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PRESERVAÇÃO-DOS-RECURSOS-NATURAIS-APOSTILA

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NÚCLEO DE PÓS GRADUAÇÃO 
 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO 
Coordenação Pedagógica – IBRA 
 
 
 
 
 
 
PRESERVAÇÃO DOS 
RECURSOS NATURAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS 
DIREITOS DA ÁGUA 
 
 
http://www.hidroplan.com.br/upload/arquivos/agua3.jpg 
 
 
 
A ONU redigiu um documento em 22 de março de 1992 - intitulado 
 
"Declaração Universal dos Direitos da Água". 
 
O texto merece profunda reflexão e divulgação por todos os amigos e 
defensores do Planeta Terra, em todos os dias. 
1 - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, 
cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente 
responsável aos olhos de todos. 
2 - A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de 
todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conceber como 
são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. 
3 - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são 
lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água devem ser 
manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia. 
4 - O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água 
e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando 
normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este
http://www.hidroplan.com.br/upload/arquivos/agua3.jpg
equilíbrio depende em particular, da preservação dos mares e oceanos, por 
onde os ciclos começam. 
5 - A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, 
um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma 
necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as 
gerações presentes e futuras. 
6 - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor 
econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e 
que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo. 
7 - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De 
maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento 
para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração 
da qualidade das reservas atualmente disponíveis. 
 
 
http://www.atitudessustentaveis.com.br/wp-content/uploads/2013/03/N%C3%A3o-Desperdisse- 
 
%C3%81gua.jpg 
 
 
 
8 - A utilização da água implica em respeito à lei. Sua proteção constitui uma 
obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta 
questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado. 
9 - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção 
e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social. 
10 - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade 
e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra. 
Fonte: ONU (Organização das Nações Unidas)
http://www.atitudessustentaveis.com.br/wp-content/uploads/2013/03/N%C3%A3o-Desperdisse-
 
AGENDA 21 E OS RECURSOS 
HÍDRICOS 
 
 
http://www.novacidade.com/wnoticias/img_noticias/geral_brejeiro-agua.jpg 
 
 
 
"A noção de sustentabilidade tem-se firmado como o novo paradigma do 
desenvolvimento humano. A Agenda 21 significa a construção política das 
bases do desenvolvimento sustentável, cujo objetivo é conciliar justiça 
social, equilíbrio ambiental e eficiência econômica. De forma gradual e 
negociada, resultará em um plano de ação e de planejamento participativo 
nos níveis global, nacional e local, capaz de permitir o estabelecimento do 
desenvolvimento sustentável, no século XXI”. 
José Sarney Filho 
 
 
 
 
http://www.novacidade.com/wnoticias/img_noticias/geral_brejeiro-agua.jpg
 
 
 
A Agenda 21 serve de guia para as ações do governo e de todas as 
comunidades que procuram desenvolvimento sem com isso destruir o meio 
ambiente. Da mesma forma que os países se reuniram e fizeram a Agenda 21, 
as cidades, os bairros, os clubes, as escolas também podem fazer a Agenda 
21 Local. 
 
Portanto, com a implantação das Agendas 21 podemos garantir um Meio 
Ambiente equilibrado para as futuras gerações, cumprindo assim, nosso dever 
mencionado na Constituição do Brasil. 
Proteção da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos Hídricos: 
aplicação de critérios integrados no desenvolvimento, manejo e uso dos 
recursos hídricos. 
Os recursos de água doce constituem um componente essencial da 
hidrosfera da Terra e parte indispensável de todos os ecossistemas terrestres. 
O meio de água doce caracteriza-se pelo ciclo hidrológico, que inclui enchentes 
e secas, cujas consequências se tornaram mais extremas e dramáticas em 
algumas regiões. A mudança climática global e a poluição atmosférica também 
podem ter um impacto sobre os recursos de água doce e sua disponibilidade e, 
com a elevação do nível do mar, ameaçar áreas costeiras de baixa altitude e 
ecossistemas de pequenas ilhas. 
A água é necessária em todos os aspectos da vida. O objetivo geral é 
assegurar que se mantenha uma oferta adequada de água de boa qualidade 
para toda a população do planeta, ao mesmo tempo em que se preserve as 
funções hidrológicas, biológicas e químicas dos ecossistemas, adaptando as 
atividades humanas aos limites da capacidade da natureza e combatendo 
vetores de moléstias relacionadas com a água. Tecnologias inovadoras, inclusive 
o aperfeiçoamento de tecnologias nativas, são necessárias para aproveitar 
plenamente os recursos hídricos limitados e protegê-los da poluição. 
A escassez generalizada, a destruição gradual e o agravamento da 
poluição dos recursos hídricos em muitas regiões do mundo, ao lado da 
implantação progressiva de atividades incompatíveis, exigem o planejamento e 
manejo integrados desses recursos. Essa integração deve cobrir todos os tipos 
de massas inter-relacionadas de água doce, incluindo tanto águas de superfície
como subterrâneas, e levar devidamente em consideração os aspectos 
quantitativos e qualitativos. Deve-se reconhecer o caráter multissetorial do 
desenvolvimento dos recursos hídricos no contexto do desenvolvimento 
socioeconômico, bem como os interesses múltiplos na utilização desses recursos 
para o abastecimento de água potável e saneamento, agricultura, indústria, 
desenvolvimento urbano, geração de energia hidroelétrica, pesqueiros de águas 
interiores, transporte, recreação, manejo de terras baixas e planícies e outras 
atividades. 
 
 
http://image.slidesharecdn.com/apreservaodagua-121112181117-phpapp02/95/a-preservao-da-gua-2- 
 
638.jpg?cb=1352746189 
 
 
 
 
 
Mares Fechados e Semifechados – e das zonas costeiras, e proteção, uso 
racional e desenvolvimento dos recursos hídricos. 
O meio ambiente marinho - inclusive os oceanos e todos os mares, bem 
como as zonas costeiras adjacentes - forma um todo integrado que é um 
componente essencial do sistema que possibilita a existência de vida sobre a 
Terra, além de ser uma riqueza que oferece possibilidades para um
http://image.slidesharecdn.com/apreservaodagua-121112181117-phpapp02/95/a-preservao-da-gua-2-
desenvolvimento sustentável. O direito internacional, tal como este refletido nas 
disposições da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar 
mencionadas no presente capítulo da Agenda 21, estabelece os direitos e as 
obrigações dos Estados e oferece a base internacional sobre a qual devem 
apoiar-se as atividades voltadas para a proteção e o desenvolvimento 
sustentável do meio ambiente marinho e costeiro, bem como seus recursos. Isso 
exige novas abordagens de gerenciamento e desenvolvimento marinho e 
costeiro nos planos nacional, sub-regional, regional e mundial -- abordagens 
integradas do ponto de vista do conteúdo e que ao mesmo tempo se caracterizem 
pela precaução e pela antecipação, como demonstram as seguintes áreas de 
programas: 
(a) Gerenciamento integrado e desenvolvimento sustentável das zonas costeiras, 
inclusive zonas econômicas exclusivas; 
(b) Proteção domeio ambiente marinho; 
 
(c) Uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos de alto mar; 
 
(d) Uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos sob jurisdição 
nacional; 
(e) Análise das incertezas críticas para o manejo do meio ambiente marinho e a 
mudança do clima; 
(f) Fortalecimento da cooperação e da coordenação no plano internacional, 
inclusive regional; 
(g) Desenvolvimento sustentável das pequenas ilhas. 
 
 
 
Ações prioritárias para o desenvolvimento sustentável dos recursos 
hídricos 
 
 
A vida sustentável implica uma responsabilidade maior dos usuários de água 
para sua conservação. Para que os usuários possam modificar suas atitudes e 
práticas, devem dispor de: 
 
 
 Informações mais completas; 
 
 Maior conscientização da operação do ciclo da água e de como usar 
sustentavelmente a água e os recursos aquáticos;
 Administração integrada de todos os tipos de utilização da água e da 
terra; 
 Administração da demanda de água para assegurar sua distribuição 
eficiente e equitativa entre os concorrentes ao uso; 
 Fortalecimento da capacidade das comunidades de usar os recursos da 
água de forma sustentável; 
 Conservação da diversidade das espécies aquáticas e do patrimônio 
genético. 
 
 
Agricultura: 
 
 
 
http://www.webgroove.com.br/wp-content/uploads/2012/02/rnat.jpg 
 
 
 
