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Sangramento da 1ª Metade Da Gestação - A situação do abortamento é um grave problema de saúde pública, com maior incidência em países em desenvolvimento, sendo uma das principais causas de mortalidade materna no mundo. - Conceito: interrupção da gravidez antes que o embrião ou feto tenham viabilidade - No Brasil, os legisladores não definiram uma idade gestacional limite entre o abortamento e o natimorto. - A OMS e o CID-11 definem abortamento como interrupção da gravidez antes de 20 semanas. Quando IG incerta, o peso menor que 500g pode ser utilizado como critério para definição. - O Conselho Federal de Medicina, através da resolução no 1779/2005, determina que a equipe médica forneça a Declaração de Óbito Fetal em expulsão fetal com IG igual ou superior a 20 semanas. Quando IG incerta, considerar o peso igual ou superior a 500g e/ou estatura igual ou superior a 25cm para o fornecimento da Declaração. - Complicação frequente na gravidez, acontecendo antes mesmo do atraso menstrual muitas vezes - Ocorre abortamento espontâneo em 31% de todas as gestações - 80% ocorrem no primeiro trimestre - Após a 12ª semana, o risco de abortamento reduz significativamente para 1% das gestações - Causas principais: anormalidades cromossômicas – 70% dos casos é uma anormalidade cromossômica no produto conceptual - Causas endócrinas: DM descompensada, tireoideopatias, SOP, deficiência de corpo lúteo - Uso de drogas: → Álcool: efeito teratogênico e pouco conhecimento sobre o nível de segurança na gestação → Tabaco: > 10 tabacos/ dia → Cafeína: > 500mg/dia – não há uma certeza da quantidade de ingesta de cafeína, mas há alguns trabalhos afirmando que pode fazer algum mal, então sempre orienta para ter cuidado com a quantidade de ingesta diária - Causas uterinas: → Sinequias intrauterinas (síndrome de Asherman) – são aderências intraúteros → Miomatose uterina: localização intramurais e submucosos → Insuficiência istmo-cervical (abortamento tardio) – colo frouxo que não tem a resistência correta para manter o bebê intraútero → Malformações: ➢ Bicorno ➢ Didelfo ➢ Septado - Fatores imunológicos: LES, Síndrome Antifosfolípide (SAF) *Sempre pensar em SAF quando ocorre perda fetal ou tenha alguma história obstétrica ruim *O diagnóstico ocorre com a dosagem dos anticorpos laboratorialmente: → Anticorpo anticardiolipina → Anticorpo anticoagulante lúpico → Anti-beta-2-glicoproteina I - Traumas de alto impacto - Não se pune o aborto praticado por médico: I. Se não há outro meio de salvar a vida da gestante II. Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal - Artigo 128 do Decreto Lei nº 2848 de 07 de dezembro de 1940 (Aborto legal) - Supremo Tribunal Federal em 2012 decidiu que inexiste crime na realização do aborto de anencéfalo, caso decisão da mulher I. Quanto a IG de ocorrência II. Quanto a intenção III. Quanto a segurança IV. Quanto ao quadro clínico - História clínica e o exame físico - Sempre suspeitar caso mulher em idade reprodutiva, com ida sexual ativa, com atraso menstrual, com sangramento atípico e cólicas - A paciente pode relatar perda de feto e restos ovulares - Atentar para fraqueza, tonturas, sudorese e perda da consciência - Nos casos com infecção, queixas comuns: dor abdominal continua, sangramento com odor fétido, calafrios e febre - Sangramento genital discreto - Cólica pouco intensa - Colo fechado – precisa fazer o toque vaginal para saber - Volume uterino compatível com a IG - Sem sinais de infecção - USG: feto vivo e pode detectar área de descolamento ovular (o ovo desloca um pouco do endométrio) – pode ser transitório, o ovo pode voltar a se aderir ao endométrio - Beta-hCG positivo - Sangramento genital moderado/ intenso - Cólica pouco intensa - Colo aberto – já mostra que a gravidez não vai evoluir - Saco gestacional em expulsão - Volume uterino compatível com IG - Sem sinais de infecção - Beta-hCG positivo OBS.: USG pélvica não é necessária para o diagnóstico e não pode retardar a resolução. Precisa avaliar hemodinamicamente