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RESUMO VIROLOGIA *DA SANAR*

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VIROLOGIA
SUMÁRIO
1. Principais características dos vírus ..................... 3
2. Morfologia viral ........................................................... 5
3. Etapas da replicação dos vírus ...........................10
4. Um caso especial: o retrovírus ............................16
5. Patogênese da infecção viral ..............................19
6. Principais métodos diagnósticos .......................25
Referências bibliográficas ........................................29
3VIROLOGIA
1. PRINCIPAIS 
CARACTERÍSTICAS DOS 
VÍRUS
Os vírus foram primeiramente descri-
tos como “agentes infiltráveis”. Seu 
pequeno tamanho permite-lhes pas-
sar através de filtros projetados para 
reter bactérias. Aos vírus, falta a capa-
cidade de gerar energia ou substra-
tos e de fazer suas próprias proteínas, 
além de não terem a capacidade de 
replicar seu genoma independente-
mente da célula do hospedeiro. Des-
sa forma, não há metabolismo ativo 
fora da célula hospedeira. Por conta 
disso, diferentemente da maioria das 
bactérias, dos fungos e dos parasitas, 
os vírus são agentes infecciosos co-
nhecidos como parasitas intracelula-
res obrigatórios. 
Os vírus mais simples consistem em 
um genoma de ácido desoxirribonu-
cleico (DNA) ou ácido ribonucleico 
(RNA) empacotado em um envoltó-
rio protetor de proteína e, em alguns 
vírus, em uma membrana. A função 
básica do vírion (partícula do vírus) 
é carrear o genoma viral para den-
tro da célula, a fim de ser replicado e 
amplificado. 
CONCEITO!. O vírus é um arranjo mo-
lecular, constituído por proteínas, ácido 
nucleico e, eventualmente, um envelope 
lipídico e sua função é levar a informa-
ção genética para a próxima célula a ser 
infectada.
BACTÉRIAS
BACTÉRIAS 
TÍPICAS
RIQUÉTSIAS/ 
CLAMÍDIAS
VÍRUS
Parasito intracelular Não Sim Sim
Membrana Plasmática Sim Sim Não
Fissão Binária Sim Sim Não
Passagem por filtros bacteriológicos Não Não/Sim Sim
Possui DNA e RNA Sim Sim Não
Metabolismo de geração de ATP Sim Sim/Não Não
Ribossomos Sim Sim Não
Sensíveis a antibióticos Sim Sim Não
Sensíveis ao interferon Não Não Sim
Tabela 1. Comparação entre vírus e bactérias
4VIROLOGIA
SAIBA MAIS!
Afinal, os vírus são seres vivos ou não? A resposta para essa pergunta abrange uma polêmica 
que já perdura há décadas. A vida pode ser definida como um conjunto complexo de proces-
sos resultantes da ação de proteínas codificadas por ácidos nucleicos. Os ácidos nucleicos 
das células vivas estão em atividade o tempo todo. Sob o aspecto de que são inertes fora das 
células vivas de seu hospedeiro, os vírus podem não ser considerados organismos vivos. No 
entanto, descobertas mais recentes mostraram que diversos vírus, como os poxvírus (cujo 
exemplo principal é o vírus da varíola) e os herpesvírus (grupo que inclui os vírus causadores 
do herpes labial e genital, por exemplo), são capazes de transcrever seus genomas gerando 
RNAs mensageiros, antes de entrar em uma célula hospedeira. Além disso, quando os vírus 
penetram uma célula hospedeira, o ácido nucleico viral torna-se ativo e ocorre a multiplicação 
viral. Sob esse prisma, os vírus estão “vivos” quando se multiplicam dentro da célula hospe-
deira. Do ponto de vista clínico, os vírus podem ser considerados vivos por serem capazes 
de causar infecção e doença, assim como bactérias, fungos e protozoários patogênicos. De-
pendendo do ponto de vista, um vírus pode ser considerado um agregado excepcionalmente 
complexo de elementos químicos ou um microrganismo vivo extraordinariamente simples. 
Então afinal, é um ser vivo ou não? Enquanto a ciência avança e desenvolve estudos mais pró-
ximos da resposta, concluímos que os vírus são apenas parasitas intracelulares obrigatórios
MAPA MENTAL – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS VÍRUS
OU
Pequeno tamanho
PRINCIPAIS 
CARACTERÍSTICAS 
DOS VÍRUS
Material genético
Não conseguem 
replicar seu genoma 
Não é capaz de 
produzir suas proteínas
Agentes infecciosos
Não é capaz de gerar energia
“Agentes infiltráveis”
Não há metabolismo ativo 
fora da célula hospedeira
Parasitas intracelulares 
obrigatórios
DNA RNA
5VIROLOGIA
2. MORFOLOGIA VIRAL
Os vírus clinicamente importantes 
variam de 18 a 300nm. Estes últi-
mos são quase visíveis em micros-
cópio óptico e têm aproximadamente 
um quarto do tamanho das bactérias 
estafilocócicas.
SE LIGA! Os vírions maiores podem 
abrigar um genoma maior, capaz de co-
dificar mais proteínas, sendo eles geral-
mente mais complexos.
A arquitetura dos vírus ou sua si-
metria é definida pela forma e pela 
composição das subunidades protei-
cas que compõem o capsídeo, assim 
como as interações dessas proteínas 
com o ácido nucleico viral.
Ao contrário das células procarióticas e 
eucarióticas nas quais o DNA é sempre 
o material genético principal (o RNA tem 
um papel auxiliar), os vírus podem pos-
suir tanto DNA como RNA, mas nunca 
ambos. O ácido nucleico dos vírus pode 
ser de fita simples ou dupla. Assim, 
existem vírus que apresentam o fami-
liar DNA de dupla-fita, DNA de fita sim-
ples, RNA de dupla-fita e RNA de fita 
simples. Dependendo do vírus, o ácido 
nucleico pode ser linear ou circular, e há 
alguns em que ele é segmentado. 
