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Maria Paula M. Mattei – Tutorial 5 UC 17 P ág in a1 Dependência Química e o Sist. de Recompensa Desenvolvimento da Dependência Fatores que propiciam o contato e o desenvolvimento de dependência: → Genéticos → Culturais → Familiares → Psicopatológicos → Sociais → Ambientais No entanto, a ocorrência dessas vulnerabilidades não significa que o indivíduo se tornará dependente. Indivíduos com baixo nível de autocontrole, o que pode ser reflexo de deficiências nos mecanismos cerebrais de inibição, podem ser particularmente predispostos a desenvolver transtornos por uso de substância. Substâncias que causam dependência e transtornos: → Álcool → Cafeína → Maconha → Alucinógenos → Opioides → Sedativos → Hipnóticos → Ansiolíticos → Estimulantes (anfetamina, cocaína) → Tabaco *Comida possui neurotransmissores semelhantes, no entanto, não gera abstinência Critérios para uso nocivo: Um padrão de uso de substância psicoativa que está causando dano à saúde (físico ou mental). O diagnóstico requer que um dano real deva ter sido causado à saúde física e mental do usuário. Padrões nocivos de uso são frequentemente criticados por outras pessoas e estão com frequência associados a consequências sociais diversas de vários tipos. *Não diagnosticar se estão presentes: sínd. de dependência ou transtorno psicótico **Apenas o CID-10 separa uso nocivo de dependência, o DSM-5 e a American Psychiatric Association (APA) colocou junto ao transtorno por uso de substâncias Síndrome de Dependência: Conjunto de fenômenos fisiológicos, comportamentais e cognitivos, no qual o uso de uma substância ou uma classe de substâncias alcança uma prioridade muito maior para um determinado indivíduo que outros comportamentos que antes tinham maior valor. A dependência pode ser por: → Substância específica (tabaco, Diazepam) → Classe de substâncias (drogas opioides) → Variação de diferentes substâncias (pessoas que sentem compulsão a usar quaisquer drogas disponíveis e que mostram angústia, agitação e/ou sinais físicos de um estado de abstinência cessado o uso da droga) Sintomas: → Fissura (desejo intenso de usar a substância) → Binge (episódios de uso compulsivo) → Lapso (uso da substância em contexto de tratamento sem mudança de comportamento - paciente não segue as orientações médicas e não evita a companhia de amigos usuários) → Recaída (usar a substância após período de abstinência e de mudança de atitude) → Tolerância Diagnóstico CID-10: Feito somente se 3+ dos seguintes requisitos tenham sido experenciados ou exibidos em algum momento durante o ano anterior: a) Forte desejo ou compulsão para consumir a substância b) Dificuldade em controlar o comportamento de consumir a substância, tanto no início, término ou níveis de consumo c) Estado de abstinência quando o uso cessou ou foi reduzido d) Tolerância (doses crescentes são requeridas para alcançar o efeito original das doses baixas) e) Abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor do uso da substância; aumento da quantidade de tempo em busca da substância ou para se recuperar de seus efeitos f) Persistência no uso da substância, mesmo sabendo ou tendo as consequências nocivas dela Sistema de Recompensa É a estrutura cerebral envolvida na promoção das sensações de prazer e euforia, bem como na busca por ações ou substâncias que possam promover essas sensações. Maria Paula M. Mattei – Tutorial 5 UC 17 P ág in a2 Todas as substâncias com potencial de dependência têm ação direta ou indireta nesse sistema. Constituído por: → Área tegmental ventral (ATV) (onde inicia) * Muitos neurônios dopaminérgicos e alguns GABAérgicos → Núcleo accumbens * Principal estrutura do sistema límbico, responsável por emoções e percepções. → Amígdala → Córtex pré-frontal (onde termina) Esse sistema é ligado ao sistema límbico (corpo caloso, giro cingulado, para-hipocampal, hipocampo, amígdala e tálamo) promove o substrato neuroanato ̂mico para as emoções e os com- portamentos motivados, incluindo as vias de resposta ao estresse e as de recompensa. Vias compreendidas nesse sistema: Via Mesolímbica (1ª flecha verde) Neurotransmissor = dopamina (serotonina, noradrenalina, acetilcolina, endorfinas, GABA, glutamato, opioides) Receptor = D2 Outras projeções da amígdala, córtex pré-frontal e do hipocampo chegam ao núcleo accumbens → regulação da emoção, motivação e cognição A mais importante via do prazer Via Mesocortical (todas as flechas verdes) Surge na área tegmental ventral, próximo da via mesolímbica, e projeta seus neurônios para a área cortical, sendo mais associada às funções cognitivas. Ação desse sistema: Ver uma pessoa que você gosta, dormir, comer, ter orgasmo e usar drogas aciona esse sistema. ATV libera dopamina → DA no núcleo accumbens e amígdala → enviam sinais ao córtex pré-frontal, que entende que aquela ação traz sensações boas. Além disso, a ativação do núcleo accumbens cria uma relação positiva com a substância/ação promotora ativando o giro do cíngulo que, juntamente com a amígdala, proporciona a formação de memória positiva. O sinal, ao chegar no córtex, irá modular aquela atividade de forma social, determinando a frequência e o modo de uso. Ação das Drogas no Sist. de Recompensa As drogas de abuso atuam sobre esse sistema, principalmente pelo aumento de dopamina. Devido a ativação do sistema pela droga, ocorre assimilação cerebral do uso da substância como uma atividade positiva que deve ser repetida para gerar felicidade e recompensa. Depois de instalada a dependência, o uso da droga passa a estar mais vinculado com alívio do desconforto da abstinência do que com a busca do prazer em si. Isso ocorre pela neuroadaptação do indivíduo ao uso constante da substância Neuromodulação: O cérebro desenvolve uma tolerância à molécula extrínseca para impedir a ação tóxica. Alguns casos ocorrer diminuição do número de receptores neuronais, em outros ocorre a redução da liberação do neurotransmissor → evitam a hiperexcitabilidade ou inibição excessiva da droga no SNC Tipos de usuário: Experimentador= usa várias drogas poucas vezes Ocasional = faz uso de drogas quando está disponível (festa) Habitual = dependente que precisa da droga, mas não vive pela droga Dependente = Vive pela droga Síndrome de Abstinência: Conjunto de manifestações clínicas indicativas de que o indivíduo passou um tempo maior que o esperado sem usar alguma substância. Devido a ativação do sistema de recompensa, o cérebro assimila o consumo da droga como necessidade fisiológica que deve ser realizada obrigatoriamente. Como o corpo se adaptou à droga, quando ela está ausente, ele entende que está em um profundo desequilíbrio, levando aos sintomas. → Perturbações psicológicas o Ansiedade o Depressão o Transtornos de sono o Delirium (abstinência complicada → comum em alcóolatras gravemente dependentes de longa data) Maria Paula M. Mattei – Tutorial 5 UC 17 P ág in a3 Transtornos por Uso de Substâncias Uso contínuo e recorrente de uma substância mantido apesar de problemas significativos que dele decorrem. O indivíduo apresenta: → Dificuldade importante ou baixo controle sobre o uso o Não consegue reduzir ou regular o consumo o Gasta muito tempo para obter a droga o Grande parte das atividades diárias gira em torno da substância → Prejuízos psicossociais e sociais evidentes o Dificuldades em cumprir obrigações nos estudos, trabalho ou em casa o Abandono de atividades sociais, profissionais, estudantis e recreacionais o Consumo gera problemas interpessoais e sociais (parentes e amigos reclamam) → Riscos físicos e psicológicos → Tolerância e abstinência Transtornos Induzidos por Substâncias São considerados transtornos induzidos: → Intoxicação o Síndrome reversível específica com alterações comportamentaisou mentais (embriaguez, sedação, torpor) → Síndrome de abstinência da substância → Quadros psicopatológicos que podem ser induzidos pelo uso, como psicoses, quadros de humor (mania ou depressão), quadros ansiosos, delirium e transtorno neurocognitivo. Drogas de ação direta = agem aumentando diretamente a dopamina Ação indireta = age modulando outros neurotransmissores que acabam aumentando dopamina Quadros induzidos x quadros independentes do uso (que não foram causados pelo uso): Induzidos: - Sintomas regridem em no máximo 30 dias