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DESIGNAÇÃO DE PESSOAL NO PROJETO -ESTRUTURA FUNCIONAL DE FUNÇÕES EM PROJETOS Para Almeida (2004), uma das principais características do mercado atual é o trabalho seletivo que se reflete na busca por candidatos mais qualificados, no qual as empresas procuram por talentos que agreguem valor à cultura organizacional. A autora ainda afirma que com o aumento das exigências de perfis ideais para os cargos, observa-se que muitos profissionais são subutilizados em atividades não condizentes aos seus requisitos, demonstrando a existência de uma defasagem entre as demandas dos empregadores e o mercado de recursos humanos disponível. Neste caso, imaginemos um profissional que possua experiência de anos em atividades operacionais de departamento pessoal sendo captado para atuar com atendimento à clientes com profundos conhecimentos sobre o produto que a empresa comercializa. Será que este profissional conseguirá atender ao perfil da vaga? O que se percebe é que para o planejamento de um processo seletivo, tanto o perfil ideal do candidato quanto a vaga tornam-se instrumentos fundamentais para a escolha do candidato mais adequado (ALMEIDA, 2004). A construção de um perfil profissional possui abordagens que tem como o foco tanto o trabalho a ser executado como a cultura que empresa possui. Inúmeras são as formas utilizadas para a construção de um perfil, que inclui diferentes abordagens, etapas, fontes de informação e coleta de dados (ALMEIDA, 2004). A autora (Almeida, 2004) ainda afirma que o perfil do cargo oferece uma visão geral das características necessárias no qual são descritos atividades e responsabilidades e requisitos e vantagens do cargo. Banov (2010) ratifica que a identificação do perfil deriva do levantamento dos dados necessários sobre o cargo e sobre a pessoa que irá ocupá-lo, tornando o cargo vital ao processo seletivo. Então o que se observa é a existência de elementos básicos e que irão definir o perfil ideal do candidato: o perfil do cargo, o perfil de competências, o perfil de performance, a validação do perfil ideal, a avaliação do perfil elaborado e as críticas à construção do perfil ideal (ALMEIDA, 2004). Segundo Banov (2010) o Perfil do Cargo deve conter elementos básicos, tais como: • Nome do cargo, o qual deve ser claro e condizente à função desempenhada; • Posição do cargo no organograma da empresa, o qual é definido a partir da nomenclatura do cargo e que permite observar a hierarquização e o posicionamento na estrutura organizacional; • Descrição das atribuições e responsabilidades, que se referem às tarefas diárias e esporádicas pertinentes ao cargo; • Requisitos ou exigências, referentes aos dados pessoais do ocupante do cargo como idade, gênero, estado civil, experiência anterior, entre outros; • Supervisão exercida, a qual define o nível de liderança exercida a subordinados; • Relacionamentos, de âmbito interno (chefia e colegas de trabalho) e externo (clientes, fornecedores, etc.); • Condições oferecidas pela empresa, no que tange a salário, benefícios e incentivos. O Perfil de Competências referem-se aos Conhecimentos, Habilidades e Atitudes (CHA) que o ocupante do cargo necessita ter para realizar com expertise as atividades pertinentes ao cargo (ALMEIDA, 2004). 2 MAS O QUE REPRESENTA O CHA? Banov (2010) esclarece que a Competência (C) se refere ao domínio intelectual da área de atuação, associado à escolaridade e formação acadêmica. Já a Habilidade (H) é a capacidade de saber fazer, ou seja, a técnica aplicada, a experiência adquirida. A Atitude (A) é a capacidade de agir, ou seja, a postura nas decisões mais adequadas às exigências do momento. A autora afirma ainda que a preocupação com o perfil de competências surge em virtude do ambiente empresarial altamente competitivo e que faz com que as empresas procurem adequar colaboradores às estratégias do negócio, alinhando os objetivos individuais de cada colaborador às metas organizacionais (BANOV, 2010). Para Almeida (2004), o Perfil de Perfomance descreve o que a pessoa precisa fazer para ser bem- sucedida e alcançar o resultado e sucesso esperados. Nesse tipo de perfil, o foco é o sucesso e não somente os tipos de competências necessárias para o exercício de determinado trabalho. Por isso se faz necessário identificar os empregados com alto nível de desempenho no cargo, para somente depois identificar os resultados obtidos e que obtiveram o sucesso almejado. A fim de se reconhecer a Validação do Perfil Ideal faz-se necessário a participação do gestor de área em conjunto com o profissional de gestão de capital humano, sendo este último responsável pela instrumentação e elaboração do perfil. Isso é necessário pois o gestor é a melhor referência às necessidades do projeto e auxiliará o processo de validação por ter plenos conhecimentos das atividades exercidas no projeto e pelas atribuições pertinentes ao perfil do candidato mais habilitado para executá-las (ALMEIDA,2004). Almeida (2004) alerta que após a validação torna-se importante fazer a Avaliação do Perfil Elaborado, ou seja, verificar se o perfil está devidamente ajustado com o esperado pelo ocupante do cargo. Para isso, deve-se elaborar o perfil seguindo uma visão mais realista e pautada no conhecimento do mercado de trabalho e de pesquisas da área de Recursos Humanos. Por fim, a autora (Almeida, 2004) esclarece que se devem ter Críticas à Construção do Perfil Ideal, em virtude dos efeitos negativos que possam vir a ocorrer na prática da construção e divulgação de perfis ideais, bem como sua utilização como critério de seleção. Cabe ressalvar que a avaliação do candidato baseado apenas em um perfil pré-definido não contempla em sua totalidade as demais competências presentes na pessoa e que poderiam agregar mais valor à empresa. O que você pode observar até esse momento é que delinear o perfil do cargo é uma tarefa bastante complexa e exige muito conhecimento do profissional de recursos humanos. Não basta apenas ter conhecimento do perfil do cargo