SE LIGA! A porcentagem de ácido nu-
cleico viral em relação à porcentagem de 
proteína é de cerca de 1% no caso do 
vírus influenza e de cerca de 50% para 
certos bacteriófagos.
A camada externa do vírion é o cap-
sídeo ou envelope. Essas estruturas 
são o pacote, a proteção e o veículo 
de liberação durante a transmissão 
do vírus de um hospedeiro para outro 
e para a dispersão para a célula-alvo 
dentro do hospedeiro. As estruturas 
da superfície do capsídeo e do en-
velope que medeiam a interação do 
vírus com a célula-alvo por meio de 
uma proteína de fixação viral (VAP). 
SE LIGA! A remoção ou rompimento da 
parte externa deste pacote inativa o ví-
rus. Desse modo, os anticorpos gerados 
contra os componentes dessas estrutu-
ras impendem a infecção viral.
O capsídeo é uma estrutura rígida ca-
paz de resistir a severas condições 
ambientais. Os vírus com capsídeos 
sem cobertura são geralmente resis-
tentes ao ressecamento, ao ácido e a 
detergentes, incluindo o ácido e a bile 
do trato gastrointestinal. Muitos des-
ses vírus são transmitidos pela rota 
fecal-oral e podem preservar a ca-
pacidade de transmissão mesmo no 
esgoto. 
Os vírus cujos capsídeos não são en-
voltos por um envelope são conhe-
cidos como vírus não envelopados, 
“nus” ou “descobertos”. Nesse caso, 
o capsídeo protege o ácido nucleico 
viral do ataque das nucleases pre-
sentes nos fluidos biológico e promo-
ve a ligação da partícula às células 
suscetíveis. 
6VIROLOGIA
Figura 1. Morfologia de um vírus poliédrico não envelopado. (a) Diagrama de um vírus poliédrico (icosaedrico). (b) Mi-
crografia do adenovírus Mastadenovirus. São visíveis os capsômeros individuais do capsídeo.
Fonte: Tortora et al. (2017)
Cada capsídeo é composto de su-
bunidades proteicas, denominadas 
capsômeros. Em alguns vírus, as pro-
teínas que compõem os capsômeros 
são de um único tipo; em outros, vá-
rios tipos de proteínas podem estar 
presentes. Em geral, os capsômeros 
são visíveis nas micrografias eletrôni-
cas e sua organização é característica 
para cada tipo de vírus. 
Por outro lado, o envelope é uma 
membrana composta de lipídios, pro-
teínas e glicoproteínas, que pode ser 
mantida apenas em soluções aquo-
sas. É prontamente rompida por res-
secamento, condições ácidas, deter-
gentes e solventes, tais como éter, 
o que resulta na inativação do vírus. 
Como consequência, vírus envelopa-
dos devem permanecer úmidos e são 
geralmente transmitidos em fluidos, 
sangue e tecidos. A maioria não pode 
sobreviver às condições severas do 
trato gastrointestinal.
7VIROLOGIA
Figura 2. Montagem do capsídeo icosaedrico de um picornavírus. Proteínas individuais associam-se em subunidades, 
as quais se associam em protômeros, capsômeros e num procapsídeo vazio. A inclusão do genoma RNA (+) dispara a 
sua conversão para a formafinal de capsídeo.
Fonte: Murray et al. (2014)
Figura 3. Componentes do vírion básico
Fonte: Murray et al. (2014)
Cinco protômeros
Proteínas
Vírion maduro 
(12 pentâmeros)
Capsômero 
pentamérico
8VIROLOGIA
Dependendo do vírus, os envelopes 
podem ou não apresentar espículas, 
constituídas por complexos carboi-
drato – proteína que se projetam da 
superfície do envelope. Alguns vírus 
se ligam à superfície da célula hospe-
deira através das espículas, que são 
características tão marcantes de al-
guns vírus que podem ser utilizadas 
para a sua identificação. 
Figura 4. Morfologia de um vírus helicoidal envelopado. (a) Diagrama de um vírus helicoidal envelopado. (b) Micrografia 
do vírus influenza A2. Observe o halo de espiculas se projetando da superfície externa do envelope
Fonte: Tortora et al. (2017)
SAIBA MAIS!
A capacidade de determinados vírus, como o influenza, de agregar hemácias está associada 
à presença das espículas. Esses vírus se ligam às hemácias, formando pontes entre elas. A 
agregação resultante, chamada de hemaglutinação, é a base de diversos testes laboratoriais 
úteis.
A aquisição do envelope é realiza-
da por um processo denominado 
brotamento, e requer primeiramen-
te o direcionamento das espículas 
para uma membrana celular (local de 
brotamento) e, posteriormente, ocor-
re a interação entre proteínas virais 
intracitoplasmáticas com essas pro-
teínas virais inseridas na membrana 
celular.
9VIROLOGIA
SE LIGA! As proteínas do capsídeo ou 
as proteínas de ligação do ácido nuclei-
co podem associar-se com o genoma 
para formar um nucleocapsídeo, que 
pode ser o mesmo do vírion ou envolto 
por um envelope.
Nucleocapsídeo
RNA
ProteínaVÍRUS ENVELOPADO
VÍRUS DE CAPSÍDEO DESCOBERTO
Bicamada
lipídica
Proteína 
estrutural
Glicoproteína
Figura 5. As estruturas de um vírus de capsídeo descoberto (acima à esquerda) e dos ví-
rus envelopados (abaixo) com um nucleocapsídeo icosaédrico (à esquerda) ou um ribonu-
cleocapsídeo helicoidal (à direita).