após a cessação do uso - Quadro vai regredindo após alguns dias sem o consumo ou da passagem da abstinência (em 1-2 semanas todos os sintomas desaparecem) - Quadros dependem diretamente da ação da substância ou dos efeitos da sínd. de abstinência no cérebro As que mais causam quadros psicóticos são: LSD, cocaína, maconha e anfetamina. Independentes: - Episódio já surgiu outra vez na vida (independente do uso da substância) - De modo geral, nos quadros independentes, como um surto de esquizofrenia ou um episódio de mania, a duração é superior a 30 dias. - Episódios independentes de, por exemplo, esquizofrenia, mania ou depressão podem ser desencadeados pelo uso intenso de substâncias ou piorados em sua intensidade. Desencadeado = o transtorno básico, fundamental, é a esquizofrenia ou a mania Induzido = o transtorno de base é relacionado à substância Maconha A droga mais consumida no mundo. Substância psicoativa: THC (Δ-9-tetrahidrocanabinol) → perturbadora do SNC Receptores: CB1 (presente no hipocampo, cerebelo, gânglios da base e neocórtex) e CB2 (células do sistema imunológico) Mecanismo: THC se liga ao CB1 e diminui a excitabilidade dos neurônios ( GABA e glutamato) - O sistema de recompensa não possui CB1, então seus neurônios dopaminérgicos ficam livres ( DA) porque o THC inibe o GABA (que inibe DA) No córtex – diminui cognição N. accumbens – sensação de prazer N. da base e cerebelo – altera movimentos Amígdala – alteração de emoções Hipocampo – altera memória Fatores de risco: - Situação familiar instável ou violenta - Fracasso escolar - Tabagismo - Pessoas próximas usuárias - Transtorno de personalidade antissocial - Transtornos de ansiedade Quadro Clínico: − Relaxamento − Sensação de prazer (brisa ou barato) − Risos espontâneos sem motivos − Hiperfagia (larica) − Distorções da percepção de tempo e espaço − Dificuldade na atenção e na concentração − Sensação de que os sentidos estão aguçados − Hiperemia da mucosa conjuntival (olhos vermelhos) − Xerostomia Pode causar a síndrome amotivacional (apatia, baixa concentração, perda de interesse e isolamento social) → não tem tratamento específico e não tem bom prognóstico Exame físico: olhos, odor nas roupas, pontas dos dedos amareladas, tosse crônica *Nos primeiros usos, parte dos usuários pode sentir ansiedade mais ou menos intensa e ter crises de pânico, taquicardia, perturbação da coordenação motora fina ou pensamentos confusos. Maria Paula M. Mattei – Tutorial 5 UC 17 P ág in a4 Apesar do baixo potencial aditivo, pode causar dependência (transtorno por uso de Cannabis): A interrupção abrupta do uso diário ou quase diário de Cannabis frequentemente resulta no início de uma síndrome de abstinência da substância. Irritabilidade, ansiedade, humor deprimido, inquietação, dificuldade em dormir, redução do apetite e perda de peso. → Indivíduos que usam Cannabis regularmente costumam relatar que a consomem para lidar com o humor, sono, dor ou outros problemas fisiológicos e psicológicos Comorbidade: Porta de entrada para substâncias mais perigosas Taxas mais altas de depressão e transtorno de ansiedade Bronquite, dispneia, produção de escarro e sibilos Alteração da memória de curto prazo (prejuízo cognitivo) Mais cancerígeno que tabaco Tratamento: Não há medicação específica e nem aprovadas Crack / Cocaína Substância psicoativa: alcaloide derivado das folhas de coca → cloridrato de cocaína Formas de uso: inalada, injetada ou fumada (crack) Forma inalada é cocaína misturada com talco, areia fina, pó de giz, cal ou leite em pó, para “render mais” Crack = cocaína + bicarbonato de sódio e água que é cozida e solidifica em cristais Receptores: dopaminérgico Mecanismo: É muito lipofílica, então chega ao SNC de forma muito rápida após o uso. Inibe a recaptação de dopamina (principalmente e precisa de ocupação de 50-60% desses receptores), noradrenalina e serotonina. Com o uso crônico, a dopamina armazenada é menor nos neurônios pré-sinápticos e aumento dos receptores pós- sinápticos → precisa de doses cada vez maiores *Via EV e fumo = efeito imediato, mas com duração mais curta Inalação = efeito mais lento e de maior duração → Crack vicia