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PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 1 1. Tubos São condutos fechados, destinados principalmente ao transporte de fluidos. Todos os tubos são de seção circular, apresentando-se como cilindros ocos. A grande maioria dos tubos funciona como condutos forçados, isto é, sem superfície livre, com o fluido tomando toda a área de seção transversal. São exceção apenas as tubulações de esgoto e as vezes as de água que trabalham com superfície livre, como canais. As tubulações industriais correspondem a um conjunto de tubos e de seus diversos acessórios. A necessidade da existência dos tubos decorre principalmente do fato do ponto de geração ou de armazenagem dos fluidos estar, em geral distante do seu ponto de utilização. Usam-se tubos para o transporte de todos os fluidos conhecidos, líquidos ou gasosos, assim como para materiais pastosos e para fluídos com sólidos em suspensão, em toda faixa de variação de pressões e temperaturas usuais na indústria. A importância dos tubos na industria é enorme, sendo dos equipamentos industriais de uso mais generalizado. O valor da tubulação representa, em média, 50 a 70% do valor de todos os equipamentos de uma industria de processamento e de 15 a 20% do custo total da instalação. Na prática chamam-se geralmente de tubos apenas os condutos rígidos. Os condutos flexíveis embora as vezes chamados de tubos flexíveis são mais comumente denominados de mangueiras ou mangotes. Os tubos são fabricados a partir dos materiais de construção dentro de determinadas gamas de especificação disponíveis no mercado, dependendo a opção de escolha das propriedades corrosivas e da pressão de fluxo do fluido a ser transportado. PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 2 Alguns dos materiais de tubulações mais utilizados são: Materiais Metálicos Não Metálicos Ferrosos Não Ferrosos Plásticos Outros Aço-carbono Cobre PVC Cimento-amianto Aço-liga Latões Polietileno Concreto-armado Aço-inoxidável Cupro-níquel Acrílicos Barro vibrado Ferro fundido Alumínio Acetato de celulose Borrachas Ferro forjado Chumbo Epóxi Vidro Ferro ligado Níquel e ligas Poliésteres Cerâmica Ferro modular Metal Monel Fenólicos Porcelana Chumbo etc. etc. Titânio Zircônio Esses materiais são usados também para os revestimentos externos e internos dos tubos, que podem ser de plástico, borracha, concreto etc. As tubulações para água salgada, por exemplo, são geralmente de aço-carbono, revestidas internamente com concreto. Dessa maneira, consegue-se, com baixo custo, não só alta resistência mecânica, como à corrosão também. Vale lembrar que os tubos podem ter constituição mista, isto é, de parte metálica e não metálica. Os mangotes de borracha com armação de ferro pertencem a esse tipo. Alguns dos principais tipos de revestimento interno dos tubos são: Zinco; Materiais plásticos; Elastômeros (borrachas); Ebonite; Asfalto; Concreto; Vidro; Porcelana; etc. As tubulações podem ser fabricadas com diferentes diâmetros, espessuras de parede e materiais, pelo que se tornou necessário padronizar as suas dimensões. Assim, por convenção e, de acordo com a ANSI (American National Standards Institute), as dimensões das tubulações e acessórios são caracterizadas em termos do seu diâmetro nominal e espessura de parede. Para tubulações de aço, por exemplo, os diâmetros nominais podem variar entre 1/8" e 30". O diâmetro nominal de uma tubulação é uma grandeza que não coincide com o seu diâmetro interno ou externo, no entanto para tubulações com diâmetros nominais inferiores a 12", os diâmetros nominais constituem uma boa aproximação do diâmetro interno da tubulação. O diâmetro interno é a grandeza que é utilizada para todos os cálculos relativos a transporte de fluidos onde o diâmetro da tubulação intervenha. PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 3 Como se pode constatar, tubulações com o mesmo diâmetro nominal possuem o mesmo diâmetro externo, mas possuem espessuras de parede diferentes, o que implica, necessariamente, diâmetros internos diferentes. Esta situação permite a utilização indiscriminada de diferentes tipos de acessórios disponíveis no mercado. A espessura