Fonte: Murray et al. (2014)
10VIROLOGIA
MAPA MENTA – MORFOLOGIA VIRAL
Material genético
MORFOLOGIA
 DO VÍRUS
Capsídeo Envelope
Camada externa
Fita dupla
Fita simples
DNA
RNA
Linear
Circular
Segmentado
Estrutura rígida
Resistente
Proteção do genoma viral
Formado por capsômeros
Subunidades proteicas
Adquirido por brotamento
Pode apresentar espículas
Mantido apenas 
em soluções aquosas
Composto de: 
Lipídios
Proteínas
Glicoproteínas
3. ETAPAS DA 
REPLICAÇÃO DOS VÍRUS
As principais etapas de replicação vi-
ral são as mesmas para todos os ví-
rus. A célula age como uma fábrica, 
fornecendo os substratos, a energia 
e o maquinário necessários para a 
síntese de proteínas virais e para re-
plicação do genoma. Os processos 
não providos pelas células devem ser 
codificados no genoma do vírus. A 
11VIROLOGIA
maneira pela qual cada vírus cumpre 
essas etapas e supera as limitações 
bioquímicas da célula é distinta para 
diferentes estruturas do genoma e do 
vírion (seja ele envelopado ou tenha 
ele o capsídeo descoberto).
Para que um vírus se multiplique, ele 
precisa invadir a célula hospedei-
ra e assumir o comando da sua ma-
quinaria metabólica. Um único vírion 
pode dar origem, em uma única célula 
hospedeira, a algumas ou mesmo mi-
lhares de partículas virais iguais; contu-
do somente 1 a 10% dessas partículas 
podem ser infecciosas. As partículas 
não infecciosas (partículas defeituo-
sas) resultam de mutações e erros na 
fabricação e montagem do vírion. Esse 
processo pode alterar drasticamente a 
célula hospedeira, podendo causar sua 
morte. Em algumas infecções virais, a 
célula sobrevive e continua a produzir 
vírus indefinidamente.
Reconhe-
cimento
Fixação
Antagonista 
do receptor 
de anticorpo
Penetração
Fixação
Fusão
Desenca-
psidação
Transcrição Replicação
Envelopamento
Brotamento e 
liberação
Síntese de proteína
Montagem
Lise e liberação
Figura 6. Um esquema geral para a replicação viral.
Fonte: Murray et al. (2014)
12VIROLOGIA
FLUXOGRAMA – ETAPAS DA 
REPLICAÇÃO VIRAL
ADSORÇÃO
Penetração
Descapsidação
Transcrição
Tradução
Maturação 
Replicação
Liberação
Adsorção
A replicação dos vírus se inicia com 
a adsorção, etapa em que haverá re-
conhecimento e fixação à célula-al-
vo. A ligação das VAPs ou estruturas 
na superfície do capsídeo do vírion 
ao receptores na célula inicialmente 
determina quais células podem ser in-
fectadas por um vírus. Os receptores 
para o vírus na célula podem ser pro-
teínas ou carboidratos em glicoprote-
ínas ou glicolipídeos. Os vírus que se 
ligam aos receptores expressos em 
tipos específicos de célula podem ser 
restritos a certas espécies (espectro 
de hospedeiros) (p. ex., humanos, ca-
mundongos) ou tipos específicos de 
células. 
[BOX SE LIGA! A suscetibilidade da 
célula-alvo define o tropismo tecidual 
(p. ex. neurotrópico, linfotrópico).]
A estrutura de fixação viral num cap-
sídeo do vírus pode ser parte do cap-
sídeo ou uma proteína que se esten-
de a partir desse capsídeo. Os sítios 
de ligação dos vírus estão distribuí-
dos ao longo de toda a superfície da 
partícula viral, e os sítios em si variam 
de um grupo de vírus para outro. 
Na maioria dos vírus envelopados, 
como o vírus influenza, os sítios de 
adesão são espículas localizadas na 
superfície do envelope. Logo que uma 
espícula se liga ao receptor da célula 
hospedeira, sítios receptores adicio-
nais da mesma célula migram em di-
reção ao vírus. A ligação de muitos sí-
tios completa o processo de adsorção. 
Penetração
Interações entre múltiplas VAPs e os 
receptores celulares iniciam a interna-
lização do vírus para dentro da célula. 
13VIROLOGIA
Muitos vírus penetram nas células 
eucarióticas por endocitose mediada 
por receptor. A membrana plasmá-
tica está constantemente sofrendo 
invaginações para formar vesículas. 
Essas vesículas contêm elementos 
originados do exterior da célula e que 
são levados para o seu interior para 
serem digeridos. Se um vírion se liga à 
membrana plasmática de uma poten-
cial célula hospedeira, a célula envol-
verá o vírion e formará uma vesícula. 
Os vírus envelopados podem pene-
trar por um processo alternativo, cha-
mado de fusão, no qual o envelope 
viral se funde à membrana plasmá-
tica e libera o capsídeo no citoplas-
ma da célula. O pH ideal para a fusão 
determina se a penetração ocorre na 
superfície celular em pH neutro ou 
se o vírus deve ser internalizado por 
endocitose e a fusão ocorrer em um 
endossomo em pH ácido. A atividade 
de fusão pode ser provida pela VAP 
ou por outra proteína.
Figura 7. A entrada dos vírus nas células hospedeiras. Após a adsorção, os vírus penetram nas células hospedeiras 
por (a) endocitose mediada por receptor ou (b) por fusão do envelope viral a membrana celular.
