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CCJ0005-WL-LC-Aula 00 - Apresentacao

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CURSO ON-LINE - CIÊNCIA POLÍTICA PARA MPOG 
 
PROFESSOR MARCELO GONÇALVEZ 
 
 
 
Olá pessoal, 
 
 
Estamos na reta final de mais um concurso bastante interessante para aqueles 
que almejam ingressar em uma carreira de Estado (eu ia dizer que é a melhor de 
todas, mas acho que eu seria muito suspeito para isso!). A prova para EPPGG está 
bem próxima. Muitas pessoas estão se preparando para aplicar os conhecimentos 
adquiridos na resolução de 120 questões em oito domínios diferentes de 
conhecimento, entre eles o da Ciência Política (a ciência mais legal também...). 
O presente curso é uma proposta de fazer uma leitura objetiva e precisa dos 
temas do edital que fazem parte do domínio da ciência política. Para os não-iniciados, 
este curso representa uma oportunidade para terem seu contato com a disciplina 
facilitado e, para os candidatos já estudaram bastante o tema, o curso pode ser um 
meio de consolidar o conhecimento adquirido e preparar-se da melhor forma para o 
concurso. 
Ao longo do curso, serão indicadas bibliografias complementares, as quais são 
de leitura altamente recomendável – se houver tempo é claro. 
 
 
 
Sucesso a todos, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
*** 
 
 
 
 
 
Janine Mello 
 
Marcelo Gonçalves 
 
 
 
 
Para quem ainda não nos conhece, somos cientistas políticos e gestores 
governamentais (EPPGG). Somos formados pela Universidade de Brasília (graduação e 
mestrado). Já ministramos aulas em cursos da UnB e em cursinhos preparatórios em 
Brasília e outros estados na área de teoria política, política brasileira e políticas 
públicas. 
Além disso, atualmente, o Marcelo é colaborador na Escola Nacional de 
Administração Pública (ENAP) e está lotado no Ministério do Trabalho e Emprego, 
onde exerce o cargo de Coordenador de Planejamento e Projetos na Coordenação- 
Geral de Qualificação. 
A Janine cursa doutorado em sociologia e está lotada na Casa Civil, onde 
trabalha no acompanhamento de políticas públicas prioritárias para governo federal. 
 
 
 
*** 
 
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CURSO ON-LINE - CIÊNCIA POLÍTICA PARA MPOG 
 
PROFESSOR MARCELO GONÇALVEZ 
 
 
 
 
Bom, chega de conversa e vamos ao que interessa. O curso abordará os 
seguintes temas do edital, conforme ordem de aulas exposta abaixo: 
 
Aula 01 
 
1. Conceitos básicos da ciência política: consenso; conflito; política; poder; autoridade; 
 
dominação; legitimidade, soberania, ideologia, hegemonia. 
 
Aula 02 
2. Temas centrais da teoria política clássica: constituição e manutenção da ordem 
política; contrato social; demarcação das esferas pública e privada; repartição de 
poderes. 
 
3.Economia, classes sociais e política. 
 
Aula 03 
 
4. Modelos de distribuição do poder: pluralismo, elitismo, socialismo. 
 
5. Teorias da democracia: poliarquia, democracia consociativa e majoritária. 
 
Aula 04 
 
6. Capacidade de ação estatal: autonomia e inserção. 
 
7. Relações entre política e administração. 
8. Mecanismos de intermediação de interesses e articulação entre o estado e a 
sociedade. 
9.Participação da sociedade na esfera pública: ação coletiva, cultura política e capital 
social. 
 
Aula 05 
 
10. Presidencialismo e dinâmica de relacionamento entre os poderes no Brasil. 
 
11. O papel do Poder Legislativo na produção de políticas públicas. 
 
12. Representação política, dinâmica parlamentar, governança e governabilidade no 
 
Brasil. 
 
Aula 06 
 
13. Democracia, descentralização, atores sociais, gestão local e cidadania. 
 
14. Conceitos de Estado, sociedade e mercado. 
 
 
Como vocês devem ter percebido, é um curso longo e que exige muita 
dedicação dos alunos também. Teremos de, pelo menos duas vezes, publicar mais de 
uma aula por semana. Portanto, fiquem sempre atentos às novidades no site e se 
dediquem à leitura. 
 
 
 
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PROFESSOR MARCELO GONÇALVEZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 01: CONCEITOS BÁSICOS 
 
DA CIÊNCIA POLÍTICA 
C O N S E N S O ; C O N F L I T O ; P O L Í T I C A ; P O D E R ; 
 A U T O R I D A D E ; D O M I N A Ç Ã O ; L E G I T I M I D A D E , 
 S O B E R A N I A , I D E O L O G I A , H E G E M O N I A . 
 
 
 
Os conceitos apresentados nesta aula são os pilares do objeto de 
estudo da ciência política. Constituem-se a base do estudo dos fenômenos 
políticos que têm lugar nas sociedades. O entendimento desses conceitos é 
fundamental para entender o que se passa na cabeça de um cientista político 
e, por isso, são necessários para entender o enquadramento das diversas 
teorias que serão analisados nas aulas seguintes. Para efeito de prova vale 
ressaltar que esses conceitos – alguns bem simples outros bastante chatos, ou 
sofisticados – têm sido objeto de pelo menos duas questões em cada prova. 
Logo, leia com atenção e garanta, de imediato, 20% da prova. 
 Alguns desses conceitos, como veremos são interdependentes de modo 
que a separação deles não é muito clara. Assim, não se espante, por exemplo, 
pelo fato de os tipos de dominação se confundirem, muitas vezes, com os tipo 
de legitimidade ou de autoridade. O importante é capturar os fundamentos 
desses conceitos e perceber que, na maioria dos casos, trata-se de faces do 
mesmo prisma. 
A estrutura dessa aula, em função da pontualidade do tema, é 
semelhante à estrutura dos dicionários de ciências sociais. Tentaremos expor 
os conceitos um a um, de modo que seja possível fixá-los com mais 
propriedade. 
 
 
 
CONSENSO 
 
 
 
 
 
 
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PROFESSOR MARCELO GONÇALVEZ 
 
 
 
 
1. O CON C EITO DE CONSENSO 
 
 
 