mais e leva o paciente a comportamentos extremos para obter dinheiro Quadro Clínico: − Intensa sensação de bem estar − Euforia − Maior sensibilidade para visão, tato e audição − Taquicardia e hipertensão − Aumento da autoconfiança − Aumento da libido − Vasoconstrição − Dilatação pupilar (midríase) − Tremores leves de mãos e pés − Contrações musculares de língua e mandíbula Doses altas levam a comportamento bizarro, agitado e violento, bem como inquietação, irritabilidade, ansiedade, tremores, vertigens, contrações musculares e paranoia (forte sensação de perseguição, alucinações táteis e auditivas). Associada ao álcool tem uma meia-vida mais prolongada (metabólito cocaetileno) com intoxicação cardiológica e overdose maior. Abstinência: apatia, tristeza e sonolência nos dias após a interrupção, podendo mimetizar um quadro depressivo. Comorbidade: Arritmias, infarto agudo do miocárdio, endocardite (pela punção e pela falta de cuidado com os dentes), cefaleia, convulsões, AVC e coma Uso de cocaína por gestantes está relacionado à incidência de recém-nascidos de baixo peso, microcefalia, anormalidades comportamentais neonatais e, possivelmente, dificuldades cognitivas e do desenvolvimento a longo prazo. Pulmão de crack – pneumonite responsiva apenas ao tratamento com corticoide Tratamento: Não há medicações aprovadas *Entra na rota de dor torácica (ECG, enzimas cardíacas) Tabaco Substância psicoativa: nicotina Receptor: receptor nicotínico de acetilcolina α4β2 Mecanismo de ação: é agonista desse receptor, induzindo a descarga dopaminérgica na área tegmental ventral (ATV) e núcleo accumbens Também age nos neurônios glutamatérgicos, o que glutamato que ajuda a liberar dopamina no núcleo accumbens É uma das substâncias que + causa dependência, pois possui receptores específicos no mesolímbico! Quadro Clínico: - Melhora do humor - Redução da tensão - Redução da depressão Maria Paula M. Mattei – Tutorial 5 UC 17 P ág in a5 - Relaxante musculoesquelético Comorbidade: Nicotina é vasoconstritor periférico – causa impotência e perda de dentes Câncer de pulmão Comprometimento de paladar e olfato Tratamento: − Adesivo e goma de mascar com nicotina − Bupropriona o Diminui a vontade e o prazer pela nicotina no SNC o Inicia-se com 150mg/dia por 7 dias e a partir do oitavo dia são recomendados a interrupção do uso do cigarro e o aumento da dose para 300mg/dia (o segundo com- primido não deve ser tomado após as 16 horas para evitar insônia). O tempo médio de tratamento é de 12 semanas. − Vareniclina (Champix) → agonista parcial dos nicotínicos→ mimetiza o NT, modulando – em um nível mais baixo; atua como se fosse a nicotina mas em [ ] menor Álcool Substância psicoativa: etanol Quantidade de uso seguro: 21 unidades (homens) e 14 unidades (mulher) semanais (cada unidade tem 10g de álcool) 1 lata de cerveja de vinho, 150 ml de vinho e 30-40 ml de destilado representam 1 unidade Mecanismo de ação: A absorção ocorre nas membranas mucosas da boca e do esôfago (em pequenas quantidades), do estômagoe do intestino grosso e na porção proximal do intestino delgado, onde ocorre a principal absorção. O fígado transforma etanol em acetaldeído pela álcool desidrogenase. O acetaldeído produzido é rapidamente destruído pelo aldeído desidrogenase (ALDH) no citosol e na mitocôndria do hepatócito. Entre 2 e 10% do etanol são excretados diretamente pelos pulmões, pela urina ou pelo suor. SNC → Os principais efeitos sedativos, ansiolíticos e hipnóticos do álcool podem ser associados a sua interação com receptores GABA GABA e glutamato Pequeno efeito sobre sinapses opioides do circuito mesolímbico de recompensa, liberando dopamina no núcleo accumbens. Inibe o córtex pré-frontal = perde a função de controle de emoções e forma de agir Quadro clínico: − Sedação − Fala arrastada − Tontura − coordenação motora − Julgamento − Agressividade − Desinibição − Náusea e vômito − Amnésia *Paciente crônico desenvolve deficiência de vitamina B, principalmente tiamina CID 11 → dependência de álcool é a incapacidade de poder regular ou controlar o uso de bebidas alcoólicas que pode surgir a partir de uso repetido ou contínuo importante. Forte