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Legislação_Tributária_e_Comercial

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Disciplina 
Legislação Tributária e Comercial 
 
 
Coordenador da Disciplina 
Professora Lucy Vidal 
 
 
9ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e 
gravada por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores. 
 
Créditos desta disciplina 
 
Realização 
 
 
Autor 
 
Prof.ª Lucy Vidal 
 
 
 
 
Sumário 
 
Aula 01: Direito Societário....................................................................................................................... 01 
 Tópico 01: Teoria geral do Direito Comercial....................................................................................... 01 
 
Aula 02: Atividade Empresarial .............................................................................................................. 04 
 Tópico 01: Atos de Comércio ................................................................................................................ 04 
 Tópico 02: Os Atos de Comércio na legislação brasileira..................................................................... 06 
 Tópico 03: Teoria da Empresa ............................................................................................................... 08 
 Tópico 04: Conceito de Empresário ...................................................................................................... 11 
 Tópico 05: Registro Público de Empresas ............................................................................................. 20 
 Tópico 06: Estabelecimento Empresarial .............................................................................................. 34 
 Tópico 07: Propriedade Industrial ......................................................................................................... 39 
 
Aula 03: Sociedades Empresárias ........................................................................................................... 52 
 Tópico 01: Teoria Geral do Direito Societário ...................................................................................... 52 
 Tópico 02: Sociedades ........................................................................................................................... 60 
 Tópico 03: Dissolução total das sociedades .......................................................................................... 81 
 Tópico 04: Liquidação ........................................................................................................................... 84 
 Tópico 05: Modificações nas Estruturas das Sociedades ...................................................................... 86 
 Tópico 06: Participação Societárias....................................................................................................... 91 
 
Aula 04: Títulos de Crédito ...................................................................................................................... 97 
 Tópico 01: Legislação ............................................................................................................................ 97 
 Tópico 02: Conceito e títulos típicos e atípicos ..................................................................................... 98 
 Tópico 03: Características ..................................................................................................................... 99 
 Tópico 04: Princípio .............................................................................................................................. 101 
 Tópico 05: Classificação dos títulos de crédito ..................................................................................... 104 
 Tópico 06: Endosso ................................................................................................................................ 107 
 Tópico 07: Aval ..................................................................................................................................... 109 
 Tópico 08: Apresentação ....................................................................................................................... 112 
 Tópico 09: Aceite................................................................................................................................... 113 
 Tópico 10: Protesto ................................................................................................................................ 114 
 Tópico 11: Espécies de títulos de crédito .............................................................................................. 117 
 
Aula 05: Contratos Mercantis ...............................................................................................................129 
 Tópico 01: Princípios ...........................................................................................................................129 
 Tópico 02: Compra e venda mercantil.................................................................................................131 
 Tópico 03: Locação Comercial............................................................................................................134 
 Tópico 04: Mandato mercantil.............................................................................................................135 
 Tópico 05: Comissão mercantil ...........................................................................................................136 
 Tópico 06: Representação comercial autônoma ..................................................................................137 
 Tópico 07: Concessão mercantil .........................................................................................................142 
 Tópico 08: Franquia (Franchising) ......................................................................................................145 
 Tópico 09: Contratos bancários ...........................................................................................................150 
 Tópico 10: Alienação fiduciária em garantia .......................................................................................152 
 Tópico 11: Arrendamento mercantil ...................................................................................................153 
 Tópico 12: Faturização (factoring) ou fomento mercantil ..................................................................155 
 
 
 
 
 
Aula 06: Falência e recuperação da empresa ......................................................................................... 157 
 Tópico 01: Falência ................................................................................................................................ 157 
 Tópico 02: Recuperação de empresas .................................................................................................... 181 
 
Aula 07: Noções e âmbito do Direito Tributário .................................................................................... 196 
 Tópico 01: Introdução ............................................................................................................................ 196 
 Tópico 02: O Estado e o Poder de Tributar............................................................................................ 198 
 Tópico 03: Direito Tributário ................................................................................................................ 199 
 Tópico 04: Legislação Tributária ........................................................................................................... 201 
 
Aula 08: Tributo ........................................................................................................................................205 
 Tópico 01: A origem do tributo ............................................................................................................. 205 
 Tópico 02: A história do Tributo no Brasil ............................................................................................ 215 
 Tópico 03: Limitações Constitucionais ao poder de tributar ................................................................. 220 
 Tópico 04: Imunidades tributárias ......................................................................................................... 235 
 
Aula 09: O Sistema Tributário Nacional ................................................................................................ 244 
 Tópico 01: Definição de tributo ............................................................................................................. 244 
 Tópico 02: Competência tributária ........................................................................................................ 247 
 Tópico 03: Espécies de tributos ............................................................................................................. 253 
 
Aula 10: Obrigação tributária e fato gerador ........................................................................................ 271 
 Tópico 01: Hipótese de Incidência ......................................................................................................... 271 
 Tópico 02: Fato Gerador ........................................................................................................................ 272 
 Tópico 03: Obrigação Tributária ........................................................................................................... 274 
 
Aula 11: Crédito Tributário ..................................................................................................................... 294 
 Tópico 01: Crédito Tributário ................................................................................................................ 294 
 Tópico 02: O Lançamento...................................................................................................................... 295 
 Tópico 03: A decadência ....................................................................................................................... 298 
 Tópico 04: A prescrição ......................................................................................................................... 301 
 Tópico 05: Suspensão do Crédito Tributário ......................................................................................... 303 
 Tópico 06: Causas de Exclusão do Crédito Tributário .......................................................................... 309 
 Tópico 07: Causas de Extinção do Crédito Tributário .......................................................................... 312 
 
Aula 12: Impostos da Competência da União, dos Estados e dos Municípios..................................... 318 
 Tópico 01: Impostos Federais ................................................................................................................ 318 
 Tópico 02: Impostos Estaduais e do DF ................................................................................................. 340 
 Tópico 03: Impostos Municipais ........................................................................................................... 353 
 Tópico 04: Repartição Tributária das Receitas ...................................................................................... 363 
 
 
 