O conceito de consenso é bastante intuitivo e aproxima-se bastante da 
noção geral do senso comum. De uma maneira genérica, é possível afirmar 
que consenso denota a existência de um acordo entre os membros de uma 
determinada unidade social concernente aos princípios, valores e normas que 
regem a coletividade e sobre seus objetivos e os meios (instrumentos) 
necessários para alcançar aqueles objetivos. 
Quando observamos a realidade, contudo, mesmo que seja a da 
sociedade mais pacífica, é possível perceber o consenso não representa mais 
que um conceito cuja materialização não pode significar mais que uma 
existência relativa. Pois, por mais que a sociedade em análise seja marcada 
pela paz social, essa tranqüilidade nunca será plena e completa, algum nível 
de desentendimento sempre existe. Isso é um fato humano que pode ser visto 
como um axioma. 
Sendo assim, não faz muito sentido falar na existência ou não de 
consenso em uma coletividade ou em uma sociedade. Faz mais sentido falar 
em graus de consenso. Isso significa que poderíamos analisar as questões 
que surgem para tratamento na esfera pública e sobre elas verificaríamos o 
nível de consenso que a coletividade alcançou, na sua existência, em relação 
àquele tema. Nesse sentido, teríamos graus de consenso acerca de algumas 
questões ao invés de consenso em todos os assuntos. 
Em que tipo de questões é mais observável um nível alto de consenso? 
Nas questões fundamentais para a existência de um grupo de pessoas como 
coletividade. Ou seja, nos assuntos que são tidos como fundamentos da 
sociedade. Nesses pontos, que são a base da existência comum, havia maior 
consenso, já nas questões de natureza mais secundária o consenso alcançaria 
níveis mais baixos. 
Assim, a primeira variação no nível de consenso de uma coletividade 
será na temática em questão. Um sindicato de metalúrgicos pode ter 
discordância internas acerca dos tipos de convênios e serviços prestados aos 
 
 
 
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CURSO ON-LINE - CIÊNCIA POLÍTICA PARA MPOGPROFESSOR MARCELO GONÇALVEZ 
 
 
seus sindicalizados, mas não pode discordar na razão de ser (representação 
dos interesses laborais) da organização. Este ponto é fundamental para 
existência dessa organização, aquele não. (ampliando o conceito, a sociedade 
seria uma mega associação) 
É preciso observar também que o grau de consenso social – seja ele 
sobre o que for - varia de acordo com a sociedade e a época. Por exemplo: se 
compararmos duas sociedades razoavelmente semelhantes podemos 
encontrar níveis totalmente distintos de consenso, é o caso da Bolívia e do 
Equador atualmente. Considerando o fator época, temos o caso do Brasil ao 
longo de sua construção história, os diversos conflitos segregacionistas que 
tiveram de ser suplantados. 
 
 
 
2. DUAS DI MENSÕES DO CO NSENSO 
 
 
Nos regimes democráticos, ou democratizados, é possível identificar 
duas dimensões do consenso, as quais estão relacionadas ao nível de 
consenso necessário para a existência do sistema político e aos dissensos e 
são naturais e toleráveis nesse sistema. As dimensões são as seguintes: 
A. Fundamental: aceitação das regras do jogo, essencial para o 
funcionamento do sistema político; 
B. Secundário: discordâncias acerca de algumas orientações de políticas 
públicas. 
O consenso fundamental é crucial para conduzir os debates sobre as 
discordâncias políticas. Ou seja, para que estas discordâncias concernentes a 
políticas públicas específicas não resultem na dissolução do grupo social, é 
necessária a aceitação consensual das regras fundamentais do sistema 
político. Mas se essas discordâncias forem excessivamente controvertidas, 
podem acabar comprometendo o consenso fundamental e o funcionamento do 
sistema política. 
Ressalva: considerando longos períodos, é natural que haja alguns 
questionamentos de parte das regras fundamentais. Entra em cena, então, a 
capacidade do sistema político de se reformar. 
 
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3. ELEMEN TOS QUE INFLUENCIAM O NÍVEL DE CONSENSO 
 
 
Como o grau de consenso nas sociedades é variável, torna-se forçoso, 
para o analista social, identificar quais são dos fatores, ou elementos, que 
influenciam na determinação dos níveis de consenso. Bobbio aponta cinco 
fatores principais: 
1. Grau de homogeneidade sócio-cultural: em sociedade em que não há 
uma variedade de formações de identidades muito ampla, haveria uma 
tendência para níveis mais altos de consenso (ex. Japão = sociedade 
relativamente homogênea X Brasil = país de múltiplas identidades, 
possuidor de diversas clivagens sócio-culturais relevantes); 
2. Sucessão, em um mesmo país, de regimes políticos fundamentalmente 
diversos no que toca às regras essenciais do funcionamento do sistema 
político: isso é importante, porque realidades sociais que se sucedem 
deixam vestígios umas nas outras, de maneira que um sistema 
democrático que sucede uma ditadura tem que coexistir com muitos 
traços remanescentes do regime anterior (é caso do país de democracia 
recente em que os resquícios da ditadura dificultam, por exemplo, o 
desenvolvimento de ampla participação popular). 
3. Grau de congruência dos meios de socialização: os mecanismos de 
formação social dos indivíduos são importantes para suas 
construções/visões de mundo e para a definição de comportamento na 
esfera pública. Se uma sociedade tiver mecanismos de socialização 
muito distintos, por exemplo, orientações familiares, escolas e religiões 
que formam indivíduos com visões muito distintas umas das outras, há 
uma possibilidade alta de o conflito ser maior, pois as pessoas “não 
falam a mesma língua”, logo o consenso é prejudicado. 
4. Coexistência de ideologias antagônicas: um país marcado pela 
existência de grupos de adotam ideologias antagônicas (comunismo x 
fascismo) é um país em que os cidadãos terão dificuldades de se 
relacionar, logo, para construir consenso também; 
 
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5. Forma de interação das diversas forças políticas, principalmente quando 
buscam o apoio das massas. A maneira como as forças políticas se 
relacionam é importante, porque em algumas realidades sociais, um 
grupo político, para ganhar apoio da população hostiliza ostensivamente 
seus adversários, a conseqüência disso é um antagonismo cada vez 
maior e uma dificuldade crescente de firmar acordos entre essas forças. 
 
 
 
4. IM PO RTÂNCI A DE AL TO GRA U DE CON S E N SO 
 
 
Além de permitir a existência e perpetuação do corpo social, o consenso 
é importante para diversas relações sociais que ocorrem dentro da 
coletividade. Nesse contexto, é possível afirmar que o consenso é importante: 
1. Como elemento fundamental de solidariedade: os valores 
compartilhados pelos concidadãos seria um fundamento de 
reconhecimento de proximidade que facilitaria a vida em comum 
aumentando, por exemplo, o capital social, ou a confiança mutua e a 
preocupação com um destino compartilhado; 
2. Como fator de cooperação e elemento fortalecedor do sistema político: 
uma sociedade com amplo consenso tenderia a contar com instituições 
mais estáveis e com maior cooperação entre seus membros, 
necessitando, portanto, de mecanismo menos custos de enforcement 
em suas relações sociais; 
3. Para reduzir a utilização do poder coercitivo para induzir 
comportamentos aprovados pelos detentores do poder: se há consenso 
não há porque utilizar a força para obter obediência. 
 
 
 
CONFLITO 
 
 
 
 
 
NORM A LIDADE OU PA TOLOG I A 
 
 
 
 
 
 
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O debate clássico sobre o conflito no corpo social tendia a colocá-lo em 
um contínuo que ia da normalidade (isto é, o conflito é entendido como sendo 
algo natural, parte da sociedade seja ela como for) à patologia (conflito é um 
acidente de percurso da sociedade e deve ser tratado como uma infecção que 
deve ser sanada antes que o corpo social morra). 
A Ciência Política contemporânea superou esse debate dicotômico e 
passou a assumir o conflito como uma normalidade. Assim, nas leituras mais 
recentes, o conflito é considerado (1) ou algo normal, sempre presente no 
sistema política – o que varia é o seu grau de saudável a patogênico - ou (2) 
um fenômeno normal, pode ocorrer ou não, depende do contexto e da 
interação de um conjunto de variáveis. 
 