a paciente. - Eliminação integral do produto conceptual - Redução do sangramento e da cólica após eliminação do conteúdo uterino - Útero menor que o esperado paraIG - Colo já está fechado - USG pélvica mostrará o útero vazio - Beta-hCG decrescente ou negativo - Eliminação parcial do produto conceptual - Sangramento variável - Útero igual ou menor que o esperado para a IG - O colo pode estar fechado ou aberto - USG pélvica – mostra restos ovulares - Beta-hCG decrescente ou negativo - Eliminação parcial do produto conceptual ou saco gestacional presente - Sangramento variável com odor fétido - Útero amolecido e doloroso - Colo fechado - USG pélvica – variável - Febre - Beta-hCG negativo - As infecções são geralmente polimicrobianas - Dor ausente - Sangramento ausente - Útero menor que o esperado para a IG - Colo fechado - Febre ausente - USG pélvica mostra embrião sem batimentos cardíacos - Beta-hCG decrescente ou negativo - Concepto com CCN 7mm sem BCF - Acolher respeitosamente - Não haver juízo de valor e nem julgamento - Empatia Ameaça de abortamento: → Conduta expectante → Uso de antiespasmódicos se cólica → Abstinência sexual → Repouso relativo, sem evidências para indicar internamento → Progesterona – pode ser indicada, mas não está em toda a literatura - Técnicas de esvaziamento uterino: indicado no abortamento incompleto, inevitável, retido ou infectado e na interrupção legal da gestação - Pode ser realizado de forma farmacológica ou mecânica - Para a escolha do método, a equipe de saúde deve levar em consideração: disponibilidade do serviço, capacitação, habilidade, idade gestacional e condições clínicas da mulher OBS.: em condições excepcionais, nas quais esses procedimentos falhem, é possível a realização de uma microcesárea como último recurso MÉTODO FARMACOLÓGICO: - Misoprostol (análogo de prostaglandina) em comprimidos para uso vagina de 25, 100 e 200ug, em ambiente hospitalar - Vantagens: → Menor risco de perfuração uterina e formação de sinequias → Redução dos riscos de sequelas inerentes à dilatação mecânica do colo uterino → Não demanda de procedimento anestésico - Desvantagens: → Resolução em tempo mais prolongado → Comum cólicas, sangramento, náuseas, febres e calafrios → Necessidade eventual de complementação cirúrgica ESVAZIAMENTO CIRÚRGICO: - AMIU: → Menor risco de perfuração uterina → Menor necessidade de dilatação cervical → Menor risco de sinequias → Menos traumático → Método de eleição até 12 semanas → Só pode ser usado em úteros pequenos - Curetagem: → IG > 12 semanas. Precedido do uso de medicamentos → Utiliza na impossibilidade de realizar AMIU → Grande quantidade de material → Maior risco de perfuração e sinequias uterinas → O material sempre deve ser encaminhado para anatomia patológica - Um exame obrigatório em uma paciente que teve o abortamento é o fator Rh, pois se ela for Rh negativo com Coombs indireto negativo, é necessário fazer a prevenção da aloimunização Rh-D com o uso de imunoglobulina anti-D *Dose: → 300 ug, via IM, dose única → 50 ug, via IM, dose única, se < 12 semanas SITUAÇÃO: Paciente com IG de 19 semanas que teve abortamento, mas que não expulsou feto nem placenta. Fez USG que revelou óbito fetal. Paciente internada. Como conduzir? CURETAGEM! *Nesse caso, precisa dar misoprostol para a paciente antes para expulsar o feto e depois fazer a curetagem, se necessário *A partir de 14 semanas, o feto já tem partes ósseas então não tem como trazer o feto puxando, pois pode levar à lesão do útero– o útero precisa contrair e expulsar o feto antes. Manejo do Abdome Agudo: - É quando a implantação e o desenvolvimento da gestação ocorrem fora da sede normal, ou seja, fora da cavidade uterina – pode ser em qualquer local fora do útero - Incidência de 1 a 2% e de 10 a 20/1.000 nascidos vivos - É a principal causa de mortalidade materna no primeiro trimestre de gravidez. - A localização tubária é a mais frequente (90-95%) - A recorrência é incomum – cerca de 15% - O diagnóstico é a partir dos sintomas clínicos da paciente: → Dor sincopal e lancinante: suspeitar de abdome hemorrágico (GE rota) → Hemoperitônio – dor acentuada → Náuseas e vômitos → Dor escapular - Diagnóstico precoce: → História clínica pouco esclarecedora → Tríade clássica de dor abdominal → Atraso menstrual e sangramento genital → Exame clínico não é elucidativo → Exames subsidiários: dosagem de beta-hCG e USTV - Fatores de risco: → GE prévia → Doença inflamatória prévia → Cirurgia tubária → Infertilidade → Endometriose → Usuárias de dispositivo intrauterino – DIU → Anticoncepção de emergência → Tabagismo - Exames subsidiários: → Beta-hCG quantitativo → USTV - A gravidez tópica terá o saco gestacional em cavidade uterina após Beta-hCG 1500-2000 mUI (valor discriminatório de Beta-hCG) *Se beta-HCG ascende aio menos 50% a cada 48h = gravidez tópica viável OBS.: quando faz p beta e dá 800 e o USG não vê gravidez, tem que esperar porque às vezes não deu tempo de ter a resolução para ver a gravidez - A gravidez ectópica integra tem ausência de aco gestacional em cavidade uterina com beta-hCG maior que 1500-2000 mUI - A gravidez ectópica rota é acompanhada de dor abdominal, atraso menstrual, sangramento genital (?), beta-hCG positivo, reação peritoneal (abdome hemorrágico) e massa anexial – NESSE CASO FAZ LAPAROTOMIA CASO ATÍPICO: Beta-hCG positivo e USTV sem localizar a gestação – ausência de saco gestacional na cavidade uterina e ausência de massa anexial. O QUE FAZER? → Repete o Beta-hCG: se sobe pelo menos 50% em 2 dias – gravidez tópica. → Se não subir, esperar até passar de 3500 – se não achar nada, parte para laparotomia - Se beta-hCG ultrapassa 3500 m/UI/ml e não visualiza gravidez tópica na USG – afasta gravidez tópica - Seriar beta-hCG: → Se declínio – somente expectar → Se mantido ou ascensão: tratar como gravidez ectópica íntegra - O tratamento pode ser: → Cirurgia – salpingectomia ou salpingostomia por via laparotômica ou laparoscópica → Tratamento clínico – conduta expectante ou tratamento medicamentoso com metotrexato na gravidez ectópica íntegra - Tratamento cirúrgico na gravidez ectípica: a cirurgia é a conduta padrão ouro *Operação clássica é a salpingectomia por laparoscopia na GE íntegra e por laparotomia nos casos de GE rota com instabilidade hemodinâmica CPNCLUSÃO: MANEJO DO ABDOME AGUDO – ABDOME HEMORRÁGICO - LAPAROSCOPIA - O tratamento clínico, ou seja, a conduta expectante não está bem estabelecida (já existem muitos estudos com metotrexato = MTX - quimioterápico) *Principais critérios preditores de sucesso da conduta expectante são: valores iniciais baixos de beta-hCG e declínio de beta-hCG em 48h (abortamento tubário) CRITÉRIOS PARA INDICAÇÃO DO MTX: → Estabilidade hemodinâmica → Diâmetro da massa anexial inferior ou igual a 3,5cm → Beta-hCG inicial inferior ou igual a 5.000 mUI/mL → Ausência de dor abdominal → Desejo de gravide futura → Termo de consentimento assinado OBS.: Se for maior que 3,5cm e maior que 5.000 mUI/mL, a chance de romper é muito alta *Exames necessário: hemograma, enzimas hepáticas (TGO e TGP) creatinina, tipagem sanguínea ABO-Rh. CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS AO USO DE MTX: → Gravidez intrauterina – tem que se certificar que não é uma gravidez tópica → Imunodeficiência → Anemia → Leucopenia (leucócitos inferiores a 100.000) → Sensibilidade prévia ao MTX → Doença pulmonar ativa → Disfunções importantes hepática e renal → Amamentação → Imagem de GE com embrião vivo → Declínio dos títulos de beta-hCG 24/48h antes do tratamento → Recusa em receber transfusão sanguínea → Impossibilidade de dar continuidade ao acompanhamento OBS.: o uso da medicação é uma alternativa a cirurgia, mas o tratamento padrão é a cirurgia, mas só pode usar a medicação se a gravidez for íntegra. - O protocolo é de dose única – MTX 50mg/m², via intramuscular com resultado de beta-hCG no D1 *Seriar beta-hCG em D4 e D7 após MTX *Redução de beta-hCG acima de 15% entre D4-D7: bom prognóstico, dosagens semanais de beta-hCG até atingirem os níveis pré-gravídicos *Redução de beta-hCG inferior de 15% entre D4-D7: sem resultado, administrar