necessidade ou compulsão de usar o álcool, associada à incapacidade de controlar o consumo, com aumento de sua prioridade em relação a outras atividades e persistência de tal prioridade apesar de suas consequências danosas. Paciente dependente começa a beber logo de manhã para aliviar o desconforte de uma abstinência Abstinência: − Taquicardia − Sudorese − Tremor aumentado nas mãos − Insônia − Náusea e vômitos − Alucinações ou ilusões visuais, táteis ou auditivas transitórias − Agitação psicomotora − Ansiedade − Convulsões tônico-clônicas generalizdas − Delirium tremens o Forma grave de síndrome de abstinência de álcool Maria Paula M. Mattei – Tutorial 5 UC 17 P ág in a6 o Ocorrem, além dos sintomas clássicos do delirium (rebaixamento do nível de consciência, alteração da atenção, confusão mental, desorientação temporoespacial, flutuação dos sintomas ao longo do dia), intensas manifestações autonômicas (como tremores, febre, sudorese profusa, entre outras), ilusões e alucinações visuais e táteis marcantes, principalmente com insetos e pequenos animais (zoopsias) o Emergência que precisa de internação − Síndrome de Wernicke o Quadro neurológico o Oftalmoplegia, confusão mental, ataxia e nistagmo o Mortalidde de 15% se não tratada o Doses altas de tiamina intramuscular e VO o Emergência que precisa de internação − Síndrome de Wernicke-Korsakoff o Disfunção cognitiva estabelecida que cursa com amnésia crônica grave Comorbidades: − Cirrose hepática − Câncer de esôfago e orofaringe − Varizes de esôfago − Hipertensão portal − Neuropatia periférica − Insuficiência cardíaca − Alterações cognitivas (consome B12 e B1 além de o próprio paciente parar de comer para beber) − Diabetes Tratamento: AUDIT – Alcohol Use Disorders Identification Test CAGE – Cut, Annoyed, Guilty, and Eye *Usados para pacientes que negam ou não percebem que são dependentes, assim nós conseguimos avaliar qual é o grau de dependência do paciente Pode ser internado ou ambulatorial Ambulatorial se: → Sintomas leves a moderados → Ausência de doença neurológica ou física em geral → Quadro psiquiátrico estável → Inexistência de história de convulsões ou delirium tremens → Presença de familiares ou pessoas que deem suporte e reavaliação em 24h Fazer exames: − Hemograma completo − Glicemia − Teste de função hepática e renal − Coagulograma − Eletrólitos − Sorologias − Detecção de outras drogas − TC de crânio se sinais/sintomas neurológicos Medicamentos Intoxicação aguda: − Reposição de tiamina (B1) parenteral 300 mg – profilaxia da sínd. de Wernicke − Benzodiazepínicos (clordiazepóxido e Diazepam ou lorazepam se já houver hepatopatia) o ministrados por via oral a cada hora até a melhora de alguns parâmetros (tremores de extremidades, taquicardia, hipertensão arterial) e continuados por cerca de 10 dias em doses menores. o Evitar ao máximo − Soro fisiológico e glicose hipertônica EV só devem ser usados em caso de desidratação ou hipoglicemia, respectivamente. − Piridoxina (Metadoxil® ), que acelera a remoção do álcool do organis-mo, devendo ser usada apenas por curto período de tempo (um a quatro comprimidos de 500mg por dia) Transtorno por uso de álcool: − Dissulfiram o Inibe a aldeído-desidrogenase e quando há ingestão de álcool, a pessoa tem sintomas muito desagradáveis o Paciente não pode ingerir álcool − Naltrexona o Atenua os prazeres do álcool o Antagonista de receptor opioide o 1ª escolha − Acamprosato o Também pode ser primeira escolha o Inibe o sistema glutamatérgico e estimula gabaérgico o Paciente em abstinência fica com superexcitação glutamaérgica e deficiência de GABA. Isso cria um estado de toxicidade e lesão neuronal. Então administramos o acamprosato, que alivia a hiperatividade glutamaérgica e a deficiência de GABA. − Topiromato o Anticonvulsivante com possível ação em vias glutamatérgicas e gabaérgi-cas do sistema de recompensa cerebral Uso de Substâncias x Pacientes Psiquiátricos Porque pacientes psiquiátricos têm maior susceptibilidade: Usam para aliviar os sintomas de ansiedade, os quadros de transtorno de humor e estresse pós-traumático Pacientes com depressão buscam o aumento da dopamina