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O papel das Organizações Internacionais na atual conjuntura política mundial

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1 
 
O papel atual das Organizações Internacionais e a 
inserção brasileira 
Regina Cecere Vianna; Felipe Kern Moreira 
PREFÁCIO 
Prefaciar este artigo é para mim, professora de Direito Internacional, 
motivo de júbilo e orgulho. Ter como monitor e orientar um 
Acadêmico do nível cultural, moral, ético e de incrível interesse e de 
saber jurídico, como o Felipe, realmente me faz uma pessoa de sorte 
e feliz. Saber que tanto para ele como para outros, o Direito 
Internacional tem no âmago de seus seres a importância que lhe é 
devida em toda a conjuntura jurídica, é extremamente gratificante. 
Neste artigo, pequeno, sem grandes pretensões científicas, mas 
totalmente integrado à realidade atual, o Acadêmico Felipe, consegue 
apresentar as Organizações Internacionais de forma clara e precisa. 
Dá-nos uma noção da posição das mesmas nas áreas da geopolítica e 
de política internacional e nacional, de forma a despertar o interesse 
de toda a comunidade jurídica. 
Cabe a mim como professora da Disciplina, somente observar alguns 
aspectos e fatos históricos que deram origem, ao que hoje chamamos 
Organizações Internacionais. 
Talvez os hebreus tenham sido, dentre os povos da antigüidade, os 
primeiros que sonharam com um mundo sem guerras. Miquéias, seu 
profeta disse: 
“Ele julgará entre muitos povos e reprovará nações poderosas e 
longínquas; eles converterão as suas lanças em poedeiras; uma 
nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão 
mais a guerra ...” 
Alguns doutrinadores fazem remontar a origem das Organizações 
Internacionais aos anseios de paz perpétua, desenvolvidos através 
dos tempos pelos irenistas (livros destinados a apaziguar as 
discórdias dos Cristãos, no primeiro século). Tais projetos, não raro 
tinham o sentido restrito, pretendendo muitos apenas, alcançar 
somente o mundo cristão. 
Platão também sonhou com a paz. Ele imaginou a Terra dividida em 
dez reinos, que seriam distribuídos entre 10 filhos de Poseidon. 
Nunca haveria guerra. Uma Assembléia presidiria os interesses e um 
Tribunal julgaria seus litígios. 
Dante, pregou a criação de uma “Monarquia Universal”. 
Benthan, na obra “Plano para uma Paz Universal e Perpétua” sugeria 
a formação de uma confederação que disporia de uma Dieta e de um 
Tribunal, decidindo os conflitos por arbitragem. 
 
2 
 
Alberto Torres no Brasil, em 1909,objetivando a consecução da paz 
universal, escreveu o livro “ Vers la Paix”. 
Muitos outros se manifestaram favoravelmente à criação de um ou 
vários organismos disciplinadores das relações internacionais e 
mantenedores da paz universal. Deixaram de alcançar seus objetivos, 
talvez por estarem adiantados em seu tempo ou por já terem 
nascidos pejados de interesses subalternos. 
Somente ao quase findar de uma hecatombe mundial, haveria a 
humanidade de realmente buscar numa Organização Internacional, a 
Liga das Nações, uma tentativa de concretizar seu milenar anseio 
pela paz universal. 
Feita esta pequena dissertação histórica, vamos ao âmago das 
Organizações Internacionais, esperando que todos ( alunos, docentes 
e especialistas do Direito) possam além de melhor conhecê-las, 
refletir sobre a necessidade e a utilidade das mesmas no mundo 
atual. 
I – INTRODUÇÃO 
Este artigo busca esclarecer aos estudantes de Direito o papel das 
Organizações Internacionais na atual conjuntura política mundial. 
Considerando que vivemos num mundo marcadamente voltado para 
o relacionamento internacional, devemos privilegiar a abordagem 
jurídica internacional, compreendendo as suas estruturas e ao mesmo 
tempo tendo capacidade crítica capaz de avaliar as limitações 
existentes em um sistema que historicamente se impõe. 
Nas palavras do famoso professor Thomas R.Van Dervort: “The 
emergence of a worldwide comunity of nations with a functioning set 
of diferenciated political decision-making institutions, and set of legal 
principles that define its functions, is the most important 
development of the twenttieth century.”(tradução livre do autor - “A 
emergência de uma comunidade mundial das nações com um 
conjunto funcional de diferenciadas instituições para tomada de 
decisões políticas e o conjunto de princípios legais que definem as 
suas funções, é o mais importante desenvolvimento do século vinte. “ 
De fato, qualquer cidadão medianamente informado já ouviu falar na 
atuação de uma Organização Internacional, seja pela atuação da 
OTAN em Kosovo, alguma manifestação político - reinvindicatória 
contra o Banco Mundial ou mesmo os esforços da UNESCO para 
trazer dignidade à criança e às mulheres nas zonas mais carentes do 
planeta. Não raras vezes as notícias do jornal versam unicamente 
sobre a atuação dos órgãos supranacionais ou as Organizações 
Internacionais. 
Chama à atenção que a cadeira de Direito Internacional , segundo 
decisão do Ministério da Educação e Cultura para a universidade de 
Ciências Jurídicas no Brasil, é obrigatória nos currículos apontando o 
 
