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Caroline Pires – Medicina UNIFTC |2021.2 Introdução § A infertilidade é um problema clínico comum, com prevalência que pode ser amplamente variável e com estimativa em acometer cerca de 15% dos casais em todo o mundo. Não é infrequente a associação de causas de infertilidade relacionada a fatores prognósticos (idade, tempo de infertilidade, fator masculino, fator ovulatório, ou comorbidades – hipertensão, obesidade e a etiologia: motivo da infertilidade), sempre deverá ser feita uma individualização da investigação das pacientes. § Infertilidade: casal que não atingiu a concepção dentro de 12 meses de atividade sexual regular desprotegida, sendo a mulher com menos de 35 anos, essa investigação pode ser realizada após 1 ano. Em mulheres com mais de 35 anos, a investigação começa em 6 meses. Pode ser divida em duas: - Primária: Quando não se pode confirmar a existência previa de alguma gestação. - Secundária: Quando há registro confiável de pelo menos uma gravidez no passado Causas Lembrando que o homem, também precisa ser investigado, pois maior parte das causas de infertilidade vem de fatores masculinos. Dentre as causas desse aumento no número de casais com dificuldade em conceber, no qual também estão relacionadas mudanças nos hábitos de vida, destacam-se quatro de maior evidência. Idade da mulher: Do ponto de vista fisiológico, a década compreendida entre os 20 e os 30 anos de idade representa o melhor momento para a mulher reproduzir. Para mulheres entre 35 e 39 anos, a chance de conceber espontaneamente passa a ser a metade daquelas entre 19 e 26 anos. Aumento da prevalência das doenças inflamatórias pélvicas: A partir da liberação sexual, observou-se aumento da incidência das DSTs e, em relação à infertilidade, chamam a atenção aquelas sabidamente lesivas às trompas, por ser a maioria insidiosa, pouco sintomática ou assintomática, sobretudo nas mulheres. No grupo de mulheres com gonorreia cervical não tratada, 10% a 17% desenvolverão salpingite e 20% delas tornar-se-ão inférteis após o primeiro episódio; e caso haja novos episódios, esse número será expressivamente aumentado. Aumento da incidência do fator masculino: Cerca de 40% de todas as causas de infertilidade relacionam-se ao fator masculino. Em pelo menos metade desses homens, as causas de infertilidade ou subfertilidade são desconhecidas. Os efeitos da idade do parceiro masculino nos processos da infertilidade do casal são menos definidos, embora recentes evidências revelem que a fertilidade masculina também declina com a idade, pronunciadamente após 55 anos de idade. Hábitos de vida: Fatores prognósticos: § Idade da mulher: Quanto maior a idade da mulher, menos resultado ela terá, porque fisiologicamente a mulher já vai ter uma diminuição drástica do número de óvulos, com redução significativa após os 35 anos. Além disso, há uma piora na qualidade dos óvulos. § Tempo de infertilidade: Mulheres não tratadas em um período de 1 ano de infertilidade é bem superior aquelas mulheres que tem 2, 3 anos de infertilidade não tratada. Muito importante perguntar ao casal “há quanto tempo vocês têm relação sexual desprotegida?”. § Etiologia da infertilidade: Motivo ou causa. Entre as causas atribuídas à mulher, as disfunções ovulatórias acontecem em cerca de 20% a 30%. As causas tubárias, uterinas e peritoneais respondem por 25% a 50%, e dessa fatia o fator tubário é preponderante e o fator uterino, da Mulher Saúde Saúde da Mulher Casal Infértil representado por malformações müllerianas, pólipos, miomas, endometrites e aderências, é o menos significativo em porcentual § Fator ovulatório: As causas mais frequentes incluem a síndrome dos ovários policísticos (SOP), obesidade, ganho ou perda importante de peso, exercícios físicos extenuantes, disfunção tireoidiana e hiperprolactinemia. Muitas vezes apenas a história menstrual é tudo que se precisa para a avaliação ovulatória. Na maioria das mulheres ovulatórias, os ciclos menstruais são regulares, ocorrendo entre 21 e 35 dias, com características normais de fluxo e sintomas pré-menstruais. Quando investigar? Como investigar? © História reprodutiva e avaliação da ovulação O tempo de infertilidade e os resultados de tratamentos anteriores; A história menstrual: menarca, a duração e características dos ciclos menstruais, a presença, o início e a severidade da dismenorreia; O histórico das gravidezes prévias; O uso de métodos contraceptivos anteriores; A frequência de relações sexuais e suas disfunções (tempo de relação sem contracepção, uso de lubrificantes, ejaculação normal ou não acontece); Passado de DIP, de outras DSTs e de cirurgias pélvicas Presença de enfermidades da tireoide, galactorreia, hirsutismo, dor abdominal e pélvica; Citologias oncóticas alteradas e sua abordagem; Uso