nova dose de MTX, como acima *Caso não ocorra queda de beta-hCG, deverá ser indicada cirurgia - Evitar durante o tratamento: → Relações sexuais até beta-hCG negativo → Exposição solar para diminuir o risco de dermatites por MTX → Bebidas alcoólicas → Aspirina → Comidas e vitaminas que contenha ácido fólico → Concepção até desaparecer a imagem da GE na USTV e por três meses o MTX - Fazer imunoglobulina anti-D em paciente Rh negativo - É a proliferação anormal do tecido trofoblástico placentário. DTG: presença sérica de beta da gonadotrofina coriônica humana (beta-hCG), um hormônio glicoproteico produzido pelo siciciotrofoblásto placentário - São diferentes estágios da doença: → Mola hidatiforme completa: só a placenta degenerada → Mola hidatiforme parcial: placenta estranha e a formação de um embrião incompatível com a vida → Mola hidatiforme invasora: proliferação mais agressiva da mola que invade a parede uterina → Cariocarcinoma (a mola que evolui para o câncer) → Tumor trofoblástico do sítio placentário → Tumor trofoblástico epitelioide - Epidemiologia: → A prevalência da DTG apresenta varação em diferentes regiões do mundo → A prevalência da mola hidatiforme (MH) varia de 23 a 1.300/100.000 gravidezes, enquanto as formas malignas são mais raras (2,5 a 7/100.000 gestações) → Estudos originados em países desenvolvidos costumam citar taxas baixas da doença (1/1.000) a 1.500 gravidezes), ao passo que publicações asiáticas e latino-americanas, frequentemente, referem taxas mais altas (1/12 a 1/500 gravidezes) → No Brasil, estima-se que ocorra um caso de gravidez molar a cada 200 a 400 gestações - Manifestações clínicas: → Sangramento transvaginal de repetição e intensidade variável → Útero maior que o esperado para IG → Náuseas e vômitos → Hipertireoidismo pelo excesso de gonadrotofina: ocorre em torno de 5% das portadoras de gravidez molar NOTA: atentar para sintomas de hipertireoidismo ocorrem em MH com idade gestacional avançada, útero aumentado de volume e hcg maior que 500.000 ui/l → Pode ocorrer pré-eclâmpsia antes da 20ª semana de gestação → Eliminação de vesículas hidrópicas pela vagina, com o sangue → USG: achado de cistos tecaluteínicos – níveis elevados do beta-hCG sobre a teca dos ovários. Esses cistos são frequentemente bilaterais, multioculados - Aspectos citogenéticos da DTG: 1. MHC é o resultado da fecundação de um óvulo vazio por um espermatozoide que se duplica oi por dois espermatozoides, resultando em um ovo com cariótipo 46XX ou 46XY (partenogenoma) 2. MHP é o resultado da fecundação de um óvulo haploide por dois espermatozoides ou duplicação de um espermatozoide, resultando em cariótipo triploide (69XXX, 69XXY ou 69XYY), com excesso de haploide paterno *O excesso de carga genética paterna propicia o crescimento exagerado e hidrópico das vilosidades cariônicas *Esse bebê não tem possibilidade de sobrevida - Diagnostico: → Anamnese → Manifestações comuns à gravidez são exacerbados na gravidez molar: hiperemese →Exame físico e ginecológico → Exame histopatológico: constitui a forma mais comum de confirmação do diagnóstico de MH - Seguimento pós-molar com remissão espontânea da MH: → O principal item do seguimento é seriar beta-hCG quantitativo mensurado semanal ou quinzenalmente, até a normalização por três dosagens consecutivas, seguida de avaliação mensal durante seis meses → O início da contracepção deve ser proposto imediatamente após o esvaziamento uterino e permanece durante o tempo de seguimento → O uso de anticoncepcional hormonal oral é a escolha mais comum das pacientes LEMRAR QUE SANGRAMENTO NA PRIMEIRA METADE DA GRAVIDEZ TEM QUE FAZER EXAME ESPECULAR OBS.: O coombs é um exame que vai traduzir se formou anticorpos anti-D – ou seja, ela sensibilizou ao Rh +. Aimunoglobulina anti-D é para formar anticorpos. Se o coombs for negativo, pode administrar a imunoglobulina porque ela ainda não foi sensibilizada. Se ela tiver o coombs positivo significa que ela já foi sensibilizada então não precisa mais.
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