da parede de uma tubulação é indicada pelo seu schedule number: onde: P = Pressão de trabalho interna S = Tensão de segurança admitida para o material à temperatura de trabalho. Quanto maior o “schedule”, maior é a espessura da parede, podendo assim especificar com maior rigor o tipo de tubo necessário ao processo. Os 11 schedule numbers existentes são: 5,10, 20, 30, 40, 60, 80, 100, 120, 140 e 160. O Schedule 40 corresponde a tubos standard e é a espessura mais utilizada na prática, a que corresponde um tubo de parede normal. O Schedule 80 é designado por tubo extra forte e o Schedule 160 é designado por tubo duplamente extra forte. PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 4 A tabela abaixo apresenta a relação entre o diâmetro de tubulações e sua respectiva capacidade em volume. PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 5 2. Tubos de Aço-Carbono Devido ao seu baixo custo, excelentes qualidades mecânicas e facilidade de solda, o aço-carbono é o denominado material de uso geral em tubulações industriais, isto é, só se deixa de empregar o aço-carbono quando houver alguma circunstancia especial que o proíba. Em industrias de processamento mais de 80% dos tubos são de aço-carbono que é usado para água doce, vapor, condensado, ar comprimido, óleos, gases e muitos outros fluídos pouco corrosivos. Alguns tubos de aço-carbono são galvanizados, ou seja, com um revestimento interno e externo de zinco depositado a quente com a finalidade de dar maior resistência a corrosão. A resistência mecânica do aço-carbono começa a sofrer uma forte redução em temperaturas superiores a 370º C devido principalmente ao fenômeno de deformação permanente por fluência. Em temperaturas superiores a 530º C o aço-carbono sofre uma intensa oxidação superficial quando exposto ao ar com formação de grossas crostas de óxidos o que o torna inaceitável para qualquer serviço continuo. A exposição prolongada do aço-carbono a temperaturas superiores a 440º C pode causar ainda uma precipitação de carbono que faz o material ficar quebradiço. Em temperaturas muito baixas o aço-carbono apresenta um comportamento quebradiço, estando sujeito a fraturas frágeis repentinas. O aco-carbono quando exposto a atmosfera sofre uma corrosão uniforme (ferrugem) que é tanto mais intensa quanto maiores forem a umidade e a poluição do ar. O contato direto com o solo causa não só a ferrugem como uma corrosão alveolar penetrante, que é mais grave em solos úmidos ou ácidos. O aço-carbono é violentamente atacado por ácidos minerais principalmente quando diluídos ou quentes. 3. Tubos de Aço Inox Tubos de aço inoxidável são tubos de aços-liga que contém pelo menos 12% de cromo o que lhes confere a propriedade de não enferrujarem mesmo em exposição prolongada a uma atmosfera normal. Estes tubos são bem mais caros do que os de aço-carbono sendo de um modo geral o custo tanto mais alto quanto maior for a quantidade de elementos de liga (no caos o Cromo). Além disso a montagem e a soldagem desses tubos é também mais difícil e mais cara. Os principais casos em que se justificam o emprego desses aços especiais são os seguintes: Altas Temperaturas o Temperaturas acima dos limites de uso dos aços carbonos. Baixas Temperaturas o Temperaturas muito baixas que sujeitam o aço-carbono a fratura fácil. PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 6 Alta corrosão o Serviços com fluidoscorrosivos. Necessidade de não contaminação o Serviços para os quais não se possa admitir a contaminação do fluido circulante (produtos alimentares e farmacêuticos por exemplo). A corrosão ainda que só seja capaz de destruir o material do tubo depois de muito tempo pode causar a contaminação do fluido circulante quando os resíduos da corrosão são carregados pela corrente fluida. Segurança o Serviços com fluidos perigosos (aquecidos, inflamáveis, tóxicos, explosivos, etc.) quando seja exigido o máximo de segurança contra possíveis vazamentos e acidentes. Os aços inoxidáveis mais comumente usados nas industrias de processo são: Tipos (denominação AISI) Elementos de Liga (%) Limites de Temperatura (ºC) Cromo (Cr) Níquel (Ni) Máxima Mínima 304 18 8 600 -255 304 L 18 8 400 Sem limite 