Buscar

Consulta ginecológica ao adolescente

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Aspectos éticos e legais da consulta ginecológica ao 
adolescente 
× A adolescência é marcada pela busca pela identidade 
pessoal >> A sexualidade se insere nesse processo, 
sobretudo, como um elemento estruturados da identidade 
do adolescente 
× Muitas vezes, os profissionais da área de saúde podem ser 
os primeiros a tender as adolescentes, sendo procurados 
por elas de forma espontânea ou trazidas pelos 
pais/responsáveis 
× A atenção ginecológica da adolescente é marcada por 
polêmicas, pois nem sempre há concordância entre as leis 
e os princípios éticos do atendimento. Por exemplo: 
• De acordo com a OMS, a adolescência é o período 
que vai dos 10 aos 20 anos incompletos 
• Para o ECA (Estatuto da criança e adolescente), a 
adolescência vai dos 12 aos 18 anos 
• O código civil determina que a maioridade e a 
imputabilidade é somente a partir dos 18 anos 
× Confidencialidade, privacidade e autonomia são direitos 
que devem ser garantidos ao adolescente que recebe 
atendimento médico 
× Acerca do sigilo, o mesmo só deverá ser mantido desde que 
o adolescente tenho capacidade de avaliar o seu problema e 
de conduzir-se por seus próprios caminhos para solucionar 
>> Além disso, o sigilo também só deverá ser mantido 
quando a não revelação não ocasione danos a ela ou 
terceiros 
• O Código de Ética Médica estabelece no artigo nº 
74 que é proibido revelar segredo profissional 
referente à paciente menor de idade desde que os 
critérios acimas sejam respeitados 
• No artigo nº78, também fica definido que é 
responsabilidade dos médicos caso o segredo seja 
violado por seus auxiliares 
• Dessa forma, a confidencialidade é um direito do 
paciente e obrigação do médico >> Deve estar 
presente em todos os atendimentos independente 
da faixa etária 
× Profissionais da saúde deverão sempre estimular os 
adolescentes a envolverem seus pais em seu tratamento >> 
Porém, é importante que desde o início seja estabelecido os 
limites desse envolvimento e o direito. 
× Não se constitui como ato ilícito a prescrição, orientação ou 
manutenção do sigilo de atividade sexual de adolescente 
com menos de 14 anos >> Desde que mão seja verificado 
abuso, exploração sexual ou outro tipo de situação pessoal 
ou social que afete negativamente a adolescente 
× É dever legal dos profissionais da saúde comunicar à 
autoridade competente situações em que há suspeita ou 
confirmação de maus tratos e de abuso sexual contra 
crianças e adolescentes >> Não se configura como infração 
ética a comunicação à autoridade competente 
× Embora a autonomia seja um dos direitos que deve ser 
garantido a adolescente durante a consulta podemos ter 
alguns conflitos relacionados a autonomia. Sendo assim: 
• Circunstâncias em que pais ou responsáveis não 
autorizam que a adolescente seja atendida 
sozinha, realize exames necessários para o seu 
tratamento ou a levam contra a sua vontade para 
a constatação de virgindade podem ocorrer >> 
Nessas situações, é importante que o atendimento 
médico assegure maior privacidade a ela. O 
profissional deve avisar aos responsáveis os 
benefícios da entrevista provada com a 
adolescente 
• A adolescente tem o direito, independente da 
idade, de ser atendida sozinha em um espaço 
privado de consulta 
• Parecer n 2.797/1998 do CFM: discorre acerca 
do controle das DST’S na população adolescente e 
realização de testes sorológicos >> Afirma que 
após avaliar o discernimento do adolescente à 
realização de exame anti-HIV, fica restrita à sua 
vontade. Além disso, também determina que 
nenhum paciente, independente da idade, é 
obrigado a realizar o teste de HIV, assim como não 
há obrigatoriedade de revelar a sua 
soropositividade, exceto ao parceiro sexual 
• Acerca da constatação de virgindade, é importante 
que haja contextualização e que a discussão entre 
pais e adolescentes seja intermediada >> Além 
Atendimento ginecológico a adolescentes 
disso, é necessário que esclareça que laudos 
periciais são de responsabilidade dos médicos 
legistas 
× Também podem ocorrer conflitos relacionados ao sigilo e 
confidencialidade da consulta >> Primeiramente, o 
profissional deverá estabelecer um pacto de confiança com 
a paciente e reafirmar o seu direito ao sigilo. Porém, é 
necessário deixar claro que existem situações em que este 
pacto pode ser violado 
• A adolescente deve ser incentivada a envolver 
seus pais/responsáveis no acompanhamento e 
resolução de seus problemas >> Mas é necessário 
que se estabeleça os limites desse envolvimento 
• Em situações em que a quebra de sigilo é 
justificada e não havendo concordância por parte 
da adolescente, após a equipe profissional já ter a 
encorajado a envolver a família e oferecer apoio 
na comunicação, será esclarecido para a 
adolescente o motivo da quebra de sigilo antes 
de haver repasse da informação aos 
pais/responsáveis 
• Situações em que a quebra de sigilo é justificada: 
- Déficit intelectual relevante 
- Percepção da ideia de suicídio ou homicídio 
- Falta de crítica por distúrbios psiquiátricos 
- Recusa ao tratamento por doenças de risco 
- Referência explicita ou suspeita de abuso sexual 
- Gravidez >> Com ou sem o intuito de interrupção 
× Conflitos relacionados à atividade sexual em menores de 14 
anos: A lei nº 9.263/1996 trata acerca do Planejamento 
Familiar, porém não faz menção à idade, enquanto o artigo 
217 do Código Penal denomina como estupro de vulnerável 
ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso com menor 
de 14 anos 
• Nesse contexto, frente ao risco da gravidez na 
adolescência e até que novas leis sejam criadas 
para elucidar conflitos desse tema, não se deve 
levar em consideração apenas a idade para 
prescrição de contracepção 
• Em situações em que o profissional atende uma 
adolescente, sozinha ou acompanhada pelos seus 
responsáveis, que solicita a prescrição de 
contracepção, mas pede sigilo, deverá ser 
avaliado de forma criteriosa em que contexto a 
relação sexual se insere >> Por exemplo, devemos 
avaliar se o parceiro é o namorado, parente, a 
diferença de idades, se existe suspeita de abuso. 
Essas situações podem caracterizar um cenário 
em que o profissional pode decidir ou não sobre a 
quebra de sigilo 
• Além disso, o prontuário médico deve ser bem 
documentado com todas as informações 
pertinentes ao caso 
• A prescrição de métodos anticoncepcionais para 
menores de 14 anos deverá levar em conta a 
solicitação delas, respeitando os critérios de 
elegibilidade. >> Não se constitui como ato ilícito 
• Além disso, é importante que a adolescente seja 
esclarecida sobre as situações em que a 
contracepção de emergência pode ser usada >> 
Dessa forma, a resolução do CFM nº 1811/2006 
estabelece as normas éticos de utilização da 
anticoncepção de emergência, a qual pode ser 
usada em qualquer etapa da vida reprodutiva e 
fase do ciclo menstrual como forma de evitar a 
gravidez, ou seja, não se caracteriza como 
interrupção de gravidez 
 