 
Legislação Tributária e Comercial 
Aula 01: Direito Societário 
Tópico 01: Teoria geral do Direito Comercial
O Direito Comercial, que junto ao Direito Civil forma o que se denomina Direito 
Privado, surge como um regime jurídico sistematizado com regras e princípios, 
durante a Idade Média. Por obra dos mercadores das praças de comércio italianas, 
do ressurgimento das cidades (burgos) e do renascimento mercantil, sobretudo do 
fortalecimento do comércio marítimo.
Com a ausência de um Estado Centralizado, vivia-se sob o modo de produção feudal, 
em que o poder político era altamente descentralizado nas mãos da nobreza fundiária. E 
como não se tinha normas jurídicas no direito comum para regular as atividades dos 
comerciantes, o direito comercial foi moldado pelos usos e costumes destes. Os usos e 
costumes são leis que se fazem com o tempo. Por isso, chamaram-no direito 
consuetudinário. As regras do direito comercial foram surgindo, assim, da própria dinâmica 
da atividade negocial. Despontam nesse cenário as Corporações de Ofício, as quais, por 
meio de tribunais consulares, resolviam conflitos havidos entre comerciantes mediante a 
aplicação de normas constituídas pelos usos e costumes mercantis. Nesse primeiro 
momento, contudo, as normas comerciais somente eram aplicadas àqueles que fossem 
matriculados na corporação. 
Assim surge a primeira fase do Direito Comercial, período subjetivista: 
as regras eram formuladas com acentuado caráter corporativo e havia 
primazia na observância dos costumes locais.
Em razão do aumento da importância econômica da atividade comercial – os 
comerciantes contratavam cada vez mais com os não comerciantes –, ampliou-se a 
abrangência da jurisdição consular, que passou a conhecer de causas que envolviam 
comerciantes e não comerciantes. O comércio também se intensificou progressivamente 
em função das feiras e navegadores.  Com esta intensificação, o direito comercial também 
evoluiu, e aos poucos a competência dos tribunais consulares foi sendo ampliada, 
abrangendo negócios realizados entre mercadores matriculados e não comerciantes.
Em decorrência da Revolução Francesa de 1789, os costumes das corporações foram 
condenados pela lei de 14-17 de junho de 1791 e todas as regras corporativas 
desapareceram. Foi chamada lei Le Chapelier. Surgem nesse cenário geopolítico mundial 
os grandes Estados nacionais monárquicos, Estes Estados, representados na figura do 
monarca absoluto vão submeter aos seus súditos, incluindo a classe de comerciantes, a 
um direito posto. Poucos anos após, em 1807, foi promulgado o Código Comercial francês, 
1
o qual, encerrando a fase objetiva do direito comercial, inaugurou a sua denominada fase 
objetiva.
Assim surge a segunda fase do Direito Comercial, período objetivista: iniciada 
com o liberalismo econômico preconizada pela burguesia, consolida-se com o 
Código Comercial francês, que influencia a criação do Código Comercial brasileiro.
A jurisdição comercial foi mantida, mas as normas de direito comercial passaram a ser 
aplicadas não mais àqueles regularmente matriculados numa corporação, mas àqueles que 
praticassem atos de comércio, expressamente enumerados no art. 632 do Código 
napoleônico. O direito comercial regularia, portanto, as relações jurídicas que envolvessem 
a prática de alguns atos definidos em lei como atos de comércio.
Na doutrina estrangeira, duas formulações surgiram sobre atos do comércio: 
• a de Thaller, que resumia os atos de comércio à atividade de circulação de bens ou serviços, e
• a de Alfredo Rocco, que via nos atos do comércio a característica comum de intermediação para 
a troca. 
No entanto a teoria dos atos do comércio se mostrou insuficiente para a disciplina do 
mercado, uma vez que não abrangiam atividades econômicas tão ou mais importantes que 
o comércio de bens, tais como a prestação de serviços, a agricultura, a pecuária e a 
negociação imobiliária.
Vimos anteriormente que a noção de direito comercial fundada exclusivamente na 
figura dos atos de comércio mostrou-se uma noção totalmente ultrapassada, já que o 
mercado, em inquietação, sobretudo após a Revolução industrial, acarretou o surgimento 
de diversas outras atividades econômicas relevantes, e muitas delas não estavam 
compreendidas no conceito de “ato de comércio” ou de “mercancia”.
Em1942 a Itália edita um novo Código Civil, adotando a chamada teoria da empresa, 
como um novo sistema delimitador da incidência do regime jurídico comercial. Esta teoria 
desenvolveu-se para corrigir falhas na teoria dos atos de comércio. Para identificar o 
empresário, desconsidera-se a espécie de atividade praticada (atos de comércio ou não), e 
passa a considerar a estrutura organizacional, relevância social e a “atividade econômica 
organizada para o fim de colocar em circulação mercadorias e serviços.”
OBSERVANDO
2
Modernamente, conceitua-se empresa como uma atividade econômica 
organizada, para a produção ou circulação de bens ou serviços, exercida 
profissionalmente pelo empresário, por meio de um estabelecimento comercial. O 
referido conceito tem origem nas lições do autor italiano Alberto Asquini, formulador de 
quatro critérios para a conceituação de empresa. Tema que será melhor estudado no 
próximo capítulo.
Desse modo surge a terceira fase do Direito Comercial, que leva em conta a 
organização e efetivo desenvolvimento de atividade econômica organizada. O direito 
comercial deixou de ser o direito do comerciante (período subjetivo das corporações de 
ofício) ou o direito dos atos do comércio (período objetivo da codificação napoleônica), 
para ser o direito de empresa, o que o fez abranger uma gama muito maior de relações 
jurídicas.
Depois de prestadas as informações acima, podemos conceituar Direito Comercial 
como 
“o complexo de normas jurídicas que regulam as relações derivadas das 
indústrias e atividades que a lei considera mercantis, assim como os direitos 
e obrigações das pessoas que profissionalmente as exercem”, de acordo 
com o grande jurista João Eunápio Borges.
Outro grande doutrinador, Fábio Ulhôa Coelho, em sua obra “curso de Direito 
Comercial” por sua vez, apresenta conceito ligeiramente diverso, vejamos:
Direito Comercial é a designação tradicional do ramo jurídico que tem por 
objeto os meios socialmente estruturados de superação dos conflitos de 
interesse entre os exercentes de atividades econômicas de produção ou 
circulação de bens ou serviços de que necessitamos para viver.
Fontes das Imagens
3
Legislação Tributária e Comercial 
Aula 02: Atividade Empresarial 
Tópico 01: Atos de Comércio
O direito comercial surge como decorrência do renascimento da atividade 
mercantil, por obra dos mercadores das praças de comércio italianas durante a 
Baixa Idade Média. “O direito mercantil é, em primeira análise, o sistema de 
normas reguladoras, na ordem privada, das relações humanas constituintes do 
comércio ou dele emergentes – (FERREIRA, Waldemar Martins. Tratado de 
direito mercantil brasileiro. 2. Ed. São Paulo: Liv. Ed. Freitas Bastos, 1948, v. 1, p. 
27). O direito comercial formou-se dos usos e costumes dos comerciantes, por 
isso, chamaram-no direito consuetudinário. Os usos e costumes são leis que se 
fazem com o tempo, face à ausência do monopólio legiferante por Estados 
nacionais, que ainda não se haviam formado. Para atenderem às suas 
necessidades, os comerciantes organizaram-se em corporações, as quais, por 
meio de tribunais consulares, resolviam conflitos havidos entre comerciantes 
mediante a aplicação de normas constituídas pelos usos e costumes mercantis.
Em decorrência da Revolução Francesa de 1789, os costumes das 
corporações foram condenados pela lei de 14-17 de junho de 1791, e tais regras 
corporativas desapareceram. Foi a chamada lei Le Chapelier. Poucos anos 
após, em 1807, foi promulgado o Código Comercial francês. A jurisdição 
comercial foi mantida, mas as normas de direito comercial passaram a ser 
aplicada não mais àqueles regularmente matriculados numa corporação, mas 
àqueles que praticassem habitualmente atos de comércio, expressamente 
enumerados no art. 632 do Código napoleônico.
Na doutrina estrangeira, duas formulações sobre atos de comércio se 
destacaram: 
• a de Thaller, que resumia os atos de comércio à atividade de circulação de bens ou 
serviços, e 
• a de Alfredo Rocco, que via nos atos de comércio a característica comum de intermediação 
para a troca. 
Porém, tais formulações doutrinárias não convenceram, pois não havia 
como explicar novas formas negociais criadas pelos comerciantes, decorrentes 
da transição do capitalismo comercial ao capitalismo industrial, como, por 
4
exemplo, a prestação de serviços. Outra imperfeição da teoria dos atos de 
comércio consistia na ausência de explicação de porque determinados atos 
praticados por não comerciantes eram reputados comerciais e, portanto, 
sujeitos às normas do direito comercial, sem que aqueles que os praticassem 
fossem reputados comerciantes. É o que chamamos “atos mistos”, ou 
unilateralmente comerciais, já que eram comerciais para apenas uma das 
partes (na venda de produtos aos consumidores, por exemplo, o ato era 
comercial para o comerciante vendedor, e civil para o consumidor adquirente). 
Nesses casos, aplicavam-se as normas do Código comercial para a solução de 
eventual controvérsia, em razão da chamada vis atractiva do direito comercial. 
Apesar das críticas, a teoria francesa dos atos de comércio, por inspiração da 
codificação napoleônica, foi adotada por quase todas as codificações do século 
18, incluindo a do Brasil (Código Comercial de 1850).
5
