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Aula Sífilis e outras ISTs Transmissão vertical – mãe pra filho. A gonorreia era uma doença facilmente tratável com penicilina, agora está cada vez mais resistente. SÍFILIS: Atualmente está acontecebdo uma epidemia de sífilis no mundo e no Brasil também, principalmente RJ. As manifestações clínicas da sífilis são diversas e podem mimetizar várias outras doenças. Foi feito tratamento com infecção pela P.vivax – malarioterapia. A reação inflamatória causado pela malária melhorava os quadros de neurosífilis. A sífilis ainda é subnotificada. No Brasil, regiões Sul e Sudeste são as que apresentam maior número de casos. A prevalência é maior na faixa etária entre 20 e 29 anos. Período de incubação de 20 a 30 dias para manifestação de sintomas de sífilis primária: úlcera genital. Cerca de 2 meses (8 semanas) depois podem aparecer as manifestações de sífilis secundária: lesões cutâneas (palma e planta do pé). De 2 a 30 anos depois ocorre a manifestação de sífilis terciária: aortite sifilítica, lesões ósseas, lesões neurológicas, demência. Sífilis recente – quando foi adquirida há menos de um ano. Sífilis tardia – quando foi adquirida há mais de um ano. Essa classificação em recente e tardia tem implicação no tratamento. A sífilis congênita também pode ser dividida em recente e tardia. Recente – manifestações clínicas até 2 anos de idade. Tardia – manifestações clínicas após 2 anos de idade. Os exames diagnósticos da sífilis são divididos em: Testes treponêmicos – específicos para proteínas do Treponema pallidum. Se tornam positivos a partir do 20º dia do contágio, mas pode ficar positivo um pouco mais tarde. Testes não treponêmicos. VDRL positiva 50 dias após o contágio. Normalmente o indivíduo com manifestação de sífilis primária vai dar negativo no VDRL. Muitas vezes, então, o diagnóstico de sífilis primária é clínico (sindrômico). Latente precoce – paciente sem manifestações clínicas, mas com o teste diagnóstico positivo e adquirida há menos de um ano. Latente tardia – pessoa não tem manifestações clínicas de sífilis, mas adquiriu há mais de um ano. Úlcera genital – geralmente indolor. Não tem muita secreção – anão ser que tenha infecção secundária. Na mulher é mais difícil de ser visualizada por ser indolor e pode ser muito interiorizada. O cancro é acompanhado de adenomegalia inguinal. Melhora espontaneamente. Quando não tratada, cerca de 8 semanas depois aparecem as manifestações de sífilis secundária – lesões cutâneas normalmente não pruriginosas. É bastante característico o acometimento de palmas das mãos e plantas dos pés – muitas doenças exantemáticas poupam essas regiões, mas a sífilis não. Assintomáticas – sem manifestações sistêmicas, somente lesões cutâneas. Nos casos de sífilis diagnóstico os exames irão positivar – VDRL positivo e bem alto. Aspecto violáceo, acometimento das palmas das mãos, descamação. Sífilis elegantes na pessoa negra. Se a sífilia não tratada, o indivíduo manifesta sintomas de sífilis terciária. A grande característica da sífilis terciária é um aspecto mais destrutivo das lesões. Cardiovascular – aneurisma de aorta (principalmente ascendente). A meninencefalite da sífilis pode estar presente em qualquer fase da doença. Quadro de meningite. Líquor apresenta aumento da celularidade (predomínio de mononucleares) e da proteína. O que caracteriza o acometimento do SNC na sífilis terciária é o aspecto meningovascular (infartos cerebrais/isquemia cerebral com rompimento de aneurismas cerebrais) – clínica de AVC. Tabes dorsalis – desmielinização dos nervos da medula espinhal que levam a quadro de ataxia da marcha. Pupilas de Argyll_Robertson - pupilas bilateralmente pequenas que se contraem quando o paciente foca em um objeto próximo, mas não se contraem quando expostas à luz. Ou seja, a pupila perde o reflexo fotomotor, mas mantém o reflexo de acomodação. A mão pode passar via transplacentária (mais comum) ou no canal do parto. Acometimento é mais grave quanto mais precoce na gravidez: No primeiro trimestre é mais grave – abortamento, natimorto. Mais comum e menos grave no terceiro trimestre de gravidez. Rinite hemorrágica e acometimento ósseo. Processo de cicatrização/fibrose do acometimento da sífilis. Coriorretinite – acometimento ocular. Tíbia em sabre – arqueamento da tíbia. Dentes de Hutchison – dentes como se fossem bandeiras de festa junina. Destruição do