× Conflitos relacionados à violência: durante o atendimento 
médico o profissional de saúde pode tomar ciência das 
diversas modalidades de violência sexual ao serem 
relatadas, evidenciadas ou constatadas 
• A Lei nº 8.069/1990 do ECA em seu artigo nº13 
garante pena ao médico que deixar de comunicar 
à autoridade competente, ou seja, Conselho 
Tutelar, casos de suspeita ou confirmação de 
maus tratos contra adolescentes e crianças 
• No artigo nº 245 do ECA, fica determinado que a 
situação será considerada como infração 
administrativa se o médico, professor ou 
responsável por estabelecimento de atenção a 
saúde e ensino fundamental, pré-escola e creche, 
deixar de comunicar à autoridade competente os 
casos de que tenha conhecimento, sendo suspeita 
ou confirmação >> A pena é de 3 a 20 salários de 
referência, sendo que em caso de reincidência a 
pena dobra 
• É imprescindívelque cada caso seja avaliado de 
forma cautelosa e de preferência por uma equipe 
multidisciplinar >> Também deve ser discutido o 
melhor momento para a notificação e como será 
realizada como forma de evitar danos graves por 
tomadas de decisões equivocadas 
 
× Acerca de casos de abortamento previsto em lei, a norma 
técnica do ministério da saúde referente à prevenção e 
tratamento dos agravos resultantes da violência sexual 
contra mulheres e adolescentes inclui as adolescentes 
como beneficiarias >> A norma técnica exige a autorização 
do representante legal para a realização sexual, caso a 
violência sexual resulte em gravidez 
• Inicialmente, caso ocorra divergências 
relacionados ao desejo da continuidade da 
gravidez entre o adolescente e os seus 
representantes legais, deverá ser respeitado o 
direito de escolha da adolescente e nenhum 
procedimento/encaminhamento que se oponha à 
vontade da paciente deve ser realizado 
• Em caso de persistência do conflito, a equipe de 
saúde deverá garantir que o desacordo seja 
resolvido por meio do Poder Judiciário, acionada 
pelo conselho tutelar ou promotoria de justiça da 
infância e da juventude, cuja decisão irá buscar 
garantir o interesse da adolescente 
• O acompanhamento psicossocial deverá ser 
indicado e oferecido à família e adolescente 
× É necessário que ocorra uma atualização das Diretrizes do 
Fórum de Adolescência, Anticoncepção e Ética de 2002, 
ampliando as suas recomendações além do âmbito da 
anticoncepção

Outros materiais