Legislação Tributária e Comercial 
Aula 02: Atividade Empresarial 
Tópico 02: Os Atos de Comércio na legislação brasileira
Ao longo do século XIX, diversos países seguiram o exemplo da 
codificação francesa, promulgando seus Códigos de Comércio, nos quais 
adotou-se a teoria dos atos de comércio de inspiração francesa.
O Brasil seguiu esse mesmo rumo ao estabelecer, no art. 4º do Código 
Comercial, de 1850, que: “Ninguém é reputado comerciante para efeito de gozar 
de proteção que este Código liberaliza em favor do comércio, sem que se tenha 
matriculado em algum dos Tribunais do Comércio do Império, e faça da 
mercancia profissão habitual”. No regulamento 737, de 25 de novembro de 
1850, considerava-se mercancia:
VERSÃO TEXTUAL 
§ 1º a compra e venda ou troca de efeitos móveis ou semoventes para 
os vender por grosso ou retalho, na mesma espécie ou manufaturados, 
ou para alugar o seu uso;
§ 2º as operações de câmbio, banco e corretagem;
§ 3º as empresas de fábrica; de comissões; de depósito; de expedição, 
consignação, e transporte de mercadorias; de espetáculos públicos;
§ 4º os seguros, fretamentos, riscos e quaisquer contratos relativos ao 
comércio marítimo;
§ 5º a armação e expedição de navios.
Em 1875, o Regulamento 737 foi revogado, mas o seu rol enumerativo dos 
atos de comércio continuou sendo levado em conta, tanto pela doutrina quanto 
pela jurisprudência, para a definição das relações jurídicas que mereciam 
disciplina jurídico-comercial. Outros dispositivos legais também definiam o que 
eram atos de comércio no ordenamento jurídico brasileiro; assim, por exemplo, 
6
consideravam-se atos de comércio, ainda que não praticados por comerciante, 
as operações de letras de câmbio e notas promissórias, nos termos do art. 57 
de Decreto 2.044/1908, e as operações realizadas por sociedades anônimas, 
nos termos do art. 2º, § 1º, da Lei 6.404/1976.
Enquanto na doutrina estrangeira dominava a formulação de Rocco, na 
tentativa de uma conceituação dos atos de comércio, no Brasil ganhou 
destaque a formulação de Carvalho de Mendonça, que dividia os atos de 
comércio em três classes:
a) Atos de comércio por natureza, que compreendiam as atividades típicas de 
mercancia, como a compra e venda, as operações cambiais, a atividade bancária;
b) Atos de comércio por dependência ou conexão, que compreendiam os atos que 
facilitavam ou auxiliavam a mercancia propriamente dita; e
c) Atos de comércio por força ou autoridade de lei, como, por exemplo, o já citado 
art. 2º, § 1º, da Lei 6.404/1976. 
Pode-se concluir que, a exemplo do que ocorreu na Europa, a doutrina 
brasileira também não conseguiuatribuir um conceito unitário aos atos de 
comércio.
7
Legislação Tributária e Comercial 
Aula 02: Atividade Empresarial 
Tópico 03: Teoria da Empresa
Com o avanço da economia, a efervescência do mercado, sobretudo após a 
Revolução Industrial, a noção de direito comercial fundada exclusivamente na 
figura dos atos de comércio, restou completamente ultrapassada, já que novas 
atividades econômicas não estavam compreendidas no conceito de “ato de 
comércio” ou de “mercancia”. Em 1942, a Itália edita um novo Código Civil, 
trazendo a baila um novo modo de antever os institutos jurídicos do direito 
comercial, através da criação da “Teoria da Empresa”. Para identificar o 
“empresário”, desconsidera-se a espécie de atividade praticada (atos de 
comércio ou não), e passa a considerar a estrutura organizacional, relevância 
social e a “atividade econômica organizada para o fim de colocar em circulação 
mercadorias e serviços”. Esta teoria, adotada também pelo nosso Código Civil 
de 2002, acaba com a dicotomia comerciante/não comerciante determinada 
pela teoria dos atos de comércio. Além disso, o Código Civil italiano promoveu a 
unificação formal do direito privado, disciplinando as relações civis e 
comerciais num único diploma administrativo. Devemos observar que a 
unificação provocada no direito privado italiano foi meramente formal, pois 
ainda continuam a existir o direito comercial e o civil como disciplinas 
autônomas e independentes.
VERSÃO TEXTUAL 
Para a teoria da empresa, o direito comercial não se limita a 
regular apenas as relações jurídicas de um determinado ato definido 
em lei como ato de comércio (mercancia). A teoria da empresa faz 
com que o direito comercial não se ocupe apenas com alguns atos, 
mas com uma forma específica de exercer atividade econômica: a 
forma empresarial, assim, em princípio qualquer atividade econômica, 
desde que seja exercida empresarialmente, está submetida à disciplina 
das regras do direito comercial.
8
Tanto na edição do Código Civil italiano em 1942, como na edição do nosso 
Código Civil de 2002, foi adotada a teoria da empresa, como dissemos acima, 
mas inexiste o conceito de empresa nestes diplomas. Na Itália a melhor 
explicação é de Alberto Asquini, que, com sua Teoria Poliédrica da Empresa, 
definiu empresa a partir de quatro perfis: subjetivo, funcional, objetivo e 
corporativo.
Perfil subjetivo
O perfil subjetivo analisa quem exerce a atividade empresarial, ou sela, 
o empresário individual ou a sociedade empresária, que são as pessoas que 
exercem a atividade empresarial. 
Perfil funcional
O perfil funcional é a atividade empresarial que é aquela força em 
movimento dirigida para um determinado escopo produtivo. 
Perfil objetivo
O perfil objetivo é o conjunto de bens necessários para o exercício da 
atividade empresarial, denominada azienda. 
Perfil corporativo
E por fim, o perfil corporativo é a relação entre empresário e seus 
funcionários, que realizam a atividade.
Waldírio Bulgarelli (Tratado de direito empresarial, 2. Ed. São Paulo: Atlas, 
1995) ao explicar a teoria Poliédrica, exclui o perfil corporativo e explica a 
empresa pela soma de três aspectos:
• empresário (perfil subjetivo),
• estabelecimento (perfil objetivo) e 
9
• atividade empresarial (perfil funcional). 
E termina por definir empresa como “atividade econômica organizada de 
produção e circulação de bens e serviços para o mercado, exercida pelo 
empresário, em caráter profissional, através de um complexo de bens”.
É em torno da atividade econômica organizada, ou seja, da empresa, que 
vão gravitar todos os demais conceitos fundamentais do direito empresarial, 
sobretudo os conceitos de empresário (aquele que exerce profissionalmente 
atividade econômica organizada, isto é, exerce empresa) e de estabelecimento 
empresarial (complexo de bens usado para o exercício de uma atividade 
econômica organizada, isto é, para o exercício de uma empresa).
OLHANDO DE PERTO
A título de informação, o novo Código Civil brasileiro derrogou grande 
parte do Código Comercial de 1850, na busca da mesma unificação, ainda 
que formal, do direito privado, inspirada no CodiceCivile de 1942. Do Código 
Comercial resta hoje apenas a parte segunda, relativa ao comércio 
marítimo. 
No Código Civil de 2002 se encontram as regras básicas do direito 
comercial, no Livro II, Título I, do “Direito de Empresa”. Isto é, sua matéria 
nuclear, ficando para disciplinamento em leis específicas temas especiais, 
como o direito de propriedade industrial, as sociedades por ações e o direito 
falimentar.
10
Legislação Tributária e Comercial 
Aula 02: Atividade Empresarial 
Tópico 04: Conceito de Empresário
2.4.1 – Conceito
De acordo com o art. 966 do Código Civil, empresário é que: exerce 
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção de bens ou 
serviços. 
Deste enunciado normativo se extrai os elementos caracterizadores do 
empresário. Consistem estes elementos nos seguintes: 
Elemento 01
a) “Profissionalmente”: só será empresário aquele que exercer determinada 
atividade econômica de forma profissional, ou seja, que fizer do exercício 
daquela atividade a sua profissão habitual;
Elemento 02
b) “Atividade econômica”: o objetivo da atividade econômica é o lucrativo. 
Mas não é só a ideia de lucro que a atividade econômica remete. Ela indica 
também que o empresário, sobretudo do intuito lucrativo de sua atividade, é 
aquele que assume os riscos técnicos e econômicos de sua atividade;
Elemento 03
c) “Organizada”: A “organização significa a preocupação em gerir elementos 
da atividade empresarial como capital, matéria-prima, mão de obra e a 
tecnologia empregada, o melhor local e horário de funcionamento. O 
empresário se preocupa não apenas com a atividade pessoalmente 
exercida e sim com a gestão do todo, para que a atividade final dê o 
resultado esperado. A organização pode significar também a escolha de 
pessoal que desempenhe a gestão dos fatores de produção. A organização 
existe não importando se o empreendimento é grande ou pequeno, afinal 
11
não é a grandiosidade e sim a gestão do todo, que representa a 
organização;
Elemento 04
d) “produção ou circulação de bens ou de serviços”: Por fim esta última 
expressão corrobora a abrangência da teoria da empresa, já que nenhuma 
atividade econômica está excluída a priori, do âmbito de incidência do 
direito empresarial
2.4.2 – Empresário
O empresário é o sujeito da atividade empresarial. Essa atividade pode ser 
realizada por:
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
a) Pelo Empresário individual: que exerce sua atividade como pessoa 
física e assume o risco empresarial, já que não existe um patrimônio da 
pessoa jurídica e um patrimônio da pessoa física; O empresário individual 
não tem personalidade jurídica, ainda que possua CNPJ e que seja 
registrado, mantendo sua existência como pessoa física.
SOCIEDADE EMPRESÁRIAS 
b) Pelas Sociedades empresárias: que exercem a atividade empresarial 