Tanto em nível mundial como nacional, o grande consumidor de água é 
o setor agrícola (próximo de 70%). Um hectare de irrigação de arroz por 
inundação utiliza o equivalente ao consumo de 800 pessoas. As tecnologias 
modernas em irrigação podem reduzir a utilização da água em 50% com 
relação aos métodos tradicionais. Nos Estados Unidos, resultados mostraram 
que novas tecnologias obtêm de 30 a 70% de redução do consumo da água, 
com aumento de 20 a 90% na produção, comparando aos tradicionais métodos 
de inundação (UNESCO 1999). A agricultura depende do suprimento de água de 
tal maneira que a sustentabilidade da produção de alimentos não poderá ser
http://www.webgroove.com.br/wp-content/uploads/2012/02/rnat.jpg
mantida sem o desenvolvimento de novas fontes de suprimento e a gestão 
adequada dos recursos hídricos convencionais. 
A irrigação é sem dúvida o mais poderoso recurso com que a agricultura 
conta para produzir alimentos nas quantidades suficientes para atender às 
crescentes necessidades mundiais. Esta pode ser feita por diversos métodos, 
destacando-se os sistemas por superfície, aspersão e irrigação localizada. 
Dentre esses, o de irrigação localizada (microaspersão ou gotejamento) é o de 
menor consumo de água e energia, mas exigem investimentos iniciais de alto 
custo. Tal técnica vem alcançando crescente preferência entre os agricultores, 
pois além de dosar as quantidades de água usada na irrigação, facilita o 
emprego da fertirrigação ou da quimirrigação. A primeira reduz a administração 
de água aos níveis ideais, sem desperdício, e permite adequar as quantidades 
de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, etc às necessidades da planta e do solo, 
com economia de nutrientes e menores riscos ambientais. O mesmo acontece 
com a quimirrigação, que assegura os mesmos benefícios na aplicação de 
herbicidas, inseticidas e pesticidas. 
A poluição da água pela atividade agrícola é ocasionada pelo uso intensivo 
de defensivos agrícolas, no qual uma parcela considerável do total aplicado para 
estes fins atinge os rios, lagos, aquíferos e oceanos por meio do transporte por 
correntes atmosféricas, despejos de restos de soluções, limpeza de acessórios 
e recipientes empregados na aplicação desses produtos e também pela 
percolação do material aplicado no solo pela ação erosiva da chuva. Devido aos 
mecanismos de transporte dos meios aquáticos alguns desses defensivos têm 
sido detectados até na região antártica. 
As soluções encontradas para os problemas citados envolvem o reuso 
agrícola, a utilização de transgênicos e a agricultura orgânica. 
Efluentes de sistemas convencionais de tratamento, tais como lodos 
ativados, têm uma concentração típica de 15mg/litro de N (Nitrogênio) e 
3mg/litro de P (Fósforo), proporcionando uma redução substancial da 
necessidade do emprego de fertilizantes comerciais para o tratamento da terra. 
Além dos nutrientes (e dos micronutrientes não disponíveis em fertilizantes 
sintéticos), a aplicação de esgotos proporciona a adição de matéria orgânica, que 
age como condicionador do solo, aumentando sua capacidade de reter água.
O aumento da produtividade não é o único benefício, uma vez que se torna 
possível ampliar a área irrigada e, quando as condições climáticas permitem, 
efetuar colheitas múltiplas praticamente durante todo o ano. 
Já a Agricultura orgânica ou agricultura biológica é um termo 
frequentemente usado para a produção de alimentos e produtos animais e 
vegetais que não fazem uso de produtos químicos sintéticos ou alimentos 
geneticamente modificados, e geralmente adere aos princípios de agricultura 
sustentável. Sua base é holística e põe ênfase no solo. Seus proponentes 
acreditam que num solo saudável, mantido sem o uso de fertilizantes e pesticidas 
feitos pelo homem, os alimentos têm uma qualidade superior a alimentos 
convencionais. Em diversos países, incluindo os Estados Unidos e a União 
Europeia, a agricultura orgânica é definida por lei e regulamentada pelo governo. 
Quanto aos transgênicos, apesar de seus efeitos ainda serem 
desconhecidos e de toda controvérsia, é inerente a eles a resistência a um maior 
número de pragas, e com isso a menor poluição das águas e do solo, pois 
utilizam uma menor quantidade de agrotóxicos. 
 
 
 
 
 
Indústria: 
 
 
 
Os custos elevados da água industrial associados às demandas 
crescentes têm levado às indústrias a avaliar as possibilidades internas de reuso 
e a considerar ofertas da companhia de saneamento para a compra de efluentes 
tratados a preços inferiores aos da água potável dos sistemas públicos de 
abastecimento. A água produzida pelo tratamento de efluentes secundários é, 
atualmente, um grande atrativo para abastecimento industrial a custos razoáveis. 
A proximidade de estações de tratamento de esgotos às áreas de grande 
concentração industrial contribui para a viabilização de programas de reuso 
industrial tais como torres de resfriamento, alimentação de caldeiras, água de 
processamento, construção civil, incluindo preparação e cura de concreto e 
para compactação do solo, irrigação de áreas verdes de instalação industriais, 
lavagens de pisos e etc.
No Brasil, em termos de reuso industrial, a prática começa a se 
implementar, mas ainda associada a iniciativas isoladas, a maioria das quais, 
dentro do setor privado. 
É sabido que a escassez de água potável tem levado muitas indústrias a uma 
preocupação quanto à gestão da água, no que diz respeito ao uso racional, 
tratamento adequado e possibilidade de reuso nos mesmos processos que lhe 
deram origem ou em outros processos onde se requer água com menor 
grau de pureza. 
 
 
http://www.webgroove.com.br/wp- 
content/uploads/2012/02/81cc70406b36cf769666b39485c701a996623769.jpeg 
 
 
Além das questões relacionadas à disponibilidade cada vez menor de água 
potável, existe a possibilidade de, num futuro próximo, se cobrar pela água 
mesmo quando captada e tratada pela própria indústria, como já vem 
ocorrendo em algumas regiões do país. A cobrança pela água levará, 
inevitavelmente, ao aumento no custo de produção que, se repassado para os 
produtos, poderá implicar em dificuldades para a indústria em um cenário onde 
o mercado é reconhecidamente competitivo.
http://www.webgroove.com.br/wp-
Desta forma, se torna imperativo que as indústrias implantem um sistema 
de gestão da água, incluindo a sua racionalização com modificação de 
processos, escolha do melhor método de tratamento para despejo e/ou reuso 
total ou parcial. Para muitasindústrias, a gestão sistemática e o reuso de água 
poderá ser um fator preponderante para sua própria sobrevivência. 
Tecnologias de reuso de água: 
 
 Osmose Reversa e Nanofiltração; 
 
 Troca Iônica; 
 
 Filtros e Flotadores; 
 
 Ozônizadores; 
 
 Ultravioleta; 
 
 Sistemas de dosagem de químicos; 
 
 
 
Uso Urbano: 
 
 
 
O desenvolvimento das cidades sem um correto planejamento ambiental 
resulta em prejuízos significativos para a sociedade. Uma das consequências 
do crescimento urbano foi o acréscimo da poluição doméstica e industrial, criando 
condições ambientais inadequadas e propiciando o desenvolvimento de 
doenças, poluição do ar e sonora, aumento da temperatura, contaminação da 
água subterrânea, entre outros problemas. 
O desenvolvimento urbano brasileiro concentra-se em regiões 
metropolitanas, na capital dos estados e nas cidades polos regionais. Os 
efeitos desta realidade fazem-se sentir sobre todo aparelhamento urbano relativo 
a recursos hídricos, ao abastecimento de água, ao transporte e ao tratamento de 
esgotos cloacal e pluvial. 
No setor urbano, o potencial de reuso de efluentes é muito amplo e 
diversificado. De uma maneira geral, esgotos tratados podem ser utilizados 
para fins potáveis e não potáveis. 
 Para fins potáveis: 
 
Neste caso, o reuso não é aconselhável devido à presença de organismos 
patogênicos e de compostos orgânicos sintéticos na maioria dos efluentes 
disponíveis. Além dos altos custos dos sistemas de tratamento
avançados levarem a inviabilização econômico-financeira do abastecimento 
público. 
Entretanto, caso seja imprescindível implementar o reuso urbano para fins 
potáveis, devem ser obedecidos os seguintes critérios básicos: utilizar apenas 
sistemas de reuso indiretos; uso exclusivo de esgotos domésticos; emprego 
de barreiras múltiplas nos sistemas de tratamento; conquista da aceitação 
pública (responsabilização pelo empreendimento). 
 
 
 Para fins não potáveis: 
 
Os usos urbanos não potáveis envolvem riscos menores e devem ser 
considerados como a primeira opção de reuso na área urbana. Entretanto, 
cuidados especiais devem ser tomados quando ocorre contato direto do público 
com a água reutilizada. Os maiores potenciais desse processo são os que 
empregam esgotos tratados para: 
 Irrigação de parques e jardins públicos, centros esportivos, 
campos de futebol, quadras de golfe, jardins de escolas e 
universidades, gramados, árvores e arbustos em avenidas e 
rodovias; 
 Irrigação de áreas ajardinadas ao redor de edifícios públicos, 
residenciais e industriais; 
 Reserva de proteção contra incêndios; 
 
 Sistemas decorativos aquáticos, tais como fontes e chafarizes, 
 
espelhos e queda d’água; 
 
 Descarga sanitária em banheiros públicos e em edifícios 
comerciais e industriais; 
 Lavagem de trens e ônibus públicos; 
 
 
 
Os problemas associados a reuso urbano para fins não potáveis são, 
principalmente, os custos elevados de sistemas duplos de distribuição, 
dificuldades operacionais e riscos potenciais de ocorrência de conexões 
cruzadas. Os custos, porém, devem ser considerados em relação aos benefícios 
de conservar água potável e de, eventualmente, adiar ou eliminar a necessidade 
de desenvolvimento de novos mananciais para abastecimento público.
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO 
DE RECURSOS HÍDRICOS 
O CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS 
HÍDRICOS 
 
 
 
 
http://www.olympicgym.cl/admin/foto_not/222.jpg 
 
 
 
O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos 
(SINGREH), criado pela Lei nº 9.433/97, estabeleceu um arranjo institucional 
claro e baseado em novos princípios de organização para a gestão 
compartilhada do uso da água. 
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) é o órgão mais 
expressivo da hierarquia do SINGREH, de caráter normativo e deliberativo, 
com atribuições de: promover a articulação do planejamento de recursos hídricos 
com os planejamentos nacional, regional, estadual e dos setores usuários; 
deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos; acompanhar 
a execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos; estabelecer 
critérios gerais para a outorga de direito de uso dos recursos
http://www.olympicgym.cl/admin/foto_not/222.jpg
hídricos e para a cobrança pelo seu uso. Cabe ao Conselho decidir sobre as 
grandes questões do setor, além de dirimir as contendas de maior vulto. 
Caberá também ao CNRH decidir sobre a criação de Comitês de Bacias 
Hidrográficas em rios de domínio da União, baseado em uma análise detalhada 
da bacia e de suas sub-bacias, de tal forma que haja uma otimização no 
estabelecimento dessas entidades. Para tanto, estabeleceu, através da 
Resolução nº 05 de 10 de abril de 2000, regras mínimas que permitem 
demonstrar a aceitação, pela sociedade, da real necessidade da criação de 
Comitês. 
O CNRH é composto, conforme estabelecido por lei, por representantes 
de Ministérios e Secretarias da Presidência da República com atuação no 
gerenciamento ou no uso de recursos hídricos; representantes indicados pelos 
Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; representantes dos usuários dos 
recursos hídricos e, representantes das organizações civis de recursos hídricos. 
O número de representantes do poder executivo federal não poderá exceder à 
metade mais um do total dos membros do CNRH. 
A representação dos usuários ficou definida para os setores de irrigantes, 
indústrias, concessionárias e autorizadas de geração hidrelétrica, pescadores e 
lazer e turismo, prestadores de serviço público de abastecimento de água e 
esgotamento sanitário, e hidroviários. 
Dentre as organizações civis de recursos hídricos foram definidas: comitês 
de bacias hidrográficas, consórcios e associações intermunicipais de bacias 
hidrográficas; organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na 
área de recursos hídricos e, organizações não governamentais com objetivos de 
defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade Desde a instalação do 
CNRH, em novembro de 1998, até o momento já foram aprovadas 24 
Resoluções. 
O CNRH (http://www.cnrh-srh.gov.br) é o principal fórum de discussão 
nacional sobre gestão de recursos hídricos, exercendo o papel de agente 
integrador e articulador das respectivas políticas públicas, particularmente 
quanto à harmonização do gerenciamento de águas de diferentes domínios. 
 