de medicamentos e alergias; História familiar de defeitos congênitos, menopausa precoce ou problemas reprodutivos; Exposição a medicamentos e tóxicos, além do tabagismo, uso de álcool e drogas ilícitas. Atividade profissional da paciente; Inicio e normalidade da puberdade © Avaliação da permeabilidade tubária: avaliada com histeriossalpinografia, é injetado um contraste, ele cai na cavidade peritoneal e isso significa que se toda cavidade uterina for preenchida por esse contraste, indica normalidade. © História reprodutiva e análise seminal (espermograma) Nas pacientes anovulatórias: Quando ocorre uma menstruação irregular, é feito uma investigação para saber a causa. Na grande maioria, está relacionada a SOP, então é importante solicitar TSH, FSH, prolactina e Beta HCG. Se o FSH estiver baixo indicativo de SOP ou disfunção hipotálamo-hipofisária. FSH alto é indicativo de falência ovariana prematura. Diagnóstico de menopausa, significa que os ovários não estão funcionando. Se a prolactina estiver alta, indicativo de hiperprolactinemia. Exame físico São dados relevantes no exame a estatura, cálculo do IMC, caracteres sexuais secundários, acne, hirsutismo, galactorreia, pesquisa de septos vaginais, miomas, cistos e infecções cervicais além da integridade da genitália externa, além do exame da tireóide. Diagnóstico Quanto mais cedo é descoberta a infertilidade e iniciada a investigação, melhores os resultados. Orienta-se diagnosticar/tratar: - Neoplasias cervicais e mamárias - Doenças sexualmente transmissíveis - HAS, DM Sorologias a serem realizadas no casal: - Sífilis, hepatite B e C, HIV I e II, HTLV I e II - Para a mulher: IgG para toxoplasmose e rubéola Alem disso, é importante a avaliação do grupo sanguíneo e Rh. Que pode ser uma causa de aborto precoce. Exames complementares Nos casos de irregularidade menstrual, solicitar: - FSH, prolactina, TSH - Testosterona, 17-hidroxi-progesterona (se suspeita clinica de hiperandrogenismo) - S-DHEA (se suspeita de alteração na suprarenal ou adrenal) Esses exames devem ser solicitados de preferência na primeira fase do ciclo (do 3° ao 5° dia). Avaliação tubária Avaliação da cavidade uterina: - Não fazer histeroscopia sem indicação clinica; apenas em mulheres com infertilidade que realizaram a histerossalpingografia e resultado deu normal. - Avaliação do endométrio e consegue fazer a biopsia para investigar alguma alteração. -Eficácia do tratamento cirúrgico de anormalidades uterinas não comprovadas sobre taxa de gravidez (Grau B) Reserva ovariana Potencial reprodutivo da mulher baseado no número e qualidade dos oócitos remanescentes. Formas de avaliar: Avaliação do fator masculino Anamnese + espermograma Para casais que não conseguiram engravidar após 1 ano de intercurso sexual ou mulher maior que 35 anos que não engravidou após 6 meses de tentativa. A história do parceiro masculino já por muitas vezes revela dados importantes suspeitos, tais como dificuldadeem conseguir e manter ereção; incapacidade de ejaculação durante o ato sexual; lesões testiculares; infecções prostáticas, epididimais ou testiculares; criptoquirdia; DST, entre outras. Espermograma A azoospermia pode ser devida à falência hipotalâmicahipofisária ou falência testicular primária (azoospermia não obstrutiva). A falência testicular primária é a causa mais comum de infertilidade masculina, levando à oligospermia, sendo a causa também de azoospermia não obstrutiva. A falência testicular pode ser decorrente de criptoquirdia, vasectomia, torção, trauma, orquite, desordens cromossômicas (síndrome de Klinefelter, microdeleções do cromossomo Y) Oligozoospermia: redução do numero de espermatozóides ejaculado Ex: insuficiência gonadotrófica, patologia da via seminal e das glândulas anexas, alterações testiculares, alterações psíquicas, infecções, uso de medicamentos, causas genéticas, tabagismo, entre outros. Astenozoospermia: redução da motilidade espermática. Ex: alterações morfológicas, alterações na constituição do plasma seminal, presença de infecções, efeito de medicamentos. Teratozoospermia: aumento do percentual de formas anormais dos espermatozóides. Ex: varicocele, alterações citogenéticas Necrozoospermia: aumento do percentual de espermatozóides mortos. Ex: infecções do trato genital A coleta do espermograma deve ser realizada com abstinência sexual de dois a cinco dias deverá ser respeitada antes da análise com coleta preferencialmente em laboratório, por masturbação, já que o estudo da amostra deve ser realizado no máximo em 1 hora após a coleta. Períodos de abstinência mais curtos poderão comprometer a contagem, enquanto os mais longos poderão alterar a qualidade seminal por baixa motilidade e morfologia. Avaliação hormonal Sempre encaminhar para um urologista.
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