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Direito do consumidor-Exercício respondido sobre Contratos no CDC- Unicap

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO 
Pró-reitoria Acadêmica Semestre 
Centro de Ciências Jurídicas 
Coordenação do Curso de Direito 
202.2 
 
Professor: VINICIUS DE NEGREIROS CALADO 
Curso: DIREITO Disciplina: DIREITO DO CONSUMIDOR Código: JUR1952 
Turmas: AB (2ª e 4ª feira) e NO / PQ (segunda e sexta-feira) 
 
Exercícios sobre contratos no CDC 
 
1ª Questão: Quais as situações em que “os contratos que regulam as 
relações de consumo não obrigarão os consumidores”? Fundamente. 
 
2ª Questão: Nas relações de consumo de natureza contratual qual deve ser a 
conduta adotada pelo magistrado quando há dúvida acerca das estipulações 
contratuais? Fundamente. 
 
3ª Questão: Uma seguradora se negou a pagar o sinistro de um cliente porque 
o mesmo teria sido constrangido a entregar o carro (mediante o crime típico de 
extorsão) e o seguro contratado cobria apenas “hipóteses de colisão, incêndio, 
furto e roubo”. O caso foi judicializado e a empresa seguradora sustentou a 
legalidade da cláusula contratual em sua defesa. Você concorda com a defesa 
da seguradora? Sim ou não? Por quê? Fundamente. 
 
4ª Questão: Qual a consequência jurídica do reconhecimento e decretação 
judicial de abusividade de uma cláusula contratual? Quais os seis efeitos? 
 
5ª Questão: O que vem a ser um “contrato de adesão”? Dê dois exemplos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPELHO 
 
 
1ª Questão: Quais as situações em que “os contratos que regulam as relações de 
consumo não obrigarão os consumidores”? Fundamente. 
 
Resposta: Art. 46 - “... (1) se não lhes for dada a oportunidade de tomar 
conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se (2) os respectivos 
instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de 
seu sentido e alcance.” 
 
2ª Questão: Nas relações de consumo de natureza contratual qual deve ser a 
conduta adotada pelo magistrado quando há dúvida acerca das estipulações 
contratuais? Fundamente. 
 
Resposta: Art. 47 do CDC. Deve preponderar a interpretação mais 
favorável ao consumidor, como aderente de um contrato de adesão. 
 
Precedente: [...] ainda que o serviço de home care não conste 
expressamente no rol de coberturas previstas no contrato do plano de 
saúde, havendo dúvida acerca das estipulações contratuais, deve 
preponderar a interpretação mais favorável ao consumidor, como aderente 
de um contrato de adesão, conforme, aliás, determinam o art. 47 do CDC 
("As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável 
ao consumidor"), a doutrina e a jurisprudência do STJ em casos análogos 
ao aqui analisado.( Excerto do REsp 1.378.707-RJ, Rel. Min. Paulo de 
Tarso Sanseverino, julgado em 26/5/2015, DJe 15/6/2015). 
 
3ª Questão: Uma seguradora se negou a pagar o sinistro de um cliente porque o 
mesmo teria sido constrangido a entregar o carro (mediante o crime típico de extorsão) 
e o seguro contratado cobria apenas “hipóteses de colisão, incêndio, furto e roubo”. O 
caso foi judicializado e a empresa seguradora sustentou a legalidade da cláusula 
contratual em sua defesa. Você concorda com a defesa da seguradora? Sim ou não? 
Porquê? Fundamente. 
 