pela contribuição de duas ou mais pessoas, constituindo uma pessoa 
jurídica. Atente para o fato que nas sociedades empresárias, os sócios não 
podem ser chamados de empresários, pois empresária é a sociedade. Os 
sócios serão chamados de sócios, acionistas, cotistas ou investidores. A 
grande diferença entre o empresário individual e a sociedade empresária é 
que esta, por ser uma pessoa jurídica, tem patrimônio próprio, distinto do 
patrimônio dos sócios que a integram. Assim, os bens particulares dos 
sócios, em princípio, não podem ser executados por dívidas da sociedade, 
12
senão depois de executados os bens sociais. O empresário individual, por 
sua vez, não goza dessa separação patrimonial, respondendo com todos 
os seus bens, inclusive os pessoais, pelo risco do empreendimento. Sendo 
assim, pode-se concluir que a responsabilidade dos sócios de uma 
sociedade empresária é subsidiária (já que primeiro devem ser executadosos bens da própria sociedade), enquanto a responsabilidade do empresário 
individual é direta. Ademais, a responsabilidade dos sócios de uma 
sociedade empresária, além de ser subsidiária, pode ser limitada, o que 
ocorre, por exemplo, nas sociedades limitadas e nas sociedades 
anônimas. Nessas sociedades, o sócio se compromete a contribuir com 
determinada quantia para a formação do capital social, e sua 
responsabilidade fica adstrita, em princípio, a esse valor. Integralizado o 
capital (isso significa que todos os sócios já contribuíram com suas 
respectivas quantias), os bens particulares dos sócios não podem ser 
executados por dívidas da sociedade, mesmo que os bens sociais não 
sejam suficientes para pagamento das dívidas. Devem ser ressalvadas as 
hipóteses excepcionais de responsabilidade pessoal e direta dos sócios 
pela prática de atos ilícitos e a possibilidade de desconsideração da 
personalidade jurídica da sociedade (art. 50 do Código Civil);
EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA 
c) Pela Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli, 
modalidade inserida pela Lei 12.441/2011), que exerce a atividade 
individualmente, mas com a constituição de pessoa jurídica. Para a 
constituição da Eireli, o titular constitui uma personalidade jurídica, a partir 
do registro na Junta Comercial, de acordo com a nova redação do art. 44 
do CC/2002. Em virtude da constituição dessa personalidade jurídica, 
haverá um patrimônio do titular da Eireli e outro patrimônio da Eireli 
(pessoa jurídica). Vejamos o Enunciado 470 da V Jornada de Direito Civil: 
“Art. 980-A. O patrimônio da empresa individual de responsabilidade 
limitada responderá pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo 
com o patrimônio da pessoa natural que a constitui, sem prejuízo da 
aplicação do instituto da desconsideração da personalidade jurídica”. 
Outra questão importante é que para a constituição da Eireli é necessário a 
13
integralização do capital social, que deverá ser de pelo menos 100 salários 
mínimos.
2.4.3 – Atividades não empresariais
Existem agentes econômicos que, a despeito de exercerem atividade 
econômica, não são considerados empresários pelo legislador. Esses agentes 
econômicos (indivíduos e sociedades que exercem atividade econômica não 
empresarial) não considerados empresários pelo Código Civil são:
PROFISSIONAIS INTELECTUAIS 
a) Profissionais intelectuais: De acordo com o art. 966, parágrafo único 
do Código Civil de 2002: “não se considera empresário quem exerce 
profissão intelectual ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou 
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de 
empresa”. A atividade exercida por profissionais intelectuais, como por 
exemplo, médico, dentista, advogado, escritor, artista etc, tem como fator 
principal a pessoalidade. O cliente faz a escolha a partir das 
características pessoais do profissional; a escolha, portanto, não é atraída 
pela organização e sim pela confiança gerada pelo profissional. Nesse 
sentido o Enunciado 193 do Conselho de Justiça Federal, aprovado na III 
Jornada de Direito Civil, dispõe: “O exercício das atividades de natureza 
exclusivamente intelectual está excluído do conceito de empresa”. 
Entretanto se a atividade do profissional intelectual constituir elemento de 
empresa, ou seja, quando o prestador dos serviços se impessoaliza, e os 
serviços, até então pessoalmente prestados, passam a ser oferecidos pela 
organização empresarial, perante a qual se torna um mero organizador, 
sua atividade passa a ser empresarial. Nesse sentido, o Enunciado 194 do 
Conselho de Justiça Federal, aprovados na III Jornada de Direito Civil, 
dispõe: “os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo 
se a organização dos fatores de produção for mais importante que a 
atividade pessoal desenvolvida”. Nas clínicas médicas, por exemplo, a 
pessoalidade e a confiança deixam de ser o critério mais importante da 
atividade e a organização da atividade torna-se essencial. Vejamos, para 
complementar o Enunciado 195 do Conselho de Justiça Federal, aprovado 
14
na III Jornada de Direito Civil, determina: “a expressão ‘elemento de 
empresa’ demanda interpretação econômica, devendo ser analisada sob a 
égide da absorção da atividade intelectual, de natureza científica, literária 
ou artística, como um dos fatores da organização empresarial”.
COOPERATIVAS 
b) Cooperativas: As sociedades podem exercer atividades empresariais ou 
não empresariais. Quando o objeto social da atividade for empresarial, 
como definido no art. 966 do CC/02 ou o legislador decidir que a atividade 
é empresarial, teremos as sociedades empresárias. Entretanto, se o objeto 
social for não empresarial, teremos as sociedades simples. No art. 982, 
parágrafo único, entretanto temos que a cooperativa “independentemente 
de seu objeto” será uma sociedade simples. Assim quando o legislador 
trata das cooperativas já impõe que elas sempre serão sociedade simples, 
sem exceção.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS 
c) Sociedade de advogados: O art. 15 da Lei 8.906/1994, que trata do 
Estatuto da Advocacia e da Ordem dos advogados do Brasil OAB, define as 
sociedades de advogados como “sociedade civil de prestação de serviços 
de advocacia. No mesmo sentido, o art. 16 da Lei 8906/94 prescreve que 
“Não são admitidas a registro e nem podem funcionar, as sociedade de 
advogados que apresentem forma ou característica mercantil...” Portanto, 
o posicionamento do legislado é que a sociedade de advogados é uma 
sociedade simples. Lembrando que no regime jurídico anterior ao código 
Civil de 2002, as sociedades simples se denominavam de sociedades civis.
2.4.4 – Empresário Individual
15
Conforme preconiza o Código Civil no seu art. 966; o empresário individual 
é “pessoa física que exerce profissionalmente atividade econômica organizada 
para a produção ou a circulação de bens ou serviços”. O legislador se 
preocupou não apenas em conceituar o empresário individual, mas cuidou 
também de estabelecer um conjunto de regras gerais para a disciplina do 
exercício individual de empresa. Podem exercer atividade empresarial como 
empresário individual de acordo com o art. 972 do CC/2002, “os que estiverem 
em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”.
2.4.4.1 – Capacidade
Só pode exercer empresa quem é capaz, quem está no pleno gozo de sua 
capacidade civil. A plena capacidade civil das pessoas naturais começa aos 18 
anos, desde que conserve a sanidade mental. Se a pessoa tem menos de 16 
anos, ela é absolutamente incapaz (art. 3º do CC), e para o exercício de atos da 
vida civil, precisará de representação. Porém, se a idade é de 16 a 18 anos, a 
pessoa será relativamente incapaz e precisará ser assistida na prática dos atos 
da vida civil. Lembre-se que a incapacidade também pode não ter relação com a 
idade da pessoa e sim com as condições mentais. A regra para a realização da 
atividade empresarial é a capacidade, por isso o incapaz não pode iniciar uma 
atividade empresarial individualmente.
Ocorre que o próprio Código abre duas exceções, permitindo que o incapaz 
exerça individualmente empresa. A matéria está disciplinada no art. 974 do 
CC/2002, o qual prevê que “poderá o incapaz, por meio de representante ou 
devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto 
capaz, por seus pais ou pelo autor de herança”. Assim em caráter de exceção é 
possível à continuação da empresa, que atende ao princípio da preservação da 
empresa que leva em conta não apenas o interesse do incapaz, mas também o 
interesse dos empregados, fornecedores e da sociedade de uma forma geral, 
que podem ser prejudicados pelo encerramento de uma atividade empresarial. 
Nesse sentido é o Enunciado 201 do CJF, aprovado na III Jornada de Direito 
Civil: “o exercício de empresa por empresário incapaz, representado ou 
assistido, somenteé possível nos casos de incapacidade superveniente ou 
incapacidade do sucessor na sucessão por morte”. Assim a continuação da 
empresa ocorrerá se:
16
VERSÃO TEXTUAL 
• O incapaz recebeu a empresa como objeto de herança, portanto a atividade foi 
iniciada por alguém capaz;
• Se a incapacidade foi superveniente ao início da atividade empresarial, de tal modo 
que a incapacidade surgiu posteriormente ao início da atividade empresarial, 
reconhecido judicialmente pelo procedimento de interdição. A autorização para que 
o incapaz continue o exercício da empresa será dada pelo juiz e após a oitiva do 
Ministério Público, conforme determina o art. 82, inciso I, do Código de Processo 
Civil.
Vimos que o empresário individual responde diretamente com todo o seu 
