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AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

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RELATÓRIO DE AUTOS FINDOS: AÇÃO DE IMPROBIDADE 
ADMINISTRATIVA 
 
Hanna Kalyne Ramos F. Gomes 
Jaqueline Lima Ribeiro 
Talita Paula de Bastos 
Tamires de Assis Leal 
 
 
DADOS DO PROCESSO: 
AUTOR: Ministério Pública do Estado de Rondônia 
RÉUS: Deocleciano Ferreira Filho e Hélio José Silva Rego 
 
QUALIFICAÇÃO DAS PARTES: 
AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE RONDÔNIA, por seu promotor de 
Justiça Marcus Alexandre de Oliveira Rodrigues. 
RÉUS: DEOCLECIANO FERREIRA FILHO, brasileiro, divorciado, Prefeito de 
Corumbiara/RO, portador dos documentos RG nº 516.781 SSP/RO e CPF nº 499.306.212-53, 
residente na rua Ana Martins, nº 1934, Corumbiara/RO. 
HÉLIO JOSÉ SILVA REGO, brasileiro, convivente, professor, portador dos documentos RG 
nº 674.940 SSP/RO e CPF nº 659.159.842-15, residente na Linha 4ª Eixo (entre linhas 2 e 3), 
Cerejeiras/RO. 
 
 
RESUMO DO CASO APRESENTADO 
 
O presente estudo de caso trata de uma análise de ação de improbidade administrativa 
proposta pelo Ministério Público do Estado de Rondônia, por intermédio do promotor de justiça 
Marcus Alexandre de Oliveira Rodrigues, em desfavor de Deocleciano Ferreira Filho e Hélio 
José Silva Rego. 
O suposto ato ímprobo realizado pelo prefeito de Corumbiara, Deocleciano, e pelo 
secretário de educação do município, Hélio, consistiu-se no uso ilegal de seis ônibus escolares 
adquiridos com verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e da 
Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), pertencentes ao Município de 
Corumbiara. A utilização dos veículos escolares foi autorizada pelos requeridos para o 
transporte de eleitores que votariam nas eleições de administrador distrital. 
Nos fatos expostos verifica-se que o uso ilegal dos bens foi denunciado anonimamente 
para o vice-presidente do Conselho de acompanhamento e Controle Social do FUNDEB, Sr. 
Luiz Carlos Dala, que buscou conversar com o prefeito requerido para examinar se Deocleciano 
possuía autorização judicial que permitisse o uso dos ônibus escolares para o transporte de 
eleitores. Contudo, constatou-se a inexistência de autorização e, portanto, ficou expressa a 
presença do dolo e da responsabilidade direta do prefeito e do secretário de educação que desde 
o princípio sabia que os veículos seriam utilizados. Portanto, constatou-se que ao autorizar o 
uso dos veículos os requeridos assumiram toda a responsabilidade sobre o ocorrido. 
Diante do uso irregular dos transportes escolares, o Ministério Público alegou que o ato 
proporcionou prejuízo ao erário municipal, dado o desgaste dos bens e a utilização de 
combustíveis municipais para fins diversos aos quais são destinados. Portanto, em linhas gerais 
pode-se alegar que os principais requerimentos do MP foram a notificação dos requeridos, a 
contestação dos mesmos e o julgamento procedente da ação para que os requeridos viessem a 
ser condenados e tivessem as sanções previstas em lei aplicadas a eles. 
 
 
ARGUMENTAÇÃO DO MP 
 
O Ministério Público traz em sua fundamentação jurídica a má utilização dos ônibus 
escolares, afirmando que seu uso deve ser restrito a finalidade de atender a rede pública de 
ensino, e qualquer uso não justificado e amparado legalmente viola a Resolução nº 18/2012 do 
FNDE, uma vez que os veículos foram adquiridos com os recursos do FUNDEB. 
Dessa forma, o descumprimento da resolução supracitada enquadra o servidor público 
em ato de improbidade administrativa, dado que o agente tinha conhecimento de que tal ação 
desviaria a finalidade do bem público (art. 10, BRASIL, 1992). Vale ressaltar que o transporte 
em dia de eleição é fornecido pela Justiça Eleitoral, posto que a mesma requisita os 
automotores, devendo estes ficarem a sua disposição. (BRASIL, 1974) 
Ademais ao ser questionado sobre a autorização para o trânsito dos automóveis fora da 
função devida, o mesmo assegurou que a teria, contudo não havia o documento, ou seja, não 
houve tal requisição pela zona eleitoral responsável pelas eleições, assumindo dessa forma o 
dolo, violando os princípios constitucionais da administração pública elencados no artigo 37 da 
Carta Magna. 
 
