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1 Victória Veiga – Medicina UNIFACS Política Nacional de Atenção às Urgências e Emergências TERRITORIALIZAÇÃO Territorialização significa organizar os serviços de acordo com o território, ou seja, conhecer o território, que é onde a vida acontece, e a partir das suas necessidades organizar os serviços. Então basicamente seria escolher um bairro, um município, e a partir dele observa-se como as pessoas vivem ali e suas condições de saúde. Incialmente faz-se a localização geográfica do local, as condições de moradia da população, condições ambientais (destino do lixo, comércio, indústria, parques...), condições socioeconômicas e culturais (transporte, lazer, abrigos, igrejas...). Em seguida os equipamentos públicos e sociais (escolas, unidades de saúde, hospitais...), as vulnerabilidades do território (áreas de tráfico, prostituição masculina, feminina e infantil – saber como é a relação da população com essa realidade, violência). Os dados epidemiológicos e ações da unidade de saúde também são dados que precisam ser reconhecidos. Com isso faz-se um “diagnóstico” do território. É importante compreender que o território está em movimento, deve-se captá-lo não como uma fotografia, mas como um filme. Há o estabelecimento de correlações entre determinantes e seus efeitos. REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE (RAS) As redes de atenção são arranjos organizativos de ações e serviços de saúde de diferentes densidades tecnológicas que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado. Define-se uma região (mais de um município) e qual a especialidade. Então, temos que ver todos os serviços de saúde dessa especialidade que tem nessa região e quais as diferenças entre eles. Depois integra-se esses serviços. FUNDAMENTO NORMATIVO DA RAS Art. 198 da CF/88: “As ações e os serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único organizado de acordo com as diretrizes de descentralização, atendimento integral e participação da comunidade”. Lei 8.080, 1990: ▪ Art. 7º, inciso II: “(...) integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos, curativos, individuais e coletivos (....)” ▪ Art. 10º aponta “arranjos organizacionais para as redes loco-regionais através de consórcios intermunicipais e distritos de saúde como forma de integrar e articular recursos e aumentar a cobertura das ações. Portaria 4.279 de 30/12/2010: Estabelece diretrizes para organização da RAS no âmbito da SUS. POR QUE IMPLANTAR UM RAS? 1. Fragmentação histórica do sistema de saúde pela própria forma de constituição do SUS. 2. Concorrência entre os serviços. 3. Desorientação dos usuários. 4. Uso inadequado de recursos (elevação dos custos). 5. Falta de seguimento horizontal dos usuários – necessidade de um prontuário eletrônico único. 6. Aumento da prevalência das doenças crônicas. 7. As boas práticas no mundo. 8. Forma organizativa que permite monitoramento e avaliação. CARACTERÍSTICAS DA RAS Formação de relações horizontais entre os pontos de atenção, tendo ABS como centro de comunicação; 2 Victória Veiga – Medicina UNIFACS Centralidade nas necessidades de saúde da população; Responsabilização por atenção contínua e integral; Cuidado multiprofissional; Compartilhamento de objetivos e compromissos com resultados sanitários e econômicos. A atenção básica é o alicerce para a RAS, é ela que norteia, é o único equipamento de saúde que conhece o território. O Ministério da Saúde está priorizando a construção de cinco redes temáticas prioritárias ou linhas de cuidado nos mesmos territórios: → Atenção obstétrica e pediátrica até 01 ano (Rede Cegonha); → Atenção Psicossocial (Enfrentamento do Álcool, Crack, e outras Drogas); → Urgência e Emergência; → Doenças crônicas; → Cuidado com a pessoa com deficiência. REDE DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS A organização da rede tem a finalidade de articular e integrar todos os equipamentos de saúde objetivando ampliar e qualificar o acesso humanizado e integral aos usuários em situação de urgência nos serviços de saúde de forma ágil e oportuna. COMPONENTES E INTERFACES DA REDE DE ATENÇÃO AS URGÊNCIAS Como diferencial das outras redes, a de atenção às urgências tem o acolhimento com classificação de risco e maior resolutividade. *FN-SUS = força nacional do SUS → atende desastre, catástrofe ou calamidade, agravos epidemiológicos e situação de desassistência à população. É utilizado um mesmo protocolo de classificação de risco em todas as unidades de saúde. Existe protocolo em 5 níveis e em 4 níveis. O primeiro determina o tempo que o médico deve atender aqueles pacientes (Manchester): No de quatro níveis, classificação se dá de acordo com os sintomas do paciente: LINHAS DE CUIDADO Linhas de cuidado são conjuntos de saberes, tecnologias e recursos necessários ao enfrentamento de determinados risco, agravos ou condições especificas do ciclo de vida a serem ofertados de forma oportuna, articulada e contínua pelo sistema de saúde. Sendo sua implementação estratégia central para a organização e a qualificação das redes de atenção à saúde, com vistas à integralidade da atenção. 