316 16 10 650 -195 316 L 16 10 400 -195 4. Ligações de Tubos Os principais meios de ligações dos tubos são os seguintes: Roscas o Este é um dos mais antigos meios de ligação usados para tubos de pequenos diâmetros pois são de baixo custo e de fácil execução. Soldas o A maioria das ligações de tubulações industriais é feita por solda de fusão com adição de eletrodo. Este processo, embora apresente a desvantagem da dificuldade de desmontagem e necessidade de mão de obra especializada apresenta uma boa resistência mecânica, estanqueidade perfeita, além de facilidades na aplicação de isolamento térmico e pintura. Flanges o Uma ligação flangeada é composta de dois flanges, um jogo de parafusos ou estojos com porcas e uma junta de vedação. Este tipo de ligação é facilmente desmontável porém apresenta a desvantagem de serem pontos de possíveis vazamentos além de serem PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 7 peças caras, pesadas e volumosas. É usada normalmente para unir os tubos com as válvulas e equipamentos (bombas, tanques, etc.). Parafusos o Os parafusos normalmente utilizados para este tipo de ligação são dos tipos: De Máquina São parafusos cilíndricos com cabeça integral sextavada. A parte rosqueada nunca abrange todo o corpo do parafuso. Estes parafusos são designados pelo comprimento (medido da extremidade do parafuso até a base da cabeça) e pelo diâmetro nominal da rosca. De Estojo São barras cilíndricas rosqueadas com porcas e contraporcas independentes. A parte rosqueada pode ou não abranger todo o com primento. Os estojos permitem melhor aperto do que os parafusos de máquina porque a parte mais fraca desses parafusos é justamente a ligação do corpo com a cabeça podendo ser usados para quaisquer pressões e temperaturas. Os estojos são designados pelo comprimento total e pelo diâmetro nominal da rosca. Antes do torque final, as porcas devem ficar completamente roscadas no corpo do parafuso ou estojo. Quando se tratar de estojo, as porcas devem ficar preferencialmente a igual distância das extremidades, deixando passar para cada lado pelo menos um fio de rosca, mas não mais que a metade da extensão da porca. O aperto deve ser feito gradativamente e numa seqüência em que sejam apertados parafusos diametralmente opostos (ver foto ao lado). Não deve ser utilizadas extensões nas chaves para aperto dos parafusos ou ainda a utilização de marreta ou martelo na aplicação de torque. PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 8 Juntas. Em todas as ligações flangeadas existe sempre uma junta que é o elemento de vedação. Quando em serviço a junta está submetida a uma forte compressão provocada pelo aperto dos parafusos e também a um esforço de cisalhamento devido a pressão interna do fluido circulante. Para que não haja vazamento através da junta é necessário que a pressão exercida pelos parafusos seja bem superior a pressão interna do fluido que tende a afastar os flanges. Por esse motivo quanto maior for a pressão do fluido tanto mais dura e resistente terá de ser a junta para resistir ao duplo esforço de compressão dos parafusos e de cisalhamento de pressão. A junta também deverá ser suficientemente deformável e elástica para se amoldar as irregularidades das superfícies dos flanges, garantindo a vedação. Assim as juntas duras se por um lado resistem a pressões mais altas, por outro lado exigem maior perfeição no acabamento das faces dos flanges e no alinhamento dos tubos e vice-versa. O material das juntas deverá ainda resistir a ação corrosiva do fluido bem como toda faixa possível de variação de temperaturas. Os tipos mais usuais de juntas para flanges são: Não-Metálicas o são juntas planas cuja espessura variam de 0,7 até 3,0 mm sendo a espessura mais comum a de 1,5 mm. Os principais materiais empregados PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 9 são Borracha natural e sintética, Plásticos e Amianto (Papelão Hidráulico). Metálicas e Semi-Metálicas o Para estes tipos de juntas é recomendável o acabamento liso para a face dos flanges. Normalmente é utilizado aço-inoxidável para confecção dessas juntas porém existem também de aço-carbono. 