 
A Agência Nacional de Águas
http://www.cnrh-srh.gov.br/
A Agência Nacional de Águas (ANA) é uma autarquia sob regime especial 
com autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio 
Ambiente. É responsável pela implementação da Política Nacional de Recursos 
Hídricos. 
O projeto de criação da ANA foi aprovado pelo Congresso no dia 7 de 
junho de 2000, transformando-se na Lei 9.984, sancionada pelo Presidente da 
República em exercício, Marco Maciel, no dia 17 de julho do mesmo ano. 
Além de responsável pela execução da Política Nacional de Recursos 
Hídricos, a ANA deve implementar a Lei das Águas, de 1997, que disciplina o 
uso dos recursos hídricos no Brasil. 
 
 
Os Comitês de Bacias Hidrográficas 
 
 
 
O Comitê de Bacias Hidrográficas é um órgão colegiado, inteiramente 
novo na realidade institucional brasileira, contando com a participação dos 
usuários, da sociedade civil organizada, de representantes de governos 
municipais, estaduais e federal. Esse ente é destinado a atuar como “parlamento 
das águas”, posto que é o fórum de decisão no âmbito de cada bacia hidrográfica. 
Os Comitês de Bacias Hidrográficas têm, entre outras, as atribuições de: 
promover o debate das questões relacionadas aos recursos hídricos da bacia; 
articular a atuação das entidades que trabalham com este tema; arbitrar, em 
primeira instância, os conflitos relacionados a recursos hídricos; aprovar e 
acompanhara execução do Plano de Recursos Hídricos da Bacia; estabelecer 
os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores 
a serem cobrados; estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras 
de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo. 
Comporão os Comitês em rios de domínio da União representantes 
públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos municípios e 
representantes da sociedade, tais como, usuários das águas de sua área de 
atuação, e das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na 
bacia. 
A proporcionalidade entre esses segmentos foi definida pelo Conselho 
 
Nacional de Recursos Hídricos, através da Resolução nº 05, de 10 abril de
2000. Esta norma estabelece diretrizes para formação e funcionamento dos 
Comitês de Bacia Hidrográfica, representando um avanço na participação da 
sociedade civil nos Comitês. A Resolução prevê que os representantes dos 
usuários sejam 40% do número total de representantes do Comitê. A somatória 
dos representantes dos governos municipais, estaduais e federal não poderá 
ultrapassar a 40% e, os da sociedade civil organizada ser mínimo de 20%. 
Nos Comitês de Bacias de rios fronteiriços e transfronteiriços, a 
representação da União deverá incluir o Ministério das Relações Exteriores e, 
naqueles cujos territórios abranjam terras indígenas, representantes da 
Fundação Nacional do Índio – FUNAI e das respectivas comunidades 
indígenas. 
Cada Estado deverá fazer a respectiva regulamentação referente aos 
Comitês de rios de seu domínio. Alguns Estados, a exemplo de São Paulo, Minas 
Gerais, Rio Grande do Sul e Espírito Santo já estão em estágio bem avançado 
no processo de regulamentação, com diversos Comitês criados. 
 
 
 
A Agência de Água 
 
 
 
As Agências de Águas em rios de domínio da União previstas na Lei nº 
 
9.433, de 1997, atuarão como secretarias executivas do respectivo Comitê de 
 
Bacia Hidrográfica. 
 
A criação das Agências está condicionada, em cada bacia, à prévia 
existência do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica e à sua viabilidade 
financeira. 
As principais competências da Agência de Água, previstas na Lei das 
Águas, são: manter balanço hídrico da bacia atualizado; manter o cadastro de 
usuários e efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de 
recursos hídricos; analisar e emitir pareceres sobre os projetos e as obras a 
serem financiados com recursos gerados pela cobrança pelo uso dos recursos 
hídricos e encaminhá-los à instituição financeira responsável pela 
administração desses recursos; acompanhar a administração financeira dos 
recursos arrecadados com a cobrança pelo uso dos recursos hídricos em sua 
área de atuação; gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em
sua área de atuação; celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços 
para a execução de suas competências; promover os estudos necessários para 
a gestão de recursos hídricos em sua área de atuação; elaborar o Plano de 
Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica; 
propor ao respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica o enquadramento dos 
corpos de água nas classes de uso, os valores a serem cobrados pelo uso dos 
recursos hídricos, o plano de aplicação de recursos e o rateio de custos das 
obras de uso múltiplo. 
A figura jurídica das Agências de Água em rios de domínio da União 
deverá ser estabelecida por uma Lei específica. A criação desses entes 
dependerá da autorização do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, ou dos 
respectivos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, mediante solicitação 
de um ou mais Comitê de Bacia Hidrográfica. A área de atuação das Agências 
de Água, em rios de domínio federal, deverá ser a bacia hidrográfica do Comitê 
solicitante. Essa área de atuação poderá se estender a mais de uma bacia 
hidrográfica, se os Comitês dessas bacias assim desejarem. 
Cada Estado brasileiro poderá estabelecer, segundo as especificidades 
locais, a figura jurídica que melhor provier, para a Agência de Água (ou de Bacia). 
O Estado de São Paulo, por exemplo, criou através da Lei nº 10.020/98, a figura 
de Agências de Bacia como Fundação de Direito Privado. 
 
 
 
Energia Hidrelétrica 
 
https://lh6.googleusercontent.com 
 
 
Esse tipo de aproveitamento é um dos mais eficientes e consiste em 
aproveitar a energia potencial ou cinética da água, transformando-a em energia 
mecânica, pela turbina, e finalmente em eletricidade, pelo gerador. O tipo de 
hidrelétrica é função, basicamente, da vazão do rio e da queda disponível. Na 
maioria dos países desenvolvidos, os recursos hidrelétricos já estão praticamente 
esgotados. Os países em desenvolvimento possuem grandes reservas ainda 
não exploradas. Em países como o Brasil e a Noruega, a hidroeletricidade 
é responsável por 92% da produção total de energia. A grande vantagem 
da hidroeletricidade é o seu altíssimo rendimento (em torno de 96%). Além 
disso, é um dos sistemas mais baratos de produção de eletricidade. São 
inúmeras as vantagens da hidroeletricidade; entretanto, o reservatório provoca 
impactos ambientais tanto na fase de construção como na fase de operação. 
Barragens já eram construídas na Antiguidade para regularizar o 
suprimento de água das cidades, para irrigação das lavouras e para o controle 
de inundações. Com desenvolvimento do uso de energia elétrica no final do 
século XIX, as barragens passaram a ser utilizadas também para geração de 
energia elétrica. A seleção dos locais para a implantação de barragens leva em 
consideração a largura do rio e a topografia no entorno para maior 
aproveitamento do gradiente do rio e para evitar a inundação de uma área 
muito extensa, já que esta área será inutilizada para outro aproveitamento 
econômico. 
Os lagos formados pelas barragens dos rios podem propiciar o 
desenvolvimento da navegação fluvial, servir para piscicultura, recreação e como 
fonte de água tanto para o consumo humano como para irrigação, tornando-se 
importante fator de desenvolvimento e via de escoamento da produção agrícola 
ao longo do rio. 
Apesar da geração de energia por hidrelétricas poder ser considerada 
limpa, têm sido colocadas restrições quanto à área inundada pela barragem. A 
relação entre a energia gerada e a área inundada é dependente da altura de 
crista da barragem e das condições topográficas locais, sendo considerada
ideal a relação de 10W/m2 de área inundada. A região Norte do Brasil, apesar 
da enorme malha hidrográfica, sofre restrições à implantação de mais usinas 
hidrelétricas, justamente devido às suas características topográficas, muito 
planas, que exigem o alagamento de áreas muito maiores daquela considerada 
ideal, como pode ser observado na tabela abaixo: 
 
 
 
 
Usina Produção / área inundada (W/m2) 
Xingó (SE/AL) 58,8 
Segredo (SC) 15,3 
Itaipu (PR) 9,4 
Itaparica (PE) 1,8 
Tucuruí (PA) 1,4 
Porto Primavera (SP/MS) 0,85 
Serra da Mesa (GO) 0,67 
Balbina (AM) 0,11 
Ideal 10 
 
 
Diversos fatores contribuem para aumentar as restrições à implantação de 
barragens. Entra elas pode-se destacar a necessidade de desmatar a área do 
lago, a possibilidade de ocorrer salinização da água do reservatório devido ao 
aumento da evaporação, a eventual necessidade de deslocar cidades, povoados 
ou populações indígenas e a também eventual inundação de atrações (a exemplo 
do que ocorreu com Sete Quedas (no Rio Paraná). Pode também ocorrer 
assoreamento nos reservatórios das barragens, o que levaria a uma diminuição 
significativa de sua capacidade de geração de energia e mesmo de sua vida útil. 
Este fator se torna mais relevante, pois, normalmente, a implantação de uma 
barragem gera, desenvolvimento populacional nas margens do lago e 
consequente incremento na taxa de urbanização que, se não seguir um 
planejamento adequado, pode contribuir aindamais para o assoreamento dos 
lagos. Outro questionamento diz respeito à destinação que será dada às 
barragens quando do término de sua vida útil.
 
