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Aula Prática – Casos Clínicos 1. Postura e marcha: - Deslocamento anterior do centro gravitacional do corpo (peso adicional de útero, feto, anexos e mamas) - Alteração da postura de forma compensatória: → Lordose lombar → Marcha anserina: ampliação base de sustentação, andar oscilante, passos curtos e lentos - Flexão mantida do pescoço pode causar dor cervical 2. Pele e mucosas - Aparecimento de estrias nas mamas, abdome e nádegas (estiramento da pele) - Hiperpigmentação: linha alba abdome: linha nigra → Vulva, aureolas mamárias → Face e pescoço: cloasma gravídico ou Melasma gravídico - Aumento da vascularização da pele: eritema palmar, telangiectasias 3. Mamas - Aumento do volume a partir de 5-6 semanas (hiperplasia dos elementos glandulares) - Dolorosas e túrgidas - Aumento da circulação venosa (surgimento de veias abaixo da pele): rede de Haller - Aumento da pigmentação dos mamilos e auréolas: sinal de Hunter - Hipertrofia das glândulas sebáceas periaureolares: tubérculos de Montgomery 4. Útero: - Corpo: → Amolecimento (especialmente istmo) – sinal de Hegar → Aumento assimétrico – sinal de Piskacek → Mudança da forma piriforme para globoso (ocupa FSV) – Sinal de Nobile-Budin → Torna-se abdominal após 12ª semana → Contrações de treinamento após 30 semanas: Braxton-hicks - Colo: → Coloração arroxeada → Consistência amolecida → Eversão do epitélio colunae – ectocérvice friável e sangrante 5. Vulva e vagina - Tumefação / hipertrofia dos músculos lisos - Consistencia amolecida (afrouxamento do tecido conjuntivo) - Tonalidade arroxeada (aumento da vascularização): → Vulva e meato urinário: sinal de Jacquemier ou sinal de Chadwick → Vagina: sinal de Kluge 6. Sistema cardiovascular - Volume sanguíneo aumenta de 30-50% - Aumento da pressão venosa de MMII, compressão parcial da VC pelo útero e aumento da resistência do fluxo sanguíneo de retorno - Frequência cardíaca em repouso aumenta cerca de 10bpm - DC aumentado - Palpitações: sistema simpático e pressão intra- abdominal do útero gravídico - Síndrome da hipotensão supina: compressão da VC inferior pelo útero gravídico (orientar decúbito lateral esquerdo, evitando a compressão da VC) 7. Sistema respiratório - Elevação do diafragma pelo útero - Padrão respiratório típico (“dispneia”) - Aumento do volume minuto por aumento do volume corrente - Epistaxe (pela vascularização aumentada – estrogênio) 8. Sistema digestório - Náuseas e vômitos no 1º trimestre - Gengivorragia - Diminuição do peristaltismo pelo efeito da progesterona - Retardo do esvaziamento gástrico e do trânsito intestinal (náuseas e constipação) - Hipotonia e hipoatividade da vesícula biliar - Piorse (refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago) - Hemorroidas 9. Sistema urinário - Aumento da taxa de filtração glomerular (30-5-%) - Dilatação policalicial renal (mais à direita por dextrodesvio uterino) - Estase da urina no sistema coletor (predisposição a ITU) - Polaciúria (1º ao 3º trimestre) - Incontinência urinária (alteração da posição vesical e assoalho pélvico frouxo) 10. Sistema hematológico - necessidade de ferro e ácido fólico - volume das hemácias (33%) - volume plasmático (45%) - hemodiluição - concentração final ( Ht e Hb para 10,5 g/dl) - Leucocitose sem desvio (2 a 3 vezes valor normal) - VHS - resposta imune – propensão a infecções - fibrinogênio e outros fatores Sra Josefa, 25 anos, primigesta, tem certeza da DUM 12/08/2021 e confirmada por USG. Veio a consulta pré- natal. - Qual a DDP? 19/05/2022 - Qual a IG hoje? 9 semanas (1º trimestre) - Quais sintomas comuns nesta fase da gravidez? Náuseas, vômitos, sialorreia, tonturas, mastalgia, dor pélvica. - Quais são as orientações? → Dieta fracionada (6 refeições leves ao dia); evitar frituras, gorduras e alemntos com cheiros fortes ou desagradáveis; evitar líquidos durante as refeições, dando preferência à sua ingestão nos intervalos; ingerir alimentos gelados; gengibre → Caso persistência das náuseas e vômitos: dimedidrato (dramin), meclizina (meclin), metoclopramida (plasil), ondansetrona (vonau) *Atentar para hiperemese gravídica – vômitos que não cedem - Quais exames que devem ser solicitados? Laboratoriais: Hemograma, Tipagem sanguínea e fator Rh (coombs indireto se Rh negativo), Glicemia em jejum, Teste rápido de triagem para hiv/anti-hiv, TR para sífilis e/pu VDRL, Sorologia para hepatite B (HbsAg), Toxoplasmose IgM e IgG, Exame de urina tipo 1 (sumário de urina e urocultura), Citopatológico de colo de útero se for necessário, Parasitológico de fezes. → Ultrassonografia morfológica - Quais vitaminas devem ser passadas? Ácido fólico e sulfato ferroso RECEITA DE JOSEFA: Sra Maria, 30 anos, foi ao posto de saúde, hoje 14/10/2021 para iniciar pré-natal. Primigesta. Refere DUM com certeza em 13/05/2021. Traz resultado USG realizado hoje dia 14/10/2021 com gestação de 20 semanas. - Qual IG pela DUM? 22 semanas - Confere por USG? Não, a margem de erro no 2º trimestre é de 1 semana, então não tem como a DUM ser há 22 semanas. Nesse caso, confia na USG - a idade da IG é de 20 semanas. - Qual a DDP? Pela DUM seria 20/02/2022 (ERRO) e pela USG seria 06/03/2022 (CORRETO) Continuação do caso: queixa-se de azia, obstipação, corrimento vaginal. ➢ PA: 110x70 mmHg; IMC: 24kg/m². ➢ Exame físico segmentar normal. ➢ Exame obstétrico: abdome semigloboso, útero gravídico, BCF: 144bpm ➢ Exame especular: fluxo vaginal abundante, fluido, claro, sem odor ou hiperemia local - Alguma receita médica? - Exame de USG? Morfológico - Orientações? Orientação sobre alimentação, vitaminas, vacinas, exames laboratoriais de 1º trimestre (porque é a primeira consulta dela, então precisa solicitar tudo que ela não fez) - Qual a data de retorno? Frequência mensal Sra Joana, 20 anos, procurou o posto de saúde hoje 14/10/2021 para consulta pré-natal subsequente. G3P2 (PSNV). IG 38 semanas. ➢ Queixa-se de azia, obstipação, dor lombar e “falta de ar”. ➢ Pré-natal de risco habitual, sem intercorrências. Nega patologias. Nega sangramento ou saída de líquido vaginal. ➢ Traz USG realizada há 3 semanas com laudo normal. ➢ PA: 120x80 mmHg; IMC: 26kg/m². exame segmentar normal. ➢ Exame obstétrico: abdome globoso, útero gravíico, altura uterina 34cm, feto único, situação longitudinal, posição à direita, apresentação cefálica, insinuada. Ausculta fetal em QID BCF: 144bpm. Ausência de metrossístoles ➢ Sangramento genital ausente - Solicita exame de USG? Não. - Orientações? Sobre sinais de alarme do trabalho de parto - Qual a data de retorno? Frequência semanal OBS.: só consegue medir a altura do bebê quando ele passa da cicatriz umbilical - As diretrizes nacionais de assistência ao parto normal foram elaboradas por equipe multiprofissional em esforço conjunto para qualificar o modo de nascer no Brasil com ação de: → Comissão nacional de incorporação de tecnologias no SUS(CONITEC) → Secretaria de atenção à saúde do ministério da saúde → Outras instituições, sociedades e associações de profissionais (médicos e de enfermagen) e das mulheres → Foi publicada esta portaria nº 353 em 14 de fevereiro de 2017 - Nos últimos séculos, o avanço da