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NÚCLEO DE PÓS GRADUAÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO Coordenação Pedagógica – IBRA PRESERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA ÁGUA http://www.hidroplan.com.br/upload/arquivos/agua3.jpg A ONU redigiu um documento em 22 de março de 1992 - intitulado "Declaração Universal dos Direitos da Água". O texto merece profunda reflexão e divulgação por todos os amigos e defensores do Planeta Terra, em todos os dias. 1 - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos olhos de todos. 2 - A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. 3 - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água devem ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia. 4 - O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este http://www.hidroplan.com.br/upload/arquivos/agua3.jpg equilíbrio depende em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam. 5 - A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras. 6 - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo. 7 - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis. http://www.atitudessustentaveis.com.br/wp-content/uploads/2013/03/N%C3%A3o-Desperdisse- %C3%81gua.jpg 8 - A utilização da água implica em respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado. 9 - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social. 10 - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra. Fonte: ONU (Organização das Nações Unidas) http://www.atitudessustentaveis.com.br/wp-content/uploads/2013/03/N%C3%A3o-Desperdisse- AGENDA 21 E OS RECURSOS HÍDRICOS http://www.novacidade.com/wnoticias/img_noticias/geral_brejeiro-agua.jpg "A noção de sustentabilidade tem-se firmado como o novo paradigma do desenvolvimento humano. A Agenda 21 significa a construção política das bases do desenvolvimento sustentável, cujo objetivo é conciliar justiça social, equilíbrio ambiental e eficiência econômica. De forma gradual e negociada, resultará em um plano de ação e de planejamento participativo nos níveis global, nacional e local, capaz de permitir o estabelecimento do desenvolvimento sustentável, no século XXI”. José Sarney Filho http://www.novacidade.com/wnoticias/img_noticias/geral_brejeiro-agua.jpg A Agenda 21 serve de guia para as ações do governo e de todas as comunidades que procuram desenvolvimento sem com isso destruir o meio ambiente. Da mesma forma que os países se reuniram e fizeram a Agenda 21, as cidades, os bairros, os clubes, as escolas também podem fazer a Agenda 21 Local. Portanto, com a implantação das Agendas 21 podemos garantir um Meio Ambiente equilibrado para as futuras gerações, cumprindo assim, nosso dever mencionado na Constituição do Brasil. Proteção da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos Hídricos: aplicação de critérios integrados no desenvolvimento, manejo e uso dos recursos hídricos. Os recursos de água doce constituem um componente essencial da hidrosfera da Terra e parte indispensável de todos os ecossistemas terrestres. O meio de água doce caracteriza-se pelo ciclo hidrológico, que inclui enchentes e secas, cujas consequências se tornaram mais extremas e dramáticas em algumas regiões. A mudança climática global e a poluição atmosférica também podem ter um impacto sobre os recursos de água doce e sua disponibilidade e, com a elevação do nível do mar, ameaçar áreas costeiras de baixa altitude e ecossistemas de pequenas ilhas. A água é necessária em todos os aspectos da vida. O objetivo geral é assegurar que se mantenha uma oferta adequada de água de boa qualidade para toda a população do planeta, ao mesmo tempo em que se preserve as funções hidrológicas, biológicas e químicas dos ecossistemas, adaptando as atividades humanas aos limites da capacidade da natureza e combatendo vetores de moléstias relacionadas com a água. Tecnologias inovadoras, inclusive o aperfeiçoamento de tecnologias nativas, são necessárias para aproveitar plenamente os recursos hídricos limitados e protegê-los da poluição. A escassez generalizada, a destruição gradual e o agravamento da poluição dos recursos hídricos em muitas regiões do mundo, ao lado da implantação progressiva de atividades incompatíveis, exigem o planejamento e manejo integrados desses recursos. Essa integração deve cobrir todos os tipos de massas inter-relacionadas de água doce, incluindo tanto águas de superfície como subterrâneas, e levar devidamente em consideração os aspectos quantitativos e qualitativos. Deve-se reconhecer o caráter multissetorial do desenvolvimento dos recursos hídricos no contexto do desenvolvimento socioeconômico, bem como os interesses múltiplos na utilização desses recursos para o abastecimento de água potável e saneamento, agricultura, indústria, desenvolvimento urbano, geração de energia hidroelétrica, pesqueiros de águas interiores, transporte, recreação, manejo de terras baixas e planícies e outras atividades. http://image.slidesharecdn.com/apreservaodagua-121112181117-phpapp02/95/a-preservao-da-gua-2- 638.jpg?cb=1352746189 Mares Fechados e Semifechados – e das zonas costeiras, e proteção, uso racional e desenvolvimento dos recursos hídricos. O meio ambiente marinho - inclusive os oceanos e todos os mares, bem como as zonas costeiras adjacentes - forma um todo integrado que é um componente essencial do sistema que possibilita a existência de vida sobre a Terra, além de ser uma riqueza que oferece possibilidades para um http://image.slidesharecdn.com/apreservaodagua-121112181117-phpapp02/95/a-preservao-da-gua-2- desenvolvimento sustentável. O direito internacional, tal como este refletido nas disposições da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar mencionadas no presente capítulo da Agenda 21, estabelece os direitos e as obrigações dos Estados e oferece a base internacional sobre a qual devem apoiar-se as atividades voltadas para a proteção e o desenvolvimento sustentável do meio ambiente marinho e costeiro, bem como seus recursos. Isso exige novas abordagens de gerenciamento e desenvolvimento marinho e costeiro nos planos nacional, sub-regional, regional e mundial -- abordagens integradas do ponto de vista do conteúdo e que ao mesmo tempo se caracterizem pela precaução e pela antecipação, como demonstram as seguintes áreas de programas: (a) Gerenciamento integrado e desenvolvimento sustentável das zonas costeiras, inclusive zonas econômicas exclusivas; (b) Proteção domeio ambiente marinho; (c) Uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos de alto mar; (d) Uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos sob jurisdição nacional; (e) Análise das incertezas críticas para o manejo do meio ambiente marinho e a mudança do clima; (f) Fortalecimento da cooperação e da coordenação no plano internacional, inclusive regional; (g) Desenvolvimento sustentável das pequenas ilhas. Ações prioritárias para o desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos A vida sustentável implica uma responsabilidade maior dos usuários de água para sua conservação. Para que os usuários possam modificar suas atitudes e práticas, devem dispor de: Informações mais completas; Maior conscientização da operação do ciclo da água e de como usar sustentavelmente a água e os recursos aquáticos; Administração integrada de todos os tipos de utilização da água e da terra; Administração da demanda de água para assegurar sua distribuição eficiente e equitativa entre os concorrentes ao uso; Fortalecimento da capacidade das comunidades de usar os recursos da água de forma sustentável; Conservação da diversidade das espécies aquáticas e do patrimônio genético. Agricultura: http://www.webgroove.com.br/wp-content/uploads/2012/02/rnat.jpg Tanto em nível mundial como nacional, o grande consumidor de água é o setor agrícola (próximo de 70%). Um hectare de irrigação de arroz por inundação utiliza o equivalente ao consumo de 800 pessoas. As tecnologias modernas em irrigação podem reduzir a utilização da água em 50% com relação aos métodos tradicionais. Nos Estados Unidos, resultados mostraram que novas tecnologias obtêm de 30 a 70% de redução do consumo da água, com aumento de 20 a 90% na produção, comparando aos tradicionais métodos de inundação (UNESCO 1999). A agricultura depende do suprimento de água de tal maneira que a sustentabilidade da produção de alimentos não poderá ser http://www.webgroove.com.br/wp-content/uploads/2012/02/rnat.jpg mantida sem o desenvolvimento de novas fontes de suprimento e a gestão adequada dos recursos hídricos convencionais. A irrigação é sem dúvida o mais poderoso recurso com que a agricultura conta para produzir alimentos nas quantidades suficientes para atender às crescentes necessidades mundiais. Esta pode ser feita por diversos métodos, destacando-se os sistemas por superfície, aspersão e irrigação localizada. Dentre esses, o de irrigação localizada (microaspersão ou gotejamento) é o de menor consumo de água e energia, mas exigem investimentos iniciais de alto custo. Tal técnica vem alcançando crescente preferência entre os agricultores, pois além de dosar as quantidades de água usada na irrigação, facilita o emprego da fertirrigação ou da quimirrigação. A