5. Juntas de Expansão As juntas de expansão são peças não rígidas que se intercalam nas tubulações com a finalidade de absorver total ou parcialmente as dilatações provenientes das variações de temperatura e também, impedir a propagação de vibrações. Essas juntas são entretanto raramente utilizadas, na maioria dos casos o controle de dilatação térmica dos tubos é feito simplesmente por um traçado conv eniente dado a tubulação com diversas PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 10 mudanças de direção de maneira que a tubulação tenha flexibilidade própria suficiente. Os principais casos em que se justifica o emprego destas juntas são: Quando o espaço disponível é insuficiente para que se possa ter um trajeto da tubulação capaz de absorver as dilatações; Em tubulações de diâmetros muito grande ou de material muito caro onde haja interesse econômico em fazer-se o trajeto o mais curto possível; Em tubulações que por exigências de serviço devam ter trajetos diretor retilíneos com um mínimo de perda de cargas ou de turbilhonamentos; Em tubulações sujeitas a vibrações de grande amplitude; Em tubulações ligadas a equipamentos delicados ou muito sensíveis; Na ligação direta entre dois equipamentos. 6. Acessórios de Tubulação Podemos dar a seguinte classificação de acordo com as finalidades e tipos dos principais acessórios de tubulação: Curvas e Joelhos – utilizados para fazerem mudanças de direção em tubos; PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 11 Tês, Peças em Y, Cruzetas e Selas – utilizados para fazerem derivações em tubos; Reduções – utilizados para fazerem mudanças de diâmetros em tubos; Luvas, Uniões, Flanges, Virolas e Niples – utilizados para fazerem ligações de tubos entre si; Flanges Cegos e Tampóes – são flanges fechados utilizados para fazerem o fechamento da extremidade de um tubo; Raquetes e Figuras 8 – utilizados para fazerem um bloqueio rigoroso e absoluto na tubulação. 7. Suportes de Tubulações São os dispositivos destinados a suportar os pesos e os demais esforços exercidos pelos tubos ou sobre os tubos, transmitindo esses esforços diretamente ao solo, as estruturas vizinhas, a equipamentos ou ainda a outros tubos próximos. As cargas que atuam sobre os suportes são as seguintes: Peso do próprio tubo, válvulas e outros acessórios nas tubulações, do fluido contido em seu interior, PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 12 do isolamento térmico (se houver) e outras sobrecargas exercidas sobrea tubulação (outro tubos, pessoas, plataformas, etc.) Forças de atrito provenientes dos movimentos entre os tubos e os suportes; Cargas consequantes das dilatações térmicas dos tubos; Cargas devidas a ações dinâmicas diversas (golpes de ariete, vibrações, ação do vento, etc.). Todas essas cargas devem ser avaliadas para se poder calcular as cargas exercidas sobre os suportes e transmitidas ao solo ou as estruturas e fundações. Para o peso do fluido contido se considera, na maioria dos casos, o peso da água (teste hidrostático) ou o peso do fluido quando este for superior ao peso da água. Nos suportes de tubulação procura-se geralmente evitar o contato direto entre os tubos e a superfície de apoio com a finalidade de permitir a pintura na face inferior dos tubos e da própria superfície de apoio. Um dos recursos usados para evitar esse contato direto é a colocação de um vergalhão de aço, com as extremidades viradas para cima, transversalmente aos tubos soldado na superfície metálica do suporte, de modo a impedir que os tubos caiam do suporte. Tratando-se de tubos pesados este vergalhão poderá danificar o tubo e neste caso utiliza-se chapas de reforço ou berços soldados na parede do tubo com o intuito de melhorar a distribuição da carga concentrada. Em nenhum caso pode-se permitir que tubos com isolamento térmico descansem diretamente nos suportes porque o próprio peso dos tubos e o movimento de deslizamento sobre os suportes em virtude da dilatação danificariam completamente o isolamento. Neste caso são utilizados patins que devem ter uma altura capaz de proteger o isolamento e um comprimento suficiente para não caírem fora do suporte por efeito da dilatação do tubo. Para tubos pesados os patins devem ser de forma a proporcionar uma adequada distribuição da carga concentrada. Para os tubos de aços-liga ou de aços inoxidável é comum o uso de patins e berços com braçadeiras aparafusadas para evitar a execução de soldas de campo na tubulação. 