais um 
sinal de estase pulmonar. Em casos 
suspeitos, leucogramas, proteína C 
reativa (PCR), radiografia de tórax e 
hemocultura devem ser 
providenciados. O problema é que a 
leucocitose nem sempre está presente 
e a hemocultura só é positiva em 
pequena parte dos casos. Resta, 
então, um alto índice de suspeição 
sempre que houver alteração cognitiva 
e comportamental, desidratação, 
hipotensão arterial e alteração no nível 
de consciência. o Streptococcus 
pneumoniae é o organismo mais 
provável da pneumonia comunitária, 
sendo talvez o Haemophilus influenza 
e o segundo, principalmente em 
portadores de DPOC. 
Já no idoso fragilizado com SI – e que 
geralmente vive em instituição ou 
tem passagem por vários hospitais –, 
bacilos gram-negativos são os agentes 
mais prováveis. Legionella 
pneumophila, Pseudomonas, Proteus e 
Klebsiella Staphylococcus aureus 
multirresistente (MRSA) tem sido 
diagnosticado com muita frequência 
nesses pacientes, principalmente 
quando portadores de úlceras de 
decúbito com necrose. Então, a via 
principal da infecção pode ser 
hematogênica. Pode-se dizer que 
todos os agentes citados estariam 
relacionados com aspiração de 
secreção da nasofaringe. Esse fato é 
muito comum nesses pacientes 
devido ao uso de SNG e SNE. 
Metabolismo 
A eliminação urinária de nitrogênio 
(N) aumenta rapidamente, podendo-
se chegar a 2,0 mg/dia. Esse fato 
contribui para a hipoalbuminemia. Na 
posição supina, a secreção de 
hormônio antidiurético (HAD) está 
diminuída e, assim, elimina-se maior 
volume urinário, contribuindo para a 
desidratação e para a perda de peso. 
O cortisol plasmático pode estar 
aumentado, ao contrário dos 
andrógenos que estão diminuídos, 
sendo ambas as situações 
 
 
facilitadoras do catabolismo. O 
metabolismo, em geral, é 20% menor 
que o normal. A resistência à insulina 
está aumentada, o que provoca 
intolerância ao carboidrato e piora 
nos níveis glicêmicos. Esse fato ocorre 
pela queda da concentração 
intramuscular do transportador de 
glicose do tipo GLUT 4. Elementos 
como Na + , Ca + , Mg +, K+, S + são 
menos aproveitados e, por isso, mais 
eliminados nas fezes e na urina.

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