 
Resposta: Cláusula abusiva. Art. 51 do CDC. 
É devido o pagamento de indenização por seguradora em razão dos 
prejuízos financeiros sofridos por vítima de crime de extorsão 
constrangida a entregar o veículo segurado a terceiro, ainda que a 
cláusula contratual delimitadora dos riscos cobertos somente preveja as 
hipóteses de colisão, incêndio, furto e roubo. Em que pese ser de rigor a 
interpretação restritiva em matéria de direito penal, especialmente ao se aferir 
o espectro de abrangência de determinado tipo incriminador, isso por força do 
princípio da tipicidade fechada ou estrita legalidade (CF, art. 5º, XXXIX; e CP, 
art. 1º), tal viés é reservado à seara punitivo-preventiva (geral e especial) 
inerente ao Direito Penal, cabendo ao aplicador do Direito Civil emprestar aos 
institutos de direito privado o efeito jurídico próprio, especialmente à luz dos 
princípios da boa-fé objetiva e da conservação dos contratos. A restrição legal 
do art. 757 do CC encerra vedação de interpretação extensiva somente quando 
a cláusula delimitadora de riscos cobertos estiver redigida de modo claro e 
insusceptível de dúvidas. Assim, é possível afastar terminologias empregadas 
na construção de cláusulas contratuais que redundem na total subtração de 
efeitos de determinada avença, desde que presente um sentido interpretativo 
que se revele apto a preservar a utilidade econômica e social do ajuste. Além 
disso, havendo relação de consumo, devem ser observadas as diretrizes 
hermenêuticas de interpretação mais favorável ao consumidor (art. 47, 
CDC), da nulidade de cláusulas que atenuem a responsabilidade do 
fornecedor, ou redundem em renúncia ou disposição de direitos pelo 
consumidor (art. 51, I, CDC), ou desvirtuem direitos fundamentais 
inerentes à natureza do contrato (art. 51, § 1º, II, CDC). A proximidade entre 
os crimes de roubo e extorsão não é meramente topológico-geográfica, mas 
também conceitual, uma vez que, entre um e outro, o que essencialmente os 
difere é a extensão da ação do agente criminoso e a forçada participação da 
vítima. A distinção é muito sutil já que, no roubo, o réu desapossa, retira 
violentamente o bem da vítima; na extorsão, com o mesmo método, obriga a 
entrega. Dessa forma, a singela vinculação da cláusula que prevê os riscos 
cobertos a conceitos de direito penal está aquém daquilo que se supõe 
de clareza razoável no âmbito das relações consumeristas, sobretudo 
diante da carga limitativa que o dispositivo do ajuste encerra, pois a 
peculiar e estreitíssima diferenciação entre roubo e extorsão perpassa o 
entendimento do homem médio, mormente em se tratando de 
consumidor, não lhe sendo exigível a capacidade de diferenciar tipos 
penais. Trata-se de situação distinta daquela apreciada pela Quarta Turma, na 
qual se assentou que a cobertura securitária estabelecida para furto e roubo 
não abrangia hipóteses de apropriação indébita (REsp n. 1.177.479-PR). 
Precedente citado: REsp 814.060-RJ, DJe 13/4/2010. REsp 1.106.827-SP, Rel. 
Min. Marco Buzzi, julgado em 16/10/2012. 
 
 
4ª Questão: Qual a consequência jurídica do reconhecimento e decretação judicial de 
abusividade de uma cláusula contratual ? Quais os seis efeitos? 
 
Resposta: art. 51 do CDC. Por nulidade absoluta deve-se entender que as 
cláusulas eivadas deste vício já nascem mortas e, portanto, não podem 
produzir nenhum jurídico efeito. É como se a cláusula não existisse no 
contrato, tanto melhor, como se nunca houvesse existido. Na opinião de 
Nelson Nery: 
 
“O efeito da sentença que decreta a nulidade de cláusula é ex tunc, pois 
desde a conclusão do negócio jurídico de consumo já preexistia essa 
situação de invalidade.” NERY JR., Nelson. Código de Processo Civil 
Comentado. São Paulo: RT, 1999. p. 1840. 
 
5ª Questão: O que vem a ser um “contrato de adesão”? Dê dois exemplos. 
 
Resposta: art. 54 do CDC. Contratos de telefonia e contratos de planos de 
saúde. 
O contrato de adesão é o mecanismo que as corporações têm para massificar 
os seus produtos e serviços, pois a dinâmica das relações decorrentes do 
capitalismo moderno não permite que a cada caso concreto (aquisição de 
produto ou serviço pelo consumidor) seja celebrado um contrato diverso, 
amplamente discutido entre as partes contratantes. Assim, o fornecer cria um 
contrato padrão (ou mesmo formulário) para a aquisição do bem padrão (um 
carro, um ventilador, etc.) a ser aceito ou não pelo consumidor interessado, não 
lhe sendo permitido alterar substancialmente o contrato. 
Art. 54 - “Contrato de adesão é aquele cujas (1) cláusulas tenham sido 
aprovadas pela autoridade competente ou (2) estabelecidas 
unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o 
consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.”

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