septo nasal. Acometimento do osso frontal do crânio. Agente etiológico: a sífilis é causada por uma espiroqueta, tem flagelo, que confere a ela certa motilidade – bactéria Treponema pallidum. Sífilis primária: Raspado da lesão e microscopia em campo escuro – visualização do Treponema pallidum. Baixa sensibilidade. Testes não treponêmicos – não são específicos para proteínas do T. pallidum VDRL é mais utilizado – 50 dias para positivar. Os testes não trepnêmicos servem para acompanhamento dos pacientes – quantitativos. Os testes para acompanhamento são feitos em 0, 3 , 6, 9 e 12 meses e nas gestantes é feito mensalmente. Testes treponêmicos – 20 dias pra positivar. Existem testes treponêmicos rápidos pra sífilis com boa sensibilidade e boa especificidade. ELISA também é um teste treponêmico muito utilizado. A sífilis pode ser adquirida várias vezes não existe fenômeno de imunidade. Uma vez positivo o teste treponêmico tende a ser positivo pro resto da vida (a pessoa teve sífilis há 20 anos, por exemplo). O teste não treponêmico positivo fala a favor de sífilis recente, mas também pode retratar uma sífilis prévia. VDRL alto com teste treponêmico positivo fala a favor de reinfecção ou sífilis recente. O teste não treponêmico não é exclusivo pra sífilis, então pode positivar em outras situações, como doenças inflamatórias não infecciosas (reumatológicas). Com o teste treponêmico positivo, o VDRL negativo e a pessoa diz que nunca tratou sífilis na vida – faz outro teste treponêmico, diferente do feito na primeira ocasião. Se o segundo teste treponêmico der positivo, recomenda-se tratamento. As gestantes fazem rastreio pra sífilis no primeiro, segundo e terceiro trimestres de gravidez. O CDRL será feito mensalmente se a gestante tá positiva ou tratando sífilis – acompanhamento do tratamento. O acompanhamento da resposta ao tratamento em não gestantes é feito de 3 em 3 meses. A sífilis primária, secundária ou latente precoce (que manifestam ou cujo diagnóstico foi feito com menos de 1 ano do contágio) – penicilina benzatina (benzetacil) 2.400.000 u dose única (2 frascos). Sífilis terciária, latente tardia ou quando não se sabe a data da infecção – penicilina benzatina 2.400.00 u uma vez por semana por 3 semanas. Alternativas para pessoas alérgicas a penicilina: Doxiciclina (recomendada pelo ministério da saúde), azitromicina (não se sabe a eficácia) ou Ceftriaxone. Reação Jarisch-herxheimer – logo que o indivíduo toma a penicilina benzatina ocorre grande destruição do T. pallidum e muita liberação de antígenos no sangue, gerando reação de hipersensibilidade – lesões cutâneas, febre. Critérios de cura e seguimento: acompanhamento do VDRL de 3 em 3 meses e da grávida mensalmente. Penicilina benzatina não penetra na barreira hematoencefálica, então neurosífilis é tratada com penicilina cristalina de 4 em 4 horas de 10 a 14 dias. Opção para alérgicos a penicilina: Ceftriaxone. ISTs: ÚLCERAS GENITAIS (DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DE SÍFILIS): Cancro mole. Mais rara do que a sífilis. Mais comum na África e na Ásia (países em desenvolvimento). Colhe secreção da úlcera e olha no microscópio – bacilo gran negativo. Tratamento feito principalmente com Azitromicina (primeira escolha). Lesão dolorosa, exsudato purulento (secreção) – diferente da sífilis. Também pode ter adenomegalia inguinal. A Chlamydia trachomatis é uma das principais causas de uretrite também. Aumento em homens que fazem sexo com outros homens. Diagnóstico feito principalmente por PCR. Normalmente a úlcera é indolor e autolimitada – na maioria das vezes é imperceptível. O que fala a favor do linfogranulomavenéreo são os infartos de linfonodos inguinais que vão se juntar e formar uma massa (“bulbão”) – pode fistulizar com saída de secreção purulenta. Ocorre destruição da drenagem linfática e ocorrem sequelas. Nas infecções em homens que fazem sexo com outros homens é frequente o quadro de infecções de colon e reto - proctite e proctocolite com corrimento purulento. Mais rara e existem regiões mais prevalentes. Diagnóstico por biópsia da lesão, histopatológico ou PCR. O que leva a um quadro de donovanose é uma úlcera mais crônica. Não tem infarto dos linfonodos inguinais, mas pode ter drenagem para a região inguinal – “pseudobulbão”. Faz diagnóstico diferencial com câncer de pênis – por isso a necessidade da biópsia. Muito comum. Geralmente o tipo 2 causa lesão genital