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APG 26 – Kamilla Galiza Objetivos Identificar a etiologia, classificação e os fatores de risco do pneumotórax. Descrever a patogênese e as complicações do pneumotórax, relacionando com os sinais e sintomas, enfatizando a complicação causada pelo mergulho. Discorrer sobre os diagnósticos e achados dos exames indicativos de pneumotórax. Descrever a conduta terapêutica e prevenção do pneumotórax, correlacionando-os com o caso. Conceito Entende-se como a retenção e acumulo de ar livre na parte interna da cavidade pleural, que vá gerar algum grau de colapso pulmonar. Etiologia / Classificação Pode ser classificado em pneumotórax espontâneo (primário e secundário) e adquirido (traumático). Espontâneo: é a forma mais comum de pneumotórax. Quando ocorre de forma primaria é causado por ruptura de bolhas apicais da superfície pulmonar. Já o secundário ocorre em pacientes com pneumopatias subjacentes. Adquirida: também conhecida como traumática, surge decorrente de traumas abertos ou fechados, podendo ser ocasionado também por um procedimento intervencionista. Pneumotórax espontâneo primário: ocorre em pacientes sem doença pulmonar evidente, são encontradas bolhas ou lesões subpleurais, particularmente nos ápices. Na tomografia computadorizada de tórax, podem-se observar bolhas ipsilaterais na maioria dos pacientes. A rotura dessas bolhas subpleurais é o fator responsável por esse tipo de pneumotórax. O tabagismo e um histórico familiar positivo são os fatores associados. Uma inflamação das pequenas vias respiratórias relacionada com o tabagismo provavelmente contribui para o desenvolvimento da doença, e a interrupção do hábito de fumar pode reduzir a possibilidade de recorrência. Pneumotórax espontâneo secundário: estão associados a diferentes tipos de doenças pulmonares causadoras do aprisionamento de gases e da destruição do tecido pulmonar, como: Asma Tuberculose Fibrose cística Sarcoidose Carcinoma broncogênico Doenças pleurais metastáticas O pneumotórax espontâneo secundário ocorre como complicação de doença pulmonar conhecida, como: Enfisema bolhoso. Asma Rolha de secreção em paciente com DPOC. Esses casos podem ser fatais por conta da lesão pulmonar subjacente e da pouca reserva compensatória. Pneumotórax hipertensivo: Quando a pressão intrapleural do pneumotórax se eleva para níveis APG 26 – Kamilla Galiza acima da pressão atmosférica, o desvio do mediastino contralateralmente pode causar pinçamento das veias cavas e obstruir o retorno venoso ao coração, com consequente diminuição importante do débito cardíaco. Neste caso, o paciente pode desenvolver dispneia intensa e instabilidade hemodinâmica grave. Esta condição constitui o pneumotórax hipertensivo. Essa ocorrência caracteriza-se como uma verdadeira emergência médica, que necessita de intervenção rápida para aliviar a pressão intrapleural (punção com agulha, por exemplo). Pneumotórax catamenial: É um pneumotórax relacionado com o ciclo menstrual e geralmente é recorrente. - Mulheres entre 30 e 40 anos; - Histórico de endometriose. Em geral, afeta o pulmão direito e se desenvolve em um período de 72h antes do início da menstruação. Embora a causa seja desconhecida, tem sido sugerido que, durante a menstruação, o ar pode ter aceso á cavidade peritoneal e, em seguida, entrar na cavidade pleural através de um efeito de diafragma. A endometriose pleural e diafragmática tem sido implicada como causa desta condição patológica. Pneumotórax traumático: Os casos de pneumotórax traumático podem ser causados por lesões penetrantes ou não penetrantes, geralmente há a necessidade de cirurgia torácica. A fratura ou a luxação de costelas que penetram na pleura são a causa mais comum de pneumotórax resultante de lesões torácicas não penetrantes. Podendo ser acompanhadas de hemotórax. Nessas ocorrências, há a possibilidade de: Fratura de traqueia, dos brônquios principais ou uma ruptura de esôfago. Procedimentos clínicos como aspirações com agulha transtorácica, inserção de linha central, intubação e ventilação com pressão positiva, ocasionalmente, podem causar pneumotórax. Também pode se desenvolver um pneumotórax traumático como complicação de reanimação cardiovascular. Causas de pneumotórax Bolhas/Enfisema; Pneumocistose; Fibrose cística; Tuberculose; Abscesso pulmonar; Trauma; Síndrome de Marfan; Síndrome de Ehlers-Danlos; Deficiência de alfa-1-antitripsina. Fisiopatologia Em situações