Pressupõe-se, de qualquer forma, que o conflito não pode ser eliminado 
(no máximo camuflado, como fazem os regimes corporativistas autoritários). 
Diante desse fato, são freqüentes as tentativas de regulamentá-lo, ou 
administrá-lo, utilizando por base regras aceitas pelos participantes, as quais, 
tem como função principal estabelecer limites para o conflito – impedir que a 
existência conflitos comprometa a existência do próprio grupo social. 
Quando o conflito se desenvolve sob a égide dessas regras aceitas, 
sancionadas e observadas pelos participantes do jogo político, diz-se que 
ocorreu a sua institucionalização. 
 
 
 
CONFLI TO SOCI AL E CON F LITO POLÍT I CO 
 
 
Os conflitos sociais são potencialmente conflitos que interessam ao 
campo da política. Todavia, é preciso observar que nem todo tipo de conflito é 
relevante politicamente. O desentendimento de dois garotos sobre o jogo que 
irão brincar em um videogame não importa ao estudo da política. O tipo de 
conflito que nos interessa aquié uma forma de interação entre indivíduos, 
grupos, organizações e coletividades que implica choques para o acesso e a 
distribuição de recursos escassos. Por exemplo, numa coletividade, o tipo de 
conflito relevante diz respeito, pelo menos em última análise, aos choques 
relacionados à distribuição de sua riqueza. 
 
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Poderíamos alternativamente dizer que conflitos politicamente relevantes 
são também aqueles que envolvem grande número de pessoas, ainda que 
ocorram separadamente (ex. violência doméstica). 
 
*** 
Indo além da classificação de acima, é possível considerar alguns outros 
elementos que podem ser avaliados para distinguir e classificar os conflitos 
políticos, os principais deles são: 
 
1. Dimensão: número de participantes; 
 
2. Intensidade: grau de engajamento dos participantes; 
 
3. Objetivos: “normais” (cotidianos) ou radicais (revolucionários). 
 
 
 
 
 
PO LÍ TI CA 
 
 
1. O CON C EITO DE POLÍ TI CA 
 
 
Numa concepção mais clássica, aproximando o conceito a visões 
helenísticas do que vem a ser a política, ela pode ser entendida como um 
conjunto de atividades relativo à condução dos negócios da cidade (polis). 
Extrapolando a definição para uma leitura mais moderna, poderíamos dizer que 
seriam atividades relativas à condução do Estado. 
Se adotarmos, no entanto, uma leitura mais contemporânea, política 
pode ter diversos significados. O mais abrangente e forte deles aponta para 
a política como a solução pacífica dos conflitos. Se considerarmos que a 
maioria dos conflitos tem uma relação com as políticas públicas, é possível 
dizer que a política tenta resolver, principalmente, conflitos referentes à 
distribuição e alocação de recursos públicos. 
 
 
 
2. DIMENSÕES DA POLÍ TI CA 
 
 
Política pode ser definida por meio de 4 dimensões de acordo com o 
campo de investigação: 
 
 
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PROFESSOR MARCELO GONÇALVEZ 
 
 
1. Leitura institucional formal: consiste na abordagem mais tradicional e 
estrita. Nesse sentido política seriam as atividades desenvolvidas no 
âmbito das instituições formais públicas, das quais a principal é o 
Estado; 
 
2. Política sob o prisma dos recursos de poder: 
I. Poder: seguindo a máxima weberiana segundo a qual “o meio 
decisivo da política é a força”. A política é entendida como o conjunto 
de atividades humanas desenvolvidas para conquistar e controlar o 
poder político, a força legitimada, logo se torna forçoso atuar no 
sentido de influenciar, direta ou indiretamente, os negócios do 
Estado, pois o poder político (força legitimada) tende a ser 
monopolizado por esta entidade política. 
II. Influência: os conceitos de política que têm ênfase na variedade e na 
sutileza dos meios de conquista e exercício do poder, sem o uso da 
força – violência – tendem a definir a política como uma atividade em 
que os atores políticos lutam por influência, buscando influenciar no 
destino da história da coletividade, grupo ou sociedade. Isso significa 
que, esses analistas trazem para a noção de política a idéia de que 
não é apenas a coerção que conta como poder político, mas também 
a coação (que é mais abrangente) ou pressão, enfim, a influência. O 
grau de influência, todavia, depende dos recursos disponíveis e da 
vontade de utilizá-los. 
III. Autoridade: consiste no poder legitimado e cristalizado, o qual se faz 
obedecer voluntariamente (Weber). Nesse sentido, governar é fazer 
crer na justeza do sistema político (o que muitas vezes significa 
dividir o poder entre os membros da coletividade, ou, pelo menos, 
alguns deles). A autoridade estabelece hierarquia, no topo da qual 
está o Estado, cujo governo teria o direito de utilizar a força (apenas 
uma potencialidade) para se fazer obedecer. Política seria, portanto, 
as relações que se dão dentro de uma estrutura específica de 
autoridade (hierarquia de mando e obediência). 
 
!! É comum a mistura das três noções para definir política. 
 
 
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CURSO ON-LINE - CIÊNCIA POLÍTICA PARA MPOG 
 
PROFESSOR MARCELO GONÇALVEZ 
 
 
3. Política como atividade do processo decisório de alocação de recursos 
materiais de uma sociedade: nesse sentido as relações sociais que 
podem ser classificadas como políticas são aqueles que têm seu foco no 
processo em que é decido como os recursos descritos anteriormente 
são utilizados. Trata-se, eminentemente, do processo de 
desenvolvimento de policies (isto é, políticas públicas) ou de decisões 
com caráter imperativo para todos os cidadãos. Nesse sentido, 
analisando a atividade política é possível responde porque dada conduta 
foi adotada ao invés de outra; 
4. Política como resolução pacífica dos conflitos (é a dimensão mais 
ressaltada atualmente): esse conceito ressalta a política como uma 
função dentro do sistema social. Sendo assim, aparece como uma 
atividade necessária ao bom funcionamento da sociedade que permite 
permitir a realização de fins coletivos. Neste contexto, a política serve 
para resolver conflitos entre indivíduos e grupos, evitando que o conflito 
destrua dos envolvidos. A função precípua da política seria, portanto, 
evitar a destruição do corpo social em decorrência de seus conflitos 
naturais. 
 
 
 
OUTROS CONCEI TOS DE POLÍT I CA 
 
 
Maquiavel: é a arte de conquistar, manter e expandir ou reaver o poder. 
É uma esfera autônoma da moral, da religião, da filosofia, do direito, associa-se 
tão somente ao príncipe e ao exercício do poder político em sentido estrito. 
Weber: ação com objetivo de influenciar as ações estatais (do aparelho 
estatal, principalmente burocracia) e a coletividade – nesse sentido, influenciar 
“nas rodas da história”. É uma atividade humana caracterizada pela relação 
amigo versus inimigo. 
 