 
DEFESA UTILIZADA PELA PARTE RÉ 
 
O Ministério Público iniciou a ação de improbidade contra o requerido, articulando que 
este fez uso indevido de seis ônibus escolares para transportar a comunidade eleitora no dia das 
eleições de administrador distrital ocorrida em 05/05/2013. Também reitera que o requerido 
praticou abuso de poder ao afastar o Sr. Luiz Carlos Dala da função de Diretor da Escola 
Municipal Helicônia. Isto posto, ajuizou a condenação do requerido em R$72.000,00, 
equivalente seis vezes a remuneração bruta do requerido Deocleciano. 
O município de Corumbiara é composto por quatro distritos, os quais são distantes e 
afastados da cidade, além de possuir vários assentamentos, que precisam do administrador 
distrital criado pelas Leis Municipais nº 41/1993 e 383/2003. Havendo necessidade de realizar 
uma nova eleição para administrador do distrito no ano de 2013, a mesma foi comunicada à 
Justiça Eleitoral e solicitadas urnas, que prontamente a disponibilizou. 
Cabe informar que as linhas que ligam os distritos circunvizinhos a cidade não possuem 
transportes coletivos, assim sendo, o prefeito\requerido observou que havia a necessidade em 
disponibilizar transportes escolares para que fosse feito o translado dos eleitores, contudo os 
veículos foram utilizados com propósitos públicos. 
É de conhecimento público que a Lei Federal nº 6.091 de 15 de agosto de 1974 autoriza 
a disponibilização de veículos e embarcações para transporte de eleitores, conforme o artigo 1º. 
 
“Art. 1º. Os veículos e embarcações, devidamente abastecidos e tripulados, 
pertencentes à União, Estados, Territórios e Municípios e suas respectivas autarquias e 
sociedades de economia mista, excluídos os de uso militar, ficarão à disposição da 
Justiça Eleitoral para o transporte gratuito de eleitores em zonas rurais, em dias de 
eleição.” 
 
O acesso ao transporte garante a locomoção dos eleitores à sua seção eleitoral, com isso 
permitindo com que comunidade cumpra com o seu dever cidadão e exerça seu direito ao voto, 
o que enseja a mudança e melhorias esperadas em cada eleição. 
É errôneo pensar que houve perseguição e abuso de poder por parte do requerido para 
com o servidor Luiz. Podemos analisar que ocorreu um abalo de confiança entre o servidor e o 
requerido, tendo em vista que o mesmo sabia do traslado dos eleitores através dos ônibus 
escolares e não expôs suas objeções a respeito, deixando para revelar suas sugestões contrárias 
no dia das eleições, com intuito de causar desavenças e deixar o requerido em descrédito. 
É sabido que cargos gratificados são livres de nomeação e exoneração, não constituindo 
crime a exoneração, pelo contrário, configura ato discricionário do administrador. Por 
conseguinte, perdendo a confiança do servidor por premeditação do mesmo, o requerido não 
comete abuso de poder algum em demiti-lo do cargo. 
 
 
SENTENÇA IDEAL 
 
Verifica-se que no caso em análise existe violação e execução dos princípios 
administrativos, ficando evidente que o prefeito ao realizar o ato de usar ônibus da repartição 
pública para transportar eleitores teve que colocar em uma balança moral e verificar quais 
princípios seriam mais importantes para serem seguidos. 
Assim, conforme já exposto, o Ministério Público alegou que o prefeito de Corumbiara 
descumpriu o mandamento da impessoalidade e da moralidade. Contudo, tais princípios não 
foram violados, dado que o membro do executivo ao utilizar patrimônio público destinado 
exclusivamente aos estudantes, para servir eleitores, buscou garantir que tais indivíduos 
exercessem a sua cidadania e participassem do sistema democrático, que no caso em comento 
não iria o favorecer, visto que ele não era um dos candidatos da eleição. 
Nesse ínterim, verifica-seque ao sujeitar os veículos escolares a um gasto de peças, 
pneus, combustível e lubrificantes a moralidade e a impessoalidade não foram afastadas, os 
interesses da administração foram preservados, a eficiência dos serviços prestados aos cidadãos 
fora mantida, a razoabilidade e a proporcionalidade estiveram presentes, o ato foi motivado e 
contínuo, haja vista que o prefeito não interrompeu a sua ação quando foi confrontado pelo Sr. 
Luiz Carlos Dala, e em momento algum agiu em desconformidade com a lei, dado que a 
interpretação do embasamento legal utilizado pelo Ministério Pública pode ser interpretado de 
maneira analógica no caso em que inexiste uma norma específica. 
Portanto, é ilegítimo, reprovável e contrário às regras básicas de comportamento 
condenar os requeridos, Deocleciano Ferreira Filho e Hélio José Silva Rego, pela prática de 
atos de improbidade administrativa, uma vez que ambos agiram profissionalmente no 
desempenho de atividades públicas relevantes e praticaram ato em conformidade com o 
princípio da supremacia do interesse público, indisponibilidade do interesse público, princípio 
da razoabilidade e proporcionalidade, motivação, legalidade, eficiência, continuidade, como 
será discutido e argumentado a seguir. 
Por todo exposto, torna-se improcedente o pedido de condenação apresentado pelo 
Ministério Público. 
 