 
 
 
ARTIGO CIENTÍFICO PARA ESTUDO 
 
 
 
 
 
EXPERIÊNCIA BRASILEIRA NA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS 
 
 
 
Por Carlos Castro 
 
 
 
 
 
http://www.distribuidoraguapura.com.br/imagens/dica-de-saude/UBPUx1xLhU8.jpg 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
 
Frente a tantos movimentos visando a recuperação ambiental em nosso 
país, poderia levar algum estrangeiro a concluir “Os recursos naturais 
brasileiros são tantos em tamanha abundancia que foram necessários 500 anos 
para que a população percebesse que muitos são finitos e para algumas 
regiões já registram nítida escassez”.
http://www.distribuidoraguapura.com.br/imagens/dica-de-saude/UBPUx1xLhU8.jpg
O Código das Águas, de 10 de julho de 1934, continha instrumentos de 
gestão importantíssimos, que somente agora passam a merecer destaques e 
discussões. Essa importante Lei de Direito da Água do Brasil, já contemplava 
há 66 anos a cobrança pelo uso da água. 
A história tem registrado que não bastam excelentes legislações, a grande 
dificuldade sempre foi a sua implementação. 
Falar na Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas em racionalização pelo 
uso da água e combate ao desperdício da água pode parecer algo sem 
sentido, porém quando adentramos nas implicações do uso múltiplo da água com 
atenuantes, com geração de energia elétrica nas sub-bacias, 
transposições de água, entre outras, no mínimo para os seguimentos 
diretamente envolvidos o assunto passa a merecer relevância. 
A procura por grandes desníveis e altas vazões de água foi a grande 
diretriz nacional durante muitos anos. Um grande número de hidroelétricas foram 
construídas, muitas desprovidas de eclusas para permitir a navegação ou de 
escada de peixes para propiciar a continuidade da Piracema. 
As ações desencadeadas em nosso país desprovidas de um planejamento 
estratégico dentro da óptica do uso múltiplo da água considerava os problemas 
de forma pontual, como se a qualquer momento fosse possível juntar os módulos 
desse continental quebra cabeças hídrico e ambiental. 
Como sempre, onde a escassez falou mais alta, surgiram os conflitos e 
medidas foram necessárias para minimiza-los. Os grandes centros urbanos e 
as regiões do semiárido brasileiro foram às primeiras regiões a requisitarem 
ações mais efetivas da tal gestão dos recursos hídricos, assunto anteriormente 
apenas contemplados pelo Código das Águas, considerado pela Doutrina 
Jurídica como um dos textos modulares do direito positivo brasileiro. 
 
 
 
 
2. RECURSOS HÍDRICOS 
 
 
 
2.1 - Conceitos Básicos sobre Gestão 
 
 
 
O saneamento básico está intimamente relacionado à qualidade de vida 
e a saúde da população de uma cidade. Modernamente se tem preferido o
termo Saneamento Ambiental, para abranger a saúde pública e as áreas afins, 
como afastamento e tratamento de esgoto e efluentes industriais, destinação e 
tratamento de resíduos sólidos, drenagem urbana, etc. 
As áreas de saneamento, recursos hídricos e meio ambiente estão 
intimamente relacionadas, principalmente quando o assunto a tratar refere-se a 
água para abastecimento público, seu uso mais nobre. 
A concentração de usuários das águas em determinadas regiões pode 
levar a conflitos de interesse. A gestão é a forma de evitar, reduzir e permitir o 
convívio dos distintos interesses em uma região. Os principais usuários das 
águas são as cidades, as indústrias, os agricultores, as usinas hidroelétricas, 
os pescadores e as populações em busca de lazer nos rios e lagos. 
O usuário é aquele que retira água e devolve esgoto ou resíduos 
líquidos à natureza. A uma empresa que recebe a água tratada e utiliza o sistema 
de redes para o afastamento de seus resíduos. 
 
 
 
 
 
 
2.2 - Políticas, Instrumentos e Sistemas de Gestão 
 
 
 
As Constituições, Leis e seus regulamentos (federal, estadual e municipal) 
definem as políticas de um país em recursos hídricos e áreas afins. A água tem 
sido considerada como um recurso natural limitado, dotado de valor 
econômico e um bem de domínio público. 
A gestão das águas de superfície e subterrâneas não deve ser 
dissociadas, assim como os aspectos de qualidade e quantidade. 
A bacia hidrográfica é o espaço de planejamento e gestão das águas, 
adequando - se e compatibilizando - se as diversidades demográficas, sociais, 
culturais e econômicas das regiões. 
A gestão dos recursos hídricos é feita com a participação do poder 
público, dos usuários e da sociedade. 
Os principais instrumentos de gestão das águas são: 
 
 
 
- Enquadramento dos corpos da água em classes, segundo os usos 
preponderantes da água;
- A outorga dos direitos de uso; 
 
- O rateio do custo das obras de uso múltiplo; 
 
- Os Planos de Recursos Hídricos por bacias hidrográficas; 
 
- A compensação a municípios; 
 
- A cobrança pelo uso das águas, tanto para as vazões captadas, 
quanto pela diluição dos efluentes lançados; 
- A divulgação da informação à sociedade. 
 
 
 
A gestão dos recursos hídricos é feita por um conjunto de órgãos e 
instituições, que assumem cada um, responsabilidades e funções. 
As funções de um Sistema de Gestão são: coordenar, arbitrar os conflitos, 
implementar a política, planejar, regular, controlar o uso, preservar e recuperar 
os recursos hídricos. Uma das funções mais importantes é a de efetuar a 
cobrança do uso dos recursos hídricos e de administrar e bem aplicar estes 
recursos. 
Os recursos financeiros para implementar uma política das águas provem 
dos orçamentos e tarifas e da cobrança pelo uso das águas. Os grandes debates 
sobre a organização do sistema de gestão são devidos ao domínio sobre os 
órgãos aplicadores destes recursos. 
As organizações de gestão variam de país para país. No Brasil, como 
em muitos outros países, predominam uma visão de constituição de órgãos 
colegiados e órgãos executivos, encarregados de implementar as deliberações 
destas plenárias. 
No Brasil foi criado o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, para 
coordenar a política e os sistema nacional de recursos hídricos. Nos Estados, 
para os rios de domínio estaduais, devem ser constituídos conselhos 
estaduais. O Estado de São Paulo já possui lei estadual e um sistema de 
gestão em implantação, que é coordenado por um Conselho Estadual de 
Recursos Hídricos. Este sistema prevê Comitês de Bacia e duas alternativas para 
apoio aos Comitês: as Agências de Bacia ou os órgãos do próprio governo 
do Estado. 
As experiências da França e de outros países são muito importantes. Na 
França existe um sistema funcionando há mais de 25 anos e na Alemanha, 
associações de usuários dos rios atuam há mais de 100 anos. O México iniciou
a organização de gestão em bacias hidrográficas, com base em uma nova 
legislação de recursos hídricos, ainda em implantação. 
 
 
2.3 - Organismos de Bacias Hidrográficas 
 
 
 
Em vários países, os organismos de bacia é que são os principais 
implementadores da política e do sistema de gestão das águas. 
Os colegiados são denominados Comitês ou Conselhos ou Comissões 
de bacia. Possui representantes dos poderes públicos (federal, estadual ou 
municipal), dos usuários e da sociedade civil. 
Os órgãos públicos (federal ou estadual) são encarregados de executar 
as tarefas necessárias a gestão, atuando regionalmente, este é o caso, por 
exemplo, do México. Na França, entretanto, um novo órgão foi criado, para cuidar 
da cobrança pelo uso das águas e pela administração destes recursos - as 
Agências de Bacia. 
A fiscalização, o poder de polícia, a outorga, a operação dos serviços de 
água e esgoto e outras tarefas correlatas não deve ser confundidas com a função 
de uma Agência de Bacia, conforme as propostas do sistema francês. 
No Brasil, predominam, atualmente,a proposta de criação de Comitês 
de Bacia, como órgãos colegiados deliberativos. E das Agências de Bacia, 
como instituições independentes, de apoio aos Comitês. As funções destas 
agências não são as de projetar, construir e operar obras e sim de propor um 
plano de recuperação e proteção dos recursos hídricos, de efetuar a cobrança 
pelo uso das águas e de repassar os recursos para instituições executoras, 
públicas ou privadas, como associações de municípios de água e esgoto, etc. 
As diferentes concepções do sistema de gestão, mais centralizadores, 
regionalizados ou descentralizados são objetos de grandes debates entre os 
envolvidos na política de recursos hídricos. Os países mais democráticos 
consideram a descentralização e o predomínio dos usuários nos órgãos diretivos 
como de fundamental importância para o sucesso da implantação da cobrança 
pelo uso das águas, afinal essa é a grande novidade da gestão em bacias 
hidrográficas. 
Os Consórcios ou Associações de Municípios, as associações de usuários 
e outras organizações semelhantes são entidades importantes para a
gestão em bacias hidrográficas. O principal mérito destas entidades é a sua 
facilidade em iniciar trabalhos práticos, de arrecadar recursos entre os seus 
membros (iniciar a solidariedade financeira entre os usuários de uma bacia) e 
fazer parcerias. 
O Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari, 
como associação de usuários, tem sido pioneiro no Brasil. Possuí cooperação 
com entidades da França e do México, organizou várias visitas de estudo a estes 
países. Em 1998 foi fundada a Rede Nacional (Brasil) de Consórcios e 
Associações de Municípios em Bacias Hidrográficas (a atual sede é em 
Americana - SP, junto ao Consórcio Piracicaba- Capivari). Em 1996, no México, 
foram criadas a rede Internacional e a Rede Latino - Americana de Organismos 
de Bacia Hidrográfica. 
 
 
2.4 - Organismos de Bacia Hidrográfica - Definição conforme a lei 9433 / 
 
97 
 
 
 
Ressalte - se que a nova Lei Federal dos Recursos Hídricos (9433/97) 
estabeleceu um arranjo institucional claro, baseado na organização da gestão 
compartilhada do uso da água. São os seguintes organismos criados pelo novo 
sistema: 
 
 
 O Conselho Nacional de Recursos Hídricos, órgão mais elevado da 
hierarquia do Sistema Nacional de Recursos Hídricos em termos 
administrativos, a quem cabe decidir sobre as grandes questões do setor, 
além de dirimir as contendas de maior vulto; 
 
 
 Os Comitês de Bacias Hidrográficas, tipo de organização inteiramente 
nova na administração dos bens públicos do Brasil, contando com a 
participação dos usuários, das prefeituras, da sociedade civil organizada, dos 
demais níveis de governo (estaduais e federal), e destinados a agir, como 
poderíamos denominar, de "o parlamento das águas da bacia", pois seriam 
esses Comitês o fórum de decisão no âmbito de cada bacia hidrográfica;
 As Agências da Água, também um tipo de organismo, que serve de "braço 
técnico" de seu(s) correspondente(s) Comitês, destinadas a gerir os 
recursos oriundos da cobrança pelo uso da água, desenvolvendo a 
chamada "engenharia" do sistema; 
 
 
 As organizações de recursos hídricos, que são entidades atuantes no 
setor de planejamento e gestão do uso dos recursos hídricos e que podem 
ter destacada participação no processo decisório e de monitoramento das 
ações. 
 