3 
 
que o Brasil também está inserido neste novo cenário mundial. Há, 
portanto, hoje uma verdadeira necessidade nacional que o novo 
panorama do relacionamento das nações seja entendido 
profundamente pela Universidade Brasileira e também pelos órgãos 
da administração interna, tendo em vista a preparação de nossos 
profissionais para uma nova modalidade jurídico-organizacional do 
mundo. 
Ademais, para se estabelecer uma ordem internacional é necessário o 
pré-estabelecimento de uma estrutura legal, ou seja, as reformas 
supranacionais, sejam econômicas ou sanitárias, passam por um 
processo jurídico-legislativo tornando cada vez mais necessário o 
aprimoramento do jurista para a área internacionalista. 
II - ACEPÇÃO DOUTRINÁRIA 
Há, na recente doutrina internacionalista uma abordagem conceitual 
e organizacional das Organizações internacionais. É neste sentido que 
vamos encontrar o conceito de Organizações Internacionais como o 
estabelecido pelos professores Ricardo Seintenfus e Deisy Ventura: 
“As Organizações internacionais são associações voluntárias de 
Estados constituídas através de um Tratado, com a finalidade de 
buscar interesses comuns por intermédio de uma permanente 
cooperação entre seus membros.”1 
A Própria Carta das Nações Unidas reconhece a utilidade de 
Organizações Internacionais regionais e especifica a seus membros 
que estes organismos ou agências que tenham por objetivo 
manutenção da paz e segurança internacionais e agem de acordo 
com os princípios da Nações Unidas são apropriadas para ações 
regionais ( art. 52[ 1]). A Declaração também direciona o Conselho 
de Segurança a “encorajar o estabelecimento de disputas locais 
através de Organizações Regionais.” ( art. 52[2]). 
Atualmente, sob a égide da nomenclatura de Organizações 
Internacionais possuímos uma ampla variedade de entidades que 
podemos dividir em: 
a) Organismos especializados das Nações Unidas: 
Segundo a Carta das Nações Unidas, são aquelas que foram ou 
que venham a ser “criadas por acordos intergovernamentais e 
com amplas responsabilidades internacionais, definidas em seus 
instrumentos básicos, nos campos econômico, social, cultural, 
educacional, sanitário e conexos” (art.57). Como por exemplos 
a Organização Mundial do Comércio (OMC), Organização 
Mundial as Saúde (OMS), Organização Marítima Internacional 
(OMI), União Internacional de Telecomunicações (UIT) entre 
outras; 
b) Organizações de cooperação econômica: 
As organizações de cooperação econômica podem ser divididas 
em organismos de alcance continental e os de alcance regional. 
 