 
ATO SO CIAL X ATO POLÍ TI CO 
 
 
 
 
 
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Nem tudo que acontece na sociedade pode ser considerado um ato 
político. Portanto, é preciso diferenciar as ações humanas entre atos sociais 
simples e atos sociais que são políticos (nessa classificação, atos políticos 
estariam dentro dos atos sociais, sendo um tipo destes). Para que um ato 
realizado na sociedade seja considerado um ato político, é necessário atender 
a duas condições: 
A – condição necessária: existência de um ponto de controvérsia (real 
ou potencial), conflitos, antagonismo de interesses. 
B – condição suficiente: os atores em conflito devem reconhecer um 
quadro de limitações mútuas. Havendo, portanto, um certo nível de cooperação 
entre os diferentes, de forma que a auto-limitação faz o ato político. 
Como essas condições podem confundir um pouco, ressalte-se, então, 
que um ato político consiste no exercício do poder em função de um interesse, 
ou seja um ato realizado na defesa ou em prol de um interesse específico. 
Logo, o ato político pressupõe uma decisão de perseguir um objetivo resultante 
do interesse em questão. 
 
 
 
PODER 
 
 
 
O poder é a partícula fundamental do fenômeno político, ou seja, não há 
como falar em política sem que a idéia de poder esteja ao menos 
subentendida. O poder está presente em todos os fenômenos políticos. 
É o poder que determina a existência de assimetria nas relações sociais, 
gerando relações de mando e obediência entre os indivíduos. Isso ocorre 
porque, em todas as sociedades que já existiram, o poder sempre foi dividido 
desigualmente. Os que detêm o poder têm maior capacidade de forçar sua 
vontadesobre os demais agentes sociais. 
Poder, em sentido genérico, consiste na capacidade de agir, de produzir 
efeitos, de determinar o comportamento de outrem (Bobbio). Pode ser 
entendido como a capacidade de imposição da própria vontade, a despeito da 
resistência do outro, visando um objetivo, uma finalidade. 
 
 
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Todavia, à ciência política o conceito de poder mais relevante é o de 
poder social, o qual apresenta o homem como sujeito e, ao mesmo tempo, 
objeto. O conceito social de poder é também relativo, porque deriva de uma 
relação social, logo, sua mensuração não é dada em todas as situações, mas 
depende do contexto e das pessoas envolvidas. Sua manifestação mais clara 
surge em contexto de conflito real ou potencial. Seus elementos constitutivos 
fundamentais são o conflito e a coerção. 
Em todo caso, é importante observar que o poder, sendo um fato social 
relacional, nunca é neutro e, apesar de ser uma “coisa” social, o poder é 
mensurável, pelo menos de maneira genérica. 
 
 
 
CLASSIFI CAÇÕE S DE PODE R 
 
Existem diversas classificações de poder. Apresentaremos aqui apenas 
as mais fundamentais. 
Bobbio diferencia poder atual de poder potencial. O primeiro seria o 
poder que de fato é exercido. O segundo seria apenas uma potencialidade, sua 
utilização depende das percepções e expectativas que os seus detentores têm 
da realidade que enfrentam. 
Segundo o fundamento do poder, ou seja a fonte do poder, é possível 
identificar na literatura especializada duas tipologias do Poder: 
 
 
 
Classificação Clássica - aristotélica 
 
Tipo de poder Fundamento do poder 
 
Poder paterno Natureza 
 
Poder despótico Castigo 
 
Poder político Consenso 
 
 
 
Classificação Moderna 
 
Moderna Fundamento do poder 
 
 
 
 
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Poder econômico Bens escassos 
 
Poder ideológico Idéias 
 
Poder político Posse de instrumentos que possibilitem o 
 
uso da força física.1 
 
 
 
 
 
AUTORIDADE 
 
 
1. O CON C EITO 
 
 
Autoridade não é um conceito independente. Na verdade trata-se de 
uma espécie de poder calcado na legitimidade. Ou seja, para entender o 
conceito é preciso ter o domínio desses outros dois conceitos. Isso se dá pelo 
fato de a autoridade consistir na aceitação do poder como legítimo, de maneira 
que essa aceitação acaba por produzir uma atitude mais ou menos estável no 
tempo no sentido da obediência incondicional às ordens ou diretrizes que 
emanam de uma dada fonte. 
Quando A tem autoridade sobre B, este tende a associar a obediência a 
um dever, muitas vezes moral. No caso extremo, o sujeito passivo adota, como 
critério de comportamento, as ordem e orientações do sujeito ativo sem avaliar 
seu conteúdo. 
É preciso observar, contudo, que B não obedecerá a A em todas as 
situações, pois, a autoridade tem uma esfera mais ou menos delimitada de 
atuação. Eu obedeço meu chefe no trabalho, mas em casa quem manda é 
minha mulher. São duas esferas de autoridade completamente distintas. 
Essa obediência incondicional, embora durável, não é permanente e, de 
tempos em tempos, necessita da reafirmação ostensiva da qualidade da fonte 
do poder. Caso isso não ocorra, pode haver o questionamento da autoridade, 
ou até mesmo, sua perda. 
 
 
 
1 A violência não seria utilizada constantemente, sendo um recurso apenas para casos extremos. A força 
impediria que a coletividade se dissolvesse pelos conflitos internos. 
 
 
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2. CARA CTER ÍST I CA S FUN D AMEN TAIS 
 
 
A. Caráter hierárquico: o detentor da autoridade se situa numa posição 
superior aos que são alvos de sua influencia. Contudo, em muitas 
relações sociais em que a autoridade está presente, não há necessidade 
de uma estrutura formal, como uma organização, pode ser uma 
estrutura informal, como uma família; 
B. Estabilidade: é necessária, mas não é automática. Diferente disso, 
envolve processos complexos de construção ao longo de muito tempo; 
C. Crença na legitimidade do poder exercido. A legitimidade é capaz de 
transformar poder factual em autoridade, isto é, faz com que o poder 
baseado no uso ou potencial uso da força se transforme em poder 
estabilizado, que não necessita mais da violência, ou demonstração 
ostensiva de poder. 
 
 
 
3. CRI S E DE AUTORIDADE 
 
 
O titular da autoridade pode não dispor do poder efetivo ou os 
subordinados podem perder a crença no princípio de legitimidade que 
fundamenta a autoridade. Nesses casos, há alto potencial de conflito, tanto os 
superiores quanto os subordinados tendem a se sentir traídos em suas 
expectativas e valores, diminuindo a relação de autoridade. 
 
 
 
4. AUTO RID A DE E POLÍ TI CAS PÚB L ICAS 2 
 
 
Política pública pressupõe uma estrutura formal para seu 
desenvolvimento: o Estado. Nesse contexto, é possível afirmar que a existência 
de uma política pública requer o apoio de tomadores de decisão que tenham 
lugar de destaque dentro do governo. Isso ocorre porque o consentimento e o 
 
 
2 Paulo Calmon, anotações de aula. 
 
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envolvimento da autoridade (legitimada/estatal) são fundamentais para 
legitimar a política pública. 
Autoridade pode ser manifesta de diferentes formas, nas fases de 
formação, implementação e avaliação das políticas públicas. Dentre elas 
destacam destacam-se: 
A. O envolvimento direto do chefe do Executivo e de seus 
subordinados (ministros, secretários, etc.); 
 
B. A participação direta ou indireta dos demais dos demais poderes 
 
(Legislativo ou Judiciário), 
C. A delegação para terceiros dos “direitos de direitos de propriedade” 
sobre determinada política pública (comissões, agências 
regulatórias, etc.). quando o agente governamental com autoridade 
para tratar do assunto delega para outro, de acordo com um 
processo aceito, a autoridade para tratar de alguns aspectos desse 
tema. 
 