 
2.5 - Organismos da Bacia Hidrográfica - Definição com base na Lei 7663 / 
 
91 
 
 
 
A "pioneira" Lei Paulista dos Recursos Hídricos, aprovada em 1991, 
trouxe como grande novidade esse grande tripé Comitê, Agência e Cobrança. 
Portanto no âmbito do Estado de São Paulo as novidades chegaram antes. 
Pela Lei Paulista 7663/91, teríamos a definir: 
 
 
 
Comitê de Bacias 
 
 
 
Colegiado que funciona como um "parlamento das águas". É 
deliberativo, por lei. Não possui personalidade jurídica e poderá contar com apoio 
técnico e financeiro de outros órgãos. 
 
 
Agência de Bacia: 
 
 
 
Entidade autorizada pela Lei Estadual 10.020/98, para executar as 
decisões do Comitê de Bacias. Responsável por efetuar a cobrança pelo uso das 
águas e pelo gerenciamento destes recursos. 
 
 
Consórcio Intermunicipal: (conforme estrutura do Consórcio Piracicaba 
 
Capivari)
Associação civil de direito privado, com independência técnica e 
financeira. Arrecada e aplica recursos em programas e ações ambientais. O 
poder de decisão cabe ao Conselho de Municípios, formado pelos prefeitos e 
representantes das empresas. Apoia a criação da Agência e o funcionamento 
do Comitê de Bacias. 
Os Consórcios Intermunicipais estão inseridos no segmento dos 
usuários, na participação da Sociedade Civil nos Comitês de Bacia. 
 
 
 
 
3. GESTÃO POR BACIAS HIDROGRÁFICAS 
 
 
 
3.1 - Gestão na Alemanha e França 
 
 
 
A Alemanha foi o berço da gestão de bacias. Neste país, na região 
industrializada do Ruhr, Os Estados e o Governo Federal delegaram aos agentes 
da bacia o controle sobre o abastecimento de água público e industrial. A 
Cooperativa do Rio Ruhr, por exemplo, constrói e opera as estações de 
tratamento de água e de esgoto, doméstico e industriais. Quem quiser ter água 
e lançar esgotos e efluentes industriais precisa ser membro da Cooperativa e 
pagar as tarifas fixadas. A associação regional (e a cobrança de uma tarifa 
para realizar obras e serviços e operar o sistema) foi a forma encontrada para 
garantir abastecimento às cidades e industrias e o desenvolvimento econômico 
da região. Em outras partes da Alemanha o sistema é outro. Na Alemanha 
existem muitos consórcios e associações de municípios que atuam em água, 
esgoto e lixo. 
Os franceses, há trinta anos, adaptaram o sistema alemão à França. 
Mas aprovaram uma lei e um sistema que vigora em todo o país. Criaram seis 
grandes áreas geográficas de gestão, com seis Comitês e seis Agências de 
bacia. 
 
No sistema francês, o Comitê é uma assembleia, não possuem orçamento 
próprio, não é órgão executivo, mas deliberativo. A Agência é o braço executivo 
do Comitê, mas com limitações sobre o que deve executar. A Agência é uma 
autarquia pública que arrecada tarifas, elabora um plano de utilização destes 
recursos e submete ao Comitê para deliberação. Esta tarifa,
chamada em francês de "redevance" é um preço pago por todos os que se 
utilizam das águas e causam poluição aos rios. Ela é cobrada junto com a 
conta de água e esgoto, na forma de um adicional à tarifa normal. O Comitê é 
o fórum de debate e possuem uma ampla participação: governo central, governos 
locais, usuários, especialistas técnicos e ambientalistas. Há um predomínio 
discreto dos usuários e poder local no Comitê. A Agência é dirigida por 
um Conselho de Administração formado por representantes do Comitê, as 
Agências e a cobrança de "redevance" são instrumentos para lutar contra a 
poluição e garantir o desenvolvimento. A fiscalização do Meio Ambiente e o 
controle dos usuários (outorga de uso das águas, por exemplo) continuaram 
sendo realizadas pelos órgãos do Governo. A Agência é fiscalizada, por vários 
órgãos públicos, de finanças, das contas públicas, etc. 
Na França existem cerca de 1.600 consórcios de municípios, atuando com 
as mais diversas finalidades. Os Comitês e Agências são parceiros dos 
Consórcios e apoiam programas coordenados e ou executados pelos 
Consórcios. 
 
 
 
 
4. SITUAÇÃO NO BRASIL, ESTADO DE SÃO PAULO E REGIÃO DO 
PIRACICABA CAPIVARI E JUNDIAÍ - PONDERAÇÕES E REFORÇO DE 
ALGUNS CONCEITOS 
 
 
4.1 - Ponderações preliminares 
 
 
 
Gestão é o ato de gerir, ou seja, é a gerência ou administração de uma 
determinada unidade administrativa. 
A bacia hidrográfica tem sido reconhecida como o espaço geográfico mais 
adequado para tratar de assuntos ambientais, abastecimento de água e outros. 
No nosso casofoi convencionado reunir três bacias próximas - Piracicaba, 
Capivari e Jundiaí - para criar uma unidade de gestão. 
Os Rios Piracicaba e Jaguari são águas de domínio federal. Os demais 
rios e todos os afluentes do Piracicaba e Jaguari são de domínio do Estado. 
Apenas rios que nascem e terminam em um município podem ser declarados 
como de domínio municipal, figura pouco utilizada.
Devido sua situação - águas de domínio da União e do Estado - o 
Comitê Piracicaba, Capivari e Jundiaí, criado pela Lei Estadual 7.663, não 
possuem competência legal para atuar sobre os Rios Jaguari e Piracicaba. 
A Lei Estadual 7.663/91 foi promulgada antes da Lei Federal 9.433/97. A 
Lei Federal predomina sobre a do Estado. 
 
 
4.2 - Como Compatibilizar a lei 7663/91 com a 94933/97 e a cobrança pelo 
uso da água 
 
 
A opinião consensual é que precisamos ter uma política e sistema de 
gestão federal e estadual compatíveis e únicos em nossa região. Atualmente 
temos apenas um Comitê de Bacia, estabelecido pela Lei Estadual. Falta criar 
um Comitê único - estadual e federal - e uma única Agência de Bacia. Todos os 
Comitês Estaduais possuem uma representação tripartite: Estado, Municípios e 
Sociedade Civil. Os usuários estão dentro do segmento Sociedade Civil, mas isto 
não é muito adequado, pois os usuários correspondem ao segmento mais 
importante e acabam tendo de "disputar espaço", quando o seu lugar deveria 
estar assegurado. 
Para haver resultados concretos, é preciso estabelecer o pagamento de 
uma tarifa especial que, como na Alemanha e na França, serve de suporte 
econômico para a luta contra a poluição. No Brasil, esta tarifa é chamada de 
cobrança pelo uso das águas. 
A Lei Estadual permite, até agora, duas possibilidades de arrecadação 
da cobrança pelo uso das águas: pela Agência de Bacias ou pelo Governo do 
Estado (através do DAEE). A nossa região, através do Consórcio e do Comitê, 
é contra a arrecadação não ficar na região. No México, que está implantando o 
sistema, a arrecadação vai para o orçamento central e depois é distribuído. 
Apenas a metade retorna a bacia que arrecadou. 
A Lei Federal indica apenas a Agência de Bacia como órgão 
arrecadador. 
A principal luta do Consórcio nos últimos anos é para que o recurso que 
vier a ser arrecadado fique em conta bancária administrativa da Agência, não 
vá para um fundo ou orçamento estadual ou federal.
A cobrança pelo uso das águas permite que todos paguem um pouco, mas 
o seu total é um valor alto. Na nossa região, esse total pode começar com alguns 
milhões por ano e chegar até 100 milhões de reais por ano, valores suficientes 
para garantir a melhoria do meio ambiente e o desenvolvimento econômico. 
A Lei Federal delega aos consórcios de municípios a função de 
Agência, caso esta não tenha ainda sido criada. Isto é muito importante, pois 
permite construir gradualmente o sistema de gestão e a cobrança, de forma 
totalmente descentralizada, situação esta que não ocorre na Lei Estadual. 
O Comitê das Bacias Piracicaba, Capivari e Jundiaí possui um Presidente, 
um Vice e um Secretário Executivo. Em todo o Estado perdurou uma regra, 
não formal de que o Presidente fosse do segmento Município, o vice da 
Sociedade Civil e o Secretário do segmento Estado. 
 
 
4.3 - Organização pela Integração Regional 
 
 
 
Descontentes com o crescente estágio de degradação ambiental, 
verificado na Bacia do Rio Piracicaba, principalmente quanto os aspectos 
qualitativos e quantitativos da água, a sociedade civil de Piracicaba 
empreendeu a partir de meados da década de 70, um forte movimento visando 
a preservação de seu manancial de abastecimento público, sendo que a 
coordenação ficou com o Conselho de Defesa Ecológica do Vale do Piracicaba 
- CONDEVAP, que contava com a forte participação da comunidade científica 
local, vindo sensibilizar alguns Prefeitos da região - Jornal de Piracicaba 
(1978). 
Na década de 80, o movimento ganhou força através da "Campanha 
Ano 2.000 - Redenção Ecológica da Bacia do Piracicaba" (RODRIGUES, 1987; 
MONTICELI & MARTINS, 1993), iniciativa da Associação dos Engenheiros e 
Arquitetos de Piracicaba - AEAP e encampada pelo Conselho Coordenador de 
Entidades Civis de Piracicaba, contando com o apoio de alguns seguimentos 
da comunidade regional. 
Como fruto da "Campanha Ano 2.000", o Conselho Estadual de 
Recursos Hídricos - CRH, através da deliberação nº 05, declarou a bacia do 
Piracicaba como crítica quanto aos recursos hídricos e fixou um prazo de 120
dias para a proposição de programas prioritários pelo Grupo Técnico da Bacia 
do Piracicaba - GTPI. 
O prazo do CRH foi cumprido e o programa elaborado atendia a maioria 
das reivindicações da Campanha, exceto às ligadas ao Sistema Cantareira e 
às indenizações à bacia. 
Posteriormente a bacia do Piracicaba foi considerada "modelo básico para 
fins de gestão dos Recursos Hídricos", através do decreto nº 24.489 (SP) de 
10/06/88. 
A campanha “Ano 2000” recomendava como solução para os problemas 
ambientais da região, a criação de um organismo intermunicipal voltado a 
gestão dos recursos hídricos. Reinvidicação atendida com a fundação do 
Consórcio Piracicaba-Capivari. 
 