Fonte: Tortora et al. (2017)
14VIROLOGIA
Descapsidação
Uma vez internalizado, o nucleocapsídeo 
deve ser transferido para o sítio de repli-
cação dentro da célula e o capsídeo ou 
o envelope, é removido. O genoma dos 
vírus DNA, exceto os do tipo poxvírus, 
deve ser transferido para o núcleo, en-
quanto a maioria dos vírus RNA perma-
nece no citoplasma. O processo de des-
capsidação pode ser iniciado por uma 
fixação ao receptor ou promovido por 
ambiente ácido ou por proteases encon-
tradas em um endossomo ou lisossomo. 
Transcrição, tradução e replicação
Uma vez dentro da célula, o genoma 
deve dirigir a síntese de RNAm viral e 
de proteínas e gerar cópias idênticas 
de si próprio. O genoma é inutilizado 
a menos que possa ser transcrito em 
RNAm funcionais capazes de se ligar 
aos ribossomos e serem traduzidos em 
proteínas. O modo pelo qual cada vírus 
cumpre essas etapas depende da es-
trutura do genoma.
Em geral, os vírus de DNA replicam 
seu genoma no núcleo da célula hos-
pedeira, usando enzimas virais, e sin-
tetizam as proteínas do capsídeo e 
outras proteínas no citoplasma, usan-
do enzimas do hospedeiro. 
Já no caso dos vírus de RNA, eles 
multiplicam-se essencialmente da 
mesma formaque os vírus de DNA, 
com exceção de que os vírus de RNA 
se multiplicam no citoplasma da 
célula hospedeira. Diversos mecanis-
mos distintos de produção de RNAm 
são observados entre os diferentes 
grupos de vírus de RNA. As princi-
pais diferenças entre os processos de 
multiplicação residem na forma como 
o RNAm e o RNA viral são produzi-
dos. Estes vírus têm uma RNA-poli-
merase dependente de RNA. Os ge-
nes virais induzem a produção dessa 
enzima pela célula hospedeira. Essa 
enzima catalisa a síntese de outra fita 
de RNA, complementar à sequência 
de bases da fita infecciosa original.
Para a síntese de proteína viral, todos 
os vírus dependem dos ribossomos da 
célula do hospedeiro, do RNAt e dos 
mecanismos para a modificação pós-
-traducionais. A ligação do RNAm ao 
ribossomo é mediada por uma estrutu-
ra de guanosina metilada ou uma es-
trutura especial em alça de RNA, que 
se liga internamente junto com o ribos-
somo para iniciar a síntese de proteína. 
SE LIGA! Sabe-se que ribossomo euca-
riótico se liga ao RNAm e pode produzir 
apenas uma proteína contínua, e então 
ele se desprende do RNAm. Cada vírus 
lida com essa limitação de maneira dife-
rente, dependendo da estrutura do ge-
noma. Por exemplo, o genoma inteiro de 
um vírus RNA de fita positiva é lido pelo 
ribossomo e traduzido em uma poliprote-
ína gigante. A poliproteína é subsequen-
temente clivada por proteases celulares 
e virais em proteínas funcionais. Os vírus 
de DNA, os retrovírus e a maioria dos ví-
rus de RNA de fita negativa transcrevem 
RNAm separado para poliproteínas me-
nores ou proteínas individuais.
15VIROLOGIA
Algumas proteínas virais requerem 
modificações pós-traducionais, tais 
como fosforilação, glicosilação, aci-
lação ou sulfatação. A fosforilação 
da proteína é realizada por proteínas 
quinases celulares ou virais e é um 
modo de modular, ativar ou inativar 
proteínas
Maturação
A montagem do capsídeo proteico 
constitui o primeiro passo no proces-
so de maturação viral. Essa monta-
gem, em geral, é um processo espon-
tâneo análogo a um quebra-cabeça 
tridimensional entrelaçado que se co-
loca junto como uma caixa. O vírion 
é construído a partir de partes pe-
quenas e facilmente fabricadas, que 
incluem o genoma em um pacote 
funcional. Cada parte do vírion pos-
sui estruturas de reconhecimento 
que permitem ao vírus formar as in-
terações apropriadas proteína-pro-
teína, proteína-ácido nucleico e (nos 
vírus envelopados) proteína-mem-
brana, necessárias para a monta-
gem na estrutura final. O processo de 
montagem começa quando as peças 
necessárias são sintetizadas e a con-
centração de proteínas estruturais na 
célula é suficiente para dirigir o pro-
cesso termodinamicamente, muito 
parecido com a reação de cristaliza-
ção. O processo de montagem pode 
ser facilitado por proteínas de arma-
ção ou outras proteínas, algumas das 
quais são ativadas ou liberam energia 
na proteólise.
O sítio e o mecanismo de monta-
gem do vírion na célula dependem de 
onde ocorre a replicação do genoma, 
e se a estrutura final é um capsídeo 
descoberto ou um vírus envelopado. 
A montagem dos vírus de DNA, ex-
ceto os poxvírus, acontece no núcleo 
e requer transporte das proteínas do 
vírion para dentro do núcleo. A mon-
tagem dos vírus de RNA e dos poxví-
rus ocorre no citoplasma.
Os capsídeos dos vírus podem ser 
montados como estruturas vazias 
(procapsídeos) para serem preen-
chidos com o genoma ou podem ser 
montados em volta do genoma.
Nos vírus envelopados, as glicopro-
teínas virais recém-sintetizadas e 
processadas são transferidas para 
membrana celular pelo transporte 
vesicular. A aquisição de um envelo-
pe ocorre após a associação do nu-
cleocapsídeo com regiões contendo 
glicoproteínas virais das membranas 
celulares do hospedeiro, em um pro-
cesso chamado brotamento.
Liberação
Os vírus podem ser liberados das cé-
lulas após a lise celular, por exocito-
se ou pelo brotamento da membra-
na plasmática. Os vírus de capsídeo 
descoberto são geralmente liberados 
depois da lise celular. A liberação de 
16VIROLOGIA
muitos vírus envelopados aconte-
ce após o brotamento da membrana 
plasmática, sem matar a célula. A so-
brevivência da célula permite a libe-
ração contínua de vírus a partir des-
sa fábrica. A lise e o brotamento da 
membrana plasmática são meios efi-
cientes de liberação.