 
Observe-se, contudo, que a política e o poder se manifestam tanto nas 
decisões, como também como nos instrumentos a serem utilizados na 
consecução dos objetivos acertados. 
 
 
 
IDEOLOGIA 
 
 
 
 
1 – O QUE É I D EO LOGI A? 
 
 
O conceito de ideologia não é facilmente definido nas Ciências Sociais e 
não existe consenso acerca de um único significado. A invenção do termo 
ideologia é atribuída à Destutt de Tracy, filosofo francês, discípulo dos 
enciclopedistas e que publicou em 1801 o livro „Eléments d‟Idéologie‟. Para ele, 
ideologia seria o estudo cientifico das idéias e as idéias seriam o resultado da 
interação entre o organismo vivo e a natureza, portanto estaria dentro dos 
estudos sobre zoologia. Em função de uma divergência, em 1812, Napoleão 
 
 
 
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atacou Destutt de Tracy e os enciclopedistas franceses e os chamou ideólogos. 
No sentido pejorativo, estes seriam metafísicos que fariam abstrações da 
realidade vivendo em um mundo especulativo. 
Ao adotar o termo, Marx o entende no sentido napoleônico e o utiliza 
pela primeira vez em seu livro “A Ideologia Alemã” de 1846. O significado 
atribuído por Marx e Engels à ideologia será abordado no item3 – Concepção 
Marxista de Ideologia. Lênin atribui à ideologia o sentido de qualquer 
concepção da realidade social ou política, vinculada a interesses de classes 
sociais. Existiria tanto uma ideologia burguesa como uma ideologia proletária, 
deixa de ter sentido pejorativo e assume um caráter mais amplo que aborda 
qualquer doutrina sobre a realidade vinculada a uma posição de classe. 
Uma tentativa sociológica de estabelecer um conceito para ideologia é 
feita por Karl Mannheim em seu livro „Ideologia e Utopia‟. Ideologia seria o 
conjunto de concepções, idéias, representações e teorias conservadoras que 
visam a estabilização, legitimação ou reprodução da ordem estabelecida. 
Enquanto as utopias representariam idéias que pensassem uma nova realidade 
ainda não existente. “Deste modo, o conceito de ideologia, na obra de 
Mannheim, aparece com dois sentidos diferentes: a ideologia total, que é o 
conjunto daquelas formas de pensar, estilos de pensamento, pontos de vista, 
que são vinculados aos interesses, às posições sociais de grupos ou classes; e 
ideologia em seu estrito, que é a forma conservadora que essa ideologia total 
pode tomar, em oposição à forma crítica, que ele chama de utopia.”3 
Lowy define ideologia como visão social de mundo, como os conjuntos 
estruturados de valores, representações, idéias e orientações cognitivas, 
unificados por uma determinada perspectiva de classes sociais específicas. E 
as classifica em dois tipos: visões ideológicas que legitimam, justificam ou 
defendem uma ordem social visando a sua manutenção e visões utópicas 
quando têm função crítica, negativa ou subversiva que buscam propor uma 
realidade ainda não existente. 
 
 
 
 
3 3 Lowy, Michael. “Ideologia”. In Ideologias e Ciência Social. Elementos para uma análise 
marxista, p.13, 1985. 
 
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Terry Eagleton em seu livro Ideologia – Uma Introdução indica a 
variedade de significados atribuídos ao termo ideologia e lista 16 possíveis 
definições. 
a) Processo de produção de significados e valores atribuindo sentido 
mínimo às coisas e até cristalizando certos costumes, hábitos e 
sistemas de crença. 
b) Corpo de idéias próprio de uma determinada classe ou grupo social. 
c) Idéias que legitimam um poder político dominante. 
 
d) Idéias falsas que legitimam um poder político dominante. 
e) Comunicação sistematicamente distorcida com a intenção de falsear 
uma idéia. 
 
f) O que confere certa posição ao individuo. 
g) Formas de pensamentos relacionadas a interesses sociais. 
h) Pensamento de identidade coletiva ou individual. 
i) Ilusões socialmente necessárias para manutenção da ordem social. 
j) Conjuntura de discurso e poder 
k) Veiculo utilizado pelos atores sociais conscientes entenderem o seu 
mundo. Pré-entendimentos, idéias e valores necessários para 
compreensão do mundo. 
 
l) Conjunto de crenças que mobilizam a ação. 
m)Confusão entre realidade lingüística e realidade fenomenal em que os 
indivíduos não conseguem distinguir entre o que é dito e o que é real. 
 
n) Oclusão semiótica em que o plano de visão é ocultado. 
o) Meio através do qual indivíduos vivenciam suas relações com uma 
estrutura social, maneira como atores lêem o mundo em que vivem. 
p) Processo que converte a vida social em uma realidade natural através 
dos costumes, da tradição, do que é construído intencionalmente. 
Para Eagleton, entretanto, ideologia pode analisada sob duas diferentes 
perspectivas interpretativas. A primeira caracteriza ideologia como falsa 
consciência, uma ilusão, uma visão distorcida, algo que a „outra pessoa tem‟. 
Aqui encontraríamos os sistemas de crença e poder e as distorções como 
instrumentos de manutenção da ordem social. As distorções podem ser 
 
 
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identificadas como ocultações ou como codificações de necessidades, 
aspirações ou medos. Contraposto ao pensamento dogmático e apático das 
massas estaria a realidade não-ideológica e a compreensão dos fatos. 
A ideologia poderia também ser caracterizada através de sua função de 
explicação ou justificação como instrumento de legitimação de interesses 
ligados ao processo de poder e dominação. A ideologia seria a expressão de 
nossos vínculos com a realidade social através de meios de organização e 
estabelecimento de determinada ordem que atribuem sentido à convivência. 
Sendo assim, não existiria pensamento livre de „pré-entendimentos‟ e como 
poderíamos pensar o que é a verdade e o que é ilusão? 
 