 
 
 
5. O CONSÓRCIO PIRACICABA CAPIVARI 
 
 
 
O Consórcio constitui-se numa força política suprapartidária 
expressiva. Devido ao pioneirismo de suas ações em gestão de recursos 
hídricos, conta com grande respeitabilidade junto à opinião pública e é 
considerado um modelo de instituição, cuja experiência é divulgada em todo o 
país e mesmo no exterior. 
Junto às autoridades estaduais, federais e internacionais está agindo 
com o objetivo de obter os recursos necessários para as obras de tratamento 
de esgoto, preservação de mananciais e recuperação da qualidade dos rios. 
Com as prefeituras municipais e empresas consorciadas vem 
trabalhando para redução da captação e consumo de água, através da 
eliminação de perdas e reuso da água, proteção dos mananciais através do 
reflorestamento ciliar, educação ambiental e acompanhamento das modificações 
nas legislações estadual e federal. 
A cultura organizacional do Consórcio Piracicaba-Capivari tem 
permitido realizar uma série de trabalhos e ações intermunicipais que 
complementam as atividades ambientais exclusivamente internas às prefeituras 
e às empresas.
Deixando de lado as diferenças partidárias, as administrações municipais 
estão dando exemplo de que é possível unirem-se em defesa do bem comum. 
Os problemas de degradação ambientais nas bacias não têm 
solução da noite para o dia. Mas podem ser resolvidos desde que todos 
colaborem. É preciso planejar o desenvolvimento para não prejudicar os 
recursos naturais. E toda a população deve exigir o direito a uma vida 
melhor. 
 
 
A vida ameaçada 
 
 
 
As bacias dos rios Piracicaba e Capivari encontram-se, em sua maior 
parte, no Estado de São Paulo (51 municípios) e uma menor parte no sul do 
Estado de Minas Gerais (4 municípios). Sua área é de 14.400 km2, cerca de 
5% da área do Estado de São Paulo. A população estimada é de cerca de 3,5 
 
milhões de habitantes. Trata-se de uma região de grande desenvolvimento 
econômico onde existem conflitos pelo uso da água. 
A produção de água durante a estiagem fica em situação crítica para o 
abastecimento público das cidades e de mais cinco municípios de outras 
bacias. Adicionalmente a essa demanda, há também a reversão de 31m3 /s, pelo 
Sistema Cantareira, para o abastecimento de cerca de 55% da população da 
Região Metropolitana de São Paulo. 
A atividade industrial é intensa sendo o mais importante núcleo 
industrial do Estado depois da Grande São Paulo. Estima-se que 6% do PIB 
nacional seja gerado na região, cuja demanda de água é de cerca de 16,5m3/s 
para consumo industrial, 5,5m3/s para irrigação e 14m3/s paraconsumo 
humano. 
 
As cidades da região tratam, em média, 12% do esgoto doméstico, 
as indústrias, cerca de 75% das cargas industrias. Os rios recebem uma carga 
remanescente de cerca de 106 tDBO/dia referente aos esgotos industriais e 
133 tDBO/dia referente aos esgotos domésticos.
O Consórcio como empresa 
 
 
 
As bacias dos rios Piracicaba e Capivari passaram a contar desde 
 
13 de outubro de 1989 com a atuação de um interlocutor regional no âmbito 
das bacias hidrográficas para as questões relacionadas aos recursos 
hídricos e recuperação ambiental da região. Nasceu, em Americana, da 
vontade regional, o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba 
e Capivari, uma associação de direito privado, com independência técnica e 
financeira. Arrecada e aplica recursos em programas e ações ambientais. O 
poder de decisão cabe ao Conselho de Municípios. 
O Consórcio possui quatro órgãos funcionais: 
 
 Conselho de Municípios (prefeitos e representantes de empresas 
consorciadas). 
 Conselho Fiscal (representantes das câmaras de vereadores). 
 
 Plenária de Entidades (representantes da sociedade civil). 
 
 Secretaria Executiva (equipe técnica). 
 
As Diretorias do Conselho de Municípios e do Conselho Fiscal têm 
mandato de dois anos. 
 
 
O Consórcio como associação de usuários 
 
 
 
O Consórcio Piracicaba-Capivari, como associação de usuários, busca 
uma maior valorização da parte técnica e econômica, que permite vencer as 
divergências pessoais, político-partidárias e outras, próprias das articulações 
intermunicipais. Por outro lado, caso as autoridades locais e empresas da 
região não se organizem, a implementação da legislação de recursos hídricos 
pode ser feita dissociada da participação destes atores, o que significará, sem 
dúvida, maiores dificuldades de sua efetiva implantação, principalmente no que 
se refere ao seu suporte financeiro, ou seja, a real implementação da cobrança 
pelo uso da água. 
O enfoque regional, a integração dos municípios e a busca de soluções 
globais tem marcado sua atuação. É considerada de fundamental importância a 
participação de técnicos e dirigentes dos serviços autônomos de água e
esgoto, a fim de que as soluções encontradas sejam coerentes e possam ser 
efetivamente implantadas. 
Em junho de 1996, após alteração estatutária, o Consórcio recebeu 
adesão de novos membros (empresas públicas e privadas). Mais que uma 
frente política suprapartidária, o Consórcio passou a ser, legalmente, uma 
associação de usuários públicos e privados da água, que reúne, hoje, 42 
municípios e 27 empresas. Cada um dos segmentos detém 50% do valor 
dos votos. 
 
 
O Consórcio tem como objetivo: 
 
 
 
 Recuperação dos Rios. 
 
 Integração Regional. 
 
 Planejamento e fomento de ações na área de Gestão de Recursos 
 
Hídricos, incluindo acompanhamento da legislação pertinente. 
 
 Conscientização regional. 
 
 
 
Principais atividades em andamento 
 
 
 
 Programa de Investimento para Recuperação das Bacias. 
 
 Programa de Resíduos Sólidos. 
 
 Programa de Combate às Perdas de Água. 
 
 Programa de Proteção aos Mananciais. 
 
 Programa de Educação Ambiental. 
 
 Gestão de Bacias e Cooperação Internacional. 
 
 Desenvolvimento Tecnológico. 
 
 Apoio aos Consorciados. 
 
 
 
Principais Realizações 
 
 
 
 Conscientização regional dos problemas ambientais. 
 
 Planos diretores e projetos executivos para tratamento de esgoto em 17 
municípios.
 Plano Diretor de Captação e Produção de Água para as Bacias dos rios 
 
Piracicaba e Capivari. 
 
 Experiências práticas de tecnologia de tratamento de esgoto ETE 
Cosmópolis e ETE Ajapi – Rio Claro. 
 Desenvolvimento e aplicação do Projeto de Proteção aos Mananciais, 
através do reflorestamento ciliar, que já conta com o plantio de 
aproximadamente 1 milhão de mudas. 
 Aumento no índice de tratamento de esgoto doméstico de 3% para 
 
12%. 
 
 Implantação do Programa de Resíduos Sólidos. 
 
 Implantação do Programa de Combate às perdas. 
 
 Desenvolvimento do projeto de conscientização e educação ambiental, 
Semana da Água, envolvendo mais de 260 mil crianças. 
 Projeto de Cooperação Internacional com a Agência Sena-Normandia, 
ADEME e CUD. 
5.1 – O Comitê PCJ 
 
 
 
Instalado em 1993, o Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios 
Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ) tem atuação em uma região com 4 
milhões de habitantes. Compõe o Comitê representantes de três segmentos 
(Estado, Sociedade Civil e 58 municípios), cada um deles com direito a 16 votos. 
 
 
5.2 - Passo a Passo os principais acontecimentos que marcaram Dez anos 
(1989/1999) do Consórcio Piracicaba-Capivari e a Gestão dos Recursos 
Hídricos 
 
 
1989 - Criação do Consórcio Intermunicipal das Bacias Hidrográficas dos Rios 
Piracicaba e Capivari, estruturado em: Conselho de Municípios, Conselho Fiscal, 
Plenária de Entidades e Secretaria Executiva. 
 
 
1990 -Definição dos principais programas de trabalho e parceiros.
- Articulação entre consórcios e outros aliados para incluir emenda à Lei 
Estadual de Recursos Hídricos, permitindo a criação de Agências de 
Bacias. 
 
 
1991 - Promulgação da Lei Estadual n.º 7.663, contendo em seu artigo 28 a 
possibilidade de criação de Agências de Bacias. 
 
 
- Primeira viagem de uma delegação do Consórcio Piracicaba-Capivari à 
 
Europa. 
 
- Elaboração do Plano Diretor de Captação e produção de água para as 
bacias dos Rios Piracicaba e Capivari. 
- Lançamento do Programa de Reflorestamento Ciliar. 
 
 
 
1992 - Divulgação das funções de Comitê e Agência verdadeiramente 
descentralizados. 
 
 
- Elaboração, em parceria com o Departamento de Águas e Energia 
Elétrica (DAEE), de projetos sobre coleta, afastamento e tratamento de 
esgoto, para17 municípios. 
- Realização da Semana de Debates sobre Recursos Hídricos e Meio 
Ambiente nas cidades de Piracicaba e São Paulo, considerado um 
marco nacional para a área. 
- Obtenção de recursos junto a União e outras fontes que resultaram na 
construção da ETE CECAP, em Piracicaba. 
- Protocolo de projeto junto ao Banco Mundial (BIRD), solicitando um 
empréstimo de 550 milhões de dólares para recuperação dos rios 
Piracicaba e Capivari. 
- Participação na Eco-92 – Rio de Janeiro e São Paulo. 
 