primeira reduz a administração de água aos níveis ideais, sem desperdício, e permite adequar as quantidades de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, etc às necessidades da planta e do solo, com economia de nutrientes e menores riscos ambientais. O mesmo acontece com a quimirrigação, que assegura os mesmos benefícios na aplicação de herbicidas, inseticidas e pesticidas. A poluição da água pela atividade agrícola é ocasionada pelo uso intensivo de defensivos agrícolas, no qual uma parcela considerável do total aplicado para estes fins atinge os rios, lagos, aquíferos e oceanos por meio do transporte por correntes atmosféricas, despejos de restos de soluções, limpeza de acessórios e recipientes empregados na aplicação desses produtos e também pela percolação do material aplicado no solo pela ação erosiva da chuva. Devido aos mecanismos de transporte dos meios aquáticos alguns desses defensivos têm sido detectados até na região antártica. As soluções encontradas para os problemas citados envolvem o reuso agrícola, a utilização de transgênicos e a agricultura orgânica. Efluentes de sistemas convencionais de tratamento, tais como lodos ativados, têm uma concentração típica de 15mg/litro de N (Nitrogênio) e 3mg/litro de P (Fósforo), proporcionando uma redução substancial da necessidade do emprego de fertilizantes comerciais para o tratamento da terra. Além dos nutrientes (e dos micronutrientes não disponíveis em fertilizantes sintéticos), a aplicação de esgotos proporciona a adição de matéria orgânica, que age como condicionador do solo, aumentando sua capacidade de reter água. O aumento da produtividade não é o único benefício, uma vez que se torna possível ampliar a área irrigada e, quando as condições climáticas permitem, efetuar colheitas múltiplas praticamente durante todo o ano. Já a Agricultura orgânica ou agricultura biológica é um termo frequentemente usado para a produção de alimentos e produtos animais e vegetais que não fazem uso de produtos químicos sintéticos ou alimentos geneticamente modificados, e geralmente adere aos princípios de agricultura sustentável. Sua base é holística e põe ênfase no solo. Seus proponentes acreditam que num solo saudável, mantido sem o uso de fertilizantes e pesticidas feitos pelo homem, os alimentos têm uma qualidade superior a alimentos convencionais. Em diversos países, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia, a agricultura orgânica é definida por lei e regulamentada pelo governo. Quanto aos transgênicos, apesar de seus efeitos ainda serem desconhecidos e de toda controvérsia, é inerente a eles a resistência a um maior número de pragas, e com isso a menor poluição das águas e do solo, pois utilizam uma menor quantidade de agrotóxicos. Indústria: Os custos elevados da água industrial associados às demandas crescentes têm levado às indústrias a avaliar as possibilidades internas de reuso e a considerar ofertas da companhia de saneamento para a compra de efluentes tratados a preços inferiores aos da água potável dos sistemas públicos de abastecimento. A água produzida pelo tratamento de efluentes secundários é, atualmente, um grande atrativo para abastecimento industrial a custos razoáveis. A proximidade de estações de tratamento de esgotos às áreas de grande concentração industrial contribui para a viabilização de programas de reuso industrial tais como torres de resfriamento, alimentação de caldeiras, água de processamento, construção civil, incluindo preparação e cura de concreto e para compactação do solo, irrigação de áreas verdes de instalação industriais, lavagens de pisos e etc. No Brasil, em termos de reuso industrial, a prática começa a se implementar, mas ainda associada a iniciativas isoladas, a maioria das quais, dentro do setor privado. É sabido que a escassez de água potável tem levado muitas indústrias a uma preocupação quanto à gestão da água, no que diz respeito ao uso racional, tratamento adequado e possibilidade de reuso nos mesmos processos que lhe deram origem ou em outros processos onde se requer água com menor grau de pureza. http://www.webgroove.com.br/wp- content/uploads/2012/02/81cc70406b36cf769666b39485c701a996623769.jpeg Além das questões relacionadas à disponibilidade cada vez menor de água potável, existe a possibilidade de, num futuro próximo, se cobrar pela água mesmo quando captada e tratada pela própria indústria, como já vem ocorrendo em algumas regiões do país. A cobrança pela água levará, inevitavelmente, ao aumento no custo de produção que, se repassado para os produtos, poderá implicar em dificuldades para a indústria em um cenário onde o mercado é reconhecidamente competitivo. http://www.webgroove.com.br/wp- Desta forma, se torna imperativo que as indústrias implantem um sistema de gestão da água, incluindo a sua racionalização com modificação de processos, escolha do melhor método de tratamento para despejo e/ou reuso total ou parcial. Para muitasindústrias, a gestão sistemática e o reuso de água poderá ser um fator preponderante para sua própria sobrevivência. Tecnologias de reuso de água: Osmose Reversa e Nanofiltração; Troca Iônica; Filtros e Flotadores; Ozônizadores; Ultravioleta; Sistemas de dosagem de químicos; Uso Urbano: O desenvolvimento das cidades sem um correto planejamento ambiental resulta em prejuízos significativos para a sociedade. Uma das consequências do crescimento urbano foi o acréscimo da poluição doméstica e industrial, criando condições ambientais inadequadas e propiciando o desenvolvimento de doenças, poluição do ar e sonora, aumento da temperatura, contaminação da água subterrânea, entre outros problemas. O desenvolvimento urbano brasileiro concentra-se em regiões metropolitanas, na capital dos estados e nas cidades polos regionais. Os efeitos desta realidade fazem-se sentir sobre todo aparelhamento urbano relativo a recursos hídricos, ao abastecimento de água, ao transporte e ao tratamento de esgotos cloacal e pluvial. No setor urbano, o potencial de reuso de efluentes é muito amplo e diversificado. De uma maneira geral, esgotos tratados podem ser utilizados para fins potáveis e não potáveis. Para fins potáveis: Neste caso, o reuso não é aconselhável devido à presença de organismos patogênicos e de compostos orgânicos sintéticos na maioria dos efluentes disponíveis. Além dos altos custos dos sistemas de tratamento avançados levarem a inviabilização econômico-financeira do abastecimento público. Entretanto, caso seja imprescindível implementar o reuso urbano para fins potáveis, devem ser obedecidos os seguintes critérios básicos: utilizar apenas sistemas de reuso indiretos; uso exclusivo de esgotos domésticos; emprego de barreiras múltiplas nos sistemas de tratamento; conquista da aceitação pública (responsabilização pelo empreendimento). Para fins não potáveis: Os usos urbanos não potáveis envolvem riscos menores e devem ser considerados como a primeira opção de reuso na área urbana. Entretanto, cuidados especiais devem ser tomados quando ocorre contato direto do público com a água reutilizada. Os maiores potenciais desse processo são os que empregam esgotos tratados para: Irrigação de parques e jardins públicos, centros esportivos, campos de futebol, quadras de golfe, jardins de escolas e universidades, gramados, árvores e arbustos em avenidas e rodovias; Irrigação de áreas ajardinadas ao redor de edifícios públicos, residenciais e industriais; Reserva de proteção contra incêndios; Sistemas decorativos aquáticos, tais como fontes e chafarizes, espelhos e queda d’água; Descarga sanitária em banheiros públicos e em edifícios comerciais e industriais; Lavagem de trens e ônibus públicos; Os problemas associados a reuso urbano para fins não potáveis são, principalmente, os custos elevados de sistemas duplos de distribuição, dificuldades operacionais e riscos potenciais de ocorrência de conexões cruzadas. Os custos, porém, devem ser considerados em relação aos benefícios de conservar água potável e de, eventualmente, adiar ou eliminar a necessidade de desenvolvimento de novos mananciais para abastecimento público. SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS O CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS http://www.olympicgym.cl/admin/foto_not/222.jpg O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), criado pela Lei nº 9.433/97, estabeleceu um arranjo institucional claro e baseado em novos princípios de organização para a gestão compartilhada do uso da água. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) é o órgão mais expressivo da hierarquia do SINGREH, de caráter normativo e deliberativo, com atribuições de: promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos nacional, regional, estadual e dos setores usuários; deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos; acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos; estabelecer critérios gerais para a outorga de direito de uso dos recursos http://www.olympicgym.cl/admin/foto_not/222.jpg hídricos e para a cobrança pelo seu uso. Cabe ao Conselho decidir sobre as grandes questões do setor, além de dirimir as contendas de maior vulto. Caberá também ao CNRH decidir sobre a criação de Comitês de Bacias Hidrográficas em rios de domínio da União, baseado em uma análise detalhada da bacia e de suas sub-bacias, de tal forma que haja uma otimização no estabelecimento dessas entidades. Para tanto, estabeleceu, através da Resolução nº 05 de 10 de abril de 2000, regras mínimas que permitem demonstrar a aceitação, pela sociedade, da real necessidade da criação de Comitês. O CNRH é composto, conforme estabelecido por lei, por representantes de Ministérios e Secretarias da Presidência da República com atuação no gerenciamento ou no uso de recursos hídricos; representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; representantes dos usuários dos recursos hídricos e, representantes das organizações civis de recursos hídricos. O número de representantes do poder executivo federal não poderá exceder à metade mais um do total dos membros do CNRH. A representação dos usuários ficou definida para os setores de irrigantes, indústrias, concessionárias e autorizadas de geração hidrelétrica, pescadores e lazer e turismo, prestadores de serviço público de abastecimento de água e esgotamento sanitário, e hidroviários. Dentre as organizações civis de recursos hídricos foram definidas: comitês de bacias hidrográficas, consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas; organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos hídricos e, organizações não governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade Desde a instalação do CNRH, em novembro de 1998, até o momento já foram aprovadas 24 Resoluções. O CNRH (http://www.cnrh-srh.gov.br) é o principal fórum de discussão nacional sobre gestão de recursos hídricos, exercendo o papel de agente integrador e articulador das respectivas políticas públicas, particularmente quanto à harmonização do gerenciamento de águas de diferentes domínios. A Agência Nacional de Águas http://www.cnrh-srh.gov.br/ A Agência Nacional de Águas (ANA) é uma autarquia sob regime especial com autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. É responsável pela implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos. O projeto de criação da ANA foi aprovado pelo Congresso no dia 7 de junho de 2000, transformando-se na Lei 9.984, sancionada pelo Presidente da República em exercício, Marco Maciel, no dia 17 de julho do mesmo ano. Além de responsável pela execução da Política Nacional de Recursos Hídricos, a ANA deve implementar a Lei das Águas, de 1997, que disciplina o uso dos recursos hídricos no Brasil. Os Comitês de Bacias Hidrográficas O Comitê de Bacias Hidrográficas é um órgão colegiado, inteiramente novo na realidade institucional brasileira, contando com a participação dos usuários, da sociedade civil organizada, de representantes de governos municipais, estaduais e federal. Esse ente é destinado a atuar como “parlamento das águas”, posto que é o fórum de decisão no âmbito de cada bacia hidrográfica. Os Comitês de Bacias Hidrográficas têm, entre outras, as atribuições de: promover o debate das questões relacionadas aos recursos hídricos da bacia; articular a atuação das entidades que trabalham com este tema; arbitrar, em primeira instância, os conflitos relacionados a recursos hídricos; aprovar e acompanhara execução do Plano de Recursos Hídricos da Bacia; estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados; estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo. Comporão os Comitês em rios de domínio da União representantes públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos municípios e representantes da sociedade, tais como, usuários das águas de sua área de atuação, e das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia. A proporcionalidade entre esses segmentos foi definida pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, através da Resolução nº 05, de 10 abril de 2000. Esta norma estabelece diretrizes para formação e funcionamento dos Comitês de Bacia Hidrográfica, representando um avanço na participação da sociedade civil nos Comitês. A Resolução prevê que os representantes dos usuários sejam 40% do número total de representantes do Comitê. A somatória dos representantes dos governos municipais, estaduais e federal não poderá ultrapassar a 40% e, os da sociedade civil organizada ser mínimo de 20%. Nos Comitês de Bacias de rios fronteiriços e transfronteiriços, a representação da União deverá incluir o Ministério das Relações Exteriores e, naqueles cujos territórios abranjam terras indígenas, representantes da Fundação Nacional do Índio – FUNAI e das respectivas comunidades indígenas. Cada Estado deverá fazer a respectiva regulamentação referente aos Comitês de rios de seu domínio. Alguns Estados, a exemplo de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Espírito Santo já estão em estágio bem avançado no processo de regulamentação, com diversos Comitês criados. A Agência de Água As Agências de Águas em rios de domínio da União previstas na Lei nº 9.433, de 1997, atuarão como secretarias executivas do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica. A criação das Agências está condicionada, em cada bacia, à prévia existência do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica e à sua viabilidade financeira. As principais competências da Agência de Água, previstas na Lei das Águas, são: manter balanço hídrico da bacia atualizado; manter o cadastro de usuários e efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos hídricos; analisar e emitir pareceres sobre os projetos e as obras a serem financiados com recursos gerados pela cobrança pelo uso dos recursos hídricos e encaminhá-los à instituição financeira responsável pela administração desses recursos; acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso dos recursos hídricos em sua área de atuação; gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área de atuação; celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a execução de suas competências; promover os estudos necessários para a gestão de recursos hídricos em sua área de atuação; elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica; propor ao respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, os valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos, o plano de aplicação de recursos e o rateio de custos das obras de uso múltiplo. A figura jurídica das Agências de Água em rios de domínio da União deverá ser estabelecida por uma Lei específica. A criação desses entes dependerá da autorização do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, ou dos respectivos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, mediante solicitação de um ou mais Comitê de Bacia Hidrográfica. A área de atuação das Agências de Água, em rios de domínio federal, deverá ser a bacia hidrográfica do Comitê solicitante. Essa área de atuação poderá se estender a mais de uma bacia hidrográfica, se os Comitês dessas bacias assim desejarem. Cada Estado brasileiro poderá estabelecer, segundo as especificidades locais, a figura jurídica que melhor provier, para a Agência de Água (ou de Bacia). O Estado de São Paulo, por exemplo, criou através da Lei nº 10.020/98, a figura de Agências de Bacia como Fundação de Direito Privado. Energia Hidrelétrica https://lh6.googleusercontent.com Esse tipo de aproveitamento é um dos mais eficientes e consiste em aproveitar a energia potencial ou cinética da água, transformando-a em energia mecânica, pela turbina, e finalmente em eletricidade, pelo gerador. O tipo de hidrelétrica é função, basicamente, da vazão do rio e da queda disponível. Na maioria dos países desenvolvidos, os recursos hidrelétricos já estão praticamente esgotados. Os países em desenvolvimento possuem grandes reservas ainda não exploradas. Em países como o Brasil e a Noruega, a hidroeletricidade é responsável por 92% da produção total de energia. A grande vantagem da hidroeletricidade é o seu altíssimo rendimento (em torno de 96%). Além disso, é um dos sistemas mais baratos de produção de eletricidade. São inúmeras as vantagens da hidroeletricidade; entretanto, o reservatório provoca impactos ambientais tanto na fase de construção como na fase de operação. Barragens já eram construídas na Antiguidade para regularizar o suprimento de água das cidades, para irrigação das lavouras e para o controle de inundações. Com desenvolvimento do uso de energia elétrica no final do século XIX, as barragens passaram a ser utilizadas também para geração de energia elétrica. A seleção dos locais para a implantação de barragens leva em consideração a largura do rio e a topografia no entorno para maior aproveitamento do gradiente do rio e para evitar a inundação de uma área muito extensa, já que esta área será inutilizada para outro aproveitamento econômico. Os lagos formados pelas barragens dos rios podem propiciar o desenvolvimento da navegação fluvial, servir para piscicultura, recreação e como fonte de água tanto para o consumo humano como para irrigação, tornando-se importante fator de desenvolvimento e via de escoamento da produção agrícola ao longo do rio. Apesar da geração de energia por hidrelétricas poder ser considerada limpa, têm sido colocadas restrições quanto à área inundada pela barragem. A relação entre a energia gerada