8. Tubulações Subterrâneas Dentro de uma instalação industrial são raras as tubulações subterrâneas. Costumam ser subterrâneas apenas as linhas de esgotos (pluvial, sanitário, industrial, etc.) que quase sempre funcionam por gravidade. É usual também colocar enterradas as tubulações de incêndio para evitar a possibilidade de colisões e outros acidentes. Fora dos limites de uma instalação industrial, em cidades, estradas, ruas e campos, todas as tubulações são subterrâneas, tanto por questões de segurança, aparência e economia como para não interferirem com o movimento de pessoas e veículos. PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 13 Como a maior parte das tubulações subterrâneas é lançada diretamente no solo, sem suportes nem fundações não há motivo para a arrumação dos tubos em feixes paralelos de mesma elevação. Neste caso elas devem ser paralelas a linha de centro da rua e tomar o caminho mais curto entre dois pontos extremos. Em tubulações subterrâneas não se fazem mudanças de direção para dar flexibilidade pois a maioria das tubulações é fria e como não há exposição ao sol as dilatações são desprezíveis. Mesmo trabalhando a quente a livre movimentação dos tubos no solo absorve as dilatações, caso contrário devem ser utilizados juntas de expansão. Nos pontos de ligação de uma tubulação subterrânea lançada diretamente ao solo, com qualquer equipamento ou construção sobre fundações deve-se tomar especial cuidado com os recalques de terreno que podem causar desnivelamento ou mesmo a ruptura da tubulação. Uma das soluções parta este problema consiste em adotar um traçado sinuoso (como uma curva de expansão) para que a flexibilidade das curvas possa absorver o desnivelamento causado pelos recalques diferenciais. Tanto em áreas de processamento como em outras áreas dentro de uma instalação industrial é as vezes necessário colocar tubulações de aço abaixo do nível do solo. Para que seja possível a pintura, inspeção e manutenção essas tubulações são usualmente instaladas dentro de canaletas de concreto com tampas removíveis. Essas canaletas, além do custo elevado tem o grave defeito de serem focos de corrosão e de possível acumulação de líquidos e gases perigosos. Por todas essas razões o uso de canaletas deve ser reduzido ao mínimo, principalmente em instalações onde existam fluídos inflamáveis. Todas as tubulações com isolamento térmico que tenha que correr abaixo do nível do solo devem obrigatoriamente ser instaladas dentro de canaletas. As canaletas devem ser construídas de maneira que seja possível e fácil a sua drenagem, sendo assim os suportes em seu interior nunca devem se estender por toda a sua largura. O fundo da canaleta deve ter um caimento para facilitar a drenagem. 8.1. Corrosão Galvânica Todas as tubulações subterrâneas que sejam de materiais sujeitos a corrosão pelo solo devem receber um revestimento ou um tratamento externo protetor. Isto servirá também para atenuar possíveis danos mecânicos e controlará a ação eletrolítica de correntes elétricas subterrâneas (corrosão galvânica). No subsolo aparecem sempre correntes elétricas que caminham pelo tubo em consequência das diferenças de potencial entre o tubo e o solo e de um ponto para outro do próprio solo. Embaixo d’agua geram-se também correntes análogas pelos mesmos motivos. Dependendo da intensidade dessas correntes, a corrosão galvânica á as vezes violenta, perfurando completamente em certos pontos a parede metálica do tubo em pouco tempo. PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 14 O sistema de proteção usual para tubulações enterradas consiste na pintura com tintas betuminosas e no envolvimento posterior do tubo com uma fita impermeável para a proteção mecânica da pintura. Esse esmalte betuminoso deve ser aplicado a quente após a completa limpeza da superfície metálica e deve ter uma espessura final de 2 a 3 mm. A fita impermeável pode ser de feltro betuminoso ou de plástico adesivo (PVC ou poliestireno). Ao se