patrimônio pelas dívidas empresariais. Para efetivar uma proteção ao incapaz 
que dá continuidade a atividade empresarial nos casos acima, o legislador, 
excepcionalmente, impôs uma especialização patrimonial, ou seja, haverá uma 
separação patrimonial. Os bens indicados no alvará (que contém a autorização 
judicial) – bens que já eram do incapaz antes de sua interdição e que não estão 
afetados ao exercício da atividade econômica – constituirão um patrimônio 
particular especial (patrimônio de afetação). Ou seja, de acordo com o 
legislador, os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da 
interdição, desde que estranhos ao acervo da empresa, ou seja, desde que não 
tivesse relação com a atividade empresarial, não seriam atingidos pelas dívidas 
da empresa (art. 974, § 2º do CC/2002).
2.4.4.2 – Impedimentos
Além da plena capacidade, é necessária a inexistência de impedimento 
legal para o exercício da atividade empresarial, a fim de preservar o interesse de 
terceiros ou o interesse público em geral. Quem exercer atividade empresarial, 
estando legalmente impedido, responderá pelas obrigações contraídas (art. 973 
do CC/2002).
O Código Civil não trouxe nenhum dispositivo normativo que arrolem 
taxativamente impedimentos legais. Pode-se mencionar apenas o art. 1.011, § 
1º, do Código Civil, o qual prevê que “não podem ser administradores, além das 
pessoas impedidas por lei especial, os condenados a pena que vede, ainda que 
temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de 
prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia 
popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa do 
17
consumidor, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, 
enquanto perdurarem os efeitos da condenação” Atualmente, portanto, afora a 
regra acima transcrita, os impedimentos legais ao exercício da atividade 
empresarial estão espalhados pelo arcabouço jurídico-normativo.
São impedidos de exercer atividade empresarial:
FALIDOS 
a) Falidos: O falido é o empresário ou a sociedade empresária que teve sua 
falência decretada por um dos motivos do art. 94 da Lei 11.101/2005. O 
impedimento surge a partir da decretação da falência e até que sejam 
declaradas extintas suas obrigações (art. 158 da Lei 11.101/2005). No 
caso das sociedades empresárias, não apenas a sociedade é considerada 
falida, como também os sócios que respondem ilimitadamente (art. 81 da 
Lei 11.101/2005);
SERVIDORES PÚBLICOS 
b) Servidores Públicos: Em relação ao servidor público, a proibição recai 
sobre a atividade de empresário individual e administrador de sociedade 
empresária, mas não o impede de ser sócio ou acionista de uma sociedade 
(art. 117 da Lei 8112/90). No mesmo sentido, magistrados (art. 36 da LC 
35/1979) e membros do Ministério Público (art. 44, III, da Lei 8.625/1993);
MILITARES NA ATIVA 
c) Militares na ativa: Os militares na ativa não apenas são proibidos de 
serem empresários individuais ou administradores de sociedades 
empresárias, como também é considerado crime militar tal atuação (art. 
204 do CPM);
18
DEPUTADOS, SENADORES E VEREADORES 
d) Deputados, Senadores e Vereadores: Os Deputados e Senadores não 
podem ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze 
de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público ou 
nela exercer função remunerada (art. 54, II, da CF/88). Os vereadores 
possuem as mesmas restrições (art. 29, IX da CF/1988);
ESTRANGEIROS 
e) Estrangeiros: o estrangeiro não naturalizado e o naturalizado há menos 
de 10 anos não podem explorar empresa jornalística e de radiofusão. 
Essas atividades só podem ser realizadas por brasileiro natos, ou 
naturalizados há mais de 10 anos (art. 222 da CF/99). O estrangeiro 
também não pode exercer atividade empresarial que tenha como objeto a 
exploração e aproveitamento das jazidas e demais recursos minerais, 
inclusive potenciais de energia hidráulica. Essas atividades só podem ser 
exercidas por brasileiros ou pessoas jurídicas brasileiras, mediante 
autorização ou concessão da União (art. 176 da CF/1988).
19
Legislação Tributária e Comercial 
Aula 02: Atividade Empresarial 
Tópico 05: Registro Público de Empresas
O art. 967 do CC/2002 estabelece que o empresário individual e a 
sociedade empresária têm a obrigação de se registrar no Registro Público de 
Empresas mercantis (Junta Comercial). Atente que, embora o registro na Junta 
Comercial seja uma formalidade legal imposta pela lei a todo e qualquer 
empresário individual ou sociedade empresária – com exceção daqueles que 
exercem atividade econômica rural (arts. 971 e 984) – não é requisito para a 
caracterização do empresário e sua subsequente submissão ao regime jurídico 
empresarial. Ou seja, não é o registro empresarial imprescindível para que se 
caracterize a atividade como empresarial. O registro serve para dar regularidade 
para a atividade empresarial. Nesse sentido o Enunciado 199 da III Jornada de 
Direito Civil do CJF, determina que: a inscrição do empresário individual ou 
sociedade empresária é requisito delineador de sua regularidade, e não de sua 
caracterização. 
Portanto, existe empresário e sociedade empresária independentemente do 
registro, mas serão irregulares e como tais podem sofrer falência (art. 1º da lei 
11.101/2005), mas não podem requerer falência de seu devedor (art. 97, § 1º, 
da Lei 11.101/2005) e nem requerer a própria recuperação de empresa (art. 48, 
caput, da Lei 11.101/2005, pela expressão “exerça regularmente suas 
atividades”). Nesse sentido é também o Enunciado 198 do CJF:
A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito 
para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa 
sem tal providência. O empresário irregular reúne os requisitos 
do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da 
legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis 
com a sua condição ou diante de expressa disposição em 
contrário.
O art. 971 do CC/2002 estabelece que quem exerce atividade rural tem a 
faculdade e não a obrigação de se registrar no Registro Público de Empresas 
(Junta Comercial). Assim, quem exerce atividade rural, só terá sua atividade 
considerada como empresarial, submetendo-se ao risco da falência e à 
20
possibilidade de requerer recuperação de empresas, se for registrado no 
Registro Público de Empresas (Junta Comercial). Enquanto não houver registro, 
não existirá atividade empresarial.
Para fazer a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, 
realizado pela Junta Comercial, o empresário individual terá que obedecer às 
formalidade legais previstas no art. 968 do Código Civil, ou seja, fazer 
requerimento que contenha:
I – o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens;
II – a firma, com a respectiva assinatura autografa;
III – o capital;
IV – o objeto e a sede da empresa.
Tratando-se de sociedade empresária, deve-se levar a registro o ato 
constitutivo (contrato social ou estatuto social), que conterá todas as 
informações necessárias.
Os §§ 1º e 2º do 
artigo 
supracitado 
dispõe:com as indicações estabelecidas neste artigo, a inscrição será tomada 
por termo no livro próprio do Registro Público de Empresas mercantis, e 
obedecerá a número de ordem contínuo para todos os empresários 
inscritos”; “à margem da inscrição, e com as mesmas formalidade, serão 
averbadas quaisquer modificações nela ocorrentes.
21
O Código Civil 
ainda 
determina em 
seu art. 969, 
que:
o empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à 
jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá 
também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária.
E complementa, 
no parágrafo 
único do referido 
artigo:
em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário 
deverá ser averbado no Registro Público de Empresas Mercantis da 
respectiva sede.
Vamos conceituar os seguintes termos, que foram utilizados no artigo 969:
Filial
é uma sociedade empresária que atua sob a direção e administração 
de outra, chamada de matriz, mas mantém sua personalidade jurídica e o 
seu patrimônio, bem como preserva sua autonomia diante da lei e do 
público;
Agência
22
empresa especializada em prestação de serviços que atua 
especificamente como intermediária;
Sucursal
é o ponto de negócio acessório e distinto do ponto principal, 
responsável por tratar dos negócios deste e a ele subordinado 
administrativamente.
2.5.1 – Organização do registro da 
atividade empresarial
O Registro Público de Empresas Mercantis é regulamentado pela Lei 
8.934/1994, e tem por finalidade: 
• dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das 
empresas;
• cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País e manter 
atualizadas as informações pertinentes;
• proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem com ao seu cancelamento 
(art. 1º da Lei 8.934/1994).
No seu art. 3º a Lei 8.934/1994 cria o SINREM (Sistema Nacional de 
Registro de Empresas Mercantis), sistema que regula o registro de empresa no 
Brasil. Esse sistema é composto por dois órgãos: 
I – O Departamento Nacional de Registro do Comércio [DNRC], 
órgão central do SINREM, com funções supervisora, orientadora, 
coordenadora e normativa, no plano técnico; e supletiva no plano 
administrativo; II – As Juntas Comerciais, como órgãos locais, 
com funções executora e administradora dos serviços de 
registro.
2.5.1.1 – DNRC
23
O Departamento Nacional de Registro de Comércio (DNCR), órgão federal 
vinculado ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, 
detém as seguintes funções (Art. 4º da Lei 8.934/1994):
• supervisionar e coordenar tecnicamente a execução dos serviços realizados pelas 