e a área inundada é dependente da altura de crista da barragem e das condições topográficas locais, sendo considerada ideal a relação de 10W/m2 de área inundada. A região Norte do Brasil, apesar da enorme malha hidrográfica, sofre restrições à implantação de mais usinas hidrelétricas, justamente devido às suas características topográficas, muito planas, que exigem o alagamento de áreas muito maiores daquela considerada ideal, como pode ser observado na tabela abaixo: Usina Produção / área inundada (W/m2) Xingó (SE/AL) 58,8 Segredo (SC) 15,3 Itaipu (PR) 9,4 Itaparica (PE) 1,8 Tucuruí (PA) 1,4 Porto Primavera (SP/MS) 0,85 Serra da Mesa (GO) 0,67 Balbina (AM) 0,11 Ideal 10 Diversos fatores contribuem para aumentar as restrições à implantação de barragens. Entra elas pode-se destacar a necessidade de desmatar a área do lago, a possibilidade de ocorrer salinização da água do reservatório devido ao aumento da evaporação, a eventual necessidade de deslocar cidades, povoados ou populações indígenas e a também eventual inundação de atrações (a exemplo do que ocorreu com Sete Quedas (no Rio Paraná). Pode também ocorrer assoreamento nos reservatórios das barragens, o que levaria a uma diminuição significativa de sua capacidade de geração de energia e mesmo de sua vida útil. Este fator se torna mais relevante, pois, normalmente, a implantação de uma barragem gera, desenvolvimento populacional nas margens do lago e consequente incremento na taxa de urbanização que, se não seguir um planejamento adequado, pode contribuir aindamais para o assoreamento dos lagos. Outro questionamento diz respeito à destinação que será dada às barragens quando do término de sua vida útil. ARTIGO CIENTÍFICO PARA ESTUDO EXPERIÊNCIA BRASILEIRA NA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS Por Carlos Castro http://www.distribuidoraguapura.com.br/imagens/dica-de-saude/UBPUx1xLhU8.jpg 1. INTRODUÇÃO Frente a tantos movimentos visando a recuperação ambiental em nosso país, poderia levar algum estrangeiro a concluir “Os recursos naturais brasileiros são tantos em tamanha abundancia que foram necessários 500 anos para que a população percebesse que muitos são finitos e para algumas regiões já registram nítida escassez”. http://www.distribuidoraguapura.com.br/imagens/dica-de-saude/UBPUx1xLhU8.jpg O Código das Águas, de 10 de julho de 1934, continha instrumentos de gestão importantíssimos, que somente agora passam a merecer destaques e discussões. Essa importante Lei de Direito da Água do Brasil, já contemplava há 66 anos a cobrança pelo uso da água. A história tem registrado que não bastam excelentes legislações, a grande dificuldade sempre foi a sua implementação. Falar na Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas em racionalização pelo uso da água e combate ao desperdício da água pode parecer algo sem sentido, porém quando adentramos nas implicações do uso múltiplo da água com atenuantes, com geração de energia elétrica nas sub-bacias, transposições de água, entre outras, no mínimo para os seguimentos diretamente envolvidos o assunto passa a merecer relevância. A procura por grandes desníveis e altas vazões de água foi a grande diretriz nacional durante muitos anos. Um grande número de hidroelétricas foram construídas, muitas desprovidas de eclusas para permitir a navegação ou de escada de peixes para propiciar a continuidade da Piracema. As ações desencadeadas em nosso país desprovidas de um planejamento estratégico dentro da óptica do uso múltiplo da água considerava os problemas de forma pontual, como se a qualquer momento fosse possível juntar os módulos desse continental quebra cabeças hídrico e ambiental. Como sempre, onde a escassez falou mais alta, surgiram os conflitos e medidas foram necessárias para minimiza-los. Os grandes centros urbanos e as regiões do semiárido brasileiro foram às primeiras regiões a requisitarem ações mais efetivas da tal gestão dos recursos hídricos, assunto anteriormente apenas contemplados pelo Código das Águas, considerado pela Doutrina Jurídica como um dos textos modulares do direito positivo brasileiro. 2. RECURSOS HÍDRICOS 2.1 - Conceitos Básicos sobre Gestão O saneamento básico está intimamente relacionado à qualidade de vida e a saúde da população de uma cidade. Modernamente se tem preferido o termo Saneamento Ambiental, para abranger a saúde pública e as áreas afins, como afastamento e tratamento de esgoto e efluentes industriais, destinação e tratamento de resíduos sólidos, drenagem urbana, etc. As áreas de saneamento, recursos hídricos e meio ambiente estão intimamente relacionadas, principalmente quando o assunto a tratar refere-se a água para abastecimento público, seu uso mais nobre. A concentração de usuários das águas em determinadas regiões pode levar a conflitos de interesse. A gestão é a forma de evitar, reduzir e permitir o convívio dos distintos interesses em uma região. Os principais usuários das águas são as cidades, as indústrias, os agricultores, as usinas hidroelétricas, os pescadores e as populações em busca de lazer nos rios e lagos. O usuário é aquele que retira água e devolve esgoto ou resíduos líquidos à natureza. A uma empresa que recebe a água tratada e utiliza o sistema de redes para o afastamento de seus resíduos. 2.2 - Políticas, Instrumentos e Sistemas de Gestão As Constituições, Leis e seus regulamentos (federal, estadual e municipal) definem as políticas de um país em recursos hídricos e áreas afins. A água tem sido considerada como um recurso natural limitado, dotado de valor econômico e um bem de domínio público. A gestão das águas de superfície e subterrâneas não deve ser dissociadas, assim como os aspectos de qualidade e quantidade. A bacia hidrográfica é o espaço de planejamento e gestão das águas, adequando - se e compatibilizando - se as diversidades demográficas, sociais, culturais e econômicas das regiões. A gestão dos recursos hídricos é feita com a participação do poder público, dos usuários e da sociedade. Os principais instrumentos de gestão das águas são: - Enquadramento dos corpos da água em classes, segundo os usos preponderantes da água; - A outorga dos direitos de uso; - O rateio do custo das obras de uso múltiplo; - Os Planos de Recursos Hídricos por bacias hidrográficas; - A compensação a municípios; - A cobrança pelo uso das águas, tanto para as vazões captadas, quanto pela diluição dos efluentes lançados; - A divulgação da informação à sociedade. A gestão dos recursos hídricos é feita por um conjunto de órgãos e instituições, que assumem cada um, responsabilidades e funções. As funções de um Sistema de Gestão são: coordenar, arbitrar os conflitos, implementar a política, planejar, regular, controlar o uso, preservar e recuperar os recursos hídricos. Uma das funções mais importantes é a de efetuar a cobrança do uso dos recursos hídricos e de administrar e bem aplicar estes recursos. Os recursos financeiros para implementar uma política das águas provem dos orçamentos e tarifas e da cobrança pelo uso das águas. Os grandes debates sobre a organização do sistema de gestão são devidos ao domínio sobre os órgãos aplicadores destes recursos. As organizações de gestão variam de país para país. No Brasil, como em muitos outros países, predominam uma visão de constituição de órgãos colegiados e órgãos executivos, encarregados de implementar as deliberações destas plenárias. No Brasil foi criado o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, para coordenar a política e os sistema nacional de recursos hídricos. Nos Estados, para os rios de domínio estaduais, devem ser constituídos conselhos estaduais. O Estado de São Paulo já possui lei estadual e um sistema de gestão em implantação, que é coordenado por um Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Este sistema prevê Comitês de Bacia e duas alternativas para apoio aos Comitês: as Agências de Bacia ou os órgãos do próprio governo do Estado. As experiências da França e de outros países são muito importantes. Na França existe um sistema funcionando há mais de 25 anos e na Alemanha, associações de usuários dos rios atuam há mais de 100 anos. O México iniciou a organização de gestão em bacias hidrográficas, com base em uma nova legislação de recursos hídricos, ainda em implantação. 