enrolar a fita impermeável deve-se observar cuidadosamente que a mesma fique perfeitamente aderida ao tubo e também que cada volta dê suficiente superposição sobre a anterior a fim de impedir completamente a penetração de água ou de umidade. Esta proteção forma uma barreira impermeável e isolante elétrica impedindo a corrosão e a formação de correntes galvânicas. Este revestimento externo deve ser reforçado quando se tratar de solo particularmente agressivo (úmidos, salgados ou ácidos). È muito importante que este revestimento externo seja uniforme, ininterrupto e completamente sem defeitos pois qualquer falha no mesmo formará um ponto sujeito a corrosão alveolar localizada (pitting) que poderá atacar a parede do tubo com muito maior intensidade do que se não houvesse revestimento algum. A melhor maneira de examinar o revestimento é com o emprego de um aparelho que mede ininterruptamente a resistência elétrica pois em qualquer ponto onde houver um defeito essa medida será menor. 8.2. Proteção Catódica A proteção catódica é um sistema de controle da corrosão galvânica recomendado para tubulações enterradas ou submersas, principalmente quando em solos muito agressivos onde seja possível o aparecimento de correntes galvânicas de grande intensidade. Este sistema consiste essencialmente em obrigar-se a tubulação a comportar-se como catodo ficando assim imune a corrosão. Isso é conseguido através de “anodos de sacrificio” que são peças de metais altamente anodicos (Mg, Zn, Al) enterrados no solo de espaço em espaço e ligados eletronicamente ao tubo. Na pilha galvânica que se forma esses anôdos são consumidos, devendo se substituídos ao fim de um certo tempo, ficando o tubo protegido. Quando nas proximidades da tubulação enterrada houver uma via férrea eletrificada a ação galvânica torna-se muito intensa devido ao desvio que sofre acorrente de retorno pelos trilhos, exigindo sistema de proteção mais aperfeiçoados. Qualquer que seja o sistema de proteção catódica convém que sejam colocados pontos de medição da diferença de potencial tubo/solo para que seja possível estabelecer e manter a diferença de potencial correta necessária. A intensidade que deve ter a corrente depende entre outros fatores do isolamento elétrico do tubo e da resistividade do solo. A proteção catódica quando bem feita assegura uma eficiente defesa contra a corrosão por tempo indefinido. PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 15 9. Aquecimento de Tubulações O aquecimento das tubulações pode ser feito com as seguintes finalidades: Manter os líquidos de alta viscosidade em condições de escoamento; Manter determinados líquidos, por exigência do serviço, dentro de certos limites de temperatura; Pré aquecer os tubos no início de funcionamento para liquefazer depósitos sólidos que porventura tenham se formado em seu interior. Observe que o aquecimento dos tubos não se destina a elevar a temperatura do líquido circulante e sim compensar as perdas de calor que se dão ao longo da tubulação para que a temperatura inicial do líquido seja mantida. O meio de aquecimento mais utilizado em tubulações industriais é o vapor. Qualquer que seja o sistema de aquecimento empregado nunca se pode dispensar o isolamento térmico da tubulação sem o qual a eficiência do aquecimento seria baixíssima. Eis os principais sistemas usados para o aquecimento das tubulações: Tubos de Aquecimento Externo Paralelos o O aquecimento é feito por um ou mais tubos de vapor paralelos de pequeno diâmetro justapostos externamente ao tubo principal. Os tubos são amarrados no tubo a aquecer e o conjunto todo é envolvido com isolamento térmico. Esse sistema tem as vantagens de baixo custo inicial, facilidade de manutenção e impossibilidade de contaminação do fluido circulante pelo vapor e vice-versa. As desvantagens sã o o aquecimento irregular e de difícil controle, troca de calor por irradiação e convecção e aquecimento inicial lento. Apesar dessas desvantagens este é o sistema mais comumente empregado em tubulações industriais aquecidas. PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 16 Tubos de Aquecimento Externo em Espiral o Nesse sistema o tubo de aquecimento por onde corre