Juntas Comerciais;
• estabelecer e consolidar, com exclusividade, as normas e diretrizes gerais do 
Registro Público de Empresas;
• solucionar dúvidas ocorrentes na interpretação das leis, regulamentos e demais 
normas relacionadas ao Registro Público de Empresas, por meio de instruções;
• prestar orientação às Juntas Comerciais, com vistas à solução de consultas e à 
observância das normas legais e regulamentares do registro Público de Empresas 
Mercantis;
• exercer ampla fiscalização jurídica sobre os órgãos incumbidos do Registro 
Público de Empresas mercantis, representando para os devidos fins às autoridades 
administrativas contra abusos e infrações das respectivas normas, e requerendo 
tudo o que se afigurar necessário ap cumprimentos dessas normas;
• estabelecer normas procedimentais de arquivamento de atos de firmas mercantis 
individuais e sociedades empresárias de qualquer natureza;
• promover ou providenciar, supletivamente, as medidas tendentes a suprir ou 
corrigir as ausências, falhas ou deficiências dos serviços de Registro Público de 
Empresas Mercantis;
• prestar colaboração técnica e financeira às juntas comerciais para a melhora dos 
serviços pertinentes ao Registro Público de Empresas Mercantis;
• organizar e manter atualizado o cadastro nacional das empresas mercantis em 
funcionamento no país, com a cooperação das juntas comerciais;
24
• instruir, examinar e encaminhar os processos e recursos a serem decididos pelo 
Ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, inclusive os pedidos 
de autorização para a nacionalização ou instalação de filial, agência, sucursal ou 
estabelecimento no País, por sociedade estrangeira, sem prejuízo da competência de 
outros órgãos federais;
• promover e efetuar estudos, reuniões e publicações sobre assuntos pertinentes ao 
Registro Público de Empresas Mercantis.
2.5.1.2 – Juntas Comercias
As Juntas Comerciais são órgãos existentes em cada unidade da 
federação e subordinam-se ao governo estadual e tecnicamente ao DNRC, com 
exceção da Junta Comercial do Distrito Federal, que se subordina 
administrativamente e tecnicamente ao DNRC. Por esta razão fala-se que a 
Junta Comercial tem natureza híbrida. Em virtude dessa natureza, os atos 
técnicos da Junta, quando questionados judicialmente, são julgados pela 
Justiça Federal, por causa de sua subordinação ao DNRC, que é um órgão 
federal. Por outro lado, os atos administrativos são apreciados pela Justiça 
Estadual.
Pelo fato da Junta Comercial ter uma atribuição estadual, se uma empresa 
tem sua sede num determinado Estado, ela deve ser registrada na Junta 
Comercial do respectivo estado. Além disso, se constituir filial, agência ou 
sucursal em outra cidade, mas no mesmo estado, a regularização da filial será 
pela simples averbação no registro da sede. Por outro lado, se pretender 
constituir filial, agência ou sucursal em outro Estado, precisará averbar a 
constituição da filial, agência ou sucursal no registro da sede e registrar o ato 
de instituição das mesmas na Junta Comercial do Estado onde está a filial (art. 
969 do CC/2002).
A Junta Comercial tem as seguintes atribuições:
Atribuição 01
Matrícula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores públicos e 
intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais;
25
Matrícula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores públicos e 
intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais;
Atribuição 02
Arquivamentos: dos documentos relativos à constituição, dissolução e 
extinção de firmas individuais, sociedades empresárias e cooperativas; dos 
atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei 
6.404/1976; dos atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras 
autorizadas a funcionar no Brasil; das declarações de microempresa; de 
atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao 
registro Público de Empresa mercantis ou daqueles que possam interessar 
ao empresário e às sociedades empresárias;
Atribuição 03
Autenticação dos instrumentos de escrituração (livros comerciais) das 
empresas registradas e dos agentes auxiliares do comércio, as cópias dos 
documentos assentados (arts. 32 e 39 da Lei 9.934/1994).
PARADA OBRIGATÓRIA
O registro da atividade empresarial ocorre em uma das Juntas 
Comerciais espelhadas pelos Estados da federação.
Para as sociedades simples, as fundações e as associações, o local 
correto para a efetivação do registro é o Cartório de Registro Civil de 
Pessoas Jurídicas (art. 998, caput do CC/2002). No caso das sociedades de 
advogados, apesar de serem sociedades simples, são registradas no 
Conselho Seccional da OAB (art. 15, § 1º, da Lei 8.906/1994).
É importante salientar que, por ser a cooperativa uma sociedade 
simples, o local adequado para o seu registro deveria ser no Cartório de 
Registro Civil de Pessoas jurídicas, de acordo com o CC/2002 (art. 998, 
caput), mas, de acordo, com o art. 18 da Lei 5.764/1971 (Lei do 
Cooperativismo) e com o art. 32, II, a, da Lei 8.934/1994, o registro da 
cooperativa continua ocorrendo na Junta Comercial.
26
As Juntas Comerciais possuem a seguinte composição:
• Presidência, composta pelo presidente e vice-presidentenomeado pelo Ministro de 
Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, no Distrito Federal, e nos Estados pelos 
Governadores, essa escolha será feita entre os Vogais. O presidente dirige e representa a 
Junta, além de dar posse aos vogais, dirigir as sessões do plenário e superintender todos 
os serviços, zelando pelo cumprimento das normas e regulamentos. O vice-presidente 
substitui o presidente em suas faltas ou impedimentos (arts. 9º, 22, 23 e 24 da Lei 
8.934/1994);
• Plenário, composto de no máximo 23 vogais e no mínimo de 11 vogais, escolhidos pelo 
Ministro de desenvolvimento Indústria e comércio Exterior, no Distrito Federal, e nos 
Estados pelos governos dos Estados. O Plenário julga os processos em grau de recurso 
(arts. 9°, 10, 11, 19 da Lei 8.934/1994).
• Turmas, compostas por três vogais, cada uma. As turmas julgam os pedidos relativos à 
execução dos atos de registro;
• Secretaria Geral, composta pelo secretário geral nomeado pelo Ministro de 
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, no Distrito Federal, e nos Estados, 
pelos respectivos governadores. A secretaria geral executa os serviços de registro e de 
administração da Junta (arts. 9º, 25, 26 da Lei 8.934/1994).
• Procuradoria, composta por um ou mais procuradores chefiados pelo Procurador que 
for designado pelo Governador de Estado. A procuradoria fiscaliza e promove o 
cumprimento das normas, oficiando, internamente, por sua iniciativa ou mediante 
solicitação da presidência, do plenário e das turmas; e, externamente, em atos ou feitos 
de natureza jurídica, inclusive os judiciais, que envolvam matéria de interesse da Junta 
(arts. 9º, 27 e 28 da Lei 8.934/1994).
2.5.2 – Livros empresariais
Outra obrigação legal imposta a todo empresário, seja empresário 
individual ou à sociedade empresária, é a necessidade de “seguir um sistema de 
contabilidade, mecanizada ou não, com base na escrituração uniforme de seus 
livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar 
anualmente o balanço patrimonial e o resultado econômico” (art. 1.179 do 
CC/2002).
Os livros empresariais possuem as seguintes funções:
27
Administrativa, para que o empresário ou sociedade empresária tenha 
conhecimento do andamento do negócio;
Documental, a fim de servir como meio de prova contra ou a favor do empresário 
ou da sociedade empresária e de suas relações com terceiros;
Fiscal, para fins de tributação e fiscalização dos lançamentos realizados.
Para que os livros cumpram essas funções, eles precisam ser autenticados 
pela Junta Comercial, e para tanto, os apontamentos devem ser feitos em 
idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica, 
sem rasuras, espaços em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras ou emendas 
(art. 1.183 do CC/2002).
Os livros empresariais podem ser obrigatórios ou facultativos. Dentre 
os livros obrigatórios, o único que é obrigatório para qualquer atividade é 
o livro Diário, que pode ser substituído pelo livro Balancetes Diários e 
Balanços, quando o empresário ou a sociedade empresária adotar o 
sistema de fichas de lançamentos (art. 1.185 do CC/2002).
Existem outros livros obrigatórios dependendo da atividade realizada e da 
estrutura empresarial adotada, como por exemplo, o Livro de Registro de 
Duplicatas, que é obrigatório quando ocorre a emissão de duplicatas, ou ainda o 
Livro de Registro de Ações Nominativas, entre outros para as sociedades por 
ações.
Além dos livros obrigatórios, o empresário ou sociedade empresária podem 
adotar outros livros que acharem necessários, como, por exemplo, o Livro de 
Contas Correntes, o Livro de Vendas etc. (art. 1.179, § 1º, do CC/2002).
2.5.3 – Atividade Rural
Quem exerce atividade rural tem a faculdade de se registrar na Junta 
Comercial, afinal nem toda atividade rural é exercida com o objetivo 
empresarial. Ela pode ser exercida com o escopo de subsistência, e até mesmo 
sob forma de cooperativa.
28
OBSERVAÇÃO
O art. 971 do CC/2002, ao declarar, que o “empresário, cuja atividade 
rural constitua sua principal profissão, pode observadas as formalidades de 
que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer a inscrição no Registro 
Público de Empresas Mercantis, da respectiva sede, caso em que, depois de 
inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito ao 
registro”, permite que quem exerce essa atividade, escolha a natureza dela, 
se empresarial ou não.