2.3 - Organismos de Bacias Hidrográficas Em vários países, os organismos de bacia é que são os principais implementadores da política e do sistema de gestão das águas. Os colegiados são denominados Comitês ou Conselhos ou Comissões de bacia. Possui representantes dos poderes públicos (federal, estadual ou municipal), dos usuários e da sociedade civil. Os órgãos públicos (federal ou estadual) são encarregados de executar as tarefas necessárias a gestão, atuando regionalmente, este é o caso, por exemplo, do México. Na França, entretanto, um novo órgão foi criado, para cuidar da cobrança pelo uso das águas e pela administração destes recursos - as Agências de Bacia. A fiscalização, o poder de polícia, a outorga, a operação dos serviços de água e esgoto e outras tarefas correlatas não deve ser confundidas com a função de uma Agência de Bacia, conforme as propostas do sistema francês. No Brasil, predominam, atualmente,a proposta de criação de Comitês de Bacia, como órgãos colegiados deliberativos. E das Agências de Bacia, como instituições independentes, de apoio aos Comitês. As funções destas agências não são as de projetar, construir e operar obras e sim de propor um plano de recuperação e proteção dos recursos hídricos, de efetuar a cobrança pelo uso das águas e de repassar os recursos para instituições executoras, públicas ou privadas, como associações de municípios de água e esgoto, etc. As diferentes concepções do sistema de gestão, mais centralizadores, regionalizados ou descentralizados são objetos de grandes debates entre os envolvidos na política de recursos hídricos. Os países mais democráticos consideram a descentralização e o predomínio dos usuários nos órgãos diretivos como de fundamental importância para o sucesso da implantação da cobrança pelo uso das águas, afinal essa é a grande novidade da gestão em bacias hidrográficas. Os Consórcios ou Associações de Municípios, as associações de usuários e outras organizações semelhantes são entidades importantes para a gestão em bacias hidrográficas. O principal mérito destas entidades é a sua facilidade em iniciar trabalhos práticos, de arrecadar recursos entre os seus membros (iniciar a solidariedade financeira entre os usuários de uma bacia) e fazer parcerias. O Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari, como associação de usuários, tem sido pioneiro no Brasil. Possuí cooperação com entidades da França e do México, organizou várias visitas de estudo a estes países. Em 1998 foi fundada a Rede Nacional (Brasil) de Consórcios e Associações de Municípios em Bacias Hidrográficas (a atual sede é em Americana - SP, junto ao Consórcio Piracicaba- Capivari). Em 1996, no México, foram criadas a rede Internacional e a Rede Latino - Americana de Organismos de Bacia Hidrográfica. 2.4 - Organismos de Bacia Hidrográfica - Definição conforme a lei 9433 / 97 Ressalte - se que a nova Lei Federal dos Recursos Hídricos (9433/97) estabeleceu um arranjo institucional claro, baseado na organização da gestão compartilhada do uso da água. São os seguintes organismos criados pelo novo sistema: O Conselho Nacional de Recursos Hídricos, órgão mais elevado da hierarquia do Sistema Nacional de Recursos Hídricos em termos administrativos, a quem cabe decidir sobre as grandes questões do setor, além de dirimir as contendas de maior vulto; Os Comitês de Bacias Hidrográficas, tipo de organização inteiramente nova na administração dos bens públicos do Brasil, contando com a participação dos usuários, das prefeituras, da sociedade civil organizada, dos demais níveis de governo (estaduais e federal), e destinados a agir, como poderíamos denominar, de "o parlamento das águas da bacia", pois seriam esses Comitês o fórum de decisão no âmbito de cada bacia hidrográfica; As Agências da Água, também um tipo de organismo, que serve de "braço técnico" de seu(s) correspondente(s) Comitês, destinadas a gerir os recursos oriundos da cobrança pelo uso da água, desenvolvendo a chamada "engenharia" do sistema; As organizações de recursos hídricos, que são entidades atuantes no setor de planejamento e gestão do uso dos recursos hídricos e que podem ter destacada participação no processo decisório e de monitoramento das ações. 2.5 - Organismos da Bacia Hidrográfica - Definição com base na Lei 7663 / 91 A "pioneira" Lei Paulista dos Recursos Hídricos, aprovada em 1991, trouxe como grande novidade esse grande tripé Comitê, Agência e Cobrança. Portanto no âmbito do Estado de São Paulo as novidades chegaram antes. Pela Lei Paulista 7663/91, teríamos a definir: Comitê de Bacias Colegiado que funciona como um "parlamento das águas". É deliberativo, por lei. Não possui personalidade jurídica e poderá contar com apoio técnico e financeiro de outros órgãos. Agência de Bacia: Entidade autorizada pela Lei Estadual 10.020/98, para executar as decisões do Comitê de Bacias. Responsável por efetuar a cobrança pelo uso das águas e pelo gerenciamento destes recursos. Consórcio Intermunicipal: (conforme estrutura do Consórcio Piracicaba Capivari) Associação civil de direito privado, com independência técnica e financeira. Arrecada e aplica recursos em programas e ações ambientais. O poder de decisão cabe ao Conselho de Municípios, formado pelos prefeitos e representantes das empresas. Apoia a criação da Agência e o funcionamento do Comitê de Bacias. Os Consórcios Intermunicipais estão inseridos no segmento dos usuários, na participação da Sociedade Civil nos Comitês de Bacia. 3. GESTÃO POR BACIAS HIDROGRÁFICAS 3.1 - Gestão na Alemanha e França A Alemanha foi o berço da gestão de bacias. Neste país, na região industrializada do Ruhr, Os Estados e o Governo Federal delegaram aos agentes da bacia o controle sobre o abastecimento de água público e industrial. A Cooperativa do Rio Ruhr, por exemplo, constrói e opera as estações de tratamento de água e de esgoto, doméstico e industriais. Quem quiser ter água e lançar esgotos e efluentes industriais precisa ser membro da Cooperativa e pagar as tarifas fixadas. A associação regional (e a cobrança de uma tarifa para realizar obras e serviços e operar o sistema) foi a forma encontrada para garantir abastecimento às cidades e industrias e o desenvolvimento econômico da região. Em outras partes da Alemanha o sistema é outro. Na Alemanha existem muitos consórcios e associações de municípios que atuam em água, esgoto e lixo. Os franceses, há trinta anos, adaptaram o sistema alemão à França. Mas aprovaram uma lei e um sistema que vigora em todo o país. Criaram seis grandes áreas geográficas de gestão, com seis Comitês e seis Agências de bacia. No sistema francês, o Comitê é uma assembleia, não possuem orçamento próprio, não é órgão executivo, mas deliberativo. A Agência é o braço executivo do Comitê, mas com limitações sobre o que deve executar. A Agência é uma autarquia pública que arrecada tarifas, elabora um plano de utilização destes recursos e submete ao Comitê para deliberação. Esta tarifa, chamada em francês de "redevance" é um preço pago por todos os que se utilizam das águas e causam poluição aos rios. Ela é cobrada junto com a conta de água e esgoto, na forma de um adicional à tarifa normal. O Comitê é o fórum de debate e possuem uma ampla participação: governo central, governos locais, usuários, especialistas técnicos e ambientalistas. Há um predomínio discreto dos usuários e poder local no Comitê. A Agência é dirigida por um Conselho de Administração formado por representantes do Comitê, as Agências e a cobrança de "redevance" são instrumentos para lutar contra a poluição e garantir o desenvolvimento. A fiscalização do Meio Ambiente e o controle dos usuários (outorga de uso das águas, por exemplo) continuaram sendo realizadas pelos órgãos do Governo. A Agência é fiscalizada, por vários órgãos públicos, de finanças, das contas públicas, etc. Na França existem cerca de 1.600 consórcios de municípios, atuando com as mais diversas finalidades. Os Comitês e Agências são parceiros dos Consórcios e apoiam programas coordenados e ou executados pelos Consórcios. 4. SITUAÇÃO NO BRASIL, ESTADO DE SÃO PAULO E REGIÃO DO PIRACICABA CAPIVARI E JUNDIAÍ - PONDERAÇÕES E REFORÇO DE ALGUNS CONCEITOS 4.1 - Ponderações preliminares Gestão é o ato de gerir, ou seja, é a gerência ou administração de uma determinada unidade administrativa. A bacia hidrográfica tem sido reconhecida como o espaço geográfico mais adequado para tratar de assuntos ambientais, abastecimento de água e outros. No nosso casofoi convencionado reunir três bacias próximas - Piracicaba, Capivari e Jundiaí - para criar uma unidade de gestão. Os Rios Piracicaba e Jaguari são águas de domínio federal. Os demais rios e todos os afluentes do Piracicaba e Jaguari são de domínio do Estado. Apenas rios que nascem e terminam em um município podem ser declarados como de domínio municipal, figura pouco utilizada. Devido sua situação - águas de domínio da União e do Estado - o Comitê Piracicaba, Capivari e Jundiaí, criado pela Lei Estadual 7.663, não possuem competência legal para atuar sobre os Rios Jaguari e Piracicaba. A Lei Estadual 7.663/91 foi promulgada antes da Lei Federal 9.433/97. A Lei Federal predomina sobre a do Estado. 