 
 
2 – FU NÇÕ E S DA I D EOLO GIA 
 
 
A função geral da ideologia pode ser definida através de alguns traços 
caracterizados por Paul Ricoeur: representação, dinamismo, simplificação e 
esquematização, assim como o caráter dóxico e operatório do fenômeno 
ideológico. 
A representação ideológica atribui o “(...) caráter significante, 
mutuamente orientado e socialmente integrado da ação”.4 Esse processo é 
realizado através do estabelecimento de atos fundadores responsáveis por 
conferir representatividade a uma comunidade. Cabe à ideologia perpetuar os 
atos de representação próprios de um grupo garantidos através da lembrança, 
do consenso, da convenção e da racionalização. Dessa forma, fatos e 
impressões assumem o caráter de atos fundadores de um conjunto de 
representações, que definem a identidade de um determinado grupo, 
perpetuado no tempo através da História. 
A ideologia também pode servir como um motivo. Por ser dinâmica, a 
ideologia funciona como uma motivação social para a práxis justificando certas 
representações em diferentes épocas. A ideologia, portanto, passa a ser mais 
 
 
 
 
 
4 Ricoeur, Paul. Interpretação e Ideologias, p.68, 1983. 
 
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que um reflexo, é também projeto e justificação de determinadas práticas 
sociais. 
A ideologia também é simplificadora e esquemática, na medida em que 
elabora uma visão codificada de conjunto, de grupo, da história e do mundo 
que fazendo uso de idéias básicas e rotineiras do imaginário coletivo facilita a 
absorção de seus símbolos sem questionamentos. O caráter dóxico da 
ideologia permite transformar as idéias presentes nos sistemas de pensamento 
em opiniões baseadas em sistemas de crença. 
A ideologia é também operatória porque opera atrás de nós, é a partir da 
ideologia que pensamos e não sobre ela, em função da existência de 
mensagens sociais com códigos não-transparentes que limitam a visão dos 
observadores. 
A ideologia assume um caráter de dissimulação ao deformar a realidade 
não permitindo seu conhecimento completo. A ameaça de algo novo perturbar 
a estabilidade de reconhecimento de um grupo opta por limitar as 
interpretações, “(...) é nesse sentido que podemos falar de enclausuramento 
ideológico e, até mesmo, de cegueira ideológica.”5 
Além da função geral, podemos descrever mais duas funções do 
fenômeno ideológico: dominação e deformação. A primeira baseia-se nos 
aspectos hierárquicos da organização social nos quais a ideologia interpreta e 
justifica as relações com as autoridades, atribuindo-lhes uma legitimidade 
baseada em sistemas de crenças ideológicos. A função de deformação da 
realidade pela ideologia acaba por assumir um papel de distorção ou inversão 
dos fatos e das representações, a fim de manter determinadas regularidadesda organização social inviabilizando questionamentos. 
Ricoeur conclui definindo ideologia como “(...) um fenômeno insuperável 
da existência social, na medida em que a realidade social sempre possuiu uma 
constituição simbólica e comporta uma interpretação, em imagens e 
representações, do próprio vinculo social.”6 
 
 
 
 
5 Ricoeur, Paul. Interpretação e Ideologias, p.71, 1983. 
6 Idem, p. 75. 
 
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3 ‐ A CONCEPÇÃO MARXI S TA DE I D EOLO GIA. 
 
 
Para Marx e Engels, na „Ideologia Alemã‟, a existência de idéias 
dominando e determinando os homens reais geram representações falsas que 
precisam ser combatidas através da critica, sem, no entanto, apenas substituir 
um conjunto de idéias por outro, uma fraseologia por outra, uma falsa 
consciência por outra. 
Seria necessária a busca pela compreensão de novos conceitos aliada à 
crítica para que se tornasse possível a libertação do homem através da 
ampliação do seu plano de visão. E para isso, seria preciso conhecer a história 
real dos homens em suas relações de produção, descobrindo as bases reais 
presentes nos indivíduos em suas ações e condições materiais de existência. 
“(...) A maneira como os indivíduos manifestam sua vida reflete exatamente o 
que eles são. O que eles são coincide, pois, como sua produção, isto é, tanto 
como o que eles produzem quanto com a maneira como produzem. O que os 
indivíduos são depende, portanto, das condições materiais de sua produção.”7 
Para Marx, os fatos são constituídos por indivíduos determinados com 
suas atividades produtivas determinadas que entram em relações sociais e 
políticas determinadas. As atividades produtivas anteriormente estabelecidas 
inserem os indivíduos em suas estruturas e determinam as relações que serão 
estabelecidas entre os indivíduos e destes com o Estado. Partindo disso, as 
representações que os homens fazem de si mesmos passam a ser expressões 
de suas relações e atividades reais, são reflexos invertidos da posição em que 
estão inseridos no modo de produção material. Invertidos porque os homens 
estariam, segundo Marx, envolvidos por um processo de alienação em que só 
existe a percepção dos interesses isolados, sem que fosse reconhecida a força 
coletiva dos indivíduos. Os homens não reconhecem que o mundo à sua volta 
é criado por eles e que não existe uma força superior e estranha que determine 
a realidade. 
 
 
 
 
 
7 Engels, F. e Marx, K. A Ideologia Alemã, p.11, 1989. 
 
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Através da análise materialista as relações entre produção material e as 
estruturas sociais e políticas do Estado são mostradas sem mistificações. A 
falsa consciência é substituída por uma consciência livre de ideologias, livre da 
dominação dos interesses predominantes. “A verdadeira solução prática dessa 
fraseologia, a eliminação dessas representações na consciência dos homens, 
só será realizada, repitamos, por meio de uma transformação das 
circunstâncias existentes, e não pro deduções teóricas.”8 
Para Marx, os proprietários dos meios de dominação material, dos meios 
de produção também seriam os definidores das idéias predominantes na 
sociedade aceitas como válidas e determinantes da organização material da 
vida. Através da falsa consciência os indivíduos passam a se lerem pelo 
pensamento das classes dominantes. 
“(...) Em A Ideologia Alemã, o conceito de ideologia aparece como 
equivalente à ilusão, falsa consciência, concepção idealista na qual a realidade 
é invertida e as idéias aparecem como o motor da vida real. Mais tarde Marx 
amplia o conceito de e fala das normas ideológicas através das quais os 
indivíduos tomam consciência da vida real. Ele as enumera como sendo a 
religião, a filosofia, a moral, o direito, as doutrinas políticas. Para Marx, 
claramente, ideologia é um conceito pejorativo, um conceito crítico que implica 
ilusão, ou que se refere à consciência deformada da realidade que se dá 
através da ideologia dominante: as idéias das classes dominantes são as 
ideologias dominantes na sociedade.”9 
Marx define, no Dezoito Brumário de Napoleão Bonaparte, o conceito 
de ideologia como expressões de uma classe social determinada (no caso do 
livro, a pequena burguesia) e a caracteriza como „superestrutura‟. Dessa forma, 
a classe cria e forma as suas „superestruturas‟, suas visões sociais de mundo 
desenvolvidas por seus representantes políticos e literários. Essas visões 
sociais não correspondem apenas aos interesses materiais da classe, mas 
também dizem respeito à sua situação social. “(...) O que define uma ideologia 
 
 
 
8 Idem, p.39-40. 
9 Lowy, Michael. “Ideologia”. In Ideologias e Ciência Social. Elementos para uma análise 
marxista, p.12, 1985. 
 