4 
 
Estas organizações, muito embora tenham sido criadas com o 
fim de integração econômica, abrangem hoje estruturas 
legislativas e judiciárias, com conseqüências até mesmo 
militares como a recente polícia criada na Comunidade 
Européia. São exemplos a ALADI ( Associação Latino-americana 
de Integração e Desenvolvimento), MERCOSUL (Mercado 
Comum do Sul), União Européia (UE), etc.. 
c) Organizaçõesregionais: 
Englobam uma série de instituições com fins diversos que os da 
integração econômica e que são formados principalmente por 
países desenvolvidos que irão contrastar drasticamente com as 
iniciativas na África e na Ásia. São, muitas vezes, fins diversos 
que englobam também as trocas de bens e mercadorias como a 
“Organização da Conferência Islâmica” (OCI), datada desde 
1972, que tem por objetivo primordial consolidar a 
solidariedade islâmica na busca de direitos nacionais. São 
outros exemplos a Organização dos Estados Americanos (OEA), 
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Grupo dos 
Sete. 
d) Organizações não-governamentais: 
As ONG’s são um fenômeno recente da prática internacional. 
Como o nome indica, seus integrantes são particulares e não 
Estados. Nesse sentido, elas se aproximam das características 
das empresas transnacionais, mas sem fins lucrativos. 
Portanto, as ONG’s internacionais podem ser definidas como 
sendo as organizações privadas, movidas pela solidariedade 
transnacional, sem fins lucrativos. 
Interessante é que o surgimento das ONG’s está vinculado ao 
grau de maturidade e participação da sociedade, por isso, sua 
presença é mais acentuada na América do Norte e na Europa 
Ocidental. Um exemplo de ONG é o movimento ecológico 
“Greepeace” bem como o “Americas Watch” que funciona como 
um observador de violações aos direitos humanos. 
 
III – O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 
Após esta exposição mais conceitual e doutrinária sobre o tema passa 
a ter lugar no raciocínio o papel desempenhado pelo nosso tema de 
estudo. É claro que uma abordagem mais detalhada ou minudente é 
desnecessária a este artigo, considerando a extensão do tema e seus 
desdobramentos. O mais importante objetivo colimado por este artigo 
é justamente permitir ao leitor desavisado abordar o tema e capacitá-
lo a uma visão crítica, ao mesmo tempo em que compõe uma base 
mínima de conhecimentos para uma posterior pesquisa mais 
aprofundada. A mesma realidade colocada nas ONG’s serve aqui a 
título de exemplificação: na medida em que o cidadão brasileiro gozar 
de informações suficientes em relação à política internacional, a 
inserção da sociedade civil na construção política mundial será mais 
abrangente e profícua. 
 
5 
 
Primeiramente, o acesso à informação é um dado básico para se lidar 
concretamente com as Organizações Internacionais, pois estas não só 
possuem objetivos de auxílio ou construção de realidades mundiais 
mais justas, mas também correlatamente prestam informações 
acerca de seus trabalhos com fins de divulgação ou captação de 
recursos financeiros e humanos. 
 
Desta forma, na internet, é muito simples encontrar toda a dinâmica 
destes organismos, principalmente os vinculados à ONU. Por 
exemplo, se o tema procurado é “Organização Mundial do Comércio”, 
digitando-se a sigla internacional em língua inglesa acrescido do .org 
é possível se obter informações completas sobre tal instituto. (por 
exemplos : www.wto.org (OMC) ; www.who.org (OMS); www.oas.org 
(OEA), etc...Neste aspecto está incluído um papel importante das 
Organizações Internacionais: atuar no auxílio mundial na construção 
da paz e desenvolvimento mas exercendo publicidade e atuando de 
forma democrática , com a participação dos Estados. 
 
O papel das Organizações Internacionais está definido em Tratados 
internacionais, Protocolos de intenção e Estatutos internos mas o 
desenvolvimento progressivo destes objetivos se dá em Conferências 
para estipulação de metas “pro tempore”, bem como avaliação do já 
efetuado. Os objetivos traçados exigem uma estipulação de conceitos 
delimitados a serem trabalhados e muitas vezes reformulados. Por 
exemplo, a Organização Mundial da Saúde, tem por fim primeiro dar 
um conhecimento em nível mundial em relação ao campo as saúde, 
mas para tal a OMS define saúde como “Health is a state of complete 
phisical, mental and social well-being and not merely the absense of 
disease or infirmity.” ( tradução livre do autor – “é o estado de 
completo bem estar físico, mental e social e não meramente a 
erradicação de doença ou enfermidade”). 
 
Não poderia deixar de mencionar o papel dos voluntários nas 
Organizações Internacionais como o executado na Palestina em 
relação aos padrões sexuais esteriotipados, El Salvador, na defesa da 
dignidade da mulher e da criança frente à guerrilha e na Índia, frente 
a uma imensa multidão de miseráveis. Os voluntários seguem um 
programa padrão da ONU denominado “United Nations Volunteers” ( 
www.unv.org) e atuam temporariamente em áreas geralmente 
sanitárias e educativas com atuações bastante elogiáveis em zonas 
menos privilegiadas do planeta. 
 