o vapor é enrolado em espiral no tubo a aquecer. Essa disposição é usada quando se deseja uma troca de calor mais intensa ou para aquecimento de acessórios ou equipamentos de formato irregular. Este sistema é bem mais caro e complicado do que o sistema de tubos em paralelo permitindo entretanto um aquecimento mais intenso e uniforme. Camisa Externa o Nesse sistema o fluido de aquecimento corre por um tubo externo de diâmetro maior envolvendo completamente o tubo a aquecer. A camisa externa de aquecimento é uma solução complicada de preço elevado e de manutenção cara. A dilatação diferencial entre os dois tubos é sempre difícil de ser compensada. Existe ainda a possibilidade de contaminação em consequencia de qualquer vazamento que por sua vez também é difícil de ser descoberto, localizado e reparado. Em compensação este sistema permite um aquecimento rápido, intenso e controlado sendo por isso empregado apenas quando houver necessidade desses requisitos. Aquecimento Elétrico o Nesse sistema o aquecimento é feito pela passagem de uma corrente elétrica de baixa voltagem e de grande intensidade em fios colocados longitudinalmente ou em espiral ao longo do tubo a aquecer. A intensidade da corrente é regulada por um termostato cujo bulbo é fixado ao tubo medindo a temperatura na parede do mesmo. Consegue-se assim controlar o aquecimento com bastante precisão. Este sistema foi desenvolvido recentemente e possuem custos iniciais e operacionais relativamente altos, razão pela qual é pouco empregado. As vantagens deste sistema são muito bom controle, aquecimento rápido, de partida instantânea e uniforme em toda a tubulação e baixo custo de manutenção. Este sistema é adequado no caso de tubulações de grande extensão para os quais no sistema tradicional seria necessário transportar o vapor a longas distancias (com alto custo e grandes perdas) para alimentar os tubos de aquecimento. PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 17 10. Isolamento Térmico Todos os isolamentos térmicos tem por finalidade geral reduzir as trocas de calor do tubo para o meio ambiente ou vice-versa. O sistema mais comum de colocação do isolamento térmico é o externo, colocado por fora dos tubos, que é empregado em todas as tubulações frias (tubos cuja temperatura de operação é inferior a temperatura ambiente) e na quase totalidade das tubulações quentes (tubos cuja temperatura de operação é superior a temperatura ambiente). O isolamento térmico pode ser usado por diversas razões com finalidades específicas diferentes conforme abaixo: Motivo econômico – As perdas de calor ou de frio de um fluido para o exterior representam um desperdício de energia empregada no aquecimento ou na refrigeração. Motivo de serviço – Por exigências da natureza do serviço seja para manter o fluido em uma determinada temperatura (para evitar o congelamento, a vaporização, a polimerização ou a deteriorização), seja para conseguir que o fluido possa chegar ao destino com a temperatura desejada. Proteção pessoal – O isolamento térmico pode também ser necessário para evitar queimaduras em alguém que se encoste na tubulação ou em alguns casos para evitar o desconforto da excessiva irradiação de calor. O isolamento para linhas frias pode ainda ser necessário por uma outra razão que é evitar a formação de orvalho (temperatura inferior a ambiente porém superior a 0º C) ou de gelo (inferior a 0º C) na superfície dos tubos provenientes da condensação da umidade do ar. A tabela a seguir resume os materiais mais comumente empregados para o isolamento térmico externo de tubulações. PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 18 PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 19 Nota: Os dados de Condutibilidade Térmica são aproximados, servindo apenas como base de comparação. Observações da Tabela: 1) Material muito usado para tubulações quentes; 2) Para uso com tubos de aços inoxidáveis austeníticos o material deve ser isento de cloretos; 3) Material especificado nas normas P.NB-141 e P.EB-221, da ABNT, e C-345, da ASTM; 4) Material de emprego tradicional antes do aparecimento do hidrossilicato de Cálcio; 5) Material especificado na norma C-320, da ASTM; 6) Material