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VESÍCULA BILIAR - Colelitíase (cálculos da vesícula biliar); - Colecistite Aguda; - Colecistite Crônica; COLELITÍASE: Atinge 10-20% da população adulta, em 80% dos casos é silenciosa. A maioria dos indivíduos permanece livre de dor biliar ou outras complicações durante décadas. Tipos de cálculos: · Fatores de risco: Idade → geralmente com 40-50 anos; Sexo feminino → 2 a 3x mais chance de desenvolver pedras na vesícula, o que está associado aos hormônios, como o estrogênio (pode causar hipomotilidade da vesícula) e a progesterona. Raça História familiar Predisposição genética - relação com o gene ABCG8 → genes codificadores de proteínas de hepatócitos que transportam lipídios biliares. Alterações nesse gene aumentam o risco de desenvolvimento de cálculos de colesterol. Jejum prolongado, perda de peso rápida, nutrição parenteral total → levam a uma hipomotilidade, levando a uma supersaturação de colesterol na bile, contribuindo para a formação de cristais. O colesterol é solubilizado na bile pela agregação aos sais biliares hidrossolúveis e lecitinas insolúveis em água, que atuam como detergentes. Quando as concentrações de colesterol excedem a capacidade de solubilização da bile (supersaturação), o colesterol pode não permanecer disperso e torna-se nucleado em cristais monoidratados de colesterol sólido. Anemias hemolíticas → liberação de hemoglobina e bilirrubina, aumentando a concentração delas. O aumento da concentração de bilirrubina, um componente da bile, pode favorecer a formação dos cálculos biliares pigmentares. Doença do íleo terminal, por exemplo a Doença de Crohn, gera desequilíbrio dos sais biliares e aumento de bilirrubina, afetando a composição da bile, o que contribui para a formação de cálculos biliares pigmentares, pelo aumento da bilirrubina. Na cirurgia bariátrica, geralmente se retira a vesícula também para evitar a colelitíase → perda de peso rápido - hipomotilidade da vesícula biliar + diversos outros fatores. · Patogenia Cálculos de colesterol puros e mistos: Quatro condições aparentam contribuir para a formação de cálculos de colesterol: (1) supersaturação da bile com colesterol; (2) hipomotilidade da vesícula biliar; (3) nucleação de cristais de colesterol acelerada; (4) e hipersecreção de muco na vesícula biliar, que retém os cristais nucleados, resultando no acúmulo de mais colesterol e no surgimento de cálculos macroscópicos. · Cálculos Pigmentares: A formação dos cálculos pigmentares está associada a hiperbilirrubinemia, estase biliar e infecções. Cálculos pigmentados da vesícula são misturas complexas de sais de cálcio insolúveis de bilirrubina não conjugada, juntamente com sais de cálcio inorgânico. OBS: Os distúrbios que são associados a níveis elevados de bilirrubina não conjugada na bile, como anemias hemolíticas crônicas, disfunção ileal severa ou derivação, e contaminação bacteriana da árvore biliar, aumentam o risco de desenvolvimento de cálculos pigmentares. · Cálculos de colesterol puro: Exclusivamente na vesícula biliar, são amarelos claros, redondos, ovóides, com superfície externa dura. São mais raros, e em geral são únicos, radiolucentes, com 2 a 4 cm de diâmetro, arredondados e cristalinos. · Cálculos de colesterol misto: São os mais comuns. Colesterol + bilirrubinato de cálcio; São múltiplos, com 0,2 e 0,3 cm, apresentam contornos facetados, podem ser brancos, acinzentados ou pretos, são radiopacos e estão frequentemente associados a colecistite. Cálculos Pigmentares: 25 % dos casos de cálculos; Cor - marrom a preto (borra de café); Podem estar na bile e ductos biliares; São em geral múltiplos, com 0,2 a 0,5 cm de diâmetro, brilhantes e de contornos irregulares; Bastante friável, macio e oleoso. Os pequenos podem obstruir os ductos, e podem causar pancreatite. Os grandes ficam armazenados na vesícula. Ou seja, o grande é mais perigoso para colecistite e o pequeno mais perigoso para a pancreatite. Quadro clínico: A dor é localizada no quadrante superior direito ou na região epigástrica, que pode irradiar para o ombro direito ou costas. Quanto maiores os cálculos, menor a probabilidade de entrarem nos ductos císticos ou comuns para produzir obstrução; são os cálculos muito pequenos, ou “pedregulhos”, que são os mais perigosos. OBS - cálculos biliares estão associados com um risco aumentado de carcinoma da vesícula biliar. Diagnóstico: Ultrassom: COLECISTITE: 90% dos casos são decorrentes da colelitíase. Na minoria dos casos, a inflamação é decorrente de uma causa não calculosa, como a isquemia da artéria cística, processos infecciosos, traumas, queimaduras…. Colecistite Aguda: A colecistite calculosa aguda é precedida, em 90% dos casos, por obstrução do colo da vesícula ou do ducto cístico por um cálculo. A colecistite sem cálculos (colecistite acalculosa) pode ocorrer em pacientes com doenças graves e representa aproximadamente 10% dos pacientes com colecistite. A colecistite calculosa aguda resulta da irritação química e inflamação da vesícula biliar obstruída por cálculos. A ação das fosfolipases da mucosa hidrolisa as lecitinas luminais até lisolecitinas tóxicas. A camada de muco de glicoproteína normalmente protetora é rompida, expondo o epitélio da mucosa à ação detergente direta dos sais biliares. As prostaglandinas liberadas dentro da parede da vesícula biliar distendida contribuem para a inflamação da mucosa e mural; distensão e aumento da pressão intraluminal comprometem o fluxo de sangue para a mucosa. Quadro clínico: Dor progressiva quadrante superior ou epigástrica - dura mais de 6 horas. Febre baixa, anorexia, taquicardia, sudorese, náuseas e vômitos. Colecistite Aguda Acalculosa: Alterações vasculares na artéria cística, que resultam na isquemia. Quadro clínico: Inespecíficos - não consegue diferenciar muito bem. Insidioso devido às condições que envolvem o início do processo. Consequências: Quando o exsudato é praticamente pus puro, a condição é chamada de empiema da vesícula biliar. Características: parede espessada, vasos dilatados, infiltrado inflamatório (neutrófilos), áreas com hemorragia, exsudato fibrinoso na serosa. COLECISTITE CRÔNICA A colecistite crônica pode ser uma sequela de surtos repetidos de colecistite aguda leve a severa, mas, em muitos casos, desenvolve-se na ausência aparente de ataques antecedentes. Associada a colelitíase em 90% dos casos. A supersaturação da bile predispõe a inflamação. A obstrução não é um pré-requisito ao contrário da colecistite aguda. Acomete mais as mulheres. A idade média de diagnóstico é de 50 a 60 anos. Quadro clínico: ataques recorrentes de dor no epigástrio ou quadrante superior direito, náuseas, vômitos e intolerância a alimentos gordurosos. Complicações: infecção bacteriana/sepse, perfuração biliar e formação de abcesso, ruptura/ peritonite, fístula entérica, vesícula em porcelana/risco de câncer. Morfologia: Mucosa normal a ulcerada; Infiltrado inflamatório crônico na lâmina própria → em casos mais leves apenas linfócitos difusos, plasmócitos e macrófagos são encontrados na mucosa e no tecido fibroso subseroso. Casos mais avançados - fibrose subepitelial e subserosa pronunciada, acompanhada por infiltração de células mononucleares; Mucosa hiperplásica, podendo conter herniações diverticulares, os chamados Seios de Rokitansky-Aschoff. A proliferação reativa da mucosa e a fusão das pregas mucosas podem originar criptas encobertas de epitélio no interior da parede da vesícula. Seios de Rokitansky-Aschoff contendo bile. Colecistite xantogranulomatosa - vesícula biliar apresenta parede extremamente espessada, está encolhida, nodular e cronicamente inflamada, com focos de necrose e hemorragia. Ela é desencadeada pela ruptura dos seios de Rokitansky-Aschoff na parede da vesícula biliar, seguida por um acúmulo de macrófagos que ingeriram fosfolípidios biliares. Tais células lipídicas com citoplasma espumoso são chamadas de células xantomatosas e daí o nome dessa condição. Acolecistite crônica é um fator de risco para o desenvolvimento de adenocarcinoma. Metaplasia → Displasia → Adenocarcinoma. Morfologia: Vesícula em porcelana → calcificação distrófica. Células xantomatosas, parede espessada, focos de necrose. Complicações: Colesterolose: Acúmulo de lipídeos nos macrófagos subepiteliais, e em menor grau nas próprias células epiteliais. Macroscopicamente, observam-se numerosos depósitos puntiformes difusos na mucosa. Quando presentes, os cálculos são de colesterol.
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