O mesmo ocorre com a sociedade que exerce atividade rural, já que o art. 
984 do CC/2002 determina que:
a sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria 
de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de 
acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com 
as formalidades do art. 968, requerer a inscrição no Registro 
Público de Empresas mercantis na sua sede, caso em que, 
depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à 
sociedade empresária.
2.5.4 – Atividade Empresarial Irregular
A ausência de registro torna a atividade empresarial irregular, impedindo ao 
empresário a fruição dos benefícios do empresário regular, ou seja:
a) Não terá legitimidade ativa para requerer falência de seu devedor (art. 97, IV e § 
1º, da Lei 11.101/2005);
b) Poderá ter sua falência requerida e decretada, que será necessariamente 
fraudulenta, porque a ausência dos livros empresariais autenticados, por si só, 
constitui crime falimentar (art. 178 da Lei 11.101/2005). Podendo inclusive, 
requerer a autofalência (art. 105, da Lei 11.101/2005).
29
c) Não poderá participar de licitações por falta da inscrição no CNPJ e da ausência 
de matrícula no INSS (art. 28 e 29 da Lei 8.666/1993);
d) Não poderá requerer a recuperação judicial (art. 48 da Lei 11.1010/2005).
2.5.5 – Nome Empresarial
O nome empresarial é o termo usado para identificar o empresário 
individual, a Eireli e a sociedade empresária no exercício da atividade 
empresarial. O nome empresarial pode ser redigido sob as espécies de 
firma ou denominação social (art. 1.155 do CC/2002). A firma por sua vez 
pode ser individual ou social.
A firma individual é redigida a partir do nome civil do empresário individual. 
A firma social, também chamada de razão social é o nome composto pelo 
nome todos os sócios ou de alguns sócios. E a denominação social, por sua 
vez, é um nome inventado.
A firma seja individual ou social, além de identificar o exercente da 
atividade empresarial como sujeito de direitos, exerce a função de assinatura do 
empresário ou da sociedade empresária, respectivamente; a denominação não 
exerce essa função, servindo apenas como elemento identificador. Por essa 
razão o empresário individual deve assinar, nas suas relações empresariais, a 
sua firma individual (por exemplo, Roberto Duarte Serviços de Informática), e 
não o seu nome civil (Roberto Duarte, simplesmente). Do mesmo modo, o 
administrador de uma sociedade empresária que adote firma social deve 
assinar, nos contrato que celebrar em nome da pessoa jurídica, a própria firma 
social descrita no ato constitutivo (por exemplo, Duarte e Vidal Serviços de 
Informática), e não seu nome civil. Em contrapartida, se a sociedade utiliza 
denominação social (por exemplo, Bit Best Serviços de Informática LTDA), o seu 
administrador, nos contratos que celebrar em nome da sociedade, deverá 
assinar o seu nome civil sobre a denominação social impressa ou escrita.
A firma é privativa de empresários individuais e sociedades de pessoas, 
enquanto a denominação é privativa de sociedades de capital.
30
VERSÃO TEXTUAL 
A firma individual é obrigatoriamente utilizada pelo empresário 
individual, que adotará o seu nome civil, abreviado ou completo, 
podendo indicar o ramo da atividade. Por exemplo, alguém chamado 
de Roberto Duarte, pode se registrar na Junta Comercial com o nome 
Roberto Duarte, R. Duarte, Duarte ou Duarte Produtos de Informática.
A firma social ou razão social é obrigatoriamenteutilizada pelas 
Sociedades em Nome Coletivo, Sociedade em Comandita Simples e, 
facultativamente, pela Sociedade Limitada e pela Sociedade em Comandita por 
Ações. Na razão social, o nome empresarial será composto pelos patronímicos 
dos sócios, podendo indicar o ramo da atividade e eventualmente o tipo 
societário. 
EXEMPLO
Vejamos o exemplo: uma sociedade em nome coletivo composta por 
Roberto Duarte, Alan Studart e Vicente Barreto pode utilizar Duarte e Cia; 
Duarte, Studart e Barreto; Barreto e Cia Produtos de Informática.
A denominação social, por outro lado, é um nome inventado, usado 
obrigatoriamente pela S.A. e facultativamente pela Sociedade Limitada e pela 
Comandita por ações. Assim, por exemplo, os sócios Roberto Duarte, Alan 
Studart e Vicente Barreto, poderiam utilizar Informática Bit Best S. A., ou Cia Bit 
Best.
Como vimos a sociedade limitada, por exemplo, pode adotar firma ou 
denominação integrada pela palavra final “limitada” ou a sua abreviatura. Se 
optar pelo uso da firma social, ele será composta com o nome de um ou mais 
sócios, desde que pessoas físicas, de modo indicativo da relação social. Se, 
todavia, optar pelo uso da denominação social, esta deverá necessariamente 
designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou 
mais sócios ou constar apenas uma expressão linguística qualquer (art. 1.158, 
caput,§§ 1º e 2º, do Código Civil).
31
VERSÃO TEXTUAL 
As sociedades em que há sócios de responsabilidade ilimitada, 
como é o caso da sociedade em nome coletivo, operarão sob firma, na 
qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para 
formá-la aditar ao nome de um deles a expressão “e companhia” ou a 
sua abreviatura (art. 1.157, caput, do Código Civil).
A sociedade anônima, por sua vez, opera sob denominação designativa do 
objeto social, integrada pelas expressões “sociedade anônima” ou “companhia”, 
por extenso ou abreviadamente, nos termos do art. 1.160 do Código Civil (por 
exemplo, Fortaleza Alimentos S/A ou Fortaleza Companhia de Alimentos ou 
Companhia fortaleza de Alimentos). O Código ainda destaca que “pode constar 
da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido 
para o bom êxito da formação da empresa (art. 1.160, parágrafo único, do 
Código Civil).
Já a sociedade em comandita por ações pode adotar firma ou 
denominação designativa do objeto social, aditada da expressão “comandita 
por ações” (art. 1.161 do Código Civil), e a sociedade em conta de participação 
não pode ter firma ou denominação (art. 1.162 do Código Civil), uma vez que 
não possui personalidade jurídica própria.
OBSERVAÇÃO
Registre-se também que os empresários individuais ou sociedades 
empresárias que se enquadrem como microempresa ou empresa de 
pequeno porte deverão acrescentar aos seus respectivos nomes 
empresariais as terminações ME ou EPP, conforme o caso (Roberto Duarte 
serviços de Informática – ME , Vidal Produtos de Informática LTDA – EPP).
A Eireli pode usar a razão social ou denominação social seguido da 
terminação Eireli.
32
PARADA OBRIGATÓRIA
É preciso tomar cuidado para não confundir o nome empresarial com 
outros elementos de identificação do empresário, tais como a marca, o 
nome de fantasia (também chamado por alguns de título de 
estabelecimento ou insígnia), o nome de domínio e os sinais de 
propaganda.
A marca é um sinal distintivo que identifica produtos ou serviços do 
empresário (art. 122 da Lei 9.279/1996).
O nome de fantasia é a expressão que identifica o título do 
estabelecimento.
O nome de domínio é o endereço eletrônico dos sites dos empresários 
na internet.
33
Legislação Tributária e Comercial 
Aula 02: Atividade Empresarial 
Tópico 06: Estabelecimento Empresarial
Estabelecimento comercial é conceituado por Oscar Barreto Filho como “o 
complexo de bens materiais e imateriais, que constituem o instrumento 
utilizado pelo comerciante para a exploração da atividade comercial” (Barreto 
Filho, Oscar. Teoria do estabelecimento comercial. 2 ed. São Paulo: saraiva, 
1988). Os bens materiais são aqueles que guarnecem o espaço físico da 
empresa, como cadeiras, mesas, balcão, computador, as mercadorias 
propriamente ditas etc. Enquanto que os bens imateriais são aqueles bens 
intangíveis, como a marca, patente, o ponto comercial, o nome empresarial, o 
título do estabelecimento etc. A tudo isso se soma a organização desenvolvida 
pelo empresário ou sociedade empresária, que reúne, escolhe e altera este 
conjunto de bens, agregando a eles um valor adicional. Há dois elementos 
primordiais e relevantes na noção de estabelecimento: primeiro, o complexo de 
bens; segundo, a organização.
VERSÃO TEXTUAL 
A natureza jurídica do estabelecimento é vista, por grande parte da 
doutrina, como uma universalidade de fato, ou seja, a reunião de bens, 
que existem isoladamente, podem ser negociados isoladamente, mas 
estão junto pela vontade do empresário ou da sociedade empresária 
(art. 90 do CC/2002).
Além dos bens materiais e imateriais que são os elementos que compõe o 
estabelecimento, existem bens que são atributos, qualidades do 
estabelecimento. Os atributos são resultado da organização dos bens que 
fazem parte do estabelecimento. São eles o aviamento e a clientela.
2.6.1 – Aviamento
34
O aviamento é a capacidade de um estabelecimento para produzir 
resultados, para gerar lucros. Sua existência está vinculada ao estabelecimento, 
embora não se confunda com este. A doutrina ainda costuma subdividir o 
aviamento em objetivo (ou real) quando derivado de condições objetivas, como 
o local do ponto; e subjetivo (ou pessoal), quando derivado de condições 
subjetivas, ligadas às qualidades pessoais do empresário. É em função do 
aviamento, sobretudo, que se calcula o valor de um estabelecimento 
empresarial. É por isso que muitas vezes um determinado estabelecimento é 
vendido por preço superior ao seu valor patrimonial, o qual representa apenas 
uma mera soma de bens que o compõem.
2.6.2 – Clientela
A clientela é o grupo de pessoas que realizam negócios com o 
estabelecimento de forma continuada. Clientela não é sinônimo de freguesia. 
Enquanto a clientela mantém relações continuadas, a freguesia apenas se 