- 1º Encontro Nacional de Organismos de Bacias. 
 
 
 
1993 - Criação do Comitê de Bacias e aprovação da moção de criação de 
 
Agência, conforme previsto pela lei estadual 7.663.
- Apresentação da primeira proposta de projeto de lei para criação de 
 
Agência na forma de empresa pública. 
 
- Criação do Fórum das Entidades das Bacias dos Rios Piracicaba, 
Capivari e Jundiaí, que passou a indicar os membros da Plenária de 
Entidades do Consórcio. 
- Primeiras aplicações de Programas de Educação Ambiental com várias 
parcerias. 
 
 
1994 - Início dos Trabalhos para elaborar as proposta da agência. 
 
 
 
- Nova viagem de estudo à França. Missões francesas visitam a região e 
debatem experiências de funcionamento de Comitê e Agência. Divulgação 
das posições do Consórcio, em defesa da Agência, por todo o Brasil. 
- Consórcio envia ao Comitê documento com as "recomendações" para o 
projeto de lei. A redação de "efetuar" a cobrança, ao invés de 
"promover" a cobrança, é aprovada pela Câmara Técnica do Comitê. 
- Consórcio realiza reunião extraordinária e aprova recomendação à 
Câmara Técnica do Comitê com alterações em alguns artigos, 
principalmente para definir a autonomia do ato de efetuar a cobrança, 
gerenciar a conta bancária e repassar os recursos da cobrança, 
encargos fundamentais da Agência. 
- Em reunião realizada em Campinas, o Comitê vota por unanimidade 
pela aprovação da minuta de lei de criação da Agência. 
- Primeira aplicação do Programa de Educação AmbientalSemana da 
 
Água (1 município) 
 
 
 
1995 - Conselho Fiscal amplia Diretoria. 
 
 
 
- 2º Encontro Nacional de Organismos de Bacias. 
 
- Aprovação, junto ao CONSEMA (Conselho de Meio Ambiente), de 
licença de instalação para aterro de resíduos industriais em Piracicaba. 
- Ampliação de programa de educação ambiental para 13 municípios.
- Inauguração da ETE - Cosmópolis, ação conjunta Consórcio e 
 
Prefeitura. 
 
 
 
1996 - O CBH-PCJ aprova emendas ao anteprojeto de lei estadual sobre 
agências de bacias. 
 
 
- Consórcio, em parceria com a Cetesb, conclui Inventário Regional de 
 
Resíduos Sólidos Industriais. 
 
- Aprovada a participação de empresas junto ao Consórcio. 
 
- Consórcio realiza movimento e workshop, visando a recuperação do 
reservatório de Salto Grande (Americana). 
 
 
1997 - Aprovação do projeto de retorno da contribuição de investimento ao 
 
Consórcio, através de R$ 0,01/m3 de água consumida. 
 
 
 
- Início das aplicações nacional, em 12 Estados, do Seminário – Gestão 
Descentralizada e Participativa dos Recursos Hídricos, em parceria com a 
ASSEMAE com o apoio da SRH-MMA e Fundo Nacional do Meio 
Ambiente. 
- Aprovação da lei Nacional dos Recursos Hídricos n.º 9433, 
contemplando emendas sugeridas pelo Consórcio e seus parceiros. 
 
 
1998 – Pedido de urgência na votação dos projetos sobre agências de bacias e 
cobrança pelo uso da água. 
 
 
- Sancionada a Lei 10.020, autorizando o Estado a participar da criação 
das agências de bacias. 
- Estudo de viabilidade para implantação de empresa regional no âmbito 
do Comitê PCJ. 
- Semana da Água atinge 100 mil alunos. 
 
- Criação da Rede Brasil de Organismos de Bacias. 
 
- Plenária das Entidades monta Conselho Diretor por Bacias 
 
Hidrográficas.
- Plenária das Entidades adquire o direito a um voto no Conselho dos 
 
Municípios. 
 
- Aprovado Projeto de Lei que autoriza o primeiro município a contribuir 
com R$0,01por m3 de água consumida. 
- Lançamento do Programa de Perdas Físicas de Água em cinco 
municípios. 
- Criação do Grupo Técnico Regional de Combate às Perdas Físicas de 
 
Água. 
 
 
 
1999 - Registro do aumento no índice de tratamento de esgoto entre os anos 
de 1989 e 1999 de 3% para 12%. 
 
 
- Empresas passam a possuir direito a até 50% dos votos junto ao 
 
Conselho do Consórcio 
 
- Conselho Fiscal abre câmaras técnicas por sub-bacias. 
 
- Adesão significativa ao 0,01 atingindo mais de R$ 1 milhão por ano. 
 
- Programa de Proteção aos Mananciais do Consórcio Piracicaba-Capivari 
atinge 1 milhão de mudas plantadas. 
- Consórcio e Plenária das Entidades lançam proposta “Gestão dos 
 
Recursos Hídricos - Técnicas de Mobilização Participativa”. 
 
- Participação ativa nas audiências públicas ocorridas na Assembleia 
 
Legislativa sobre o Projeto de Lei 020/98. 
 
- Elaboração e encaminhamento de emendas, em parceria com o Comitê 
PCJ ao Projeto de Lei 1617/99, que prevê a criação da Agência Nacional 
das Águas – ANA. 
- Visita de Delegação do Consórcio (Rede Brasil) à Espanha e à França, 
contando com a participação do Secretário Nacional dos Recursos 
Hídricos, Dr. Raimundo José Garrido. 
- A entidade atinge 42 municípios e 27 empresas consorciados. 
 
- Realização do 3º Encontro Nacional de Organismos de Bacias. 
 
- Eventos e comemorações pelos dez anos de luta da entidade. 
 
- Lançamento de cinco novas publicações. 
 
 
 
5.3 - A polêmica sobre o custo da água
 
Falar em caos e na situação crítica dos recursos hídricos em nossa região, 
com certeza é chover no molhado. O que de concreto está sendo feito e onde 
encontrar os recursos necessários são, sem dúvida, as maiores incógnitas. 
Existem as possibilidades de atuação por força da legislação e outras de 
iniciativas da própria região, algumas com a participação direta do Ministério 
Público. 
Para facilitar a compreensão, vamos a uma breve retrospectiva. Em 
dezembro de 91, foi promulgada a lei paulista que institui a política de 
gerenciamento dos recursos hídricos, ela cria como instância maior o Conselho 
Estadual dos Recursos Hídricos, ficando os Comitês de Bacias com a função 
do Parlamento das águas em nível regional, congregando os Estados, Municípios 
e Sociedade Civil. 
A lei estabelece a cobrança pelo uso da água como forma de estimular a 
utilização racional do produto e, ao mesmo tempo, financiar as obras de 
recuperação dos Recursos Hídricos. Permite duas formas diferenciadas de 
gestão - uma delas com a criação de Agências de Bacias, com a função de 
secretariar os Comitês das Bacias, arrecadando e administrando, de forma que 
os recursos permaneçam prioritariamente na própria região onde foram gerados. 
Não existindo a Agência de bacias, tais funções ficam sob a 
responsabilidade do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado. 
Para existir a Agência de Bacia necessita-se da aprovação de lei específica, o 
mesmo ocorrendo com a cobrança pelo uso da água. 
Atualmente, pagamos apenas os serviços pela coleta, tratamento e 
distribuição da água, a referida cobrança seria um valor extra, cobrado por metro 
cúbico consumido, como reserva específica para a recuperação ambiental 
da região de sua origem. 
A grande preocupação demonstrada pioneiramente por Campinas e 
região, foi o recurso ir primeiro para o caixa comum do Estado, para depois 
retornar, tendo um grande e burocrático desgaste de percurso. Fato que levou 
nosso Comitê Regional dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ) a 
aclamar em reunião realizada em Campinas (dezembro de 94), a minuta de 
projeto de lei para criação de agência de bacia.
Passou-se por um processo de discussões até chegar a aprovação da 
minuta do projeto de lei sobre a cobrança pelo uso da água, ocorrida junto ao 
Conselho Estadual dos Recursos Hídricos, em 12 de novembro de 97. 
Recentemente, quando da elaboração de emendas a tal projeto, 
entidades, órgãos e associações representativas de usuários da água, em 
respeito dos aprovado pelos Comitês de Bacias, optaram por respeitar o 
acordo junto ao Conselho Estadual dos Recursos Hídricos. 
Infelizmente, tais ações não foram regra na Assembleia Legislativa e o 
referido projeto, nº 20/98, recebeu dois substitutivos e 102 propostas de 
emendas, publicados no Diário Oficial do Estado, de 17 de fevereiro de 1998. A 
situação exige extrema atenção e minucioso acompanhamento da tramitação 
do projeto de lei junto à Assembleia. 
Tantas emendas com certeza "engessam" o processo. Qualquer solução 
nesta linha leva um tempo que nossa região não pode esperar. Enquanto a lei 
não vem, as concessionárias dos Serviços de Água (DAEs, SAEs, Sabesp e 
outras) vão na medida do possível executando obras e ações para a garantia 
de água tratada de boa qualidade à população e sistemas eficientes de coleta, 
afastamento e tratamento de esgotos. 
Em muitas situações, isto vem ocorrendo devido a ação do Ministério 
Público, mediante fixação de prazos e estabelecimento de cronogramas para 
execução de obras e projeto. Com certeza, a conscientização da população e 
tarifas compatíveis auxiliarão muito em tamanho desafio. Como a maioria das 
captações ocorrem direto nos rios, propicia que a poluição causada por um 
município seja transferida para os que ficam abaixo. Tal situação reforça a 
necessidade da existência de um organismo regional Intermunicipal, como o 
nosso Consórcio dos rios Piracicaba e Capivari. 
 