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não é esta ou aquela idéia isolada, tomada em si própria, este ou aquele 
conteúdo doutrinário, mas uma certa „forma de pensar‟, uma certa 
problemática, um certo horizonte intelectual (´limites da razão‟). De outro lado, 
a ideologia não é necessariamente uma mentira deliberada; ela pode 
comportar (...) uma parte importante de ilusões e de auto-ilusões.”10 
Assim, os indivíduos fazem sua história, para Marx, mas não a fazem 
como querem, estão sujeitos a circunstâncias ligadas e transmitidas pelo 
passado. A História formata o homem e suas preferências recorrendo sempre 
ao passado – previsível, visível e estabelecido – para que seja possível 
compreender o presente, sem que o status quo seja ameaçado por mudanças 
que provoquem a instabilidade. As noções de presente construídas têm como 
base elementos do passado, da tradição para evitar movimentos de ruptura 
contrários aos interesses da classe dominante. 
Para Marx, existiria uma espécie de „conhecimento máximo possível‟ 
limitado por metáforas óticas como um horizonte, ponto de vista, campo de 
visibilidade. O conhecimento e o saber seriam „a visão‟ do individuo e 
dependeriam da posição social, da „altura‟ do observador. Cada indivíduo veria 
como e o que sua posição social permitisse. 
Eagleton define três sentidos, que considera conflitivos, de ideologia em 
Marx. “A ideologia pode denotar crenças ilusórias ou socialmente 
desvinculadas que se vêem como o fundamento da história e que, distraindo 
homens e mulheres de suas condições sociais efetivas (inclusive as 
determinantes sociais de suas idéias), servem para sustentar um poder político 
opressivo. O oposto disso seria um conhecimento preciso, imparcial das 
condições sociais práticas. Por outro lado, a ideologia pode designar as idéias 
que expressam os interesses materiais da classe dominante e que são úteis na 
promoção de seu domínio. O contrário disso poderia ser o verdadeiro 
conhecimento científico ou a consciência das classes não-dominantes. 
Finalmente, a ideologia pode ser ampliada para abranger todas as formas 
conceptuais em que é travada a luta de classes como um todo, o que, 
 
 
10 Lowy, Michael. “Ideologia e Ciência segundo Marx”. In As Aventuras de Karl Marx contra o 
Barão de Munchhausen, p.97, 1987. 
 
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presumivelmente,incluiria a consciência válida das forças politicamente 
revolucionárias. O que o contrário disso poderia ser é, presumivelmente, 
qualquer forma conceptual correntemente não envolvida em tal luta.”11 
 
 
 
HEGEMONIA 
 
 
 
 
 
1. CONCEITO DE HEGEMO NIA 
 
 
A palavra hegemonia tem sua origem etimológica no grego egemonia, 
que significa direção suprema, liderar, guiar e era usada em contextos militares 
para definir o poder dos chefes dos exércitos. A noção contemporânea de 
hegemonia implica, de forma mais geral, na concretização objetiva de um 
projeto político através de um sistema de alianças ou ainda na 
capacidade/competência de direção política e cultural de um grupo ou classe 
social sobre as demais. Nesse sentido, todos que conseguem organizar uma 
coletividade em torno de um projeto comum dentro de um cenário heterogêneo 
exercem hegemonia. 
 
 
 
2. NOÇÃO DE HEGEMONI A GR AMSCIA NA 
 
 
Para Gramsci, a hegemonia é o processo pelo qual um grupo exerce o 
controle através de sua liderança moral e intelectual, sobre as outras frações 
da sociedade. O grupo dirigente teria assim, o poder de articular os interesses 
mesmos de outras frações dominantes e articular suas visões de mundo a 
princípios hegemônicos. Outro significado estaria ligado às relações entre 
dominantes e dominados como tentativas do grupo dominante em usar sua 
liderança como instrumento de „imposição‟ de uma determinada visão de 
mundo como abrangente, legítima e universal capaz de „moldar‟ os interesses e 
as necessidades dos grupos subordinados. Para Gramsci: 
 
 
 
11 Eagleton, Terry. Ideologia: uma Introdução, p.82, 1997. 
 
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“(...) a força verdadeira do sistema não reside na violência da classe 
dominante ou no poder coercitivo do seu aparelho de Estado, mas na 
aceitação por parte dos dominados de uma concepção de mundo que 
pertence aos dominadores. A filosofia de uma classe dominante 
atravessa todo o tecido de vulgarizações complexas para aparecer 
como „senso comum‟: isto é, a filosofia das massas que aceitam a 
moral, os costumes e o comportamento institucionalizado da sociedade 
em que vivem” (FIORI, 1970, 238 citado em CARNOY, 2004, 94). Apesar 
de haver uma relação de consentimento nas relações entre 
dominantes e dominados, ela não pode ser caracterizada como estática. Na 
acepção de Carnoy (2004), em Gramsci, ela se acomoda de forma específica 
em relação às diferentes circunstâncias históricas e é constituída por 
contradições e pelo constante conflito. As formas hegemônicas são expressas 
como um conjunto de instituições, ideologias, práticas e agentes que 
compreendem a cultura dos valores dominantes (CARNOY, 2004). As 
instituições funcionam assim como instrumentos de exercício de poder e como 
resultado de determinadas correlações de forças. 
 
 
 
DOMINAÇÃO 
 
 
 
 
 
1. CONCEITO DE DOMIN A ÇÃO 
 
 
O conceito de dominação, para Weber, designa a possibilidade de se 
determinar a sujeição a uma ordem qualquer. Tal subordinação, sob a posição 
daqueles que obedecem, pode ser baseada em diferentes elementos, desde as 
ponderações racionais quanto a ganhos e perdas ("referente a meios e fins"), 
passando pelos critérios de costume (hábito continuativo com o tempo), 
chegando até aos fundamentos de admiração e afeto que constituem os 
aspectos carismáticos do poder. Além da possibilidade de dominação pelo uso 
exclusivo de tais elementos, o poder necessita de consentimento para 
estabilizar-se. No processo de dominação, observa-se a presença de bases 
 
 
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jurídicas importantes para a definição de legitimidade na relação entre 
dominantes e dominados. Tomadas sob a forma pura, tais bases de 
legitimidade restringem-se a três tipos. 
 
 
 
2. TIPO S DE DOMI NAÇ Ã O 
 
 
Segundo Max Weber, os três tipos de dominação legítima podem ser 
definidos e caracterizados como: dominação legal, tradicional e carismática. 
A dominação legal é exercida por meio de uma estrutura organizada, 
cujo caráter distintivo é a sua base sobre um conjunto de ordenamentos 
estatutário-jurídicos que regulam a função e a ação do detentor do domínio. 
Tendo a dominação burocrática como o seu tipo mais puro, tal base de 
legitimidade estabelece a obediência não em virtude do direito inerente àquele 
que a impõe, mas sim graças aos regramentos previamente definidos no 
estatuto sancionado, que é a fonte reguladora do poder. O direito de mando é 
legitimado pelo ordenamento jurídico que rege a sociedade. A obediência 
estabelece-se em uma gradação hierárquica na qual distribuem-se inferiores e 
superiores, diferenciados por critérios de exigência profissional, conhecimento 
técnico e obediência ao posicionamento na escala, como função de 
seguimento às regras estatuídas. A dominação legal pode ser identificada na 
estrutura do Estado moderno e também nas formas de organização da 
empresas capitalistas privadas contemporâneas. Porém, deve-se salientar que 
nenhuma estrutura de dominação pode ser totalmente burocrática, nem essa é 
o único tipo de dominação legal. Mesmo nas modernas estruturas estatais, os 
cargos mais proeminentes tendem a ser preenchidos por critérios particulares 
ligados a indicação, eleição, comissão, sendo esses ocupados por meio de 
previsão contida nas regras legais que regem a dominação. 
A dominação tradicional assenta-se na obediência em virtude da 
presença continuativa – e, por isso, existente há certo tempo – de um conjunto 
de regras que regem a sociedade. Tal domínio estabelece-se sobre uma 
comunidade, tendo a dominação patriarcal a sua forma mais pura. Nestes 
casos, a fidelidade é corroborada pela sujeição tradicional ao "senhor". Pelo 
 