e herpes 1 labial. Inicia com eritema que evolui com vesículas agrupadas (“bolhinhas agrupadas”). Essas bolhas podem estourar e fazer um quadro de úlcera. Doença autolimitada, o problema são as recorrências em situações de estresse físico, emocional, mudança no pH local... Quadro de doenças extragenitais graves (principalmente por herpes 2) – encefalite herpética. O indivíduo tinha vesícula antes da úlcera? Se sim, trata herpes. Se não, trata sífilis e cancroide. Se a lesão for mais crônica, tratar sífilis, cancroide, donovanose e linfogranuloma venéreo e realizar biopsia. A posologia do valaciclovir é melhor do que a do aciclovir. Valaciclovir - 1 cp de 8/8h por 7 dias. Em caso de recorrência (6 ou mais episódios por ano) pode ser feita dose de manutenção para evitar a recorrência. URETRITE: Infecção da uretra. O grande problema da gonorreia atualmente é a resistência aos antibióticos. Existem quadros graves de manifestações extragenitais da gonorreia. O agente etiológico é um diplococo gram negativo – bacilo. Cultura – cresce em 48 horas ou até 5 dias. Biologia molecular – PCR. Poliartrite migratória – grandes articulações se tornam eritematosas e dolorosas. Sepse com hemorragia de adrenais. Corrimento uretral purulento ou leitoso ou amarelado. Diagnóstico diferencial com infecção urinária quando ainda sem corrimento. A mulher pode fazer doença inflamatória pélvica – infecção ascende pela uretra e atinge os órgãos reprodutivos. Chlamydia trachomatis – outros sorovares que não L1, L2 e L3 (causadores de linfogranuloma venéreo). Chlamydia trachomatis também causa manifestações clínicas extra genitais – principal causa da cegueira adquirida no mundo. Trichomonas vaginalis é uma das causas importantes de corrimento vaginal e pode levar a quadros de uretrite também – protozoário. Não responde ao tratamento para uretrite gonocócica. A uretrite não gonocócica é um quadro menos exuberante. Também pode levar a quadros de doença inflamatória pélvica na mulher. Síndrome de Reiter: uretrite, conjuntivite e artrite associados. Se não houver presença de diplococos gram negativos, o ministério da saúde recomenda tratar clamídia (professor trataria clamídia e gonorreia junto). Demonstra a resistência antimicrobiana. O ministério da saúde recomenda tratamento Ceftriaxone e gentamicina como alternativa. Uretrite sem identificação de agente etiológico e uretrite gonocócica – ceftriaxone e azitromicina (já engloba o tratamento da uretrite não gonocócica). Uretrite não gonocócica (por chlamydia) – azitromicina. Gentamicina com azitromicina como opção para retratamento de infecções gonocócicas. URETRITE NÃO GONOCÓCICA: Por resistência do Mycoplasma genitalium nos EUA é recomendado doxiciclina e depois azitromicina se for sensível a macrolídeos. Se não for sensível a macrolídeos faz a doxicilina mais o moxifloxacino. INFECÇÃO PELO VÍRUS PAPILOMA HUMANO (HPV): São divididos em subtipos de alto risco oncogênico (16, 18, 31 e 45 são os principais) e baixo risco. Geralmente as lesões do condiloma acuminado (verrugas) não estão relacionadas a infecções por vírus oncogênicos. O problema são as lesões subclínicas que só são diagnosticadas por colposcopia, dermatoccopia, ácido acético. Lesões pequenas e únicas – tratamento ambulatorial. Grandes lesões – cirurgia ou crioterapia. PNI – programa nacional de imunização. 6 e 11 – relacionadas a manifestação clínica (verrugas 16 e 18 – relacionados ao câncer cervical É um retrovírus humano. A principal forma de transmissão se dá pelo aleitamento materno – importante rastreamento no pré-natal. O HTLV I é o mais perigoso. A maior prevalência de HTLV no Brasil é na Bahia. Paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV I – principal manifestação. Clinicamente caracterizada por fraqueza crônica e progressiva de MMII. Indivíduo evolui com paralisia de MMII com quadro de disfunção esfincteriana. Pacientes que fazem muita infecção urinária e pode levar a quadro de sepse urinária. Existe associação de HTLV com estrongiloidíase. Quadros relacionados ao acometimento neural pelo HTLV. ELISA e, se positiva, confirma o diagnóstico com outros testes (Western Blot ou PCR). Tratamento: não existe remédio eficaz, mas tentativas de conter a evolução da paraparesia estástica tropical e manejo das complicações. Também faz vacina pra hepatite B e uso de anti-retroviral para HIV.
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