 
5.4 - O R$ 0,01 / m3 
 
 
 
Os membros do Consórcio contribuem com a sociedade através de duas 
formas: custeio e investimento. A primeira é obrigatória a todos os membros. A 
segunda pode ser uma contribuição de parte ou de todos os membros. A 
contribuição de custeio, como o próprio nome diz corresponde a recursos para 
custeio. Investimentos,como a palavra diz, significa esforços concretos para a
despoluição de nossos rios. Em 1991 e 1992 o Consórcio conseguiu arrecadar 
cerca de R$ 800 mil por ano, sendo R$ 200 mil para custeio e R$ 600 mil para 
investimento. O número de membros era cerca de 20, enquanto hoje é de 40 
municípios e 23 empresas. Este valor de investimento foi de fundamental 
importância, permitindo ao Consórcio realizar convênio com o Governo do 
Estado (DAEE), com isto dobrar os valores investidos em nossa região. Os 
recursos do Consórcio e do DAEE, juntos, permitiram realizar planos diretores 
e projetos em 17 municípios, iniciar os contatos com o BIRD visando um amplo 
programa de investimentos na região, um plano diretor regional de abastecimento 
e emprestar recursos à Prefeitura de Cosmópolis para a construção de uma 
Estação de Tratamento de Esgoto, cujo projeto está sendo também utilizado em 
Piracicaba, Holambra e outros municípios da região. 
Em 1993, a contribuição de investimentos foi suspensa. 
 
Com a posse dos novos prefeitos em 1997 e com apoio do Conselho 
Fiscal e aprovação da Diretoria do Consórcio, a Secretaria Executiva do 
Consórcio ficou encarregada de apresentar uma nova proposta de retorno da 
contribuição de investimento. Esta proposta, constante na Tabela 2 a seguir, 
prevê a contribuição de investimentos através de uma porcentagem da tarifa de 
água e esgoto. Esta forma foi escolhida como a mais adequada, pois permite 
uma real integração dos municípios, um valor uniforme para todos e não significa 
um ônus a sociedade, pois os valores são muito baixos. Apesar de 
individualmente os valores serem baixos, o total representara cerca de R$ 2 
milhões por ano e servirá para ampliar as parcerias significativas, visando a 
despoluição de nossos rios. Assim, esperamos que recursos do FEHIDRO, 
difíceis de serem liberados, possam de fato, serem aplicados em nossa região, 
considerando-se a utilização dos valores arrecadados pelo Consórcio, como 
contrapartidas. Isto significaria a possibilidade de outros R$ 2 milhões por ano. 
As empresas participantes do Consórcio, como a própria Sabesp e as 
empresas privadas, poderão juntar esforços, o que permite acenar com outros 
R$ 2 milhões por ano ou mais. 
O projeto permite que as deliberações sobre a aplicação dos recursos 
sejam públicas, através de critérios estabelecidos pelo Conselho de Municípios 
do Consórcio. Além disto, permite que os recursos, total ou parcialmente, 
sejam colocados sob deliberação do Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba,
 
 
 
 
 
Capivari e Jundiaí, reforçando a atuação desta entidade e compatibilizando os 
recursos arrecadados com o Plano de Bacia, evitando dispersão de esforços. 
 
 
 
 
Tabela 2 - Previsão de arrecadação com o R$0,01/m3 
 MUNICÍPIO Consumo 
 
medido I/s 
Consumo / 
 
dia m3 
Consumo / 
 
mês M3 
Previsão / 
 
mês 
 
R$0,01 / m3 
Previsão / 
 
ano 
 
R$0,01 / m3 
Americana 
 
Amparo 
 
Artur Nogueira 
 
Atibaia 
 
B. Jesus Perdões(*) 
Bragança Paulista 
(*) 
Campinas 
Capivari 
Cordeirópolis 
Corumbataí 
Cosmópolis 
Elias Fausto (*) 
Extrema (*) 
Holambra 
Hortolândia (*) 
Ipeúna 
Iracemápolis 
Itatiba (*) 
Jaguariúna 
Limeira (*) 
Monte Mor (*) 
Nova Odessa 
Paulínia (*) 
462 
 
81 
 
41 
 
148 
 
16 
 
165 
 
2.114 
 
71 
 
32 
 
4 
 
96 
 
12 
 
19 
 
16 
 
164 
 
5 
 
34 
 
113 
 
58 
 
511 
 
45 
 
89 
 
75 
 
2 
39.917 
 
6.998 
 
3.542 
 
12.787 
 
1.382 
 
14.256 
 
182.650 
 
6.134 
 
2.765 
 
346 
 
8.294 
 
1.037 
 
1.642 
 
1.382 
 
14.170 
 
432 
 
2.938 
 
9.763 
 
5.011 
 
44.150 
 
3.888 
 
7.690 
 
6.480 
 
173 
1.197.504 
 
209.952 
 
106.272 
 
383.616 
 
41.472 
 
427.680 
 
5.479.488 
 
184.032 
 
82.944 
 
10.368 
 
248.832 
 
31.104 
 
49.248 
 
41.472 
 
425.088 
 
12.960 
 
88.128 
 
892.896 
 
150.336 
 
1.324.512 
 
116.640 
 
230.688 
 
194.400 
 
5.184 
11.975,04 
 
2.099,52 
 
1.062,72 
 
3.836,16 
 
414,72 
 
4.276,80 
 
54.794,88 
 
1.840,32 
 
829,44 
 
103,68 
 
2.488,32 
 
311,04 
 
492,48 
 
414,72 
 
4.250,88 
 
129,60 
 
881,28 
 
2.928,96 
 
1.503,36 
 
13.245,12 
 
1.166,40 
 
2.306,88 
 
1.944,00 
 
51,84 
143.700,48 
 
25.194,24 
 
12.752,64 
 
46.033,92 
 
4.976,64 
 
51.321,60 
 
657.538,56 
 
22.083,84 
 
9.953,28 
 
1.244,16 
 
29.859,84 
 
3.732,48 
 
5.909,76 
 
4.976,64 
 
51.010,56 
 
1.555,20 
 
10.575,36 
 
35.147,52 
 
18.040,32 
 
158.941,44 
 
13.996,80 
 
27.682,56 
 
23.328,00 
 
622,08 
 
 
 
 Pedra Bela (*) 
 
Pedreira 
Piracaia (*) 
Piracicaba 
Rafard 
Rio Claro 
 
Rio das Pedras 
 
Saltinho 
 
Santa Bárbara d' 
Oeste 
Santa Gertrudes 
São Pedro 
Sumaré 
Tuiuti (*) 
Valinhos 
Vinhedo 
72 
 
26 
 
696 
 
17 
 
385 
 
53 
 
8 
 
359 
 
25 
 
41 
 
362 
 
3 
 
133 
 
80 
6.221 
 
2.246 
 
60.134 
 
1.469 
 
33.264 
 
4.579 
 
691 
 
31.018 
 
2.160 
 
2.542 
 
31.277 
 
259 
 
11.491 
 
6.912 
186.624 
 
67.392 
 
1.804.032 
 
44.064 
 
997.920 
 
137.376 
 
20.736 
 
930.528 
 
64.800 
 
106.272 
 
938.528 
 
7.776 
 
344.736 
 
207.360 
1.866,24 
 
673,92 
 
18.040,32 
 
440,64 
 
9.979,20 
 
1.373,76 
 
207,36 
 
9.305,28 
 
648,00 
 
1.062,72 
 
9.383,04 
 
77,76 
 
3.447,36 
 
2.073,60 
22.394,88 
 
8.087,04 
 
216.483,84 
 
5.287,68 
 
119.750,40 
 
16.485,12 
 
2.488,32 
 
111.663,36 
 
7.776,00 
 
12.752,64 
 
112.596,48 
 
933,12 
 
41.368,32 
 
24.833,20 
TOTAL 6.633 573.091 17.192.736 171.927,36 2.063.128,32 
 
 
 
 
5.5 - Sugestão para aplicação do R$ 0,01 /m3 
 
 
 
Programa I - Atibaia/Quilombo/Piracicaba 
 
 
 
Utilização: Implantação e Operação de Estação de Alerta no Rio Atibaia 
 
Grupo permanente de limpeza de calhas de rios e de 
sensibilização da população 
Apoio financeiro para construção de ETE's nas cidades de 
montante. 
Reflorestamento Ciliar 
 
 
 
Municípios: Americana, Atibaia, Campinas, Hortolândia, Itatiba, Nova Odessa, 
Paulínia, Santa Bárbara d' Oeste, Sumaré, Valinhos e Vinhedo. 
 
 
Total anual: R$ 1.274.948,00 
 
Programa II - Corumbataí 
 
 
Utilização: Grupo permanente de limpeza de calhas e de sensibilização da 
população.
 
 
 
montante. 
 
Apoio financeiro para construção de ETE's nas cidades de
 
 
 
Municípios: Corumbataí, Ipeúna, Piracicaba, Rio Claro e Santa Gertrudes. 
Total anual: R$ 346.800,00 
Programa III - Jaguari/Camanducaia 
 
 
 
Utilização: Implantação e operação de Estação de Alerta. 
 
Grupo permanente de limpeza de calhas de rios e de 
sensibilização da população. 
Apoio financeiro para construção de ETE's nas cidades de 
 
montante. 
 
 
 
Municípios: Amparo, Bragança Paulista, Cosmópolis, Holambra, Jaguariúna, 
Limeira e Pedreira. 
 
 
Total anual R$ 310.725,00 
 
 
 
Programa IV - Capivari e outras sub-bacias 
 
 
Utilização: Reflorestamento ciliar e planejamento do uso do solo das micro 
bacias
 
 
 
população. 
 
Grupo permanente de limpeza de calhas e sensibilização da 
 
 
 
Apoio financeiro para construção de ETE's nas cidades.
Municípios: Artur Nogueira, Bom Jesus dos Perdões, Capivari, Elias Fausto, 
Extrema, Iracemápolis, Monte Mor, Pedra Bela, Piracaia, Rafard, Rio das 
Pedras, Saltinho, São Pedro e Tuiuti. 
 
 
Total anual: R$ 130.630,00 
 
 
 
5.6 - Primeiro Alerta para o "Caos" - 2005 
 
 
 
A Empresa Jaakko Poyry Engenharia Ltda, contratada pelo 
Consórcio Piracicaba- Capivari, no âmbito do convênio Consórcio/DAEE, 
concluiu em 1992, o "Plano Diretor de Captação e Produção de Água para 
Abastecimento Público nas Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari", onde em 
suas conclusões/recomendações apresenta alguns enfoques conforme segue: 
- "Apesar da criticidade atual de alguns dos sistemas de

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