4.2 - Como Compatibilizar a lei 7663/91 com a 94933/97 e a cobrança pelo uso da água A opinião consensual é que precisamos ter uma política e sistema de gestão federal e estadual compatíveis e únicos em nossa região. Atualmente temos apenas um Comitê de Bacia, estabelecido pela Lei Estadual. Falta criar um Comitê único - estadual e federal - e uma única Agência de Bacia. Todos os Comitês Estaduais possuem uma representação tripartite: Estado, Municípios e Sociedade Civil. Os usuários estão dentro do segmento Sociedade Civil, mas isto não é muito adequado, pois os usuários correspondem ao segmento mais importante e acabam tendo de "disputar espaço", quando o seu lugar deveria estar assegurado. Para haver resultados concretos, é preciso estabelecer o pagamento de uma tarifa especial que, como na Alemanha e na França, serve de suporte econômico para a luta contra a poluição. No Brasil, esta tarifa é chamada de cobrança pelo uso das águas. A Lei Estadual permite, até agora, duas possibilidades de arrecadação da cobrança pelo uso das águas: pela Agência de Bacias ou pelo Governo do Estado (através do DAEE). A nossa região, através do Consórcio e do Comitê, é contra a arrecadação não ficar na região. No México, que está implantando o sistema, a arrecadação vai para o orçamento central e depois é distribuído. Apenas a metade retorna a bacia que arrecadou. A Lei Federal indica apenas a Agência de Bacia como órgão arrecadador. A principal luta do Consórcio nos últimos anos é para que o recurso que vier a ser arrecadado fique em conta bancária administrativa da Agência, não vá para um fundo ou orçamento estadual ou federal. A cobrança pelo uso das águas permite que todos paguem um pouco, mas o seu total é um valor alto. Na nossa região, esse total pode começar com alguns milhões por ano e chegar até 100 milhões de reais por ano, valores suficientes para garantir a melhoria do meio ambiente e o desenvolvimento econômico. A Lei Federal delega aos consórcios de municípios a função de Agência, caso esta não tenha ainda sido criada. Isto é muito importante, pois permite construir gradualmente o sistema de gestão e a cobrança, de forma totalmente descentralizada, situação esta que não ocorre na Lei Estadual. O Comitê das Bacias Piracicaba, Capivari e Jundiaí possui um Presidente, um Vice e um Secretário Executivo. Em todo o Estado perdurou uma regra, não formal de que o Presidente fosse do segmento Município, o vice da Sociedade Civil e o Secretário do segmento Estado. 4.3 - Organização pela Integração Regional Descontentes com o crescente estágio de degradação ambiental, verificado na Bacia do Rio Piracicaba, principalmente quanto os aspectos qualitativos e quantitativos da água, a sociedade civil de Piracicaba empreendeu a partir de meados da década de 70, um forte movimento visando a preservação de seu manancial de abastecimento público, sendo que a coordenação ficou com o Conselho de Defesa Ecológica do Vale do Piracicaba - CONDEVAP, que contava com a forte participação da comunidade científica local, vindo sensibilizar alguns Prefeitos da região - Jornal de Piracicaba (1978). Na década de 80, o movimento ganhou força através da "Campanha Ano 2.000 - Redenção Ecológica da Bacia do Piracicaba" (RODRIGUES, 1987; MONTICELI & MARTINS, 1993), iniciativa da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Piracicaba - AEAP e encampada pelo Conselho Coordenador de Entidades Civis de Piracicaba, contando com o apoio de alguns seguimentos da comunidade regional. Como fruto da "Campanha Ano 2.000", o Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CRH, através da deliberação nº 05, declarou a bacia do Piracicaba como crítica quanto aos recursos hídricos e fixou um prazo de 120 dias para a proposição de programas prioritários pelo Grupo Técnico da Bacia do Piracicaba - GTPI. O prazo do CRH foi cumprido e o programa elaborado atendia a maioria das reivindicações da Campanha, exceto às ligadas ao Sistema Cantareira e às indenizações à bacia. Posteriormente a bacia do Piracicaba foi considerada "modelo básico para fins de gestão dos Recursos Hídricos", através do decreto nº 24.489 (SP) de 10/06/88. A campanha “Ano 2000” recomendava como solução para os problemas ambientais da região, a criação de um organismo intermunicipal voltado a gestão dos recursos hídricos. Reinvidicação atendida com a fundação do Consórcio Piracicaba-Capivari. 5. O CONSÓRCIO PIRACICABA CAPIVARI O Consórcio constitui-se numa força política suprapartidária expressiva. Devido ao pioneirismo de suas ações em gestão de recursos hídricos, conta com grande respeitabilidade junto à opinião pública e é considerado um modelo de instituição, cuja experiência é divulgada em todo o país e mesmo no exterior. Junto às autoridades estaduais, federais e internacionais está agindo com o objetivo de obter os recursos necessários para as obras de tratamento de esgoto, preservação de mananciais e recuperação da qualidade dos rios. Com as prefeituras municipais e empresas consorciadas vem trabalhando para redução da captação e consumo de água, através da eliminação de perdas e reuso da água, proteção dos mananciais através do reflorestamento ciliar, educação ambiental e acompanhamento das modificações nas legislações estadual e federal. A cultura organizacional do Consórcio Piracicaba-Capivari tem permitido realizar uma série de trabalhos e ações intermunicipais que complementam as atividades ambientais exclusivamente internas às prefeituras e às empresas. Deixando de lado as diferenças partidárias, as administrações municipais estão dando exemplo de que é possível unirem-se em defesa do bem comum. Os problemas de degradação ambientais nas bacias não têm solução da noite para o dia. Mas podem ser resolvidos desde que todos colaborem. É preciso planejar o desenvolvimento para não prejudicar os recursos naturais. E toda a população deve exigir o direito a uma vida melhor. A vida ameaçada As bacias dos rios Piracicaba e Capivari encontram-se, em sua maior parte, no Estado de São Paulo (51 municípios) e uma menor parte no sul do Estado de Minas Gerais (4 municípios). Sua área é de 14.400 km2, cerca de 5% da área do Estado de São Paulo. A população estimada é de cerca de 3,5 milhões de habitantes. Trata-se de uma região de grande desenvolvimento econômico onde existem conflitos pelo uso da água. A produção de água durante a estiagem fica em situação crítica para o abastecimento público das cidades e de mais cinco municípios de outras bacias. Adicionalmente a essa demanda, há também a reversão de 31m3 /s, pelo Sistema Cantareira, para o abastecimento de cerca de 55% da população da Região Metropolitana de São Paulo. A atividade industrial é intensa sendo o mais importante núcleo industrial do Estado depois da Grande São Paulo. Estima-se que 6% do PIB nacional seja gerado na região, cuja demanda de água é de cerca de 16,5m3/s para consumo industrial, 5,5m3/s para irrigação e 14m3/s paraconsumo humano. As cidades da região tratam, em média, 12% do esgoto doméstico, as indústrias, cerca de 75% das cargas industrias. Os rios recebem uma carga remanescente de cerca de 106 tDBO/dia referente aos esgotos industriais e 133 tDBO/dia referente aos esgotos domésticos. O Consórcio como empresa As bacias dos rios Piracicaba e Capivari passaram a contar desde 13 de outubro de 1989 com a atuação de um interlocutor regional no âmbito das bacias hidrográficas para as questões relacionadas aos recursos hídricos e recuperação ambiental da região. Nasceu, em Americana, da vontade regional, o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari, uma associação de direito privado, com independência técnica e financeira. Arrecada e aplica recursos em programas e ações ambientais. O poder de decisão cabe ao Conselho de Municípios. O Consórcio possui quatro órgãos funcionais: Conselho de Municípios (prefeitos e representantes de empresas consorciadas). Conselho Fiscal (representantes das câmaras de vereadores). Plenária de Entidades (representantes da sociedade civil). Secretaria Executiva (equipe técnica). As Diretorias do Conselho de Municípios e do Conselho Fiscal têm mandato de dois anos. O Consórcio como associação de usuários O Consórcio Piracicaba-Capivari, como associação de usuários, busca uma maior valorização da parte técnica e econômica, que permite vencer as divergências pessoais, político-partidárias e outras, próprias das articulações intermunicipais. Por outro lado, caso as autoridades locais e empresas da região não se organizem, a implementação da legislação de recursos hídricos pode ser feita dissociada da participação destes atores, o que significará, sem dúvida, maiores dificuldades de sua efetiva implantação, principalmente no que se refere ao seu suporte financeiro, ou seja, a real implementação da cobrança pelo uso da água. O enfoque regional, a integração dos municípios e a busca de soluções globais tem marcado sua atuação. É considerada de fundamental importância a participação de técnicos e dirigentes dos serviços autônomos de água e esgoto, a fim de que as soluções encontradas sejam coerentes e possam ser efetivamente implantadas. Em junho de 1996, após alteração estatutária, o Consórcio recebeu adesão de novos membros (empresas públicas e privadas). Mais que uma frente política suprapartidária, o Consórcio passou a ser, legalmente, uma associação de usuários públicos e privados da água, que reúne, hoje, 42 municípios e 27 empresas. Cada um dos segmentos detém 50% do valor dos votos. O Consórcio tem como objetivo: Recuperação dos Rios. Integração Regional. Planejamento e fomento de ações na área de Gestão de Recursos Hídricos, incluindo acompanhamento da legislação pertinente. Conscientização regional. Principais atividades em andamento Programa de Investimento para Recuperação das Bacias. Programa de Resíduos Sólidos. Programa de Combate às Perdas de Água. Programa de Proteção aos Mananciais. Programa de Educação Ambiental. Gestão de Bacias e Cooperação Internacional. Desenvolvimento Tecnológico. Apoio aos Consorciados. Principais Realizações Conscientização regional dos problemas ambientais. Planos diretores e projetos executivos para tratamento de esgoto em 17 municípios. Plano Diretor de Captação e Produção de Água para as Bacias dos rios Piracicaba e Capivari. Experiências práticas de tecnologia de tratamento de esgoto ETE Cosmópolis e ETE Ajapi – Rio Claro. Desenvolvimento e aplicação do Projeto de Proteção aos Mananciais, através do reflorestamento ciliar, que já conta com o plantio de aproximadamente 1 milhão de mudas. Aumento no índice de tratamento de esgoto doméstico de 3% para 12%. Implantação do Programa de Resíduos Sólidos. Implantação do Programa de Combate às perdas. Desenvolvimento do projeto de conscientização e educação ambiental, Semana da Água, envolvendo mais de 260 mil crianças. Projeto de Cooperação Internacional com a Agência Sena-Normandia, ADEME e CUD. 5.1 – O Comitê PCJ Instalado em 1993, o Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ) tem atuação em uma região com 4 milhões de habitantes. Compõe o Comitê representantes de três segmentos (Estado, Sociedade Civil e 58 municípios), cada um deles com direito a 16 votos. 