obstetrícia contribuiu com a melhoria dos indicadores de morbidade e mortalidade materna e perinatais. Porém surgiu um modelo que considerava a gravidez, o parto e o nascimento como doenças e não como expressões de saúde, expondo as mulheres e RN em altas taxas de intervenções Modelo atual: uma assitencia menos intervencionisya, mais respeitosa e individual (mulher como protagonista), mantendo a segurança para a gestante e seu filho. Este modelo atual é denominado “assistência ao nascimentobaseado em evidências e no respeito” PARTO HUMANIZADO E FEBRASGO: - Gestantes sem fatores de risco importantes e com pré-natal normal podem ter complicações imprevisíveis (risco habitual) - O modelo de parto domiciliar é desaconselhado pela FEBRASGO - A assistência obstétrica baseada em evidências e no respeito deve ser universal - Gestações de alto risco necessitam de cuidado e monitorização - As taxas de cesariana estão em queda, as indicações são mais claras e a cesárea é um procedimento extremamente importante por reduzir muito as complicações com as gestantes e seus filhos quando há uma indicação adequada BOAS PRÁTICAS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO: - Respeito à autonomia da mulher, assegurando também a beneficência e a não maleficência nesse processo - Comunicação clara, diálogo, vínculo entre a parturiente, família e equipe de assistência ao nascimento → Individualidade: chame as parturientes pelo nome → Interne na fase ativa de trabalho de parto → Direito a acompanhantes → Dietas leves e ingestão de líquidos são permitidas → Não realiza tricotomia → Não prescreva enema ou laxativos como rotina - Assistência ao parto normal de risco habitual: → Médico obstetra → Enfermeiro obstetra → Doula (pessoa capacitada para acolher e incentivar a mulher ter o parto normal) → Pediatra (neonatologista) → Anestesiologista - O que fazer: → Ofereça métodos não farmacológicos de alívio da dor: técnicas respiratórias; uso de água no trabalho de parto; massagens; garantir a presença do acompanhante da escolha da mulher na hora do parto e durante toda a internação; postura acolhedora da equipe de saúde; concentração, visualização e relaxamento com apoio; ambiente de parto → Ofereça analgesia farmacológica do parto: *Analgesia inalatória: o oxido nitroso a 50% em veículo específico pode ser oferecido para alívio da dor no trabalho de parto, quando possível e disponível (os efeitos colaterais: náuseas, tonturas, vômitos e alterações de memória) *Analgesia intramuscular e endovenosa: os opioides (morfina) podem ser utilizados, com alívio limitado da dor (efeitos colaterais: náuseas, sonolência e tontura) *Analgesia regional: a solicitação materna por analgesia de parto é indicação suficiente para a sua realização, independente da fase do parto e do grau de dilatação. A analgesia peridural e a analgesia combinada raqui-peridural (RPC) constituem técnicas eficazes para alívio da dor de parto. A escolha entre elas será influenciada pela experiencia do anestesiologista com a técnica. → Não realize manobra de Kristeller – empurrar a barriga → Não realize episiotomia de rotina – corte no períneo → Respeite a escolha da gestante para a posição mais confortável para o parto → Ausculte o feto a cada 30min no período de dilatação e a cada 5min no período de expulsão. Puxos devem ser espontâneos. → Promova contato pele a pele de mãe e filho imediatamente ao nascimento → Faça clampeamento tardio do cordão → Faça prevenção de hemorragia no pós-parto (ocitocina intramuscular universal)
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