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fato do conteúdo de suas ordens estar delimitado pelos enunciados expostos 
pela tradição, seu poder limita-se à esfera de questões e temas sobre os quais 
versam tais expectativas costumeiras. A violação destes limites poderia por em 
risco a legitimidade do domínio tradicional. Seu quadro administrativo é 
composto por "dependentes pessoais", parentes, amigos e súditos vinculados 
por aspectos de fidelidade. A dominação tradicional pode tomar duas formas 
distintas em virtude da "modalidade de posição" de seu quadro administrativo. 
Na estrutura totalmente patriarcal de administração, os funcionários são 
completamente dependentes das ordenações pessoais do senhor. Sua gestão 
é "heterônoma" e "heterocéfala": não há direito adquirido sobre os cargos 
ocupados, tampouco processo seletivo para seus preenchimentos. Toda a 
estrutura administrativa é subordinada ao arbítrio do detentor do poder 
patriarcal. Na estrutura estamental, os servidores são investidos em posições 
proeminentes por privilégio ou concessão do senhor, mas esse não pode 
retirar-lhes o cargo arbitrariamente. A administração é "autônoma" e 
"autocéfala": os elementos tradicionais de dominação – manifestos por meio 
das relações sociais continuativas – estabelecem, antes do suserano, os 
critérios de posicionamento hierárquico e de privilégio. A estrutura totalmente 
patriarcal tem como tipo exemplar a dominação sob a forma de sultanato, 
enquanto que a estrutura estamental mostra-se de maneira nítida nas relaçõesde suserania e vassalagem típicas do feudalismo. 
A dominação carismática estabelece-se em virtude da crença nas 
capacidades incomuns e sobrenaturais do líder. Neste sentido, a obediência ao 
detentor de poder carismático vincula-se a um certo aspecto afetuoso e de 
devoção. As qualidades particulares do líder podem tomar diferentes formas: 
capacidades mágicas, proféticas, poder intelectual, habilidade guerreira, 
domínio dos aspectos de comunicação e comoção demagógica. A obediência 
ao líder deve-se exclusivamente às suas capacidades individuais, não se 
estabelecendo em função da posição que ocupa de direito ou em virtude de 
alguma orientação tradicional. Tal aspecto é importante, uma vez que perdidas 
suas habilidades ou sendo elas postas sob dúvida, o líder também terá o seu 
domínio enfraquecido. Sob este elemento de legitimação, o quadro 
 
 
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administrativo é escolhido por meio do carisma e da vocação. O caráter de 
revelação e designação por decisão particular é característico da seleção de 
quadros neste tipo de dominação. Pelo fato da dominação carismática ter um 
caráter caracteristicamente pessoal, sua sucessão mostra-se como um 
problema a ser resolvido. A sucessão pode acontecer de diferentes maneiras: 
1) pela busca de sinais aparentes que revelam o futuro líder; 2) pela 
determinação feita por meio de um agrupamento carismático qualificado, 
constituído para decidir a sucessão; 3) por processos de "carisma hereditário"; 
4) pela transferência do carisma por meios ritualísticos, que vê a qualidade de 
domínio como passível de transferência mágica; e 5) pela validade da 
dominação por meio da decisão por uma pessoa que detém as qualidades de 
carisma reconhecidas pelos súditos. 
 
 
 
LEGITIMIDADE 
 
 
 
Segundo Bobbio, “podemos defini r l egi ti midade como sendo 
um atributo do Est ado, que consiste na pres ença, em uma parcela 
signi ficati va da p opulação, de um grau de consenso capaz de 
assegurar a obedi ência sem a nece ssidade de recorrer ao uso da 
força, a não ser em casos esporádicos. É por essa razão que todo 
poder busca alcançar consenso, de manei ra que seja reconheci do 
como legítimo, transformando a obediência em adesão. A crença 
na legi ti midade é, pois, o elemento integrador na rel a ção de poder 
que se veri f i ca no âm bi to do Estado” . 
De imedi ato, é possível percebe r o concei to tem uma intima 
relação com os conceitos de au toridade e dominaç ão. Legit i midade 
aparece como a base da acei tação da dominação e o pi lar da 
autoridade. Tanto é que tradicionalmente, os tipos de l egi t i midade 
coincidem com os tipos tradicionai s puros de dominação definidos 
por Max Weber, q uais se ja m: 
 
 
 
 
 
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CURSO ON-LINE - CIÊNCIA POLÍTICA PARA MPOG 
 
PROFESSOR MARCELO GONÇALVEZ 
 
 
1. Legiti midade tradi cional: baseada na tradição. Na crença na 
existênci a de um pass ado eterno que justi f ica o exercício do 
poder no presente. É o domínio que se dá com base nos 
costumes e tradi ções. 
2. Legiti midade cari smática: se fundamenta nos atr ibutos 
pessoais de um l íder, os quai s são valorizados em uma dada 
época ou contexto. 
3. Legiti midade legal -racional (ou burocrática): baseia-se na 
crença na competência e valida de de um estatuto legal 
racional mente elaborado. 
 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
 
 
BOBBIO, Norberto, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino (trad. João 
Ferreira, coord.). Dicionário de Política. Ed.UnB e Imprensa Oficial. 5ª edição. 
São Paulo. 2004. Verbetes. 
Eagleton, Terry. “O que é Ideologia?” e “Do iluminismo à Terceira 
Internacional”. In Ideologia: Uma Introdução. SP, Unesp/Boitempo ed., 1997. 
Engels, F. e Marx, K. A Ideologia Alemã. SP, Martins Fontes, 2002. 
Lowy, Michael. “Ideologia e Ciência segundo Marx”. In As Aventuras de Karl 
Marx contra o Barão de Munchhausen: Marxismo e positivismo na sociologia 
do conhecimento. SP, Busca Vida, 1987. 
Lowy, Michael. “Ideologia”. In Ideologias e Ciência Social: elementos para uma 
análise marxista. SP, Editora Cortez, 4ª ed., 1985. 
 
Ricoeur, Paul. “Critérios do fenômeno ideológico”. In Interpretação e Ideologias. 
 
1983. 
WEBER, Max .“Os três tipos de dominação legítima". Metodologias das 
ciências sociais. São Paulo: Cortez/ Campinas: EdUEC. [n.d.]. pp. 349-359. 
WEBER, Max .“A política como vocação. Edunb. 2005. 
 
 
 
 
 
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