relaciona com o estabelecimento em virtude do local (ponto) onde ele se 
encontra. A clientela é uma manifestação externa do aviamento, significando 
todo o conjunto de pessoas que se relacionam constantemente com o 
empresário.
2.6.3 – Trespasse
O estabelecimento pode ser cedido temporariamente ou definitivamente. A 
cessão temporária acontece pelo usufruto ou arrendamento. A cessão definitiva 
do estabelecimento ocorre com a sua alienação (art. 1.143 do CC/2002). Ao 
contrato de alienação do estabelecimento damos o nome de trespasse. 
Trespasse é a alienação do estabelecimento de um empresário ou sociedade 
empresária para outro empresário ou sociedade empresária. Para que haja a 
alienação do estabelecimento deve-se obedecer a algumas formalidades que 
são:
Formalidade 01
1) Averbação da alienação na Junta Comercial e a publicação no DOE (art. 
1.144 do CC/2002);
Formalidade 02
35
2) Concordância expressa ou tácita dos credores, se os bens do alienante 
não forem suficientes para saldar as dívidas deixadas no estabelecimento, 
até 30 dias após a notificação ou o pagamento antecipado das dívidas. A 
ausência desta notificação permite ao credor que não foi notificado, ou que 
foi notificado, mas não concordou com o trespasse, e nem recebeu o 
pagamento adiantado, a possibilidade de requerer a falência do alienante 
pela prática de atos de falência (art. 94, III, c, da Lei 11.101/2005). E, uma 
vez que a falência tenha sido decretada, ocorre a ineficácia do trespasse, 
podendo os credores da massa atingirem o estabelecimento nas mãos do 
adquirente (art. 129, VI, da Lei 11.101/2005); ressaltamos que, se o 
alienante possui bens suficientes para saldar as dívidas, não é necessárioa 
notificação e muito menos a concordância dos credores, bem como efetuar, 
antecipadamente, o pagamento de credores.
A responsabilidade pelas dívidas contraídas anteriormente ao trespasse é 
do adquirente do estabelecimento, desde que as mesmas estejam regularmente 
contabilizadas. Vale lembrar que o alienante responde solidariamente pelas 
dívidas durante 1 ano, conforme a seguinte regra: 
• em se tratando de dívidas vencidas, conta-se 1 ano a partir da transmissão do 
estabelecimento;
• referindo-se a dívidas vincendas, conta-se 1 ano a partir da data de vencimento de 
cada uma (art. 1.146 do CC/2002).
Nos casos dos contratos de trabalho, em virtude da sucessão trabalhista, 
quem assume as obrigações, mesmo que não contabilizadas, é o adquirente 
(arts. 10 e 448, da CLT). Restará apenas ao adquirente cobrar regressivamente 
do alienante, se houver previsão no contrato de trespasse. O adquirente de 
qualquer forma assume a responsabilidade, mesmo que no contrato exista 
cláusula em sentido contrário. Isso porque a regra de sucessão é de ordem 
pública e não pode ser alteradas pelas partes.
36
OLHANDO DE PERTO
Nas dívidas fiscais, o adquirente responde pela totalidade das 
obrigações, se o alienante cessou sua atividade econômica. Mas o 
adquirente responderá subsidiariamente, se o alienante prosseguir na 
exploração da atividade econômica ou iniciá-la em até 6 meses da 
alienação. (art. 133 do CTN). Ainda que contratualmente esteja escrito que 
o adquirente não responderá pelos débitos fiscais contraídos antes do 
trespasse, esta cláusula não pode ser oposta perante o Fisco, mas serve 
para que posteriormente o adquirente tenha direito de regresso contra o 
alienante.
Para evitar que o alienante, ao vender o estabelecimento, se restabeleça na 
mesma atividade, e acabe desviando a clientela que foi negociada com o 
trespasse, é possível proibir o restabelecimento na mesma atividade, numa 
determinada região de atuação. É o que preconiza o art. 1147 do CC/2002, que 
determina que o alienante não poderá restabelecer-se em ramo idêntico de 
atividade nos 5 anos que se seguirem à transferência, salvo expressa 
autorização em contrato. É possível, portanto, que no contrato, seja 
determinado um prazo diferente dos 5 anos, podendo inclusive, determinar que 
não existe a obrigação de não se restabelecer.
Como regra o trespasse importa em sub-rogação dos contratos estipulados 
para a exploração do estabelecimento (art. 1.148 do CC/2002). Para que a 
sucessão dos contratos ocorra, é imprescindível que tenha relação com a 
atividade empresarial, e que não tenha caráter pessoal, ou seja, não tenha sido 
baseado nas características pessoais do empresário ou da sociedade 
empresária. A locação e mandato são exemplos de contratos com caráter 
pessoal. É nesse sentido que afirma o Enunciado 234 do CJF:
Quando do trespasse do estabelecimento empresarial, o contrato de 
locação do respectivo ponto não se transmite automaticamente ao 
adquirente.
No mesmo sentido o art. 13 da Lei 8.245/1991. É possível, entretanto, que o 
locador autorize expressamente o trespasse, previamente no contrato de 
locação. Quanto aos devedores o trespasse só produzirá efeitos, a partir de sua 
37
publicação, mas os devedores que efetuarem o pagamento ao alienante, ficarão 
isentos da obrigação, tendo agido de boa fé. Restando ao adquirente cobrar o 
pagamento do alienante (art. 1.149 do CC/2002).
38
Legislação Tributária e Comercial 
Aula 02: Atividade Empresarial 
Tópico 07: Propriedade Industrial
O direito de propriedade industrial compreende o conjunto de regras e 
princípios que conferem tutela jurídica específica aos elementos imateriais do 
estabelecimento empresarial, como as marcas e desenhos industriais 
registrados e as invenções e modelos de utilidade patenteados.
VERSÃO TEXTUAL 
O direito de propriedade industrial é espécie do chamado direito 
de propriedade intelectual gênero de chamado de propriedade 
intelectual, que também abrange o direito autoral. Assim, o direito o 
direito de propriedade intelectual é gênero, do qual são espécies o 
direito do inventor (direito de propriedade industrial), intrinsecamente 
ligado ao direito empresarial, e o direito do autor (direito autoral). 
Lembre-se que o direito autoral protege a obra em si, enquanto o 
direito de propriedade industrial protege uma técnica.
A propriedade autoral começa a partir da criação intelectual e não a partir 
do registro nos órgãos competentes, sendo estes apenas atos declaratórios que 
conferem a formalidade da proteção sobre o direito autoral. De outro modo, a 
propriedade industrial é protegida a partir do ato administrativo conferido pelo 
Instituto Nacional de propriedade Industrial, ou seja, da concessão da patente, 
do registro da marca e do desenho industrial. Por essa razão, pode-se afirmar 
que o ato administrativo, nesse caso, tem natureza constitutiva, vez que a 
proteção começa não pela criação, mas pelo reconhecimento do INPI. A 
proteção da propriedade industrial alcança tanto a inovação, a ideia de 
invenção, e até mesmo a forma pela qual a ideia se exterioriza. Vamos 
concentrar os nossos estudos no direito de propriedade industrial, já que cuida 
das criações voltadas à exploração da atividade econômica, ou seja, voltado 
para o regime jurídico do direito comercial.
39
A nossa Constituição de 1988 cuida dos direito de propriedade industrial na 
parte dos direitos e garantias individuais, estabelecendo, em seu art. 5º, inciso 
XXIX, o seguinte: 
a lei assegurará aos autores dos inventos industriais privilégio 
temporário para a sua utilização, bem como proteção às criações industriais, 
à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos 
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento 
tecnológico e econômico do País.
A lei que se refere o dispositivo constitucional é a Lei 9.279/1996 – Lei de 
propriedade Industrial (LPI), regulando os direitos e obrigações relativos à 
propriedade industrial no Brasil, estabelecendo em seu art. 2º, que:
a proteção dos direitos relativos á propriedade industrial, considerando 
o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, 
efetua-se mediante: I – concessão de patentes de invenção e de modelo de 
utilidade; II – concessão de registro de desenho industrial; III – concessão de 
registro de marca; IV – repressão às falsas indicações geográficas; e V – 
repressão à concorrência desleal.
Os bens protegidos pelo direito de propriedade industrial são, portanto, 
quatro: a invenção e o modelo de utilidade, protegido mediante concessão de 
patente (instrumentalizado por meio da respectiva carta-patente); e a marca e o 
desenho industrial, protegidos mediante a concessão do registro 
(instrumentalizado por meio de certificado de registro).
2.7.1 – Instituto nacional da Propriedade 
Industrial (INPI)
Os direitos de propriedade industrial são concedidos, no Brasil, pelo 
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que é uma autarquia federal, 
vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a 
qual possui a atribuição de conceder privilégios e garantias aos inventores e 
criadores em âmbito nacional. O art. 2º da Lei 5.648/1970, com a redação pela 
LPI, dispõe que o INPI:
40
tem por finalidade principal executar, no âmbito nacional, as 
normas que regulam a propriedade industrial, tendo em vista sua 
função social, econômica, jurídica e técnica, bem como 
pronunciar-se quanto à conveniência de assinatura, ratificação e 
denúncia de convenções, tratados, convênios e acordos sobre 
propriedade industrial.
2.7.2 – Patentes (invenção e modelo de 
utilidade)
A LPI afirma que: é patenteável a invenção que atenda aos requisitos de 
novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.
Quanto ao modelo de utilidade, a LPI afirma no seu art. 9º, que se trata de: 
objeto de uso prático, ou parte

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