IV – O BRASIL E AS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 
 
As relações internacionais brasileiras começaram às avessas, com a 
abertura dos portos ainda sob o regime Imperial, mas com um 
relacionamento comercial exclusivo e privilegiado com a Inglaterra. 
 
6 
 
Contudo a inserção do Brasil nas suas relações com os Organismos 
Internacionais pode ser reconhecido e avaliado como muito 
proveitoso. Embora o Brasil não tenha participado da I Grande 
Guerra, vamos figurar na parte dos vitoriosos com nossa oportuna 
participação no Congresso de Versalhes o qual tenta criar pela 
primeira vez um órgão de caráter universal para a solução dos 
conflitos e para a manutenção da paz e cooperação internacional. O 
Brasil participará de forma transitória do Conselho da Liga, renovando 
todos os anos seu mandato de membro e só sairá deste em 1926 
com a entrada da Alemanha. 
 
Este é um episódio interessante na participação internacional 
brasileira, pois na iminência de a Alemanha se tornar membro 
permanente do Conselho, o Brasil quis materializar um sonho de 
potência requerendo também sua entrada como membro 
permanente, mas teve seu pedido negado. Sob esta circunstância, 
vetou a entrada da Alemanha (pois neste conselho ao contrário do 
Conselho de Segurança da ONU todos os membros tinham direito ao 
veto) que de qualquer maneira alcançou seus objetivos e o Brasil 
acabou saindo da posteriormente fracassada Liga das Nações. 
 
Na recente história mundial, o Brasil tem exercido uma política 
externa bastante atuante, aderindo aos mais diversos Organismos 
Internacionais, segundo uma diretiva de participação na nova política 
mundial. Entre as adesões de maior destaque podem ser citados : 
Organização Mundial do Trabalho (OIT) em 10/01/1920; Fundo 
Monetário Internacional (FMI) em 14/07/1955; Organização das 
Nações Unidas (ONU) em 12/09/1945; Organização das Nações 
Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 
14/10/1946; a Organização Mundial da Saúde (OMS) em 15/03/50; 
Organização dos Estados Americanos (OEA) em 13/12/1951; o 
Mercado Comum do Sul ( MERCOSUL) em 29/11/91 e Organização 
Mundial do Comércio (OMC) em 01/01/1995 entre outros. 
 
Interessante é que até hoje, a inserção do Brasil no Conselho de 
Segurança como membro permanente da ONU figura como um 
objetivo concreto de nossa diplomacia dada à participação efetiva da 
Força Expedicionária Brasileira ao lado dos Aliados nos combates na 
Itália bem como a posição estratégica do Brasil na América latina e 
sua posição manifestadamente pacifista. 
 
Os outros objetivos da política externa brasileira, manifestados nas 
recentes ações diplomáticas são a discussão da Dívida Externa onde 
recomeçamos a negociar o “quantum” devido e é de suma 
importância a reversão do quadro de juros pagos. O grande avanço é 
o Brasil poder adotar uma postura mais madura frente ao Banco 
Mundial, já que até pouco tempo praticávamos a política do “calote 
internacional”. “As moratórias, assim como as cartas de intenção com 
 
7 
 
o FMI e os Acordos não cumpridos, compuseram a imagem de pouca 
confiança, o que se agrava pela instabilidade econômica, política e 
das instituições.”2 . 
 
Figura ainda a preocupação com a formação de um Bloco econômico 
latino-americano,principalmente o MERCOSUL. Digo principalmente, 
considerando que se a experiência européia aponta para a unicidade, 
a aglutinação de uma única estrutura, a Comunidade Européia; a 
experiência latina ou mesmo americana pratica o desdobramento de 
objetivos com a formação das mais diversas estruturas de integração 
com composição de Estados diferenciada (por exemplos: ALCA, Pacto 
Andino, ALADI, NAFTA, MERCOSUL, ALALC). A pergunta que ocorre 
por via de conseqüência é se esta multiplicidade não atrapalha o 
processo de integração latino. Há correntes doutrinárias que não 
vêem a multiplicidade de estruturas supranacionais como um fator 
“negativo”, como por exemplo, o reconhecido professor Luis Olavo 
Batista. Já, por outro lado, há correntes divergentes às quais este 
autor se coaduna. 
 