SE LIGA! A disseminação da infecção 
ocorre quando o vírus é liberado para o 
meio extracelular, mas alternativamente, 
o vírus, o nucleocapsídeo ou o genoma 
pode ser transmitido através das pon-
tes célula-célula, em fusão célula-célula 
ou verticalmente para as células-filhas. 
Essas rotas alternativas permitem que o 
vírus escape da detecção do anticorpo.
Figura 8. Replicação de um vírus animal contendo DNA
Fonte: Tortora et al. (2017)
4. UM CASO ESPECIAL: 
O RETROVÍRUS
Os retrovírus constituem uma cate-
goria de vírus envelopados, de ácido 
ribonucleico (RNA), com morfologia e 
meios de replicação únicos. Eles car-
reiam uma transcriptase reversa, que 
utiliza o RNA viral como molde para 
a síntese de um DNA de dupla-fita 
complementar. Essa enzima também 
degrada o RNA viral original. O DNA 
viral integra-se, então, ao cromosso-
mo da célula hospedeira na forma de 
um provírus, o qual nunca é removido 
do cromossomo. Na forma de proví-
rus, o HIV, por exemplo, é protegido 
do sistema imune do hospedeiro e 
dos fármacos antivirais. 
17VIROLOGIA
Entrada do 
vírus na célula
Transcrição 
reversa Entrada no 
núcleo da célula
Integração ao núcleo
Transcrição
Migração até a 
membrana celular
BrotamentoVírion imaturo 
do HIV
HIV 
maduro
RNA viral DNA pró - viral DNA da célula hospedeira Transcriptase reversa
Integrase Protease Proteínas estruturais do HIV
Montagem do vírion
Figura 9. Ciclo de vida do HIV 
Fonte: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/multimedia/figure/inf_hiv_life_cycle_pe_pt
SE LIGA! O nome retrovírus deriva das 
letras iniciais da transcriptase reversa 
(reverse transcriptase).
Algumas vezes, o provírus simples-
mente permanece em estado latente 
e se replica somente quando o DNA 
da célula hospedeira é replicado. Em 
outros casos, o provírus é expresso e 
produz novos vírus, que podem infec-
tar células vizinhas. Agentes mutagê-
nicos, como a radiação gama, podem 
induzir a expressão de um provírus. 
O provírus também pode, no caso 
dos retrovírus oncogênicos, conver-
ter a célula hospedeira em uma célula 
tumoral.
18VIROLOGIA
SAIBA MAIS!
Estrutura dos Retrovírus – Os retrovírus apresentam formato esférico, com diâmetro de 80 a 
12nm, e são envelopados. O envelope contém glicoproteínas virais e é adquirido pelo bro-
tamento a partir da membrana plasmática. O envelope reveste o capsídeo que contém, no 
seu interior, duas cópias idênticas do genoma de RNA fita simples dentro de um núcleo ele-
trodenso. O vírion também contém entre 10 e 50 cópias das enzimas transcriptase reversa 
e integrase e dois RNAs de transferência celular (RNAt). Esses RNAt estão associados com 
cada cópia do genoma e podem ser utilizados como iniciadores (primers) para a transcriptase 
reversa. A morfologia do nucleocapsídeo difere entre os vírus e pode ser utilizada como forma 
de classificação dos retrovírus. O núcleo do vírion do HIV se assemelha a um cone seccionado.
MAPA MENTAL – RETROVÍRUS
RETROVÍRUS
Envelopados Possuem RNA
Estrutura Replicação única
Formato esférico
Núcleo eletrodenso
2 cópias de RNA de fita simples
2 RNAt
Transcriptase reversa 
(10 a 50 cópias)
Apresentam transcriptase reversa
Degrada o RNA viral original
Utiliza RNA viral como molde 
para síntese de uma DNA
O DNA viral é integrado ao 
cromossomo da célula hospedeira
Provírus
19VIROLOGIA
5. PATOGÊNESE DA 
INFECÇÃO VIRAL
Visão Geral
Os vírus causam doenças quando 
atravessam as barreiras de proteção 
natural do corpo, escapam do contro-
le imune e matam as células de um 
tecido importante (p.ex., o cérebro) ou 
então desencadeiam resposta imune 
e inflamatória destrutiva. As conse-
quência de umainfecção viral são de-
terminadas pela natureza da intera-
ção vírus-hospedeiro e pela resposta 
do hospedeiro à infecção. O melhor 
tratamento é a resposta imune, mas, 
com frequência, ela contribui para a 
patogênese da infecção viral. 
SAIBA MAIS!
Muitos vírus codificam atividades (fatores de virulência) que promovem maior eficiência da 
replicação viral, transmissão, acesso e ligação do vírus ao tecido-alvo ou escape das defesas 
do hospedeiro e da resolução pelo sistema imune. Essas atividades podem não ser essenciais 
para o crescimento viral em cultura de células, mas são necessárias à patogenicidade ou à 
sobrevivência do vírus no hospedeiro. A perda desses fatores de virulência resulta na atenção 
do vírus. Muitas vacinas constituídas por vírus vivos são, na verdade, constituídas por varian-
tes atenuadas desses vírus.
A patogênese da infecção viral pro-
gride por meio de etapas:
Contágio
Os vírus somente são mantidos na 
natureza se puderem ser transmiti-
dos de um hospedeiro para outro, da 
mesma espécie ou não. A transmis-
são do vírus na natureza pode ocorrer 
de maneira horizontal, de um indiví-
duo para outro da mesma espécie ou 
não; ou vertical, da mãe para o feto 
(esse processo pode ocorrer durante 
a gestação ou durante o nascimento).