5.2 - Passo a Passo os principais acontecimentos que marcaram Dez anos (1989/1999) do Consórcio Piracicaba-Capivari e a Gestão dos Recursos Hídricos 1989 - Criação do Consórcio Intermunicipal das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba e Capivari, estruturado em: Conselho de Municípios, Conselho Fiscal, Plenária de Entidades e Secretaria Executiva. 1990 -Definição dos principais programas de trabalho e parceiros. - Articulação entre consórcios e outros aliados para incluir emenda à Lei Estadual de Recursos Hídricos, permitindo a criação de Agências de Bacias. 1991 - Promulgação da Lei Estadual n.º 7.663, contendo em seu artigo 28 a possibilidade de criação de Agências de Bacias. - Primeira viagem de uma delegação do Consórcio Piracicaba-Capivari à Europa. - Elaboração do Plano Diretor de Captação e produção de água para as bacias dos Rios Piracicaba e Capivari. - Lançamento do Programa de Reflorestamento Ciliar. 1992 - Divulgação das funções de Comitê e Agência verdadeiramente descentralizados. - Elaboração, em parceria com o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), de projetos sobre coleta, afastamento e tratamento de esgoto, para17 municípios. - Realização da Semana de Debates sobre Recursos Hídricos e Meio Ambiente nas cidades de Piracicaba e São Paulo, considerado um marco nacional para a área. - Obtenção de recursos junto a União e outras fontes que resultaram na construção da ETE CECAP, em Piracicaba. - Protocolo de projeto junto ao Banco Mundial (BIRD), solicitando um empréstimo de 550 milhões de dólares para recuperação dos rios Piracicaba e Capivari. - Participação na Eco-92 – Rio de Janeiro e São Paulo. - 1º Encontro Nacional de Organismos de Bacias. 1993 - Criação do Comitê de Bacias e aprovação da moção de criação de Agência, conforme previsto pela lei estadual 7.663. - Apresentação da primeira proposta de projeto de lei para criação de Agência na forma de empresa pública. - Criação do Fórum das Entidades das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que passou a indicar os membros da Plenária de Entidades do Consórcio. - Primeiras aplicações de Programas de Educação Ambiental com várias parcerias. 1994 - Início dos Trabalhos para elaborar as proposta da agência. - Nova viagem de estudo à França. Missões francesas visitam a região e debatem experiências de funcionamento de Comitê e Agência. Divulgação das posições do Consórcio, em defesa da Agência, por todo o Brasil. - Consórcio envia ao Comitê documento com as "recomendações" para o projeto de lei. A redação de "efetuar" a cobrança, ao invés de "promover" a cobrança, é aprovada pela Câmara Técnica do Comitê. - Consórcio realiza reunião extraordinária e aprova recomendação à Câmara Técnica do Comitê com alterações em alguns artigos, principalmente para definir a autonomia do ato de efetuar a cobrança, gerenciar a conta bancária e repassar os recursos da cobrança, encargos fundamentais da Agência. - Em reunião realizada em Campinas, o Comitê vota por unanimidade pela aprovação da minuta de lei de criação da Agência. - Primeira aplicação do Programa de Educação AmbientalSemana da Água (1 município) 1995 - Conselho Fiscal amplia Diretoria. - 2º Encontro Nacional de Organismos de Bacias. - Aprovação, junto ao CONSEMA (Conselho de Meio Ambiente), de licença de instalação para aterro de resíduos industriais em Piracicaba. - Ampliação de programa de educação ambiental para 13 municípios. - Inauguração da ETE - Cosmópolis, ação conjunta Consórcio e Prefeitura. 1996 - O CBH-PCJ aprova emendas ao anteprojeto de lei estadual sobre agências de bacias. - Consórcio, em parceria com a Cetesb, conclui Inventário Regional de Resíduos Sólidos Industriais. - Aprovada a participação de empresas junto ao Consórcio. - Consórcio realiza movimento e workshop, visando a recuperação do reservatório de Salto Grande (Americana). 1997 - Aprovação do projeto de retorno da contribuição de investimento ao Consórcio, através de R$ 0,01/m3 de água consumida. - Início das aplicações nacional, em 12 Estados, do Seminário – Gestão Descentralizada e Participativa dos Recursos Hídricos, em parceria com a ASSEMAE com o apoio da SRH-MMA e Fundo Nacional do Meio Ambiente. - Aprovação da lei Nacional dos Recursos Hídricos n.º 9433, contemplando emendas sugeridas pelo Consórcio e seus parceiros. 1998 – Pedido de urgência na votação dos projetos sobre agências de bacias e cobrança pelo uso da água. - Sancionada a Lei 10.020, autorizando o Estado a participar da criação das agências de bacias. - Estudo de viabilidade para implantação de empresa regional no âmbito do Comitê PCJ. - Semana da Água atinge 100 mil alunos. - Criação da Rede Brasil de Organismos de Bacias. - Plenária das Entidades monta Conselho Diretor por Bacias Hidrográficas. - Plenária das Entidades adquire o direito a um voto no Conselho dos Municípios. - Aprovado Projeto de Lei que autoriza o primeiro município a contribuir com R$0,01por m3 de água consumida. - Lançamento do Programa de Perdas Físicas de Água em cinco municípios. - Criação do Grupo Técnico Regional de Combate às Perdas Físicas de Água. 1999 - Registro do aumento no índice de tratamento de esgoto entre os anos de 1989 e 1999 de 3% para 12%. - Empresas passam a possuir direito a até 50% dos votos junto ao Conselho do Consórcio - Conselho Fiscal abre câmaras técnicas por sub-bacias. - Adesão significativa ao 0,01 atingindo mais de R$ 1 milhão por ano. - Programa de Proteção aos Mananciais do Consórcio Piracicaba-Capivari atinge 1 milhão de mudas plantadas. - Consórcio e Plenária das Entidades lançam proposta “Gestão dos Recursos Hídricos - Técnicas de Mobilização Participativa”. - Participação ativa nas audiências públicas ocorridas na Assembleia Legislativa sobre o Projeto de Lei 020/98. - Elaboração e encaminhamento de emendas, em parceria com o Comitê PCJ ao Projeto de Lei 1617/99, que prevê a criação da Agência Nacional das Águas – ANA. - Visita de Delegação do Consórcio (Rede Brasil) à Espanha e à França, contando com a participação do Secretário Nacional dos Recursos Hídricos, Dr. Raimundo José Garrido. - A entidade atinge 42 municípios e 27 empresas consorciados. - Realização do 3º Encontro Nacional de Organismos de Bacias. - Eventos e comemorações pelos dez anos de luta da entidade. - Lançamento de cinco novas publicações. 5.3 - A polêmica sobre o custo da água Falar em caos e na situação crítica dos recursos hídricos em nossa região, com certeza é chover no molhado. O que de concreto está sendo feito e onde encontrar os recursos necessários são, sem dúvida, as maiores incógnitas. Existem as possibilidades de atuação por força da legislação e outras de iniciativas da própria região, algumas com a participação direta do Ministério Público. Para facilitar a compreensão, vamos a uma breve retrospectiva. Em dezembro de 91, foi promulgada a lei paulista que institui a política de gerenciamento dos recursos hídricos, ela cria como instância maior o Conselho Estadual dos Recursos Hídricos, ficando os Comitês de Bacias com a função do Parlamento das águas em nível regional, congregando os Estados, Municípios e Sociedade Civil. A lei estabelece a cobrança pelo uso da água como forma de estimular a utilização racional do produto e, ao mesmo tempo, financiar as obras de recuperação dos Recursos Hídricos. Permite duas formas diferenciadas de gestão - uma delas com a criação de Agências de Bacias, com a função de secretariar os Comitês das Bacias, arrecadando e administrando, de forma que os recursos permaneçam prioritariamente na própria região onde foram gerados. Não existindo a Agência de bacias, tais funções ficam sob a responsabilidade do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado. Para existir a Agência de Bacia necessita-se da aprovação de lei específica, o mesmo ocorrendo com a cobrança pelo uso da água. Atualmente, pagamos apenas os serviços pela coleta, tratamento e distribuição da água, a referida cobrança seria um valor extra, cobrado por metro cúbico consumido, como reserva específica para a recuperação ambiental da região de sua origem. A grande preocupação demonstrada pioneiramente por Campinas e região, foi o recurso