de normalidade, a pleura parietal e visceral possui intima aposição. A pressão presente no espaço intrapleural possui flutuações entre -5mmhg a 8mmhg, e é conhecida como uma pressão subatmosférica, devido às forças de retração elástica do pulmão em relação à parede torácica. Quando o ar se acumula nesse espaço intrapleural – devido a perda da pressão normal – gera um afastamento da pleura visceral da pleura parietal. Uma vez que a pleura visceral é rompida, a pressão intrapleural tende a buscar sua normopressão e acaba ocasionando, por compressão, o colapso pulmonar (parcial ou total) e compressão do gradil costal. Essas alterações são muito evidentes no RX de Tórax. Fatores de risco Há uma correlação familiar genética por transmissão autossômica dominante. O tabagismo aumenta muito os riscos de aparecimento de pneumotórax espontâneo primário. Estudos indicam que a incidência de pneumotórax espontâneo primário é proporcional ao grau de consumo de cigarro. Quadro clínico Os achados clínicos do pneumotórax espontâneo costumam se iniciar de maneira súbita e com paciente em repouso. Dor torácica e/ou dispneia costumam ser as queixas mais APG 26 – Kamilla Galiza frequentes, a dor torácica é de forte intensidade, localizada no hemitórax acometido e do tipo pleurítica, portanto, piora à inspiração e tosse. A dispneia tem intensidade variando de acordo com o tamanho do pneumotórax, com a velocidade do acumulo do ar, com o grau de colapso pulmonar e com a reserva cardiopulmonar do paciente. Ao exame físico, no caso de pneumotórax espontâneo primário devemos observar a diminuição ou abolição do murmúrio vesicular e do frêmito-vocal. A expansibilidade torácica está diminuída no hemitórax acometido, com timpanismo à percussão. Em alguns casos, podemos encontrar aumento da frequência cardíaca que, se associado à cianose e hipotensão arterial, traz a suspeita de pneumotórax hipertensivo. Nos casos de pneumotórax hipertensivo ocorre um efeito de válvula, em que o ar entra no espaço pleural, mas não consegue sair, aumentando a pressão intrapleural para níveis superiores à pressão atmosférica, o que leva a um desvio contralateral das estruturas mediastinais e dificulta o retorno venoso, podendo levar a hipotensão e choque obstrutivo. Os principais sinais e sintomas de pneumotórax hipertensivo incluem: ansiedade, agitação, confusão, rebaixamento do nível de consciência, FC acima de 120 bpm, extremidades frias com tempo de reenchimento capilar prolongado, turgência venosa jugular, hipotensão é um achado tardio e deslocamento da traqueia contralateral é descrito, mas pouco frequente. Diagnostico A suspeita de pneumotórax deve ter como base a historia e o exame físico, tendo os exames de imagem como aliados para confirmação diagnostica. Uma única exceção a essa regra se faz na vigência de pneumotórax hipertensivo, quando o diagnostico presuntivo obriga ao tratamento imediato, tendo em vista que se trata de uma emergência de alto risco de óbito. Pela facilidade e grande disponibilidade, a radiografia simples do tórax geralmente é o exame de escolha e confirma o diagnosticoatravés da presença de faixa de ar entre a parede torácica e/ou diafragma e a pleura visceral, a qual é visualizada como uma linha curvilínea que corre em paralelo à parede torácica, separando centralmente o pulmão parcialmente colapsado de ar pleural periférico. São necessários pelo menos 50 ml de ar para que o pneumotórax seja visível, por isso, nem sempre é possível visualiza-lo na radiografia convencional, nesses casos, a incidência em decúbito lateral com raios horizontais pode possibilitar o diagnostico, podendo ser complementada com a radiografia obtida durante expiração forçada, evidenciando pequenos volumes de ar no espaço pleural que não foram visualizados na incidência PA/AP. A presença de enfisema subcutâneo difuso, muitas vezes coexistente com pneumotórax, pode dificultar a sua visualização na radiografia de tórax. Além disso, pregas subcutâneas, hérnias transdiafragmáticas, bolhas subpleurais por vezes gigantes podem mimetizar pneumotórax no RX. A TC de tórax é o padrão ouro no diagnostico, porem a necessidade do transporte do paciente e os custos do exame são limitadores do seu uso. Porem, em algumas situações especiais a TC de tórax é essencial, como em pacientes com enfisema pulmonar difuso, casos no qual é difícil detectar a linha de pneumotórax pela rarefação do parênquima ou em pacientes onde a radiografia