para atender ao requisito de uma vaga. Faz-se necessário que o cargo seja descrito de forma clara e objetiva a fim de detalhar as atribuições pertinentes a cada função. Para Chiavenato (2006), a Descrição de Cargos refere-se a um processo no qual é enumerada as tarefas e atribuições que compõem um cargo e o torna distinto dos demais existentes em uma empresa. Nele são detalhadas as tarefas requeridas bem como a periodicidade da execução e os métodos empregados. Trata-se de um levantamento documental dos principais aspectos que compõe o cargo e dos deveres e responsabilidades envolvidas. Mas como é realizada a descrição de cargos? Inicialmente torna-se primordial compreender os conceitos de Tarefa, Função e Cargo. De acordo com Marras (2011) entende-se a Tarefa como atribuições que requerem o esforço humano para determinado fim, enquanto a Função se caracteriza pelo acúmulo dessas tarefas, somadas a deveres e responsabilidades. Já o conjunto de funções similares compõe o Cargo. Mas não basta apenas compreender esses conceitos. É preciso saber de que forma esses elementos serão coletados. Estamos nos referindo à Análise de Função. A Análise de Função é o trabalho realizado pelo profissional de Recursos Humanos com o objetivo de prospectar os detalhes de cada função que compõe determinado cargo, no qual são observados todos os requisitos e exigências que permitam identificar “o que”, “como” e “para que” determinada atividade é realizada (MARRAS, 2011). E como é feita esta análise de função? 3 De acordo com Marras (2011) para analisar o cargo utiliza-se uma Metodologia de Análise de Função, ou seja, as práticas utilizadas pelo profissional de Recursos Humanos para obtenção dos dados que respondam às questões? o que? como? e para que? a atividade é feita. Observemos a tabela abaixo: Metodologia de Análise de Função Conceito Exemplo Observação in loco A atividade desenvolvidaé acompanhada no local físico em que é executada. Um operador de máquina que trabalha no setor da produção manuseando um equipamento pesado é observado pelo profissional de Recursos Humanos que coleta os dados das atividades desempenhadas, sem interferir na rotina do executante. Entrevista com o ocupante do cargo O executante da função passa por uma entrevista com o profissional de Recursos Humanos que coletará de forma mais detalhada as atividades desenvolvidas. Um profissional do setor de tecnologia que executa atividades variadas envolvendo programação e linguagens específicas da área na qual atua, exigindo do profissional de Recursos Humanos informações mais detalhadas a fim de compreender como se traduz a função. Neste método há abordagem direta com perguntas direcionadas ao executante. Questionário a ser preenchido pelo ocupante O executante é submetido ao preenchimento de um questionário com questões referentes às suas tarefas executadas. Um profissional da área financeira que possui uma rotina muito intensa não permitindo uma abordagem direta com o profissional de Recursos Humanos e por meio do questionário ele poderá especificar as atividades realizadas. Método Combinado Refere-se à associação dos métodos observação in loco, entrevista e questionário, com o propósito de se obter mais claramente e detalhadamente todas as atividades exercidas pelo executante da função. Uma atividade que não ficou devidamente esclarecida pelo método da observação in loco, poderá ser complementada pela entrevista ou pelo preenchimento do questionário. No método combinado, a combinação deve ser ajustada a fim de esclarecer todas as dúvidas que ainda perdurem sobre a função. Agora que sabemos como a Análise de Função é realizada, precisamos saber quais são as Áreas de Análise, ou seja, quais os campos analisados para determinar o universo das exigências de um cargo (MARRAS,2011): • Requisitos Mentais, referente ao nível de conhecimento utilizado para o exercício de determinada função: escolaridade, idiomas, softwares específicos, experiência, etc. • Requisitos Físicos, referente às exigências físicas que o executante do cargo necessita possuir: trabalhos que exigem força física (muito sentado ou em pé), habilidades visuais, auditiva, etc. • Responsabilidade, referente ao nível de comprometimento e autonomia: responder por erros, resultados atingidos, assumir riscos, etc. • Condições de Trabalho, referente ao ambiente no qual o profissional executa sua atividade: ambiente normal de escritório, locais insalubres, locais perigosos, etc. Por fim, após obtidos todos os dados necessários, é preenchido o formulário específico de Descrição de Cargos, apontando as tarefas rotineiras e esporádicas, bem como as atividades descritas de forma sucinta e detalhada. Faz-se necessário que o profissional de Recursos Humanos redija a Descrição de Cargos de forma clara, objetiva e fiel aos dados obtidos na análise de função (MARRAS, 2011). Ainda de acordo com o autor (MARRAS, 2011), ao término do processo de coleta de informações e da análise de dados obtidos, o profissional de Recursos Humanos submete o documento à revisão final para eventuais correções que se façam necessárias. Agora, cada cargo da empresa deve ter uma Descrição de Cargo? A resposta a esta pergunta é “sim”, pois cada organização possui um número especifico de cargos e cada um deve ter sua respectiva descrição. 4 Com isso obtém-se um volume de descrições que compõe o Manual de Descrição de Cargos e que, de acordo com marras (2011) refere-se à compilação de todas as descrições de cargos da empresa, dividindo-os por áreas, conforme a estrutura existente na organização. Torna-se crucial que cada empresa disponha deste manual, pois ele representa a prova real e documental das atividades pertinentes à mão de obra existente em determinada organização. Mas qual é a importância da descrição de cargos para o processo de recrutamento? Para Chiavenato (2006), a Descrição de Cargos auxilia o recrutador ao fornecer subsídios à elaboração de anúncios, bem como demarcação do mercado de mão de obra no qual se deve iniciar o processo de recrutamento.