ir primeiro para o caixa comum do Estado, para depois retornar, tendo um grande e burocrático desgaste de percurso. Fato que levou nosso Comitê Regional dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ) a aclamar em reunião realizada em Campinas (dezembro de 94), a minuta de projeto de lei para criação de agência de bacia. Passou-se por um processo de discussões até chegar a aprovação da minuta do projeto de lei sobre a cobrança pelo uso da água, ocorrida junto ao Conselho Estadual dos Recursos Hídricos, em 12 de novembro de 97. Recentemente, quando da elaboração de emendas a tal projeto, entidades, órgãos e associações representativas de usuários da água, em respeito dos aprovado pelos Comitês de Bacias, optaram por respeitar o acordo junto ao Conselho Estadual dos Recursos Hídricos. Infelizmente, tais ações não foram regra na Assembleia Legislativa e o referido projeto, nº 20/98, recebeu dois substitutivos e 102 propostas de emendas, publicados no Diário Oficial do Estado, de 17 de fevereiro de 1998. A situação exige extrema atenção e minucioso acompanhamento da tramitação do projeto de lei junto à Assembleia. Tantas emendas com certeza "engessam" o processo. Qualquer solução nesta linha leva um tempo que nossa região não pode esperar. Enquanto a lei não vem, as concessionárias dos Serviços de Água (DAEs, SAEs, Sabesp e outras) vão na medida do possível executando obras e ações para a garantia de água tratada de boa qualidade à população e sistemas eficientes de coleta, afastamento e tratamento de esgotos. Em muitas situações, isto vem ocorrendo devido a ação do Ministério Público, mediante fixação de prazos e estabelecimento de cronogramas para execução de obras e projeto. Com certeza, a conscientização da população e tarifas compatíveis auxiliarão muito em tamanho desafio. Como a maioria das captações ocorrem direto nos rios, propicia que a poluição causada por um município seja transferida para os que ficam abaixo. Tal situação reforça a necessidade da existência de um organismo regional Intermunicipal, como o nosso Consórcio dos rios Piracicaba e Capivari. 5.4 - O R$ 0,01 / m3 Os membros do Consórcio contribuem com a sociedade através de duas formas: custeio e investimento. A primeira é obrigatória a todos os membros. A segunda pode ser uma contribuição de parte ou de todos os membros. A contribuição de custeio, como o próprio nome diz corresponde a recursos para custeio. Investimentos,como a palavra diz, significa esforços concretos para a despoluição de nossos rios. Em 1991 e 1992 o Consórcio conseguiu arrecadar cerca de R$ 800 mil por ano, sendo R$ 200 mil para custeio e R$ 600 mil para investimento. O número de membros era cerca de 20, enquanto hoje é de 40 municípios e 23 empresas. Este valor de investimento foi de fundamental importância, permitindo ao Consórcio realizar convênio com o Governo do Estado (DAEE), com isto dobrar os valores investidos em nossa região. Os recursos do Consórcio e do DAEE, juntos, permitiram realizar planos diretores e projetos em 17 municípios, iniciar os contatos com o BIRD visando um amplo programa de investimentos na região, um plano diretor regional de abastecimento e emprestar recursos à Prefeitura de Cosmópolis para a construção de uma Estação de Tratamento de Esgoto, cujo projeto está sendo também utilizado em Piracicaba, Holambra e outros municípios da região. Em 1993, a contribuição de investimentos foi suspensa. Com a posse dos novos prefeitos em 1997 e com apoio do Conselho Fiscal e aprovação da Diretoria do Consórcio, a Secretaria Executiva do Consórcio ficou encarregada de apresentar uma nova proposta de retorno da contribuição de investimento. Esta proposta, constante na Tabela 2 a seguir, prevê a contribuição de investimentos através de uma porcentagem da tarifa de água e esgoto. Esta forma foi escolhida como a mais adequada, pois permite uma real integração dos municípios, um valor uniforme para todos e não significa um ônus a sociedade, pois os valores são muito baixos. Apesar de individualmente os valores serem baixos, o total representara cerca de R$ 2 milhões por ano e servirá para ampliar as parcerias significativas, visando a despoluição de nossos rios. Assim, esperamos que recursos do FEHIDRO, difíceis de serem liberados, possam de fato, serem aplicados em nossa região, considerando-se a utilização dos valores arrecadados pelo Consórcio, como contrapartidas. Isto significaria a possibilidade de outros R$ 2 milhões por ano. As empresas participantes do Consórcio, como a própria Sabesp e as empresas privadas, poderão juntar esforços, o que permite acenar com outros R$ 2 milhões por ano ou mais. O projeto permite que as deliberações sobre a aplicação dos recursos sejam públicas, através de critérios estabelecidos pelo Conselho de Municípios do Consórcio. Além disto, permite que os recursos, total ou parcialmente, sejam colocados sob deliberação do Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, reforçando a atuação desta entidade e compatibilizando os recursos arrecadados com o Plano de Bacia, evitando dispersão de esforços. Tabela 2 - Previsão de arrecadação com o R$0,01/m3 MUNICÍPIO Consumo medido I/s Consumo / dia m3 Consumo / mês M3 Previsão / mês R$0,01 / m3 Previsão / ano R$0,01 / m3 Americana Amparo Artur Nogueira Atibaia B. Jesus Perdões(*) Bragança Paulista (*) Campinas Capivari Cordeirópolis Corumbataí Cosmópolis Elias Fausto (*) Extrema (*) Holambra Hortolândia (*) Ipeúna Iracemápolis Itatiba (*) Jaguariúna Limeira (*) Monte Mor (*) Nova Odessa Paulínia (*) 462 81 41 148 16 165 2.114 71 32 4 96 12 19 16 164 5 34 113 58 511 45 89 75 2 39.917 6.998 3.542 12.787 1.382 14.256 182.650 6.134 2.765 346 8.294 1.037 1.642 1.382 14.170 432 2.938 9.763 5.011 44.150 3.888 7.690 6.480 173 1.197.504 209.952 106.272 383.616 41.472 427.680 5.479.488 184.032 82.944 10.368 248.832 31.104 49.248 41.472 425.088 12.960 88.128 892.896 150.336 1.324.512 116.640 230.688 194.400 5.184 11.975,04 2.099,52 1.062,72 3.836,16 414,72 4.276,80 54.794,88 1.840,32 829,44 103,68 2.488,32 311,04 492,48 414,72 4.250,88 129,60 881,28 2.928,96 1.503,36 13.245,12 1.166,40 2.306,88 1.944,00 51,84 143.700,48 25.194,24 12.752,64 46.033,92 4.976,64 51.321,60 657.538,56 22.083,84 9.953,28 1.244,16 29.859,84 3.732,48 5.909,76 4.976,64 51.010,56 1.555,20 10.575,36 35.147,52 18.040,32 158.941,44 13.996,80 27.682,56 23.328,00 622,08 Pedra Bela (*) Pedreira Piracaia (*) Piracicaba Rafard Rio Claro Rio das Pedras Saltinho Santa Bárbara d' Oeste Santa Gertrudes São Pedro Sumaré Tuiuti (*) Valinhos Vinhedo 72 26 696 17 385 53 8 359 25 41 362 3 133 80 6.221 2.246 60.134 1.469 33.264 4.579 691 31.018 2.160 2.542 31.277 259 11.491 6.912 186.624 67.392 1.804.032 44.064 997.920 137.376 20.736 930.528 64.800 106.272 938.528 7.776 344.736 207.360 1.866,24 673,92 18.040,32 440,64 9.979,20 1.373,76 207,36 9.305,28 648,00 1.062,72 9.383,04 77,76 3.447,36 2.073,60 22.394,88 8.087,04 216.483,84 5.287,68 119.750,40 16.485,12 2.488,32 111.663,36 7.776,00 12.752,64 112.596,48 933,12 41.368,32 24.833,20 TOTAL 6.633 573.091 17.192.736 171.927,36 2.063.128,32 5.5 - Sugestão para aplicação do R$ 0,01 /m3 Programa I - Atibaia/Quilombo/Piracicaba Utilização: Implantação e Operação de Estação de Alerta no Rio Atibaia Grupo permanente de limpeza de calhas de rios e de sensibilização da população Apoio financeiro para construção de ETE's nas cidades de montante. Reflorestamento Ciliar Municípios: Americana, Atibaia, Campinas, Hortolândia, Itatiba, Nova Odessa, Paulínia, Santa Bárbara d' Oeste, Sumaré, Valinhos e Vinhedo. Total anual: R$ 1.274.948,00 Programa II - Corumbataí Utilização: Grupo permanente de limpeza de calhas e de sensibilização da população. montante. Apoio financeiro para construção de ETE's nas cidades de Municípios: Corumbataí, Ipeúna, Piracicaba, Rio Claro e Santa Gertrudes. Total anual: R$ 346.800,00 Programa III - Jaguari/Camanducaia Utilização: Implantação e operação de Estação de Alerta. Grupo permanente de limpeza de calhas de rios e de sensibilização da população. Apoio financeiro para construção de ETE's nas cidades de montante. Municípios: Amparo, Bragança Paulista, Cosmópolis, Holambra, Jaguariúna, Limeira e Pedreira. Total anual R$ 310.725,00 Programa IV - Capivari e outras sub-bacias Utilização: Reflorestamento ciliar e planejamento do uso do solo das micro bacias população. Grupo permanente de limpeza de calhas e sensibilização da Apoio financeiro para construção de ETE's nas cidades. Municípios: Artur Nogueira, Bom Jesus dos Perdões, Capivari, Elias Fausto, Extrema, Iracemápolis, Monte Mor, Pedra Bela, Piracaia, Rafard, Rio das Pedras, Saltinho, São Pedro e Tuiuti. Total anual: R$ 130.630,00 5.6 - Primeiro Alerta para o "Caos" - 2005 A Empresa Jaakko Poyry Engenharia Ltda, contratada pelo Consórcio Piracicaba- Capivari, no âmbito do convênio Consórcio/DAEE, concluiu em 1992, o "Plano Diretor de Captação e Produção de Água para Abastecimento Público nas Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari", onde em suas conclusões/recomendações apresenta alguns enfoques conforme segue: - "Apesar da criticidade atual de alguns dos sistemas de
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