A transmissão horizontal pode ocor-
rer por meio de:
• Contato: diretamente de um indiví-
duo infectado para um hospedei-
ro susceptível a partir de contato 
sexual, saliva, contato direto com 
pele infectada, ou indiretamente 
por objetos ou perdigotos (aeros-
sóis, secreções respiratórias ou 
saliva).
• Veículo: água ou alimentos 
contaminados.
• Vetores: animais vertebrados ou 
invertebrados, sendo possível 
classificar os últimos em vetores 
biológicos (o vírus é replicado no 
vetor) ou mecânicos (o vetor ape-
nas carreia o vírus).
20VIROLOGIA
Além dos citados, não podemos es-
quecer das transmissões por transfu-
são de sangue e por transplantes. 
Penetração
O vírus tem acesso ao corpo por meio 
de lesões na pele (cortes, mordidas, 
injeções) ou através das membranas 
mucoepiteliais que revestem os orifí-
cios do corpo (olhos, trato respirató-
rio, boca, genitália e trato gastrointes-
tinal). A pele íntegra é uma barreira 
excelente com a infecção. Lágrimas, 
muco, epitélio ciliado, ácido estoma-
cal, bile e imunoglobulina A (IgA) pro-
tegem esses orifícios. 
SE LIGA! A inalação é provavelmente a 
rota mais comum de entrada das partí-
culas virais.
Disseminação 
Ao penetrar no corpo, o vírus se repli-
ca em células que expressam recep-
tores virais e possuem o maquinário 
biossintético apropriado. Os vírus po-
dem se replicar e permanecer no sí-
tio primário de penetração ou então 
se disseminar para outros tecidos via 
corrente sanguínea, via sistema mo-
nonuclear fagocitário e o linfático, ou 
ainda via neurônios. 
A corrente sanguínea e o sistema lin-
fático são as principais vias de disse-
minação dos vírus no corpo. O vírus 
obtém acesso a esses meios após 
dano ao tecido, mediante absorção 
por macrófagos ou no transporte 
através das células mucoepiteliais da 
orofaringe, do trato gastrointestinal, 
da vagina ou do ânus.
SE LIGA! O que é viremia? É o transporte 
do vírus na corrente sanguínea. O vírus 
pode estar livre no plasma ou associado 
com linfócitos ou macrófagos. Os vírus 
fagocitados por macrófagos podem es-
tar inativados, podem se replicar ou po-
dem ser carreados para outros tecidos. 
A replicação de um vírus em macrófa-
gos, no revestimento endotelial de vasos 
sanguíneos ou no fígado pode causar a 
amplificação da infecção e iniciar o de-
senvolvimento de viremia secundária. 
Em muitos casos, essa viremia secun-
dária antecede o envio dos vírus ao teci-
do-alvo (p. ex., fígado, cérebro, pele) e a 
manifestação dos sintomas específicos.
Os vírus podem ter acesso ao sistema 
nervoso central ou ao cérebro (1) pela 
corrente sanguínea; (2) pelas menin-
ges ou líquido cefalorraquidiano in-
fectados; (3) pela migração de macró-
fagos infectados; ou (4) pela infecção 
de neurônios periféricos e sensoriais 
(olfatórios). 
SE LIGA! Para garantir que a infecção 
seja bem-sucedida é necessário que 
o inócuo viral, isto é a concentração de 
partículas, deve ser suficiente para ini-
ciar a infecção; as células no sítio inicial 
da infecção devem ser acessíveis, sus-
cetíveis e permissivas ao vírus; e os me-
canismos de defesa local do hospedeiro 
devem estar ausentes ou ineficientes.
21VIROLOGIA
Manifestações do vírus 
(sintomática ou assintomática)
Uma vez que o hospedeiro seja infec-
tado, sua competência e estado imu-
nológico são, provavelmente, os prin-
cipais fatores que determinam se uma 
infecção viral provocará uma doença 
potencialmente fatal, uma lesão be-
nigna ou ausência total de sintomas.
Durante o período de incubação, o 
vírus está se replicando, mas ainda 
não atingiu o tecido-alvo, nem indu-
ziu dando suficiente para causar a 
doença. É um período relativamente 
curto se o sítio primário de infecção 
é o tecido-alvo e produz os sintomas 
característicos da doença. Períodos 
de incubação mais longos ocorrem 
quando o vírus precisa se dissemi-
nar para outros sítios e ser amplifica-
do antes de atingir o tecido-alvo, ou 
quando os sintomas são causados 
por respostas imunopatológicas. Sin-
tomas não específicos ou semelhan-
tes aos da gripe podem preceder os 
sintomas característicos durante o 
pródromo.
A natureza e a gravidade dos sin-
tomas de uma doença viral estão 
relacionadas com a função do teci-
do-alvo infectado e extensão das res-
postas imunopatológicas desencade-
adas. As infecções assintomáticas ou 
inaparentes constituem as principais 
fontes de contágio e ocorrem quan-
do (1) o tecido infectado não é lesa-
do; (2) a infecção é controlada antes 
de o vírus atingir o tecido-alvo; (3) se 
o tecido-alvo é composto por células 
de rápido ciclo celular; (4) se o tecido-
-alvo é reparado rapidamente; ou (5) 
se a extensão do dano é inferior ao li-
miar funcional para aquele tecido em 
particular. 
SE LIGA! Apesar da ausência de sinto-
mas, os anticorpos específicos contra o 
vírus serão produzidos.
Classificação modal das infecções 
virais
As infecções virais podem causar do-
ença aguda, crônica, persistente ou 
latente. A habilidade e a rapidez do 
sistema imune de uma pessoa em 
controlar e resolver uma infecção viral 
normalmente determinam se ocorre 
doença aguda ou crônica, assim como 
a intensidade dos sintomas. 