Outra questão que não poderia deixar de ser mencionada é a questão 
nuclear ou ambiental. Aqui vislumbramos a distância que há entre os 
discursos ecológicos de alguns governantes e das ONG’s européias, 
às posições oficiais dos Estados a respeito do tema e às concessões 
que estão dispostos a fazer em nome da proteção ambiental. Ou seja, 
é inegável a conivência de certos governos com a depredação da 
Amazônia, ainda que em seu território proliferem movimentos de 
cunho ecológico. A Amazônia não pode transformar-se em purgatório 
da má consciência ambiental dos países desenvolvidos. Os programas 
de cooperação internacional devem ser extremamente objetivos, a 
auxiliar a solução dos problemas amazônicos e não das ONG’s. 
 
V – CONCLUSÃO 
 
Apesar da existência das Organizações Internacionais, o Século XX 
conheceu duas guerras mundiais e dezenas de conflitos militares que 
ocasionaram mais de cinqüenta milhões de mortos e refugiados. A 
paz foi como disse Paul Valéry, “a guerra noutro lugar”. O homem 
criou formas de destruição massiva, com as armas nucleares e 
químicas. As tentativas de limitar o perigo de uma deflagração 
generalizada, que viria a destruir toda a forma de vida sobre a terra, 
muitas vezes ocorreu à margem das organizações internacionais. 
 
Não existe ainda uma organicidade, um trabalho em conjunto no que 
tange à atuação das Organizações Internacionais e isto afeta as mais 
diversas áreas. Por exemplo: com a negativa de intervenção por 
parte da ONU em Kosovo, a OTAN assumiu um papel quase 
“unilateral” com a matança de muitos civis, da mesma forma a 
Organização Mundial da Saúde não consegue aglutinar os 
 
8 
 
pesquisadores mundiais em direção à descoberta da cura da AIDS, 
pois os interesses econômicos e autorais impedem uma busca 
conjunta. 
 
Da mesma forma, o narcotráfico, pois as rotas da cocaína, 
transportada para os grandes mercados consumidores na América do 
Norte e Europa, envolvem os “paraísos financeiros” da América 
Central e do Caribe. O Panamá, as Bahamas, as Ilhas Caymã e as 
Ilhas Virgens – esses são os centros principais de lavagem do 
dinheiro do narcotráfico na América. (Questões internacionais 
Contemporâneas, pg. 264). Apesar dos esforços do governo dos EUA, 
muitas vezes ultrapassando o limite da legalidade internacional, para 
refrear o problema do narcotráfico e suas conseqüências, não existe 
um esforço real e efetivo das Organizações Internacionais, a não ser 
esparsas tentativas por parte de ONG’s. 
 
Conclui-se então, que o contexto da necessidade de uma paz 
mundial, oriunda das duas grandes guerras, veio a gerar toda uma 
nova ordem mundial, protagonizada por entidades supranacionais 
que hoje já extrapola o limite da jurisdição sobre a atuação militar e 
do regulamento da corrida armamentista. Se “El derecho es, en 
esencia, un orden para promover la paz”3 como já apregoava Hans 
Kelsen, e a paz é uma realidade distante, quanto mais as questões da 
saúde, do subdesenvolvimento etc. 
 
Resta, contudo que nós, hoje cidadãos do mundo, principalmente os 
que atuam na ordem jurídica, político-diretiva ou na formação de 
opinião, conheçamos mais de perto a estrutura das Organizações 
Internacionais e conhecendo sejamos partícipes da busca da “utopia” 
de uma Comunidade Global voltada para a paz e integração solidária. 
 
VI – BIBLIOGRAFIA 
1) Dervort, Thomas R. van. International Law and Organization – 
na introduction. London: Sage Publications. 1998. 
2) Kelsen, Hans. Derecho y Paz en las relaciones internacionales. 
México: Fondo de Cultura Econômica. 2ª edição 1996. 
3) Magnoli, Demétrio. Questões Internacionais Contemporâneas. 
Brasília: Fundação Alexandre Gusmão. 2000. 2ª edição 
4) Seintenfus, Ricardo e Ventura, Deisy. Introdução ao Direito 
Internacional Público. Porto Alegre: Livraria do Advogado 
Editora. 1999 
5) Seintenfus, Ricardo. Para uma nova Política Externa Brasileira. 
Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora. 1994 
6) ________, Manual das Organizações Internacionais. Porto 
Alegre: Livraria do Advogado Editora. 1997. 
7) United Nations Volunteers Magazine. Issue 88. June 2000 
8) Vários. Política Externa. Vol 8 . Nr. 04 . Março-abril-maio 2000. 
Brasília: Editora Paz e Terra.

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