Pacientes com TAG buscam drogas que aumentem o GABA Porque substâncias podem gerar quadros psiquiátricos Causa disfunção do sistema monoaminérgico e propicia o surgimento de transtornos psiquiátricos Transtorno de humor por usar droga → durante o uso pode ter sintomas que mimetizam a euforia, depressão pós uso de cocaína, abstinência, psicose Transtorno cognitivo → maconha e síndrome de Wernicke Psicose → cocaína (aumenta nora e dopa) Lesões neurotóxicas ( homocisteína pelo uso abusivo de álcool) → propicia os transtornos psicóticos Maria Paula M. Mattei – Tutorial 5 UC 17 P ág in a7 Tratamento Tem início com o acolhimento respeitoso e empático do paciente e uma investigação ampla dos problemas que ele enfrenta, sempre que possível com o auxílio de um familiar. É requerida uma avaliação inicial para identificação do sujeito, mas sobretudo para o estabelecimento de um vínculo empático médico-equipe de saúde, avaliação da motivação para a mudança, caracterização do uso de droga, determinação de possíveis complicações clínicas, investigação de comorbidades psiquiátricas e elaboração do diagnóstico, a partir do qual será definido o planejamento terapêutico. atenta-se para a presença de indicativos de uso e abuso de drogas, como prejuízos profissionais ou acadêmicos, comprometimento financeiro, história de acidentes frequentes, alterações comportamentais, sintomas depressivos ou ansiosos e distúrbios do sono ou do apetite. Exame físico observar: − Tremores − Hálito cetônico − Hepatomegalia ou esplenomegalia − Alteração pupilar − Desnutrição − Irritabilidade − Ressecamento e sangramento nasal (cocaína) − Hiperemia das conjuntivas (maconha) − Hipertensão/hipotensão − Odor Com base nas respostas do paciente, classificamos ele em diferentes graus de motivação: 1) Fase de pré-contemplação: Não há intenção de parar de fumar. Nem mesmo existe uma crítica a respeito do conflito envolvendo este comportamento; 2) Fase contemplativa: Há conscientização de que fumar é um problema, no entanto, há uma ambivalência quanto à perspectiva de mudança; --> Até aqui devemos estimular a largar o tabagismo, informar sobre os malefícios do hábito e os benefícios da cessação. 3) Preparação para a ação: Prepara-se para parar de fumar (quando o paciente aceita escolher uma estratégia para realizar a mudança de comportamento); --> Aqui devem ser estimulados a marcar uma data para parar de fumar, a fazer exercícios físicos,adquirir posturas que diminuam o estresse, dentre outros (o foco deve ser a escolha da melhor estratégia que se adapte ao paciente) 4) Ação: O paciente para de fumar (o paciente toma a atitude que o leva a concretizar a mudança de comportamento). Aqui os ex-fumantes terão de lidar com os sintomas da abstinência; --> Aqui o paciente encara a fissura e os demais sintomas da abstinência, então a participação do profissional de saúde envolvido ou do grupo de cessação do tabagismo se faz primordial -> focar nas dificuldades encontradas, tentando estimular, explicar e discutir opções que impeçam o retorno ao vício. 5) Fase de manutenção: O paciente deve aprender estratégias para prevenir a recaída e consolidar os ganhos obtidos durante a fase de ação. Neste estágio pode ocorrer a finalização do processo de mudança ou a recaída. --> Na última fase, o paciente deverá ser parabenizado pelo sucesso (mesmo que momentâneo) na cessação do tabagismo, consolidando os ganhos obtidos durante a fase de ação. Resumo: Referências: CANTILINO, Amaury; MONTEIRO, Dennison Carreiro. Psiquiatria Clínica: um guia para médicos e profissionais de saúde mental. Medbook, 2017. DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. 3. ed. Artmed, 2019. LOUZÃ NETO, Mario Rodrigues et al. Psiquiatria Básica. 2. ed. Artmed, 2007. KAPCZINSKI, Flávio et al. Bases Biológicas dos Transtornos Psiquiátricos: uma abordagem translacional. 3. ed. Artmed, 2011. Organização Mundial da Saúde. Classificação dos Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Artmed, 1992. American Psychiatric Association. DSM - 5: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 5. ed. Artmed, 2014.
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