• Infecção aguda – Caracteriza-se 
pela curta duração e rápida erradi-
cação do agente pela resposta imu-
nológica do hospedeiro. Devido à 
rapidez da replicação, a quantida-
de de vírus no organismo aumen-
ta rapidamente após a infecção, 
atinge um pico após alguns dias e 
decresce também com certa rapi-
dez. Essa redução coincide com o 
desenvolvimento de resposta imu-
ne específica celular (linfócitos T 
citotóxicos) e humoral (anticorpos), 
que consegue erradicar o agente 
22VIROLOGIA
dos tecidos após alguns dias. Ex. 
gripe.
• Infecção crônica – Se caracteri-
zam pela persistência do vírus ou 
do genoma viral no hospedeiro por 
longos períodos. A maioria des-
sas infecções se inicia como uma 
infecção aguda, caracterizada por 
uma rápida replicação viral, acom-
panhada ou não de sinais clínicos. 
No entanto, ao contrário das infec-
ções agudas, a resposta imunoló-
gica montada pelo hospedeiro não 
é capaz de erradicar o agente, re-
sultando na sua permanência nos 
tecidos por períodos variáveis. De 
acordo com a ocorrência ou não de 
replicação viral durante a persis-
tência, dois tipos de infecções crô-
nicas são reconhecidos: latentes 
ou persistentes. 
◊ Infecções latentes: São carac-
terizadas pela permanência 
do genoma viral nas células do 
hospedeiro, na maior parte do 
tempo sem replicação e pro-
dução do vírus. A replicação e 
produção de progênie viral so-
mente ocorrem em situações 
esporádicas e duram horas ou 
poucos dias. Ex.: Herpes geni-
tal; herpes labial
◊ Infecções persistentes: Se ca-
racterizam pela contínua re-
plicação e produçãode par-
tículas víricas nos tecidos do 
hospedeiro por tempo ilimita-
do. Em geral, essas infecções 
são fatais. Um exemplo é o ví-
rus do sarampo, responsável 
por uma forma rara de encefa-
lite, denominada panencefalite 
esclerosante subaguda, vários 
anos após causar o sarampo. 
Uma infecção viral persistente 
é aparentemente distinta de 
uma infecção viral latente, por-
que, na maior parte dos casos, 
os vírus infecciosos são detec-
tados de modo gradual duran-
te um longo período, em vez 
de aparecerem de repente.
Figura 10. Infecções virais latentes e persistentes
Fonte: Tortora et al. (2017)
23VIROLOGIA
Infecção aguda: 
resfriado comum
tardias:
Infecção aguda:
Raras complicações
SSPE
Sarampo,
Episódio 
da doença
Vírus não 
detectável
Episódio 
da doença
Episódio 
da doença
Episódio 
da doença
Episódio agudo 
diferenciado da 
doença
Infecção latente:
Varicela - zóster
Infecção crônica:
Hepatite B
Infecção crônica:
Doença tardia
HTLV -1 
Leucemia
HIV
Infecção lenta
Vírus não detectável
Episódio 
da doença
Episódio 
da doença
Episódio 
da doença
Episódio 
da doençaZóster
Não infeccioso
SSPE
Doença priônica, doença 
de Creutzfeldt - Jakob
Excreção
Figura 11. Infecção aguda e vários tipos de infecção persistente, conforme ilustrado pelas doenças indicadas na coluna 
da esquerda. O azul representa a presença do vírus; o verde indica o episódio de doença. SSPE: panencefalite esclero-
sante subaguda, 
Fonte: Murray et al. (2014)
24VIROLOGIA
MAPA MENTAL – PATOGÊNESE DA INFECÇÃO VIRAL
O vírus ainda não 
atingiu o tecido alvo
Contágio
PATOGÊNESE 
DA INFECÇÃO 
VIRAL
Manifestações 
do vírus
Período de incubação
Penetração Disseminação
Pródromos Sintomas inespecíficos
Infecções 
assintomáticas
Infecções 
sintomáticas
Infecção aguda
Infecção crônica
Infecção latente
Infecção 
persistente
Via neurônios
Via corrente sanguínea
Via sistema linfático
Lesões na pele
Membranas 
mucoepiteliais
Olhos
Trato respiratório
Boca
Genitália
Trato gastrointestinal
Transmissão vertical
Transmissão horizontal
De mãe para filho
Vetores
Veículo
Contato
Animais
Água ou alimentos 
contaminados
Sexual
Saliva
Pele
Objetos
Perdigotos
Transplantes
Transfusão 
sanguínea
25VIROLOGIA
6. PRINCIPAIS MÉTODOS 
DIAGNÓSTICOS
Os principais métodos diagnósticos 
são: o PCR e a sorologia. 
PCR
A reação em cadeia da polimerase 
(PCR, do inglês, polymerase chain 
reaction) amplifica poucas cópias de 
DNA viral milhões de vezes e é uma 
das técnicas mais recentes de análise 
genética. Nessa técnica, uma amostra 
é incubada com um par de pequenos 
oligômeros de DNA, denominados 
primers, que são complementares às 
extremidades de uma sequência ge-
nética conhecida presente no DNA 
total. Os oligômeros hibridizam com a 
sequência de DNA molde apropriada 
MAPA MENTAL – CLASSIFICAÇÃO MODAL DAS INFECÇÕES VIRAIS
Classificação 
modal das 
infecções 
virais
Curta duração
Rápida erradicação 
do agente
Ex.: gripe
Infecção latente
O agente não 
é erradicado
Longa duração do 
vírus no hospedeiro
Infecção persistente
Ex.: Herpes genital
Replicação 
esporádica do vírus
Aparece “de repente”
Pode apresentar dois 
quadros diferentes
Contínua e crescente 
reprodução do vírus
Infecção aguda
Infecção crônica
26VIROLOGIA
e atuam como primers para a polime-
rase, que irá copiar esse segmento 
específico do DNA. A amostra é en-
tão aquecida para desnaturar o DNA 
(separando as fitas da dupla-hélice) 
e resfriada para permitir a hibridiza-
ção dos primers na nova molécula de 
DNA (recém-sintetizada). Cada cópia 
de DNA se torna um novo molde. O 
processo é repetido muitas vezes (20 
a 40) para amplificar a sequência de 
DNA original de forma exponencial. 
