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Aplicação Prática e Teórica – Aula 8 – Fundamentos das Ciências Sociais ‐ 01 Questões Discursivas: Leia o caso concreto e responda as perguntas apresentadas: Sociedade mais competitiva exige famílias menores Em artigo publicado recentemente no Washington Post, o conhecido jornalista Alan Carlson aponta a crescente competitividade que existe nos países mais desenvolvidos como uma das principais causas da queda dos índices de natalidade. Os filhos seriam um obstáculo ao sucesso profissional dos pais, por causa do tempo e do dinheiro que teriam de ser dedicados à educação das crianças. Por este motivo mais e mais casais optam por casamentos sem filhos ou mesmo por não casarem. Nas sociedades em que o capitalismo está no auge do seu desenvolvimento, bom mesmo é ficar sozinho. Será? (Adaptado do jornal Folha de são Paulo de 18‐08‐2006.) 1‐ Segundo a teoria da ação social de Weber, que tipo de ação está presente no texto? Justifique: Resposta: Podemos considerar que no texto constante do enunciado acima estaria presente o tipo ideal Weberiano de AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A FINS. Tendo em vista que, as ações realizadas pelos indivíduos, objeto da matéria jornalística acima, representam ações racionais (tomadas a partir de um processo de reflexão do pensamento sobre uma situação) baseadas nos fins que estes indivíduos buscam alcançar. Desse modo, atrasando ou eliminando a possibilidade de vir a “perder tempo” com a procriação, os indivíduos se capacitariam para manter a busca do status econômico e social que é a principal medida do sucesso individual, traduzindo o altíssimo nível de competitividade das sociedades capitalistas contemporâneas. Esse altíssimo nível de competitividade é reflexo do controle da ética do capitalismo, em seu estágio financeiro, sobre o desejo humano. Esse controle transformou em objeto daquele desejo, aquele mesmo status econômico e social, que somente poderia ser demonstrado através da posse de bens de consumo que simbolizem tal status. Somasse a isso uma lógica artificial de escassez, através da qual a ética dominante nessas sociedades capitalistas modernas conduz, através da mídia e das suas manifestações ideológicas, os indivíduos a considerarem imprescindíveis aqueles bens, que na prática seriam supérfluos. Ao mesmo tempo, essa lógica da escassez, convence esses indivíduos de que a única maneira real de expressar suas características individuais, e de demonstrar sua prevalência individual sobre os outros indivíduos da sociedade, seria através da posse desses bens, que seriam escassos, e portanto raros. Quando na realidade tais bens só aparentam escassez, em virtude da manipulação das elites capitalistas sobre a produção desses bens, através do controle dos meios de produção. 2‐ O texto apresenta a idéia de "ficar sozinho", exemplo típico do individualismo crescente, como uma boa alternativa na sociedade contemporânea. Neste sentido, explique, segundo a visão weberiana, por que o individualismo é uma tendência da sociedade moderna. Resposta: Em uma de suas obras fundamentais, “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, Max Weber demonstra como a ética calvinista, presente no protestantismo, principalmente em suas vertentes Inglesas e Americanas, foi fundamental para o desenvolvimento do economia capitalista avançada nessas nações. A ética de valorização do trabalho, a valorização da posse de propriedades e bens (como garantia de segurança e melhor qualidade de vida para si e para seus descendentes), o estímulo a restrição ao consumismo, e de que a posse dos frutos do trabalho individual seria um reflexo da manifestação da graça divina, foram fundamentais para que se constituisse nessas nações uma ideologia capaz de valorizar o sucesso pessoal como resultado do esforço e do trabalho, já que entende esse sucesso pessoal como um expressão da graça divina. Desse ética nasce um novo tipo de individualismo, diferente do individualismo igualitarista dos Iluministas. Esse novo individualismo, voltado para busca do sucesso individual, manifestado no acúmulo de bens, seria traduzido, segundo Weber numa necessidade intrínseca do próprio capitalismo, já que o capitalismo somente se desenvolveria quando capaz de combinar em sua ética “a restrição do consumo com a liberação da procura da riqueza” que resultariam “na acumulação capitalista através da compulsão ascética à poupança”, o que propiciaria o uso dessa poupança como investimento de capital. Essa lógica individualista, levaria os indivíduos a buscarem cada vez mais se destacarem dos seus vínculos comunitários, para se dedicarem a busca da “realização pessoal” refletida na “riqueza e sucesso pessoal” (intrinsicamente conectados). Daí, podermos depreender que O INDIVIDUALISMO, traduzido na reportagem através da decisão dos jovens adultos em não terem filhos, está presente presente não somente como uma tendência, mas como um elemento básico das nossas sociedades capitalistas ocidentais contemporâneas. Por mais que tal individualismo se baseie em critérios anti‐sociais e competitivamente destrutivos.
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