realizada no leito pode não demonstrar presença de ar na cavidade pleural por septação ou por localização em posição anterior ao pulmão. Pacientes em ventilação mecânica com forte suspeita clínica de pneumotórax e radiografia convencional normal também deve realizar TC para diagnostico. A demonstração em TC de bandas parenquimatosas lineares de tecido atravessando grandes áreas avasculares ajuda a distinguir bolha de pneumotórax septado. A tomografia pode ser empregada para detectar e drenar pneumotórax septado em pacientes criticamente enfermos. APG 26 – Kamilla Galiza No caso de US torácica, muito utilizada nas unidades de terapia intensiva e em beira de leito, o pneumotórax pode ser detectado como uma linha hiperecogênica que se movimenta de acordo com o decúbito do paciente. O que acontece é que o acumulo de ar entre a pleura parietal e visceral compromete a justaposição entre elas, o que, em condições fisiológicas, determinaria deslizamento pulmonar, a visualização da linha pleural, nesse caso formada apenas pela pleura parietal, sem o deslizamento, é o achado que determinará o diagnostico. Embora ainda não existam métodos acessíveis e eficazes para determinar o tamanho do pneumotórax, o consenso brasileiro de doenças pleurais determinou que uma medida subjetiva pode ser adotada m radiografias ou em reconstruções coronais, através da distancia entre o ápice do pulmão e o ápice do estreito superior da cavidade pleural, se essa distancia for superior a 3cm o pneumotórax em questão pode ser definido como de grande volume e portanto indicar drenagem. Achados radiográficos Hipertransparência com ausência de vasos; Melhor visualizados nos ápices; Acentuados na respiração; Procurar pela linha da pleura visceral; Desvio contralateral do mediastino; Enfisema subcutâneo; Pneumomediastino. Tratamento O pneumotórax é uma emergência medica, portanto seu tratamento deve suceder imediatamente o diagnostico. Normalmente surge a partir da combinação de dois fatores: parênquima fibrótico e ventilação prolongada de alta pressão. Seu tratamento depende de variáveis como gravidade, progressão e recorrência. A escolha do tratamento não segue uma regra especifica e dependerá da intensidade dos sintomas, repercussões clínicas e comorbidades associadas. O principal objetivo é eliminar o ar contido no espaço pleural, na tentativa de reestabelecer a expansibilidade pulmonar e reduzir a chance de recidiva. Quando o paciente encontra-se estável com pneumotórax de pequeno volume (menor que 3 cm), fora de ventilação mecânica, o tratamento indicado é conservador, com prescrição de analgésicos e repouso. Após três horas, realização de novos exames e se não houver progressão, dispensar paciente, com acompanhamento por 24 horas. O uso de oxigênio em alo fluxo para esses pacientes pode aumentar a reabsorção do pneumotórax, mas necessita de repouso absoluto do paciente. Em casos de pacientes com pneumotórax volumoso (maior que 3 cm) o paciente necessita de hospitalização e o tratamento intervencionista é indicado, a partir da drenagem pleural clássica, ou com cateteres tipo pig-tail com a válvula de Heimlich e caso não haja re-expansão após o tratamento intervencionista, pode haver necessidade de drenagem torácica com selo d’água. Se o pneumotórax for instável o tratamento de eleição é a drenagem torácica, caso não seja possível realiza-la, pode-se optar pela tentativa de aspiração simples. Se houver identificação de pneumotórax hipertensivo a descompressão deve ser imediata. Nos pacientes com pneumotórax secundário, sempre deve ser feita a drenagem pleural, evitando-se método conservador pelo risco de morte, mesmo que a doença de base esteja controlada o paciente deve ser hospitalizado para acompanhamento de possíveis complicações associadas à mesma. APG 26 – Kamilla Galiza Referências Bibliográficas ANDRADE FILHO, Laert Oliveira; CAMPOS, José Ribas Milanez de; HADDAD, Rui. Pneumotórax. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 32, p. S212-216, 2006. Porth CM, Matfin G. Fisiopatologia. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. Filho LOA, Campos JRM, Haddad R. Pneumotórax Jornal Brasileiro de Pneumologia. 2006: p. 212-216. MCKNIGHT, Catherine L.; BURNS, Bracken. Pneumothorax. 2017. ZAROGOULIDIS, Paul et al. Pneumothorax: from definition to diagnosis and treatment. Journal of thoracic disease, v. 6, n. Suppl 4, p. S372, 2014.
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