3 Victória Veiga – Medicina UNIFACS Aqui é escolhida uma doença (na maioria das vezes escolhe uma doença que não está evoluindo muito bem) e o objetivo é diminuir a morbidade e mortalidade por essa doença. Para isso, é necessário estudar o fluxo dessa doença (promoção e prevenção de saúde), depois analisa-se como é o “caminho” dessa doença (atenção primária, secundária e terciária), define-se um tratamento/assistência que seja padronizado e que contemple todas as regiões. LINHAS DE CUIDADO – IAM A linha de cuidado do infarto agudo do miocárdio e o protocolo de síndromes coronarianas agudas, vem da necessidade de implementar estratégias no SUS que deem conta da necessidade epidemiológica “urgente” de promover estratégias para ampliação, agilidade e qualificação do atendimento ao usuário que necessite de cuidados ao IAM. Algumas ações estratégicas estão sendo discutidas e iniciadas nos territórios no sentido de expandir e consolidar a linha de cuidado de atenção ao IAM. São elas: • Fomentar a habilitação das unidades coronarianas (UCO); • Normatizar a terapia trombolítica e ampliar o acesso; • Ampliar o acesso à angiologia primária; • Implantar protocolos de transferência e transporte para agilização do atendimento – início rápido do tratamento de reperfusão imediata dos pacientes; • Expandir a telemedicina para diagnóstico eletrocardiográfico precoce (expansão do Tele ECG nos Samu e nas UPA); • Qualificar o atendimento ao infarto nas urgências pré- hospitalares (Samu e UPA) e implementar a integração entre o diagnóstico pré-hospitalar e a conduta hospitalar; • Melhorar a comunicação e a articulação entre a Central de Regulação Médica de Urgência e as UCO para o atendimento imediato; • Garantir o fornecimento de medicamentos essenciais ao tratamento do IAM. LINHAS DE CUIDADO – AVC São estabelecidos na portaria dois modos de organização das unidades de atendimento ao AVC, em questão: U-AVC Agudo e U-AVC Integral, que são apresentadas mais detalhadamente a seguir: U-AVC Agudo é a unidade de cuidados clínicos multiprofissional com, no mínimo, 5 leitos no mesmo espaço físico, coordenada por neurologista, dedicada ao cuidado de pacientes acometidos pelo acidente vascular cerebral (isquêmico, hemorrágico ou ataque isquêmico transitório), durante a fase aguda (até 72 horas da internação) e responsável por oferecer tratamento trombolítico endovenoso. U-AVC Integral é a unidade de cuidados clínicos multiprofissionalcom, no mínimo, 10 leitos, coordenada por neurologista, dedicada ao cuidado dos pacientes acometidos pelo acidente vascular cerebral (isquêmico, hemorrágico ou ataque isquêmico transitório) até 15 dias da internação hospitalar, com a atribuição de dar continuidade ao tratamento da fase aguda, à reabilitação precoce e à investigação etiológica completa. Algumas ações estratégicas estão sendo discutidas e iniciadas nos territórios no sentido de expandir e consolidar a linha de cuidado de atenção ao AVC. São elas: • Desenvolver ações de educação em saúde para o reconhecimento do AVC na população; • Qualificar a capacidade diagnóstica em todos os pontos de atenção da RAS; • Aumentar a capacidade logística e a organização de fluxos para o atendimento aos pacientes neurológicos; • Assistência qualificada (cuidado multiprofissional); • Capacitar os profissionais de saúde para o atendimento pós-internação; • Implementar o Telessaúde entre as unidades de AVC e em outros pontos de atenção da RAS; 4 Victória Veiga – Medicina UNIFACS • Possibilitar o acesso facilitado a leitos de retaguarda para crônicos e pacientes socialmente vulneráveis; • Garantir acesso à reabilitação qualificada; • Fomentar sinergia entre os cuidados prestados na U- AVC, AD e de cuidados prolongados. LINHAS DE CUIDADO – TRAUMA É o processo integrado de atenção ao paciente vítima de trauma, que articula os pontos de atenção da RUE, com vistas à prevenção dos agravos, garantia de padrões adequados de acessibilidade aos recursos tecnológicos, à gravidade dos casos e à continuidade do cuidado, com atribuição prévia de responsabilidades assistenciais e mecanismos de regulação, coordenação, comunicação e transporte sanitário entre os diversos serviços e respectivos gestores. DESAFIOS PARA IMPLEMENTAÇÃO EFETIVA DE UMA REDE DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS Articulação entre os gestores; Cooperação e solidariedade inter-regional; Estado inserido como ator estratégico nesta proposta – apoio técnico, organizativo e regulador; Regulação efetiva; Formação e qualificação de profissionais; Atenção primária de saúde assumindo seu papel de ordenadora do cuidado; Comunicação – pontos de atenção. Referências: 1. MINISTÉRIO DA SAÚDE. [s.l.: s.n., s.d.]. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_i nstrutivo_rede_atencao_urgencias.pdf>. 2. LINHA DE CUIDADO AO TRAUMA NA REDE DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS 1 -INTRODUÇÃO. [s.l.: s.n., s.d.]. Disponível em: <https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/201 4/maio/20/Trauma-Diretrizes.pdf>.
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