Uma sequência-alvo de DNA pode 
ser amplificada um milhão de vezes, 
em poucas horas, utilizando-se esse 
método.
Essa técnica é especialmente útil para 
detectar sequências latentes e inte-
gradas de vírus, tais como retrovírus, 
herpes-vírus, papilomavírus e outros 
papovavírus, bem como a detecção 
de vírus presente em baixas concen-
trações e de vírus cujo isolamento 
seja muito difícil ou perigoso em cul-
turas celulares.
 A técnica de RT-PCR (reação em ca-
deia da polimerase com transcrição 
reversa) é uma variação PCR, que usa 
a transcriptase reversa retroviral para 
converter RNA viral ou RNA mensa-
geiro em DNA e permitir a amplifica-
ção por PCR das sequências de ácido 
nucleico viral.
A quantificação do número de cópias 
de genoma em um paciente (carga 
viral) pode ser determinada por PCR 
em tempo real. Por exemplo, a con-
centração de genoma viral (genomas 
de RNA são convertidos para DNA) 
é proporcional à taxa inicial de ampli-
ficação por PCR do DNA genômico. 
Esse teste diagnóstico é especial-
mente importante para o acompa-
nhamento do curso da infecção por 
HIV.
Sorologia
Estudos sorológicos são usados para 
a identificação de vírus difíceis de se-
rem isolados e cultivados em cultura 
celular, bem como de vírus que cau-
sam doenças de longa duração. A so-
rologia pode ser usada para identificar 
o vírus, para diferenciar doença agu-
da de crônica e ainda para determinar 
se a infecção é primária ou trata-se 
de uma reinfecção. Na sorologia, são 
utilizados métodos para detecção de 
antígenos virais e/ou anticorpos es-
pecíficos, produzidos pelo hospedeiro 
em resposta à infecção viral. Por meio 
da demonstração da presença de 
anticorpos ou alterações nos níveis 
destes, é possível obter informações 
27VIROLOGIA
valiosas quanto à condição imunoló-
gica do indivíduo.
A detecção de anticorpos imunoglo-
bulina M (IgM) específicos para um 
vírus, que estão presentes durante 
as 2 ou 3 primeiras semanas de uma 
infecção primária, geralmente indi-
ca infecção primária recente. Os tes-
tes sorológicos também detectam as 
imunoglobulinas da classe G (IgG). A 
IgG é o anticorpo de memória produ-
zido em grandes quantidades duran-
te a infecção e que persiste por lon-
gos períodos ou mesmo toda a vida, 
após a maioria das infecções virais. 
Além disso, a IgG é a imunoglobulina 
predominante no soro, representando 
76% do total.
MAPA MENTAL – PRINCIPAIS MÉTODOS DIAGNÓSTICOS
PRINCIPAIS 
MÉTODOS 
DIAGNÓSTICOS
Detecção de antígenos 
virais e/ou anticorpos
PCR em tempo real
Amplifica cópias 
de DNA viral
RT - PCR
PCR
Importante para o 
acompanhamento da 
infecção por HIV
Variação que usa a 
transcriptase reversa
Sorologia
IgG
IgM
Presente nas 
primeiras semanas de 
uma infecção primária
Produzido em 
grandes quantidades 
durante a infecção
Persiste por 
longa duração 
28VIROLOGIA
MAPA MENTAL – GERAL
(3) Descapsidação
Material genético
Formado por 
capsômeros
Envelope
Morfologia Viral VIROLOGIA Patogênese da infecção viral
Etapas da 
replicação viral
Principais características 
dos vírus Métodos diagnósticos
(4) Transcrição
(5) Tradução
(2) Penetração
(1) Adsorção
(7) Maturação
(8) Liberação
Variam conforme o 
material genético
(6) Replicação
Envoltório externo
Estrutura resistente
Composto de: 
Proteínas
Lipídios
Glicoproteínas
Transmissão horizontal
Membranas 
mucoepiteliais
Corrente sanguínea
Transmissão vertical
Lesões na pele
Vasos linfáticos
Assintomática
Neurônios
Sintomática
Contágio
Penetração
Disseminação
Infecção
Aguda
Crônica
Latente
Persistente
PCR
Sorologia
São agentes infecciosos
Sem metabolismo 
próprio
Sem enzimas para 
produção de energia 
e de proteínas
Parasitos intracelulares 
obrigatórios
Possuem DNA OU RNA
Capsídeo
Proteção
29VIROLOGIA
REFERÊNCIAS 
BIBLIOGRÁFICAS
TORTORA, Gerard J. et al. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017
SANTOS, Norma Suely de Oliveira et al. Virologia Humana. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2015
MURRAY, Patrick R. et al. Microbiologia Médica. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
FLORES, Eduardo Furtado. Patogenia das infecções víricas: Interações dos vírus com as cé-
lulas e com os hospedeiros. In: VIROLOGIA Veterinária. 3. ed. [S. l.]: UFSM,2017. cap. 7.
30VIROLOGIA
https://www.instagram.com/sanarflix/
https://www.youtube.com/sanarflix
https://twitter.com/sanarflix

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