de custo mais elevado, podendo entretanto ser mais econômico devido a menor condutibilidade térmica; 7) Material de manuseio perigoso, exigindo cuidados especiais; 8) Material flexível e capaz de absorver grandes dilatações do tubo; 9) Material não recomendado para tubulações sujeitas a cargas externas; 10)Material de custo elevado e de condutividade térmica relativamentealta, resultando assim maior perda de calor. Só deve portanto ser usado para temperaturas superiores a 650 ºC (acima do limite dos outros materiais); para esses casos é comum o uso do isolamento em duas camadas, sendo a camada interna de sílica diatomácea, e a externa de outro material; 11)Material macio, flexível e leve; 12)Material muito usado para tubulações de baixas temperaturas; 13)Para uso em baixas temperaturas exige-se barreira de vapor; 14)Material moldado ou granulado e aglutinado; 15)Material de boa resistência a choques e vibrações; 16)Empregado para tubulações pouco importantes ou para recobrir outros materiaisisolantes. 11. Pintura e Cores para Identificação de Tubos Todas as tubulações de aço-carbono ou de aço-liga não enterradas e que não tenham isolamento térmico devem obrigatoriamente receber algum tipo de pintura. A pintura tem por função não só dar uma melhor aparência a tubulação como principalmente proteger o material contra a corrosão atmosférica. A pintura serve também para a rápida identificação do tubo mediante o uso de um código de cores para cada serviço ou fluido conduzido. A norma ABNT / NBR-6493 da ABNT recomenda o uso de cores para identificação dos tubos. Essas cores podem ser pintadas no tubo todo ou apenas em faixas de espaço em espaço. PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 20 11.1. A norma ABNT / NBR-6493 (30/11/1994) COR Cor Nome geral Produto que passa na tubulação Cor nome técnico Alaranjado Segurança Produtos químicos não gasosos Munsell 2.5YR6/14 Amarelo Segurança Gases não liquefeitos (amônia, ozônio) Munsell 5 Y 8/12 Azul Segurança Ar comprimido Munsell 2.5 PB 4/10 Branco Vapor Munsell N 9.5 Cinza Claro Vácuo Munsell N 6.5 Cinza Escuro Painéis Elétricos e Eletrodutos Munsell N 3.5 Alumínio Gases liquefeitos infllamáveis, combustíveis de baixa viscosidade (óleo diesel, gasolina, querosene, lubrificantes, solventes) Marron Canalização Materiais fragmentados (minério bruto), petróleo Musell 2.5 YR 2/4 Preto Inflamáveis e combustíveis de alta viscosidade, (óleo combustível, óleo lubrificante, asfalto, alcatrão, piche). Munsel N 1 Verde emblema Água, exceto de combate à incêndio Munsell 2.5 G ¾ Vermelho Segurança Água e outras substancias de combate a incêndio Munsell 5 R 4/14 As tubulações de aço-inoxidável, de metais não ferrosos e as não metálicas como em geral são imunes a corrosão atmosférica, raramente necessitam de pintura, podem entretanto ser pintadas por questões de aparência ou de facilidade de identificação. Qualquer pintura exige sempre uma adequada preparação prévia da superfície. A pintura será mais durável e resistente quanto melhor tiver sido essa preparação. Para superfícies metálicas a preparação consiste na lim peza completa da superfície, removendo ferrugem, escamas de laminação, terra, graxas, tintas, óleos e quaisquer outras substâncias estranhas. PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 21 12. Limpeza de Tubulações: PIG é o termo utilizado na industria para um embolo que é inserido dentro da tubulação e impulsionado por um fluido (gasoso ou líquido) com a finalidade de limpeza ou inspeção interna da mesma. O termo PIG vem do inglês Pipe Inspection Gear. O nome é baseado no movimento de rotação que era executado dentro da linha pelos primeiros modelos criados. O PIG é colocado em uma câmara, situada em uma das extremidades da tubulação, onde é pressurizado e liberado através da mesma até sua chegada na câmara situada na outra extremidade. A tabela abaixo apresenta alguns modelos de pigs utilizados na limpeza e secagem de tubulações e suas usuais aplicações: PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 22 PROCESSOS INDUSTRIAIS TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS E ACESSÓRIOS 23
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