 
TESE ACOLHIDA PARA FUNDAMENTAR A DECISÃO 
 
A administração pública brasileira é exercida sobre os pilares de cinco princípios que 
determinam como devem ocorrer as relações jurídicas, sendo eles o princípio da legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, os quais já mencionados anteriormente. 
Quando observado um conflito em que se pese dois princípios distintos, não há um que se 
sobressaia via de regra, cabendo sempre a ponderação do que se aplica melhor ao caso concreto. 
Na lide em questão, questiona-se a moralidade em face do princípio da eficiência. O 
princípio da moralidade “prega um comportamento do administrador que demonstre haver 
assumido como móbil da sua ação a própria idéia do dever de exercer uma boa administração 
(DELGADO, 1992, p. 3).” Enquanto o princípio da eficiência visa uma administração pública 
livre de burocracias desnecessárias, alcançando com primazia os fins necessários, sem 
transpassar a linha da legalidade, mas obtendo bons resultados de forma simples e prática. 
(CAMARGO; GUIMARÃES, 2013, p. 136) 
No caso concreto, conforme anteriormente mencionado, não se observa quebra do 
princípio da moralidade, tal qual do princípio da impessoalidade, pois o administrador no 
exercício das suas funções deve ter como norte o bem estar social que está interligado com o 
modo como este presta serviços à sociedade. Na tese defendida, constata-se que o requerido se 
utilizou dos meios que possuía para obter o melhor resultado possível, não objetivando com 
isso quaisquer benefícios pessoais, tão somente garantir o exercício da democracia. 
Apesar de sedutora, a premissa de que “os fins justificam os meios” não pode ser adotada 
na Administração Pública, caso fosse, o administrador a qualquer momento poderia se exceder 
em seus poderes, infringindo os princípios norteadores, trazendo uma relação abusiva, a qual 
não corresponde com a legalidade e moralidade. Nesse ínterim, de fato a atuação do requerido 
deu-se dentro da normalidade esperada, obedecendo os princípios da moralidade e legalidade. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CASO 
 
Diante do exposto, conclui-se que o Ministério Público foi diligente em observar a 
possibilidade de ilícito e dar abertura a ação de improbidade administrativa, a qual investigava 
o Sr. Deocleciano Ferreira Filho e Hélio José Silva Rego no uso de veículos destinados ao 
transporte escolar nas eleições distritais do município de Corumbiara. Durante o processo, 
observou-se ainda que no discurso dos requeridos havia inconsistências no tocante a referida 
autorização para utilização dos veículos escolares. 
No entanto, em sua defesa apurou-se que por se tratarem de bens públicos, os veículos 
poderiam ser disponibilizados para o transporte de eleitores pertencentes às zonas rurais, e que, 
apesar de essa não ser sua função típica, em nada traria prejuízo aos alunos, pois as eleições 
ocorrem em período adverso ao escolar, e que o desgaste apontado não oferece risco ao 
transporte dos estudantes. 
Nesse contexto, a ação do requerido foi tão somente no sentido de garantir o acesso ao 
voto, não visando se beneficiar com isso, pois como mencionado, nem candidato às eleições o 
requerido era no referido ano, estando ao fim de seu mandato e em observância ao princípio da 
impessoalidade. Não configura também quebra ao princípio da legalidade, pois a autorização 
para o uso dos transportes é expressa em lei, a qual argumentada na defesa dos réus. 
Ademais, quanto à moralidade, não há o que se fale em abuso de poder por parte do 
prefeito ao exonerar o servidor Luiz Carlos que não era de sua confiança, sendo que este, tendo 
a oportunidade de expressar-se anteriormente, permitiu que o deslocamento dos eleitores 
ocorresse, ainda que acreditasse na época tratar-se de ato ímprobo por parte do requerido. 
Destaca-se ainda a busca pela eficiência, a qual foi confirmada pelo sucesso no ato das eleições 
distritais sem que houvesse o desprendimento de novos recursos, não causando prejuízos 
notáveis em outras áreas da administração do município de Corumbiara. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. LEI nº 8.429, de 2 de junho de 1992. Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes 
públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na 
administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências. Rio de Janeiro, 2 jun. 
1992. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm. Acesso em: 10 set. 2021. 
 
BRASIL. LEI nº 6091, de 15 de agosto de 1974. Dispõe sobre o fornecimento gratuito de transporte, 
em dias de eleição, a eleitores residentes nas zonas rurais, e dá outras providências. Brasília, 15 ago. 
1974. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6091.htm. Acesso em: 10 set. 2021. 
 
CAMARGO, Francielle de O.; GUIMARÃES, Klicia MS. O princípio da eficiência na gestão 
pública. Revista CEPPG-CESUC-Centro de Ensino Superior de Catalão, Ano XVI nº, v. 28, 
2013. 
 
DELGADO, José Augusto. O princípio da moralidade administrativa e a constituição federal 
de 1988. Revista dos Tribunais, v. 680, p. 34-46, 1992. Disponível em: 
https://core.ac.uk/reader/79062610, acesso em: 18 set. 2021

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