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Os riscos do etnocentrismo: A prática etnográfica acabou por forçar o cientista a entrar em conflito com suas visões de mundo. Tendo em vista que, ao se deslocar fisicamente, e passar a co-habitar com outra cultura com padrões diversos daqueles estabelecidos como norma na cultura em que este pesquisador estabeleceu o cerne de sua estrutura de valores, o pesquisador acaba se vendo forçado a alterar sua própria visão de normalidade. Desse modo, o pesquisador acaba incorrendo no risco de produzir uma visão etnocentrista, na qual o mesmo considera os padrões não-similares, entre a cultura objeto de sua análise e sua cultura original, como padrões exóticos, estranhos ou até mesmo errados sob o prisma do seu próprio ponto de vista moral. O etnocentrismo é, portanto, a visão de mundo onde o padrão sócio-cultural estabelecido pelo grupo do qual o indivíduo que profere o ponto de vista faz parte é tomado como o único padrão perfeito, e todos as visões de mundo alternativas são entendidas e sentidas apenas através do prisma desta visão única. Consequentemente, o etnocentrismo se traduz no plano intelectual, como a dificuldade de compreensão das diferenças, e no plano das emoções, como a manifestação de sentimentos de estranheza, medo e hostilidade em relação a visões de mundo alternativas, e indivíduos que representem as mesmas.
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